Amazon Prime Video - A Disputa (The Match)

Acho que posso dizer que se eu abrir a plataforma da Amazon Prime Video toda semana, sempre aparecerá um filme diferente envolvendo a Segunda Guerra Mundial, e isso não é ruim, pois diferente de alguns filmes que entregam sempre as mesmas montagens, a maioria tem ido por caminhos tão diferentes que me pego pensando se realmente ainda vão me mostrar algo diferente que aconteceu na época, e hoje com o longa "A Disputa" conseguiram trabalhar bem a ideia de uma partida de futebol entre prisioneiros de um campo de trabalho com um time alemão para comemorar o aniversário de Hitler, e claro toda a desenvoltura de como um jogador profissional acabou caindo nesse campo, como ele conheceu e deu chance para um garotinho e tudo mais. Ou seja, é uma história bem diferente, bonita de certa forma de ver, e que só não foi muito melhor pela forma que foi contada, através de uma passagem de vida de um avô para seu neto do que ele vivenciou, que talvez tenha faltado um pouco de explosão maior, alguns ares mais fortes, e quem sabe um jogo mais mostrado mesmo, mas vale o tempo vendo o longa, e o resultado final é bom.

O longa nos situa na primavera de 1944. Para comemorar o aniversário de Adolf Hitler, os nazistas organizaram uma partida de futebol entre um time de elite nazista e um esquadrão de presos formado por ex-jogadores de futebol e presos políticos. Liderada pelo carismático ex-capitão de futebol nacional, a equipe de prisioneiros, apesar dos obstáculos que enfrentam, está determinada a vencer, não importa o que aconteça.

Diria que os diretores croatas Dominik e Jakov Sedlar foram bem no que entregaram, principalmente pelo estilo representativo que muitos sabem que é uma partida de futebol, todo o espírito de vencer, da liberdade dentro do campo, e tudo mais que envolve o esporte, bem como das discussões que levam as torcidas, e claro os malucos que não aceitam perder, então aumente todo esse sentimento colocando o lado político (acho que estamos vendo isso por aqui nesses anos, mas vamos pensar então apenas na época do nazismo), coloque uma disputa entre dois lados bem opostos e pronto, foram direto ao ponto, e diria que o filme poderia ficar ainda melhor se não necessitasse do famoso apoio de muleta, que é alguém contando sua história, pois mesmo Franco Nero sendo um tremendo ator, ficou parecendo um enfeite emocional ali, já que a história daria para ser sustentada apenas com o que aconteceu em 44, e assim o filme teria uma maior fluidez, mas foi a opção deles, então é aceitar e relevar, pois é um bom filme, e dentro do pequeno ato mostrado funciona.

Sobre as atuações, diria que faltou um pouco mais de expressividade por parte dos personagens secundários, pois todos meio que entregam a bola (literalmente) para o protagonista, mas sempre estão apáticos em quase todo o filme, claro tirando as cenas no vestiário nos atos finais, então faltou dar um pouco mais de explosão nos demais para que o filme não ficasse tão amarrado. Dito isso, Andrej Dojkic deu boas nuances para o seu Laszlo, bem direto nos atos, fazendo toda a malemolência de grandes jogadores, e claro não levando desaforo para casa, ao ponto que entrega um personagem bem funcional, e sendo bem líder do grupo, o que acaba chamando atenção e agradando de ver na tela. Já com um ar mais tímido, mas botando bem alguns atos em conexão, vemos Filip Tallhamn com seu Karolyi, que não pode mostrar tanto seus atos de padeiro, mas soube expressar o temor na face nas cenas mais intensas, e deu boas nuances para que o protagonista se conectasse mais a ele. Ainda tivemos atos bem explosivos e bem interpretados por Caspar Phillipson com seu Coronel Franz, sendo direto e imponente, mas também desenvolvendo alguns olhares de temor de sua rédea ficar fora de si, e assim acabou chamando bem a atenção. Quanto aos demais, vale claro o envolvimento que Franco Nero entrega em todos os seus personagens, mas aqui acabou meio como um contador de histórias, porém o garotinho que faz sua versão jovem Viktor Kulhanek foi muito bem em cena, sendo carismático e muito bem encaixado, o que faz valer toda a essência completa.

Visualmente a trama tem boas cenas, mostrando uma festa de ano novo bem trabalhada que acabou virando um concurso de embaixadinhas, temos um campo de trabalho simples, mas bem feito, algumas buscas de jogadores em outros campos (também na base das embaixadinhas!), alguns escritórios de generais regados a bebida e música clássica, e claro a partida bem trabalhada em um campo tradicional com suas torcidas e bandeiras (alguns efeitos duplicadores estranhos), além claro do treinamento com o básico, mas o grande destaque tanto do texto quanto do visual ficou para a cena de entrada no vestiário, com tudo limpo, sabão e água, mostrando que a falta de algo simples faz muita diferença para quem não tem, ou seja, fizeram tudo bem trabalhado, com bons figurinos de época (caprichando nos uniformes esportivos), e assim o resultado funcionou.

Enfim, é um longa simples, bem feito, que incomoda apenas por ser uma produção croata, que mostra coisas que aconteceram na Hungria e na Alemanha, mas por ter coprodução americana é inteiro falado em inglês, mesmo com a maioria do elenco não sendo americana, ou seja, poderiam ter ousado mais e acredito que até retirado mais dos atores se fosse falado na língua do país, mas é apenas uma reclamação desse Coelho aqui, já que muitos verão o longa dublado, então fica a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.