Sem Evidências

10/05/2014 05:08:00 PM |

Quando sabemos que o filme trata de algo real já ficamos angustiados com sua história, claro que em alguns longas de terror deixamos de lado achando ser falso e tudo mais, mas e quando o caso é um filme policial no qual a história ainda se encontra pendurada há mais de 20 anos sem que tenham punido os reais culpados? Pois bem, no filme "Sem Evidências", somos colocados constantemente como parte tanto do coro de defesa como no de acusação, mas como o próprio nome do filme diz, não temos evidências concretas de nada, então julgar algo assim acaba sendo muito difícil, e nem sempre as pessoas da lei estão aptas para ajudar no que deve ser correto, como é o caso aqui, então embarque nesse filme com olhos diferenciados já que como estamos vendo a opinião de alguém sobre o assunto, podemos estar sendo influenciados também de certa forma.

O filme nos mostra que em 1993, em uma comunidade pobre de West Memphis, Arkansas, três crianças de oito anos de idade -- Stevie Branch, Christopher Byers e Michael Moore -- desaparecem do bairro. Após uma extensa busca, seus corpos são encontrados no dia seguinte, espancados e amarrados. A comunidade e a polícia estão convencidas de que as mortes foram trabalho de um culto satânico, devido à violenta natureza dos crimes. Um mês depois, três adolescentes -- Damien Echols, Jason Baldwin, e Jessie Misskelley Jr. -- são presos, quando Misskelley confessa o crime após quatro horas de interrogatório. Eles são levados a julgamento, mas todos alegam inocência, levando a história a um rumo inesperado.

O ritmo do filme cansa um pouco, mas para dar o clima exato que o longa precisaria somente sendo dessa forma, então foi válido. O diretor Atom Egoyan soube conduzir bem a trama, segurando a arma de frente para o câmera e o induzindo exatamente para os planos que queria, deixando para que os espectadores fizessem seus próprios julgamentos e não impondo em momento algum os dele. E isso nesse caso, foi interessantíssimo de ver na tela, pois coube na ideologia da trama para poder intrigar mais ainda a história e funcionar bem como deve ser num filme de tribunal. Com um olhar preciso e sabendo bem aonde posicionar sua câmera, o roteiro foi praticamente um papel de uso apenas, já que cada momento da trama, valeria mais o olhar crítico do diretor e do público que propriamente os ditos que foram escritos, e assim a trama acabou deslanchando bem.

Mas se o olhar da câmera foi o que importou, a atuação necessitaria estar num nível bem alto, não acham? Mas aí foi o ponto onde pegou no filme, pois Colin Firth embora esteja bem intimidador com ares de dúvida e tudo mais, acaba não sendo tão impactante e com isso, seus trejeitos embora sejam corretos para a situação que está vivendo, de nada impacta no conteúdo do filme. Reese Witherspoon faz um bom papel de mãe, e agindo dramaticamente e encaixando seus atos como qualquer mãe faria, mas também erra ao ser displicente nos olhares que ao mesmo tempo que mostram sua preocupação, deixam ela com um ar de suspeita, o que em hipótese alguma é. Os jovens culpados James Hamrick, Seth Meriwether e Kristopher Higgins embora fizeram caras de inocentes, em momento algum aparentaram desespero de estarem sendo incriminados, não sei se no caso real aconteceu assim também, mas se não foi, é um erro monstruoso na direção, pois qualquer um que se julgue inocente se desesperaria e não ficaria feito bobo aceitando tudo. Os demais atores saíram exagerados demais, e acabaram fazendo mais seus papéis do que atuando realmente e isso demonstra uma falta de treinamento gigantesco da direção de elenco.

A equipe de arte saiu muito bem, pois não necessitou evidenciar nada, já que era o que o filme mostraria. Mas souberam usar esse mistério como trunfo, sempre levando a trama para lugares escuros, colocando a floresta como chave, e usando de imagens e objetos contundentes como provas tanto para chocar o juri, como botando em nós, espectadores, as mesmas sensações de estar vendo tudo e julgando. A fotografia soube contrabalancear bem as nuances, mas optou por um granulado exagerado para mostrar os anos 90, e isso não seria necessário, porém combinou ao menos com o figurino escolhido e caiu bem.

Enfim, um filme claustrofóbico que nos envolve e cumpre com a missão de tentar fazer justiça, trabalhando bem com o que queria ser mostrado e chamando atenção para que nem sempre a polícia está certa do que ela acha que viu. Vale a pena ser conferido por tudo que é apresentado, mas o diretor poderia ter sido mais opinativo expressando seu ponto de vista que agradaria mais. E claro que se tivesse uma resolução iria ser bem mais impactante, mas como no caso real não teve nada elucidado como a mãe queria até hoje, ou melhor se tivesse uma resolução mais crível agradaria bem mais também. Bem é isso pessoal, o filme terá mais uma exibição no Festival de Cinema de Ribeirão Preto nesse domingo às 21:30hs no Cinemark, então quem quiser vale a pena conferir. Fico por aqui agora, mas já irei publicar também a crítica do outro filme que assisti ontem, então abraços e até breve.


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