O longa nos mostra que a família Engels está se desintegrando em silêncio — pais esgotados, filhos desconectados, uma rotina sem afeto. Até que Farrah, uma empregada recém-chegada da Síria, entra em cena. Misteriosa e magnética, ela se torna o centro silencioso da casa. Um a um, todos se aproximam dela... sem saber que ela os escolheu. E que sua chegada não foi coincidência.
O diretor e roteirista Tom Tykwer ficou muito famoso em 98 com seu longa "Corra Lola, Corra", mas foi com seu filme mais maluco de 2012, "A Viagem", junto com as irmãs Wachowsky e depois com a série "Sense8" que ele trabalhou mais essas nuances de conexões entre passado, presente, futuro, pessoas e acompanhantes de planos, e aqui diria que ele jogou muito do que já vimos nos seus outros momentos, porém de uma forma ainda mais direta para o lado espiritual, pois fica bem claro que o lance da empregada/terapeuta é algo para com sua família presa em algum ambiente não muito real, e as conexões que tenta fazer para com a família que vai trabalhar vem mostrar que o diretor desejava sentir realmente a essência de vida daquelas pessoas complexas, mas que pudessem se entregar para o outro lado. Ou seja, é um filme que vemos o diretor tentando a todo momento nos pegar com as sínteses da vida, levando até para um lado meio que musical em alguns atos, mas que você precisa se conectar com algo ali, senão a chance de dispersão é muito alta, e isso é um risco que ele correu.
Quanto das atuações, diria que o elenco completo se jogou do começo ao fim, tendo Nicolette Krebitz com sua Milena Engels mais surtada como uma workaholic que praticamente não dá mais abertura para o marido e para os filhos, sendo intensa e cheia de dinâmicas, mas que a atriz soube passar sensibilidade em muitos trejeitos, e isso chamou atenção. Embora o musical de Lars Eidinger com seu Tim Engels seja falando da preocupação com o corpo, ele se deixou ficar nu em diversos momentos, e trabalhou bem as dinâmicas de alguém que tem uma mentalidade, mas que se mascara para ter o emprego que tem, e isso é algo que vemos muito no mundo contemporâneo. Tala al Deen trabalhou sua Farrah com muitas nuances e dinâmicas, sabendo se posicionar mais como uma terapeuta do que como uma empregada, e a atriz deu as sacadas mais comuns desse estilo de personalidade, chamando muito a responsabilidade do filme para si. Os mais jovens Julius Gause com seu Jon Engels e Elke Biesendorfer com sua Frieda Engels trabalharam a modernidade tóxica que temos hoje em muitos adolescentes, vivendo de jogos e rebeldias, mas perdidos para a vida realmente, não sabendo aonde se encaixar na sociedade e no momento. Agora o jovem Elyas Eldridge trouxe uma imposição cênica para seu Dio interpretando a clássica canção do Queen como se fosse sua, jogando em desenho animado convertido, com cenas conectadas e dinâmicas que vou ficar de olho no que pode surgir futuramente dele.
Visualmente posso dizer que quase saí da sessão ensopado de tanta chuva na trama, que chega a ser irritante com o protagonista usando capa e andando de bicicleta a todo momento, mas tivemos dois apartamentos bem cheios de detalhes, mostrando a casa da família como uma verdadeira bagunça, aonde ninguém nem se acha, e nem vê o corpo da outra empregada no chão, e o quarto do garoto nem que ele quisesse acharia algo de tanta coisa jogada, já o da empregada mostra uma família diferente, cheia de pessoas que sempre comem juntas, se conectam, conversam, e depois até ficamos sabendo mais quem são. Tivemos cenas num estilo de prisão, que depois nos atos finais vemos o que era realmente aquilo, com uma cena do passado bem marcante, tivemos alguns protestos e boates da garota, alguns jogos de realidade virtual do rapaz, um escritório moderno do marido, e as muitas viagens da protagonista. E claro o aparelho que emite luzes e faz o povo viajar, e alguns atos dentro de uma piscina e de um barco, ou seja, uma produção bem grandiosa.
Tivemos alguns atos musicais bem interessantes, mas sem dúvida o que mais teve nuances foi a música do Queen, "Bohemian Rhapsody", que nunca tinha botado muita atenção na letra completa, e que fez muito sentido com o desenvolvimento na tela em forma de animação, chamando muita atenção e imposição cênica.
Enfim, é um filme que recomendo pela essência, e pela simbologia presente para refletirmos sobre nós e nossas conexões com familiares e pessoas ao nosso redor, mas que também é um filme que muitos não irão se conectar com o que é mostrado na tela, então tem de estar preparado para aceitar e se envolver, então fica a dica para quando for realmente lançado comercialmente seja assistido, ou para as cidades que ainda forem exibir ele no Festival irem aos cinemas. E é isso meus amigos, amanhã volto com mais textos, e fico por aqui hoje, então abraços e até breve.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...