Bem, antes de mais nada volto a frisar que alguns filmes são feitos para determinado público-alvo, e quando se sabe quem deseja atingir, o resultado acaba sendo bem mais satisfatório. Quando fizeram no ano passado "Carrossel - O Filme", a proposta era algo maior, de ter um filme no estilo sessão da tarde que envolvia aventuras em acampamento e tudo mais, e o resultado acabou sendo satisfatório, mas sofrendo deveras críticas por quem não era tão fã da turminha, e pensando nisso o diretor Maurício Eça foi categórico em fazer nesse novo filme "Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina" algo bem mais próximo do que é e foi visto na novela do SBT, algo mais voltado para os fãs e que mostrasse crianças participando de gincanas, conhecendo mais sobre eles mesmos e ajudando uns aos outros para cumprir com os objetivos. Dito isso, não posso falar sem um olhar crítico que o filme é algo digamos simples como cinema, mas para as crianças que estavam na sessão de pré-estreia o fato é que ficaram todas quietas, assistindo e curtindo tudo o que era mostrado na tela, ou seja, elas foram atingidas em cheio pela ideia e como disse, o filme funciona e muito para os fãs, de modo que quem acompanha a novelinha vai sair feliz e sorridente da sessão, e quem for disposto a se divertir também, mas sem dúvida alguma poderiam ter sido menos forçados em determinados momentos aonde a trupe parece estar desorientada quanto ao que fazer, pois em um grupo grande de atores, dominar todos é o mais difícil para a direção, e deixar todos livres seria mais natural do que pedir para fazerem carões.
O longa nos mostra que famosas por conta do sucesso do clipe de PanáPaná na internet, as crianças chamam a atenção de uma estrela da música brasileira, que decide convidar toda a galera da escola Mundial para um de seus shows. No entanto, o que tinha tudo para ser uma ótima excursão ganha ares de filme de terror quando os vilões Gonzales e Gonzalito, recém-saídos da prisão, decidem sequestrar Maria Joaquina.
A direção de Maurício Eça pode se orgulhar de ter conseguido captar a essência de gincanas em busca de alguma prenda que certamente ele fez em sua época de escola, pois o roteiro da nova trama ficou bem determinado quanto aonde desejava chegar, e claro que quem já viu muitos filmes do estilo vai acabar ligando toda a ideologia por trás da história do sequestro do filme, claro que com o final cheio de mensagens morais para a criançada alguns vão captar mais, outros menos, mas o certo é que embora parecesse tudo muito mais jogado no trailer, o resultado do filme funciona ao atingir o público que tanto desejava. Veremos agora se ao estrear dia 14 terá o mesmo fôlego que o anterior teve ao captar 2,5 milhões de espectadores, pois se no primeiro que tudo soava mais falso, a aventura chamou atenção, nesse talvez a garotada fã da novela leve mais público ainda.
No conceito interpretativo, as crianças até se saíram bem, mostrando suas próprias personalidades e cada um fazendo seus trejeitos costumeiros da novela (não assisto essa nova, mas me lembro bem da original, e os personagens ainda são iguais), claro que por estarem agora numa idade aonde os amores costumam surgir com mais ênfase, procuraram arrumar quase todos em casais, e isso acaba soando até piegas, mas foi bem feitinho. Dentre todos os pequenos é claro que alguns se destacaram mais, e Larissa Manoela (que está cada dia mais rica com a quantidade de papéis que anda fazendo no SBT, mas que também tem melhorado muito na forma de atuar) deu a tradicional arrogância de estrela para sua Maria Joaquina, fazendo boas cenas junto dos vilões, porém por estar mais enquadrada, tiveram muitos furos em suas cenas, pois ora estava amarrada, na cena seguinte completamente a vontade passeando, depois totalmente favorável como se estivesse num passeio, e isso soa falso mesmo para crianças, de modo que poderiam ter melhorado as cenas, mesmo que desse um clima maior de tensão para o filme. Quanto dos adultos, se no primeiro filme Paulo Miklos e Oscar Filho estavam mais condizentes com os ladrões da saga "Esqueceram de Mim" que eram abobados, mas tinham objetivos concretos, e aqui o plano de apenas serem maus de Gonzales e Gonzalito acaba sendo tão fraco que nem ar de maldade conseguem passar, mas certamente algumas cenas são engraçadas, principalmente por Larissa Manoela atiçar eles. Agora quem acabou surpreendendo pelo ar maldoso e ainda com grande estilo, lembrando bem alguma das vilãs da Disney, foi Miá Mello com sua Didi Mel, pois toda trabalhada no figurino luxuoso e cheia de risadas malévolas a atriz chamou a atenção e deu um show mostrando que pode pegar mais papeis nesse estilo para ter um futuro bem melhor do que em suas comédias. Rosanne Mulholland fez bem seu papel de professora Helena, sendo carismática, emotiva, humilde e bem simples, e com isso transbordou emoções em cena, e como a boa atriz que é acabou agradando de certa forma. E falar sobre os convidados da produção Falcão, Elke Maravilha e Carlos Bertolazzi, é algo que é melhor deixar quieto, pois receberam seus cachés, estão felizes e só, pois no filme não fizeram nada além deles mesmos.
Sobre o visual da trama, agora ambientada na cidade, não tiveram grandes trabalhos cênicos para fazer, pois todas as provas da gincana foram simples e não ousaram muito em questões de locações elaboradas ou grandes apetrechos que chamassem a atenção, claro que deram grande destaque para o ciclismo que anda tão em alta entre todas as classes sociais e isso é algo bacana de ver chamarem atenção quanto aos elementos de segurança e tudo mais, mas voltando a falar sobre o filme, talvez pudessem ter gasto um pouco mais do orçamento criando um esconderijo mais elaborado para os vilões, colocando grandes cenografias nas provas com elaboração mais detalhista, mas optaram por ser singelos assim como é a produção da novela, e assim sendo, o resultado ficou bonitinho de se ver, mas simples demais. Sobre a fotografia, não ousaram também em nada, usando o básico da iluminação, colocando tons variados nas roupas para que cada um mantivesse suas próprias características e soando o tradicional bem feito.
Enfim, volto a ser até chato nesse ponto, se você ou alguma criança próxima a você, acompanha a novela, leve ela ao cinema assim que o filme estrear, pois certamente ficará muito feliz com o que verá, pois é um longa correto, com boas mensagens e até bem feito, mas se você espera ver um filme realmente com todos elementos clássicos de uma comédia infantil de aventura, a chance de reclamar de tudo é alta, pois a trama fica básica demais em tudo sem ousar em qualquer contexto de roteiro para assim ser chamada, e aí com qualquer olhar até menos crítico o filme acabará incomodando demais. Como gosto de trabalhar os dois lados, gostei do que vi como diversão para as crianças, mas tive de pontuar tudo, então a nota está aí, e deixo a recomendação acima para quem estiver na dúvida de se confere ou não o longa nos cinemas. Bem é isso, agora realmente encerro a semana cinematográfica aqui, e volto na próxima quinta, então abraços e até lá galera.
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