A Mata Negra

12/11/2018 01:07:00 AM |

Chega a ser até engraçado ouvir o burburinho de outros espectadores na sessão de "A Mata Negra", pois quem entra numa sessão de um filme de Rodrigo Aragão sem saber o que irá ver, certamente irá estranhar muito, achar loucura completa, e claro reclamar de tudo, pois basicamente Rodrigo é o sucessor de Zé do Caixão no estilo de terror nacional violento envolvendo magia negra, personagens folclóricos, e tudo mais, com a diferença que Zé protagonizava seus filmes, já Rodrigo prefere ficar atrás das câmeras. Dito isso, seu novo filme é tudo que já vimos antes em seus outros filmes, mas sempre melhorando no conceito de efeitos, de locações mais misteriosas, e claro colocando coisas mais insanas de terror no miolo, de modo que até dá para ficar com medo em alguns momentos, mas a maioria de coisas bizarras sempre faz rir mais do que assusta. Ou seja, é um longa com qualidade pela alta violência, mortes, mensagens profanas proferidas, e tudo mais, mas é um estilo que nem todos os amantes de terror gostam, e sendo assim, muitos mais fugirão do longa do que irão desejar conferir.

A sinopse nos conta que numa floresta do interior do Brasil, uma garota vê sua vida – e a de todos ao seu redor – mudar terrivelmente quando encontra o Livro Perdido de Cipriano, cuja Magia Sombria, além de outorgar poder e riqueza a quem o possui, é capaz de libertar uma terrível maldição sobre a terra.

De certa forma o diretor Rodrigo Aragão mostra em seu filme que tem um estilo próprio, e que gosta de ousar nas situações para que as boas maquiagens e efeitos visuais realísticos forcem o público ao terror, claro sempre no melhor estilo gore possível, e aqui ele entrega uma história mais interiorana ainda, com uma pegada folclórica bem colocada, aonde trabalhou os personagens para suas crenças nos demônios profanados pelo livro de Cipriano, que é o mais conhecido livro de magia negra nacional (ao menos entre os mais leigos nesse quesito como eu sou - talvez até tenha algum mais forte, mas nem quero saber!!), e usando de recursos até clichês de personagens surgindo do nada para assustar, muito sangue para todo o lado, matanças, religiosidades, e tudo o que se possa imaginar acabou virando um resultado bacana. Claro, que volto a questionar que temos coisas insanas e estranhas no miolo que podem deixar quem não conhece o estilo espantado de uma forma ruim, o que não é bom para um longa, mas ao menos o bizarro foi preparado para funcionar dentro da proposta.

Um dos maiores problemas do longa está no quesito das atuações, pois é sofrível a maioria das interpretações dos atores velhos, novos e até alguns amadores que optaram para dar um tom mais rural para a trama, que isso poderia até ser interessante de ver num filme mais amador, mas num conceito profissional chega a soar até estranho demais de conferir. A protagonista e filha do diretor, Carol Aragão até conseguiu conduzir bem a trama, entregando dinâmicas coesas, mas parecia estar aflita demais com a maioria das cenas, de modo que sua Clara poderia ter trabalhado alguns vértices menos forçados, mas longe do pior, ao menos a jovem fez bem as cenas que precisava criando suspense e até trabalhando alguns olhares de desespero, porém bem longe do ideal. Quanto aos demais, a maioria se encaixa em determinado ato, uns com mais empenho, outros atrapalhando menos, mas o grande destaque cômico ficou a cargo do conhecido ator Jackson Antunes, que fez um pastor muito forçado, e poderia ter ido com rumos menos caricatos para que funcionasse sem apelação, e embora tenha sido mais coeso no seu segundo ato, o resultado completo ainda ficou estranho para o seu lado.

Agora sem dúvida a melhor parte do longa fica a cargo da cenografia e da direção de arte, que já por costume costumam ser bem trabalhadas nos filmes de Aragão, e aqui a equipe trabalhou muito bem com maquiagens para criar os monstros que aparecem, gastaram uma grande quantidade de sangue cenográfico, e com uma mata bem fechada e cheia de locações estranhas como a casa da protagonista, do criador de galinhas e até mesmo os buracos no chão acabaram por criar um vértice bem elaborado cheio de detalhes para funcionar a trama, só o cabaré que ficou deveras amador, mas isso é apenas um detalhe. A fotografia soube encontrar o meio termo para não ficar escuro demais, e nem exagerado com luzes falsas, optando bastante por fogueiras e velas, que deram um charme nos tons da trama.

Enfim, é um longa com muitos problemas, mas que diverte e assusta ao menos, e isso é o mais funcional dentro da proposta a que o longa foi entregue, mas confesso que senti a falta de um teor mais pesado na história, e claro melhores atuações para que o filme não ficasse tanto com uma cara de amador, como víamos na época da faculdade, mas fica a dica para quem quiser ver um terror nacional com um vértice diferenciado nas crendices interioranas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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