Amantes Eternos

10/05/2014 05:13:00 PM |

Explicar um filme nunca foi tão fácil como em "Amantes Eternos", afinal todo mundo já teve algum parente ou amigo em começo de romance que fica uma melação chata demais, na qual eles parecem estar apenas dentro do mundinho deles, e qualquer um que vá atrapalhar será expurgado a tapas. Pois bem, multiplique isso a potência infinita já que ambos vão permanecer na mesma idade por anos a fio já que são vampiros e não envelhecem. Coloque um ritmo lento para representar a eternidade morosa onde eles não tem mais o que fazer. Continue pensando em algo extremamente cansativo. Garanto que você não pensou em tudo, pois bem esse é o filme, e nada mais. O longa não nos leva a lugar algum, apenas representa esse estilo de amor que eles estão presos, até que fique praticamente impossível deles continuarem vivendo assim, já que em algum momento dá fome não é mesmo, e fim. Se você tiver paciência em assistir, garanto que verá exatamente esse filme que acabo de narrar e nada mais.

O filme nos apresenta o vampiro Adam, um músico underground, que se esconde em uma casa em ruínas em Detroit depois de ficar deprimido e cansado com o rumo tomado pela sociedade humana. Mas reencontra sua amante há séculos, Eve, que pressente que seu companheiro irá se suicidar, mas chega a tempo. O amor dos dois é interrompido e testado pela irmã selvagem e incontrolável de Eve, Ava.

O problema do roteiro é o de não necessitar mostrar nada, não temos um problema, uma causa a ser defendida, uma busca por algo ou sequer algum problema que o romance deles esteja enfrentando. É como se o diretor e roteirista Jim Jarmusch quisesse apenas demonstrar o amor que estava sentindo por alguém e fizesse um filme com isso, jogando toda a eternidade naquele momento que ele(e os muito apaixonados) se acham presos, que não precisam comer, não precisam beber, não precisam trabalhar, apenas curtir o momento como se estivesse numa viagem imensa de alguma droga. E dessa forma o filme fica preso, cansando quem não for tão apaixonado assim, ou disposto a aguentar 2 horas de inebriação romântica. Não posso dizer que o filme tecnicamente é ruim, afinal temos planos bem interessantes, atuações bem feitas, cenografia impecável, mas faltou o motivo para a trama existir, que é uma coisa que brigo muito em filmes artísticos, pois fica parecendo que a pessoa só fez aquilo por fazer, não como algo para ganhar dinheiro, prêmio ou ao menos um elogio.

Tenho uma certeza imensa que o público que foi inicialmente ver o filme, foram as fãs de Tom "Loki" Hiddleston, pois quando mais poderiam ver o vilão mais amado dos cinemas sendo um vampiro romântico que compôs todos os clássicos do rock internacional de sucesso, e o ator mostra que é bom sendo uma pessoa mais calma e consegue trabalhar bem suas expressões no filme, claro que seu sofrimento amoroso cansa bastante, mas ele manda bem no que faz. Tilda Swinton é uma atriz diferenciada que consegue fazer seus papéis mesmo que esquisitos soem de maneira natural, aqui em hipótese alguma veríamos uma vampira dessa forma, mas ela acaba nos envolvendo com seu olhar, trabalha bem suas percepções e dialoga com uma pausa quase fúnebre interessante, ficando perfeita para o papel. É uma pena que o papel de Mia Wasikowska que embora apareça como um problema na sinopse seja tão curto na trama, pois ela sim poderia ter dado um gás a mais na relação dos dois e ter feito o filme valer a pena, já que é o mais divertido que tivemos no meio de tanto adoçante que é o filme, já que nem dá para falar açúcar, e ela saiu muito bem como uma vampira "adolescente", sendo ela mesma. Jeffrey Wright também conseguiu agradar nas suas 2 ou 3 cenas fazendo sempre alguma piada com relação à médicos famosos estranhos, pena que foi bem rápido. Anton Yelchin embora faça um papel meio mala com seu Ian, consegue ser algo diferente no meio que está, e agrada suas cenas mais irônicas que sempre leva bordoada. Confesso que confundi John Hurt com a maquiagem usada, podia jurar que era o Gandalf ou Dumbledore, mas seu papel é tão pequeno que nem faz tanta diferença, apenas vale para rir que ele foi quem deu os grandes textos para os autores famosos.

Se tem um fator que não podemos reclamar no filme é a falta de uma boa cenografia, pois mesmo que muito bagunçado o cenário conta equipamentos de primeira linha para quem gosta de guitarras e apetrechos musicais, além de diversos outros elementos da música e das artes, sendo bem interessante de observar ao redor tudo que a equipe de arte quis mostrar. A fotografia usou bons filtros amarelados nas luzes para dar um contraste com toda a escuridão desejada pelo diretor, além de nuances azuladas que deram um tom fúnebre e ao mesmo tempo vintage para a trama.

Outro ponto que mesmo dando sono e não ajudando o filme a ter ritmo, mas que foram de grandes escolhas foi a trilha sonora, que contando com clássicos do rock antigo e músicas que marcaram época para retratar o que o vampirão criou na sua trajetória, fez com que o filme ficasse fino, mas precisaria que nas demais cenas fosse colocado algo mais agitado ao contrário de segurar sem música ou com algo lento demais, pois quem for assistir nas última sessões a chance de dormir é altíssima.

Enfim, é um filme chato pela ideologia que tenta passar, mas que com diversos elementos bons acaba tendo um resultado visual interessante, caso tivesse uma história realmente que valesse a pena, com toda certeza teríamos um excelente filme, mas aqui o resultado foi no máximo mediano. Recomendo apenas para quem esteja com aquela paixonite melosa das primeiras semanas de namoro, que é capaz de se identificar com o filme e gostar, pois o restante do público com certeza irá reclamar muito. Bem é isso pessoal, o filme irá reprisar no Festival de Cinema de Ribeirão hoje às 19 horas no Cinemark, então quem quiser arriscar, só correr para lá. Fico por aqui agora, mas ainda hoje confiro mais uma das estreias da semana, então abraços e até mais tarde.


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