A sinopse é simples e nos conta que na virada do Século XX, um jovem órfão é enviado para um vale, onde passará a maior parte de sua vida. Durante oito décadas ele vivenciará situações de pobreza e guerra, mas também momentos de amor e felicidade.
Diria que o diretor Hans Steinbichler soube ser sutil e preciso em todos os momentos do seu filme, não deixando que ele ficasse forçado, muito menos solto demais, ao ponto que em um primeiro momento você fica pensando aonde o longa irá chegar, afinal o garoto é muito fechado e o padrasto muito rude, depois vamos vendo as mudanças de época e de protagonista, e a forma que o diretor entrega os personagens nos faz conectar de forma muito fácil com o protagonista, algo que é difícil de acontecer com tramas sobre a vida de uma pessoa desconhecida, e assim sendo o longa poderia ser extremamente chato se não tivesse uma boa direção e atuação, mas funcionou com uma precisão cirúrgica que chama atenção e não desanda.
Quanto das atuações, já falei que o garotinho Ivan Gustafik ficou exageradamente tímido e fechado com seu Andreas, claro que ficou órfão, foi jogado na família de um parente, e de cara o novo padrasto não foi com a sua cara já batendo no jovem, mas dava para ser menos fechado; aí eis que numa cena belíssima de inversão já vemos o jovem Stefan Gorski dando literalmente um show em todas as suas cenas, sendo brilhante de trejeitos, de carisma, de envolvimento e até de entonação nos seus diálogos, ao ponto que você não consegue desgrudar os olhares do rapaz, e tendo cenas duríssimas também que botou o personagem num nível que certamente merecia muitos prêmios; então vem outra transição brilhante e chega a vez de August Zirner que fez a versão já velha do personagem, mas com um teor emocional bem colocado e cenas também muito bem trabalhadas, desenvolvendo emocionalmente o papel e não deixando que o fechamento fosse apenas simples na tela. Ainda vale claro o destaque para Andreas Lust com seu Kranztocker imponente, rígido e até um pouco fora do eixo com os castigos para o garoto, mas com uma personalidade forte e que justificava o que fazia. O engraçado é que Julia Franz Richter entregou uma Marie também bem fechada, com trejeitos bem pouco apaixonados, mas que se encontram em conexão com o protagonista, e assim ela flui bem no que precisava fazer. Tivemos outros bons personagens e atuações, mas vale o destaque apenas para os principais mesmo, senão fica um texto gigante por aqui.
Visualmente eu sou um amante particular de filmes com clima frio, muita neve e cenários brancos, e muitas vezes perigosos como é mostrado no longa, e o bacana de trabalhar um vale/vila remota, é que os 80 anos que se passam o longa não precisaram mudar tantas coisas, tendo as devidas referências temporais bem colocadas, com dinâmicas e ambientes desde a casa simples porém chamativa aonde o jovem vai morar, o restaurante/bar da vila, a casinha no meio do nada aonde o jovem consegue comprar com suas economias, e claro a construção dos teleféricos que anos depois seriam muito mais usados para as práticas esportivas, ou seja, tudo bem minucioso e bem desenvolvido na tela.
Enfim, é um filme com uma proposta que facilmente não me chamaria a atenção, mas que acabei dando play e gostando até mais do que esperava, valendo a indicação para quem curte a pegada de acompanhar a vida completa de uma pessoa, passando por todos os perrengues junto. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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