Aposta Máxima

10/06/2013 02:00:00 AM |

Um ponto que costumo dizer é que de nada adianta um filme ter um bom roteiro se o elenco não se empolgar com ele, pois o filme irá remar, remar e continuar rodando em círculos sem que nada empolgue o espectador e o mesmo acabará cansando do que está vendo. Com "Aposta Máxima" temos algo bem próximo disso, pois o filme demora muito a engrenar seja pela falta de empolgação dos atores com a história que é bem trabalhada, seja pelo roteiro que foi feito para quem gosta de jogos de blefe, e quando a trama entra num ritmo que vai agradar o espectador comum, simplesmente chegamos ao final dela e já é tarde demais para conquistar alguém.

O longa nos mostra que Ritchie luta para concluir sua universidade, mas tem problemas para arcar com as despesas do curso. Ele acaba entrando de cabeça no mundo das apostas online de pôquer. Antes ele apenas apresenta o jogo para outras pessoas, mas também acaba jogando para conseguir dinheiro. Ele perde tudo, mas está convencido de que foi passado para trás. É aí que decide visitar a Costa Rica e pressionar o executivo Ivan Block. Impressionado com o jovem, o empresário acaba acolhendo Ritchie em seu negócio.

O roteiro em si até aparentava ser interessante e com dois atores que sabem trabalhar bem em dramas poderíamos ter novamente algo do gênero de "Sem Limites", mas diferente do acelerado filme de 2011, esse anda tão devagar que quase dá para ver os jacarés comendo em slow-motion na cena em que Affleck os alimenta. O que não consegui enxergar é se o problema ficou para o diretor que não conseguiu empolgar na ação dramática ou se o roteiro mesmo que pecou em não colocar essa ação para ser feita, pois chega a cansar o excesso de pontos narrados por Timberlake para representar seus pensamentos e ações, transformando o espectador em um objeto que não sabe nem ver o que está sendo mostrado, pois narra tudo. Outro fator que aparenta ser uma escolha do diretor já que seu filme anterior também foi cheio de termos técnicos é que ele adentra tanto para explicar algo que as vezes até esquece que tem um filme de 91 minutos nas mãos e não tem tempo para enrolação. Além disso, um erro gravíssimo do diretor é ter escolhido diversas cenas com a câmera na mão, já falei isso em filmes de terror e repito aqui, se você não vai usar de forma correta, não use, pois fica uma poluição visual completamente desnecessária e feia de ver na telona.

É interessante ver o quanto Justin Timberlake consegue oscilar nas suas interpretações, e principalmente dentro de um mesmo filme, onde começa fraco, joga o nível lá pra cima, despenca fazendo caretas, e finaliza bem com uma sacada feliz do roteiro, então com isso fica difícil avaliar se o ator é problema ou se não conseguiu também adequar o roteiro para ele e acabou confundindo sua forma de atuar. Ben Affleck é outro que estão apostando demais nele e como ator ainda não conseguiu me empolgar, fazendo sempre o mesmo jeitão canalha, consegue ter diálogos bem encaixados, mas quando achamos que vai decolar e chutar a todos, vira um cordeirinho manso com a mesma expressão que estava quando estava bravo, ou seja, é ator de cara única. A beleza de Gemma Artenton é algo que é bem diferenciado dentro de Hollywood, e no filme poderiam ter usado um pouco mais disso ao invés de tentar jogar ela no excessivo diálogo de apostas, seria mais sábio e mais prazeroso vê-la seduzindo no jogo de apostas do que a forma boba que fica de conversinhas falsas com os dois protagonistas. Outro que poderia empolgar se tivesse mais cenas é Anthony Mackie que anda fazendo bons papéis, mas sempre o colocam como secundário ou terciário na trama, e o cara manda muito bem mesmo pegando diálogos ruins, aqui chega com tudo e poderia muito bem ter salvo o filme. Os demais atores acabam servindo sempre para algum elo pequeno, então é difícil falar que tenham se saído bem ou não, destacando apenas um pouco Yul Vasquez nas três pequenas cenas que demonstra saber fazer caras tanto de desespero, quanto de revolta e imposição para o que pedia no roteiro.

Um ponto favorável no filme é a questão visual que com cassinos, mansões belíssimos e junto disso lugares também bem barra pesada, a equipe de arte soube trabalhar bem para retratar tudo da melhor forma e agradar sem pesar muito a mão, com isso vemos diversos elementos cênicos que retratam essa vida abusiva por trás dos jogos de cassino e independente de onde o protagonista esteja, conseguimos identificar facilmente. A fotografia trabalhou muito com o branco estourado e o azul escuro, sem maneirar em quase nada, o que ajudou um pouco o longa a ficar mais cansativo do que já é, poderiam ter usado mais amarelo para dar ação que quem sabe faria algo mais interessante.

Enfim, era um filme com potencial gigante, pois o poker online anda tão na moda que é difícil conhecer alguém que não tenha perdido algumas horinhas jogando mesmo que não seja envolvendo dinheiro real, mas acabou entrando pra um outro lado sem que esse outro lado do tráfico tivesse sido bem trabalhado, além de deixar mais bagunçado e cansativo algo que necessitaria ser mais dinâmico. Fico com dó do dinheiro do Leonardo DiCaprio que investiu pesado como produtor gastando 31 milhões e até agora só viu 11,5 milhões de volta, vai ter de rezar muito pra não afundar o seu Titanic. Encerro aqui hoje, mas nessa semana ainda terá muitos textos de diversos filmes que apareceram pelo interior, então abraços e até breve pessoal.



2 comentários:

Anônimo disse...

Coelho, que filminho sem graça e arrastado...
Outro do estilo gravidade: lento do começo ao fim.
Já no quesito propaengana não tem pra ninguém este ano, superou até "É o fim" (não é comédia, é trash).
"Aposta Máxima" é o primeiro filme catalogado como de ação em que a ação ficou de fora !!!
Eduardo.

Fernando Coelho disse...

Nesse eu concordo com você Eduardo!! Esperava tanto pelos atores e pelo trailer que foi uma das maiores decepções que tive no ano, mesmo ele não sendo tããão ruim! Abraços novamente!

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