Netflix - Boneco de Neve (The Snowman)

6/23/2020 11:42:00 PM |


Antes de mais nada, esse não é um filme da Netflix, mas sim um filme que só consegui ver na Netflix devido ao problema que sempre relatei nas programações de as distribuidoras não mandarem seus filmes para o interior!! Desabafo feito, posso dizer que desde que vi o primeiro trailer de "Boneco de Neve" nos cinemas, eu tinha certeza que seria um filme do estilo que gosto de conferir, daqueles que prendem a atenção do começo ao fim, que vamos fazendo apostas de quem é o assassino, por quais motivos está matando e tudo mais, que tem reviravoltas mil no miolo, ou seja, perfeito mistério, mas como é de praxe, acabou que o filme não estreou por aqui, e até tinha esquecido dele, mas eis que semana retrasada apareceu uma notificação das estreias das próximas semanas na Netflix, e já coloquei na lista para me avisar, e não perdi tempo, hoje estreou, já dei o play, e todas as minhas expectativas foram cumpridas exatamente como imaginava quando vi o trailer, pois o longa tem essência, tem todo o mistério, tem uma boa história, e principalmente tem um elenco afiado com tudo. Ou seja, é um tremendo filmão que até tem alguns defeitos, principalmente não explicar muito algumas invasões do assassino, e o motivo ser meio digamos bobo, mas a intensidade da trama compensa essas besteiras, e vale demais a conferida (claro, para quem não viu no cinema na época que foi lançado em 2017).

O longa se passa em Oslo, na Noruega, onde Harry Hole é um policial reconhecido pelos casos resolvidos no passado, mas que sofre com problemas de alcoolismo. Após encontrar por acaso com a agente novata Katrine Braft, ele passa a investigar o desaparecimento de uma série de mulheres. A peculiaridade é que o responsável enviou, ao próprio Harry, um cartão enigmático com a imagem de um boneco de neve que está sempre presente nos locais onde as vítimas são atacadas.

O diretor Tomas Alfredson trabalhou tão bem sua trama de forma que chega a dar vontade de ler o livro de Jo Nesbø, que basearam para escrever o roteiro do filme, pois foram espertos em cortes e nuances, souberam encontrar os pontos de virada certeiros, e principalmente ele encontrou uma forma de o filme ficar violento sem causar, e sem precisar enfeitar como a maioria dos longas usa, de modo que vemos algo real de crimes fortes, com uma pegada própria dele que não deixou que sua trama ficasse nem lenta demais, nem acelerada demais, ao ponto que tudo parece seguir um rumo nos prendendo bem e funcionando. Ou seja, ele conseguiu criar as diversas amarrações que pareciam desconexas com cortes precisos e funcionais, ao ponto de vermos cada ato já esperando o próximo, e até chega a ser engraçado ficarmos pensando, mas pra que essa pessoa na trama, qual motivo disso, aonde ele vai chegar, e tudo vai sendo amarrado até o grande fechamento, e é assim que deve ser qualquer filme, pois muitas vezes somos apresentados no miolo tudo, e o longa broxa depois, enquanto aqui tudo vai só aumentando a tensão, e acaba sendo igual a um livro, queremos ir logo para o final para saber como vai deslanchar, e aqui tivemos um ótimo final. Claro que como todo filme de suspense/mistério a trama tem inúmeros erros, várias falhas sequenciais, e explicações largadas para trás, mas felizmente o resultado de tudo é tão bom que passamos rápido pelos erros, e o resultado final funciona.

É fácil falar de atuações quando o elenco cai como uma luva para a trama, e aqui todos se entregam para seus personagens, temos diversos momentos marcantes com cada um, e o resultado é visto como uma soma completa de bons atos. Para começar temos o sempre bem colocado Michael Fassbender, que conseguiu fazer com que seu Harry tivesse personalidade, fosse misterioso o suficiente para criar as nuances do personagem, e principalmente não fosse insistente nos atos, pois alguns detetives cansam por serem chatos, enquanto aqui a calma é o principal ponto positivo do personagem, e o ator fez de maneira incrível. Rebecca Ferguson trouxe para sua Katrine exatamente o oposto do que vimos em Fassbender, colocando a personagem num desespero sem limites, se enfiando em tudo o que fosse possível, pulando muros, instigando personagens, e a atriz embora não seja daquelas que marcam presença, fez boas atitudes em muitos atos, o que acaba agradando de certa forma. Charlotte Gainsbourg inicialmente traz para sua Rakel uma personalidade estranha, mas depois acaba até tendo um contexto bem colocado na trama, e ainda continuando o estilo segurou bem seus atos ao menos. Jonas Karlsson fez seu Mathias de forma interessante, meio que jogado, com olhares e nuances não muito comuns, mas também não desaponta, de forma que até poderia ser mais imponente em alguns momentos, mas não chamaria tanta atenção também. J.K. Simmons fez seu Arve quase que de enfeite, mostrando um ar político, momentos misteriosos, mas tudo bem condizente ao menos, e isso agrada bastante, porém poderia ser qualquer ator, que o resultado seria o mesmo. David Dencik trabalhou seu Vetselen de forma misteriosa, e até teve alguns atos chamativos, mas não impôs nada que o filme desse um tom a mais para ele, de forma que nem quase diálogos teve para trabalhar. Dentre os demais, tivemos a participação de Val Kilmer com um bom detetive Rafto, mostrando uma velhice misturada com bebedeira, mas bem usado também, e pegaram o Toby Jones passeando pelos corredores e resolveram colocar ele num papel inútil, que talvez no livro tenha algo a mais, mas aqui foi jogar ator a toa na tela. Dentre as mulheres que foram mortas ou sumidas apenas, nenhuma teve nada de destaque, muito menos os parceiros e familiares que aparecem, sendo que podem ser considerados como figurantes apenas.

Visualmente o longa trabalha imagens incríveis, com muita neve para todo lado, um frio monstruoso dominando a Noruega, e claro ambientes bem densos, com pouca iluminação, e ângulos precisos para não revelar nada para ninguém de quem seria o assassino, além de alguns apetrechos de matança bem impactantes como espingardas e cortadores, que fizeram com que a equipe de arte tivesse bastante trabalho para criar cabeças para rolar, rostos deformados por tiros, e claro contratar muitas crianças para fazer diferentes bonecos na neve, ou seja, um trabalho forte e bem marcado.

Enfim, é um filme bem intrigante, que agrada bastante, e que tem muitos furos, daqueles que quem for mais chato vai passar o longa inteiro reclamando, mas que no geral vale muito a conferida, e que certamente quem gosta do estilo irá pensar tanto em ler o livro, quanto ficar desejando uma continuação, afinal deixaram aberto para isso. Sendo assim, fica minha recomendação, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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