Looke - Uma Vida Inteira (Ein Ganzes Leben) (A Whole Life)

7/15/2025 01:12:00 AM |

Certa vez arrumei briga com uma pessoa por dizer que um filme que contava a vida inteira de uma pessoa era algo chato demais e que não valeria o tempo de tela, porém hoje após conferir o longa "Uma Vida Inteira", dentro da plataforma do Looke, irei mudar minha opinião, pois a trama embora seja simples consegue passar por épocas marcantes da Áustria e trabalhar facetas tão intensas na vida do protagonista, que acompanhar quase um século de acontecimentos com ele vai fazer você se imaginar durante todo o período, se teria as mesmas forças e intenções, se as dinâmicas são críveis ou não, e que por mais duros que sejam alguns momentos, o resultado funciona na tela como algo a mais do que apenas o processo de uma vida de um homem, mas sim como o meio influencia na vida de uma pessoa, principalmente se ela não confrontar tudo o que lhe é imposto. Ou seja, é daqueles filmes que facilmente nas mãos de um diretor reflexivo viraria algo que daria um sono imenso, mas que numa mão acertada acabou ficando bem bonito de acompanhar, em um cinema que não lembro o último filme austríaco que conferi, mas que mostrou intensidade e potência para convencer na entrega.

A sinopse é simples e nos conta que na virada do Século XX, um jovem órfão é enviado para um vale, onde passará a maior parte de sua vida. Durante oito décadas ele vivenciará situações de pobreza e guerra, mas também momentos de amor e felicidade.

Diria que o diretor Hans Steinbichler soube ser sutil e preciso em todos os momentos do seu filme, não deixando que ele ficasse forçado, muito menos solto demais, ao ponto que em um primeiro momento você fica pensando aonde o longa irá chegar, afinal o garoto é muito fechado e o padrasto muito rude, depois vamos vendo as mudanças de época e de protagonista, e a forma que o diretor entrega os personagens nos faz conectar de forma muito fácil com o protagonista, algo que é difícil de acontecer com tramas sobre a vida de uma pessoa desconhecida, e assim sendo o longa poderia ser extremamente chato se não tivesse uma boa direção e atuação, mas funcionou com uma precisão cirúrgica que chama atenção e não desanda.

Quanto das atuações, já falei que o garotinho Ivan Gustafik ficou exageradamente tímido e fechado com seu Andreas, claro que ficou órfão, foi jogado na família de um parente, e de cara o novo padrasto não foi com a sua cara já batendo no jovem, mas dava para ser menos fechado; aí eis que numa cena belíssima de inversão já vemos o jovem Stefan Gorski dando literalmente um show em todas as suas cenas, sendo brilhante de trejeitos, de carisma, de envolvimento e até de entonação nos seus diálogos, ao ponto que você não consegue desgrudar os olhares do rapaz, e tendo cenas duríssimas também que botou o personagem num nível que certamente merecia muitos prêmios; então vem outra transição brilhante e chega a vez de August Zirner que fez a versão já velha do personagem, mas com um teor emocional bem colocado e cenas também muito bem trabalhadas, desenvolvendo emocionalmente o papel e não deixando que o fechamento fosse apenas simples na tela. Ainda vale claro o destaque para Andreas Lust com seu Kranztocker imponente, rígido e até um pouco fora do eixo com os castigos para o garoto, mas com uma personalidade forte e que justificava o que fazia. O engraçado é que Julia Franz Richter entregou uma Marie também bem fechada, com trejeitos bem pouco apaixonados, mas que se encontram em conexão com o protagonista, e assim ela flui bem no que precisava fazer. Tivemos outros bons personagens e atuações, mas vale o destaque apenas para os principais mesmo, senão fica um texto gigante por aqui.

Visualmente eu sou um amante particular de filmes com clima frio, muita neve e cenários brancos, e muitas vezes perigosos como é mostrado no longa, e o bacana de trabalhar um vale/vila remota, é que os 80 anos que se passam o longa não precisaram mudar tantas coisas, tendo as devidas referências temporais bem colocadas, com dinâmicas e ambientes desde a casa simples porém chamativa aonde o jovem vai morar, o restaurante/bar da vila, a casinha no meio do nada aonde o jovem consegue comprar com suas economias, e claro a construção dos teleféricos que anos depois seriam muito mais usados para as práticas esportivas, ou seja, tudo bem minucioso e bem desenvolvido na tela.

Enfim, é um filme com uma proposta que facilmente não me chamaria a atenção, mas que acabei dando play e gostando até mais do que esperava, valendo a indicação para quem curte a pegada de acompanhar a vida completa de uma pessoa, passando por todos os perrengues junto. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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