Netflix - Viver Duas Vezes (Vivir Dos Veces) (Live Twice, Love Once)

1/13/2020 01:25:00 AM |

Sabe quando um filme parece singelo, mas que na essência acaba emocionando bem mais do que o esperado? De vez em quando surge um desses e consegue passar tantas boas mensagens que acabam nos emocionando nos detalhes, e o filme espanhol que a Netflix lançou nessa semana, "Viver Duas Vezes", trabalha um mal que vem assolando muitas famílias: o Alzheimer, que andam até bem nas pesquisas para tentar curar, mas que ainda não chegaram muito longe. Ou seja, na trama temos até um pouco mais de abertura do que o normal do tema, pois se focassem somente no professor de matemática que foi um descobridor de algo genial, mas que começa a sofrer com a perda de memória proveniente da doença, que resolve depois de uma conversa com a neta buscar um antigo amor, até iríamos bem, mas resolveram que queriam discutir deficiência física, traição, empregos secundários, e aí o filme até deu uma leve derrapada. Claro que isso não chega a atrapalhar a beleza envolvente que a trama consegue passar, mas poderiam ter somente focado na doença do idoso, e na sua busca pela amada, que ficaria tão lindo quanto o fechamento.

O longa nos mostra que Emilio, sua filha Julia e sua neta Blanca empreendem uma jornada peculiar e ao mesmo tempo reveladora. Antes que Emilio finalmente perca sua memória, a família o ajudará a encontrar o amor de sua juventude. Ao longo do caminho, você encontrará a oportunidade de uma nova vida sem armadilhas. Decisões e contratempos controversos os levarão a enfrentar os enganos nos quais montaram suas vidas. Será possível viver duas vezes?

Não conhecia o trabalho da diretora María Ripoll, mas pelo que foi entregue aqui posso dizer que fiquei bem curioso para ver os demais longas, pois ela conseguiu dramatizar bem o tema, fazer com que os atores se conectassem bem e tivessem uma química coerente, e principalmente a história, mesmo com os desvios de percurso quase novelescos para dar uma incrementada, não se estragasse, e isso é algo raro, pois o filme facilmente poderia ir por diversos rumos, o público poderia esquecer das cenas chaves que são necessárias para o final, mas a doçura foi tão bem marcada que ao acontecer conectamos tudo e a emoção vem, ou seja, um grandioso acerto por parte dela, mas que facilmente poderia ter eliminado o lance da traição, o problema da garotinha, e até mesmo o desdém que o pai tem da profissão da filha, que teríamos ainda um ótimo filme, e ela seria ainda mais eloquente pelo trabalho final. Mas felizmente nada disso atrapalhou tanto, e o resultado funciona por completo.

Sobre as atuações é fácil ver o motivo do longa ter dado certo, afinal Oscar Martínez, é outro mestre do cinema argentino, abaixo apenas de Darín, mas que sempre entrega muita personalidade em seus papeis, e aqui seu Emilio é simples, é coerente com cada um dos atos e funciona demais no papel. Da mesma forma Inma Cuesta soube ser dinâmica como Julia, trabalhando de uma forma meio que de lado no longa, mas sabendo protagonizar quando precisou, e agradou bem com o pouco que fez. A jovem Mafalda Carbonell entregou muita personalidade para sua Blanca, sendo carismática, e sendo sua estreia em longas, a garotinha foi destemida para cima do grande ator e chamou a atenção com simplicidade e alegria no olhar nos diversos momentos que foi preciso. Quanto a Nacho Lopez, era melhor ter ficado em casa, pois fazendo papel de coach mais marido traidor é algo que ao menos eu queimaria de cena, e o ator ainda foi mal em cena, então desnecessário total no longa. Quanto os demais, a maioria surgiu apenas, mas o fechamento com Isabel Requena foi algo bem bonito de ver, mostrando atos emocionantes bem feitos pela jovem senhora.

Visualmente o longa não chama tanta atenção como poderia, pois tem momentos bons com discos na casa do protagonista, ousa trabalhar alguns atos interessantes com celulares, vivem um momento de road-movie juntamente com passeios por algumas ruas por onde o protagonista se perde, e claro brinca com a ideia de visual do passado com o visual do presente, além de mostrar tanto o lado estudioso da Matemática, quanto o lado bem triste do final do Alzheimer, e assim sendo, a trama tem elementos interessantes, tem cenas simples bem feitas, mas não atinge nenhum ápice de envolvimento cênico, o que acaba sendo singelo demais, e certamente poderia ter ido além.

Enfim, é um filme gostoso de conferir, que tem cenas que vão emocionar, mas que poderia ter ido muito além, pois história, atores e trama para isso tinham, mas resolveram deixar no modo básico, e entregaram o básico também, o que não é ruim, só não ficará algo marcante que vamos lembrar mais para frente, mas ainda assim é um filme que vale a pena assistir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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