Globoplay - Coração de Campeão (Heart of Champions)

9/04/2022 08:07:00 PM |

Costumo gostar bastante de longas esportivos com boas lições morais, daqueles que você acaba se envolvendo com os personagens e mesmo sabendo como todos acabam fica na torcida pelo desenvolvimento da trama, e claro que sempre tem aquelas quebras dramáticas tensas que você já espera acontecer, mas que cada diretor/roteirista tem seu jeito de passar. E com o lançamento do Telecine/Globoplay, "Coração de Campeão", temos exatamente toda essa síntese, mas que ao invés de recair mais para o lado dramático, pesou um pouco a mão para o lado romântico e jovem da produção, de modo que não vemos jovens sedentos por uma vitória realmente, mas sim jovens adolescentes em seus últimos anos de escola/faculdade que brigam por coisas bobas, que faltam um espírito de vitória realmente, e que mesmo tendo boas lições, parecem não ir tão a fundo como aconteceria numa trama do tipo. Ou seja, não é algo ruim, servindo de um bom passatempo de domingo, mas que poderia ter sido melhor trabalhado para alcançar voos maiores, pois tinha estilo e elenco para isso, só não evoluíram.

A sinopse nos conta que durante seu último ano em uma faculdade da Ivy League em 1999, a vida de um grupo de amigos e companheiros de equipe muda para sempre quando um veterano do exército assume o cargo de treinador de sua equipe de remo disfuncional.

Diria que o diretor Michael Mailer até tentou dar uma fluidez maior para seu filme, mas o estilo estava bem marcado para quase um drama romântico teen que usou a base esportiva do que o inverso, e isso não é ruim, pois chama até mais público que gosta de ver casais fofos e declarações bonitinhas sob os primeiros flocos de neve ou chuva, gostam de ver as intrigas de casais, e tudo mais, mas os atos dentro do treino, as lições fortes que o técnico passa para os garotos, e todo o envolvimento competitivo acabou ficando meio que em segundo plano na trama, e isso sim é o que poderia ter alçado voos maiores, pois a cena de impacto acabou sendo mais por uma discussão de relacionamento do que realmente pela intensidade das brigas ali na raia de competição. Ou seja, o diretor aparentemente pegou uma trama que tinha um foco, viu outras possibilidades no miolo, e acabou entregando assim, o que não é errado, afinal tem atores bons para esse estilo, mas quem for conferir esperando outra coisa, vai reclamar.

Sobre as atuações, Michael Shannon sempre faz personagens bem secos de expressões, e um técnico que é veterano do exército caiu como uma luva para sua personalidade, ao ponto que seu Murphy entregou boas nuances, passou mensagens fortes para os jovens, e claro os ensinou a ser uma equipe realmente, de forma que até valeria ter usado um pouco mais dele, mas não era a praia do diretor, então apenas foi usado dentro da base e não decepcionou. Charles Melton tem entregue boas personalidades para os papeis que pega, sempre fazendo ares meio de garoto marrento e fechado, mas se entregando bem nos atos que pede um pouco mais, e aqui seu Chris foi bem nesse sentido e agradou. Já o jovem, que não é tão jovem Alexander Ludwig se passando por garotão aos 30 anos, fez um Alex tradicionalmente rebelde, daqueles que metade da faculdade odeia por ele se achar o melhor, e que fez atos bem marcantes para as quebras da trama, com olhares mistos entre raiva e entrega que até funcionam, mas não vão muito além. Ainda tivemos Alex MacNicoll com um bom John com um estilo de liderança clássico, mas também sem explorar muito isso, o que é uma pena, pois numa competição funcionaria bem. Enfim, diria que o elenco todo foi mal aproveitado, então ficaram bem em cima do muro com as nuances, e o resultado não chamou tanta atenção.

Visualmente a trama teve alguns atos bem trabalhados no rio, com exercícios longos, e praticamente nem aparecendo os dublês corporais para o tanto que os jovens remaram (que sabemos bem que não foram os atores reais ali), tivemos algumas cenas mais simples nos alojamentos dos jovens, alguns atos em bares, e infelizmente bem poucos de competições, o que deu um tom como já disse de filme de faculdade ao invés de um filme esportivo, e assim sendo a equipe de arte não posso dizer nem que foi usada, pois toda a cenografia estava pronta e bem colocada apenas.

Enfim, volto a frisar que não é um filme ruim, apenas não é um filme marcante nem dentro do gênero esportivo, nem dentro da gama de romances teen, ficando naquele meio do caminho que alguns vão curtir, mas a maioria vai apenas anotar as lições para frases de Facebook e esquecer de qual filme era. E assim sendo recomendo como um passatempo apenas, e fico por aqui, então abraços e até logo mais.


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