Homens, Mulheres e Filhos

12/19/2014 01:48:00 AM |

Não existe tema mais atual do que o comportamento humano dentro do mundo virtual, e tratar de um assunto assim em um longa de 2 horas é algo que exigiria ou muita expertise no assunto ou acabaria desenvolvido de uma forma boba demais, como é comum nas novelas adolescentes que tanto conhecemos pelas TVs brasileiras. Porém, em "Homens, Mulheres e Filhos", surge um dos diretores que mais tem acertado a mão em temas polêmicos, Jason Reitman("Juno", "Amor sem Escalas", "Obrigado por Fumar"), que colocando uma certa dose de humor para que o realismo cru não interfira tanto no resultado, conseguiu humanizar o livro de mesmo nome e mais ainda conseguiu mesmo com momentos narrados, conectar o espectador com o filme e com o cosmos, ou seja, algo que daria para discutir por horas, mas que vou apenas citar alguns pontos bons e deixar como grande dica para quem quiser ver um filme inteligente, mas sem muitos exageros cults, nas telonas dos cinemas.

O filme conta a história de um grupo de adolescentes do ensino médio e de seus pais enquanto tentam lidar com as diversas maneiras nas quais a Internet mudou seus relacionamentos, suas comunicações, suas auto-imagens e suas vidas amorosas. O filme trata de questões sociais como a cultura dos videogames, anorexia, infidelidade, busca da fama e a proliferação de material ilícito na Internet. Na medida em que cada personagem e cada relacionamento é testado, podemos ver a variedade de caminhos que as pessoas escolhem – alguns trágicos, outros cheios de esperança – e fica claro que ninguém está imune a esta enorme mudança social que vem através de nossos telefones, nossos tablets e nossos computadores.

Embora possua um ritmo não tão dinâmico, mesmo utilizando de toda a conectividade dos aparelhos que surgem em cena, o trabalho desenvolvido na trama consegue nos prender fixos na tela durante toda a exibição pelo tema que nos é mostrado, e isso é algo mito interessante que poucos diretores conseguem fazer, pois daria para desenvolver um filme separado tranquilamente de cada uma das situações que são colocadas na trama, a da garota anoréxica que deseja o jogador mais velho, o casal infiel, a jovem vigiada minuciosamente pela mãe, a pornografia online e os danos aos jovens, a busca exagerada e sem limites da fama, e por aí vai, mas não Jason Reitman, junto claro do autor do livro Chad Kultgen conseguiram desenvolver de forma tão bem conectada todas elas que é até difícil enxergar caso a caso dentro da história, e isso que é legal de ver. E claro, já que o filme conversa com o espectador sozinho pela tecnologia mostrada dos eletrônicos, a linguagem usada de mensagens a todo momento, e vìdeos sendo mostrados nos balões de pensamento nas cenas abertas são um detalhe a mais que agrada bastante. Com planos mais calmos e ângulos pouco usuais de câmera, o filme tem um desenrolar bem pautado, claro que sempre deixando de lado o julgamento para nós, mas o diretor conseguiu imprimir sua mensagem, que somos apenas um pequeno ponto no mundo, mas devemos discutir nossas relações sempre.

Sobre a atuação, o elenco é imenso de grandes atores, mas antes de falar de qualquer outro ator, não posso deixar de falar que vi finalmente Adam Sandler sem ficar fazendo bobagem, sendo dramático e isso é incrível, pois minutos antes estava conversando com o rapaz que trabalha no cinema sobre isso, de atores cômicos que andam dando muito bem nos dramas, e claro que não é o que o ator gosta de fazer, mas caiu tão bem o personagem que gostaria de ver ele mais vezes incorporando o seu Don. Ansel Elgort é a sensação jovem do momento, e seu personagem Tim tem o mesmo carisma que ele, então com toda certeza vai satisfazer as garotas que forem assistir o longa somente por ele, e digo mais, mesmo sendo requisitado para tantos filmes, o ator mostra personalidade para desenvolver sua atuação sempre num tom correto e claro, mostrando que tem um estilo e não vai desapontar quem procurar longas pelo ator, como costumava ocorrer antigamente com alguns grandes nomes. Sério que cheguei a ficar com medo da obsessão da personagem Patrícia de Jennifer Garner, não tem como não se impressionar, claro que conheço pessoas que revistam tudo que os filhos fazem na internet, celular e afins, mas o terrorismo que a atriz pontuou no personagem é algo que não dá nem para imaginar de existir alguém assim e como é dito numa frase que está inclusive no trailer, é capaz até de ter colocado senha nas partes baixas da filha, ou seja, a atriz mandou muito bem nas expressões de forma que chega até assustar. E falando na filha, Kaitlin Dever é mais uma das jovens atrizes do momento que tem trabalhado muito em séries, mas que pode despontar bem no cinema por ter expressão marcante, e o que fez aqui com sua Brandy foi bem isso, que embora não seja a protagonista da trama, já que temos diversas vertentes, acabamos nos afeiçoando tanto a ela que o pôster até acaba sendo uma cena sua. Em compensação, mesmo tendo as cenas mais fortes, Elena Kampouris, fez um estilo de expressão para sua Alisson que não conseguiu nos envolver, de forma que nem acabamos torcendo para ela e nem ficamos bravos com o que faz em cena, talvez precisasse de um tempo maior para desenvolver seu personagem, já que são dois problemas que acaba sendo colocado para ela. Poderia falar muito mais dos demais, mas acabaria alongando demais o texto, e esse não é o intuito, mas vale a pena falar que todos trabalharam de forma concisa ao menos seus personagens, e que como já disse no início, temos quase uma novela em miniatura com diversos problemas sendo mostrados e com grupos de atores desenvolvendo muito bem cada um deles se entrelaçando, e a narração de Emma Thompson foi tão saborosa na trama que nem temos como reclamar do que faz, de forma que acabou sendo mais um acerto do que um erro trabalhar com esse estilo de conexões.

Por ser um longa dentro de um contexto bem atual, não temos visualmente nada que seja surpreendente, e nos filmes do diretor são raros excessos de cenografia, procurando trabalhar mais com o quesito atuação do que dar a equipe de arte a tarefa de chamar atenção, porém como já pontuei mais no começo, deu um certo furor para que desenvolvessem os balões com os vídeos de situações que temos na internet, e essa contextualização ficou bem desenvolvida e agradável de ver. Além de trabalhar bem os quartos dos jovens para que a realidade coubesse ali. A fotografia também não quis enfeitar o pavão, e foi correta com luzes destacando aonde os protagonistas de cada cena estivessem, e no restante apenas dando luz de preenchimento, felizmente não tivemos gafes excêntricas que com certeza diretores mais malucos trabalhariam cada situação tensa com luzes chamativas, e que perderiam o ponto exato que a trama pedia aqui.

Enfim, um filme bem interessante que agrada bastante tanto pelo conteúdo, quanto pela forma desenvolvida, mas que talvez por exagerar na linguagem mais jovem afaste alguns estilos de pessoas que gostem de algo mais trabalhado, então algumas pessoas mais velhas tanto de idade quanto de espírito é capaz que achem o filme meio jovem demais. Recomendo no geral para todos e principalmente que saiam da sessão pensando mais sobre o assunto que o diretor propôs, não ficando apenas guardado em nossas mentes como somente um filme, mas que sirva de lição para nossa vida. Fico por aqui agora, mas antes das festividades de fim de ano, ainda tenho muitos filmes para falar minha opinião, então abraços e até breve com novos posts.


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