A Árvore dos Frutos Selvagens (Ahlat Agaci) (The Wild Pear Tree)

12/08/2018 07:06:00 PM |

Em determinado momento do filme "A Árvore Dos Frutos Selvagens" um personagem diz para o protagonista que ele não aceita perder uma discussão, querendo ter sempre a última palavra, e basicamente de uma forma literária bem cansativa a trama do longa se encaixa bem em cima de diálogos e mais diálogos, aonde o protagonista argumenta sua visão de escritor em cima do relacionamento familiar com a mãe, com o pai, com a religião, com outros escritores, amigos e tudo mais, trabalhando de uma forma bem extrema tudo para seu lado em caminhadas discursivas longuíssima, que não tem como não se cansar, de modo que os 188 minutos da trama parecem intermináveis, e sendo assim até posso dizer que nem sei se o que entendi do filme é o que o diretor tentou entregar, mas de uma coisa eu sei, se ver novamente o nome desse diretor em algum filme, irei pensar 3x antes de conferir, e recomendar para alguém, pois somente a palavra porre define o resultado entregue aqui

A trama nos conta que Sinan é um jovem apaixonado por literatura que sempre sonhou em se tornar um grande escritor. Ao retornar para o vilarejo em que nasceu, ele faz de tudo para conseguir juntar dinheiro e investir na sua primeira publicação. O problema é que seu pai deixou uma dívida que atrapalhará os seus planos.

Confesso que quando li a sinopse esperava ver algo completamente diferente do que o que o diretor Nuri Bilge Ceylan acabou entregando, pois até esperava dramas familiares envolvendo dívidas, algumas elucidações literárias pelo jovem almejar ser escritor, e tudo mais, mas virar algo reflexivo abarrotado de diálogos cansativos nem sequer passou em minha mente, e além disso, ele acaba entregando tudo com um vértice tão alongado que acabamos nem conseguindo entrar no meio da discussão para refletir sobre ela, que logo em seguida o protagonista já entra em outra alongadíssima e por ai vai, sendo mais ou menos umas 6 a 7 discussões alongadas durante toda a duração do filme, sem pausas ou distrações para ter um alívio, e junto disso uma trilha lenta que ajuda a dar mais sono ainda, ou seja, uma falha em cima da outra.

Sobre as atuações, Doğu Demirkol acaba entregando um Sinan exageradamente reflexivo, daqueles personagens que parecem ter um vértice existencial maior do que o próprio filme em si, e dessa forma tudo o que faz é chato de ver, embora em algumas discussões ele tenha desenvolvido um sarcasmo bem coerente e agrade rapidamente nesses elos, mas ainda poderia ter sido mais impactante para chamar a responsabilidade para si em muitos momentos de pausas cênicas. Murat Cemcir entregou o pai do jovem, Idris, de uma maneira interessante que até valeria um desenvolvimento maior, como o que ocorre na última cena do filme, mostrando o famoso ditado de se chegar ao fundo do poço, mas seu personagem fica muito abaixo do protagonista, e isso faz com que o ator fique as margens de julgamentos apenas, o que foi muito errado, pois se apoiassem nele, a trama certamente teria outra forma bem mais interessante. A jovem Hazar Ergüçlü como Hatice só serviu para demonstrar um lado machista da trama para colocar o ditado casual de que a mulher só serve para casar e ficar em casa, e ela não floreou seus diálogos para mudar isso, ficando apenas de enfeite na trama e nada mais. Serkan Keskin quase saiu na mão com o protagonista na discussão de seu Süleyman sobre a forma de escrita comercial, é o que é ser um grande escritor, e suas cenas foram impactantes pela dialética exagerada vertendo tudo para o impacto, ou seja, o ator ficou pouco top na tela, mas causou ao menos. Quanto aos demais, diria que apenas discutiram com o protagonista, alguns tendo mais tempo, como os pastores, outros menos como a irmã, mas sempre qualquer personagem que aparecia na tela era para o protagonista colocar seu ponto de vista a frente e ganhar a discussão, ou seja, ele foi o chato da vez com todos, não deixando que se desenvolvessem.

No conceito artístico, as paisagens turcas deram um tom bem bonito para o longa, com casas simples, mas com bons elementos para representar o fracasso da família em si, mas como o filme foca mais nas andanças do jovem, a paisagem na natureza com iluminações bem amplas tanto no verão, quanto nas demais estações que o longa se passa acabaram retratadas com um brilho bem coerente para divagar e refletir, caso o filme desse esse espaço.

Enfim, poucas vezes falei isso aqui, mas o resultado da trama foi algo muito chato de acompanhar, cansativo ao extremo, e que não tenho nem como recomendar para ninguém nada do que foi entregue, pois seria ironia de minha parte dizer que qualquer momento foi ao menos funcional. Claro que alguns podem enxergar diferente, e se apaixonar por algo que encontrarão na essência da trama, mas sinceramente sai da sessão cansado, olhei a hora no celular pelo menos umas 5x, e ainda estou tentando pensar se perdi algo que me faria entender melhor o longa, pois não consigo. Mas vamos lá para outra sessão, e quem sabe melhorar o meu humor após conferir esse filme, então abraços e até logo mais.

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