Fúria

10/18/2014 01:59:00 AM |

Olha, nunca um título nacional funcionou tão bem num filme como esse "Fúria", pois não é o sentimento do protagonista, nem nada do filme que retrata o nome, mas sim na realidade como a maioria dos espectadores do filme acabam ficando após 90 minutos inúteis, para que nos 8 finais tudo que aconteceu tenha servido para nada. A decepção é tão grande, que os créditos sobem com uma cena acontecendo ao fundo, nem é cena pós-crédito nem nada, uma cena contínua rolando, e pasmem a sala que estava lotada não sobrou ninguém durante esses 2 a 3 minutos. Não digo que seja uma cena importante para o que tenha ocorrido e tal, mas tirando esse Coelho persistente que vê até o último crédito, olhei para todos os lados e ninguém quis ver o que acontece ali, ou seja, Nicolas Cage vende muitos ingressos no Brasil com todos os seus filmes, mas conseguiu deixar uma sala inteira furiosa com o que viu hoje, e se eu fosse da distribuidora de seu outro filme que estreia semana que vem, daria uma segurada na data.

O filme nos mostra que Paul Maguire esteve envolvido durante muito tempo com o mundo do crime, mas hoje ele tenta viver uma vida tranquila, protegendo a sua filha. Um dia, no entanto, a garota desaparece e Paul decide reunir os amigos de antigamente, pegar em armas e se vingar dos responsáveis, líderes da máfia russa.

Não posso dizer que o final não é surpreendente, mas o recheio do filme é tão absurdo com tantas câmeras na mão para dar velocidade nas cenas e tentar empolgar o público com a ação gratuita, que não temos como falar nossa que filme no contexto geral sequer é bom. Muito pelo contrário, o trabalho do diretor Paco Cabezas que surpreendeu muita gente no seu trabalho anterior até é sentido nuances semelhantes, mas ao ter muito dinheiro em mãos para criar uma ação mais trabalhada, se perdeu colocando coisas que não seriam necessárias, e se fizesse algo mais clássico talvez empolgaria mais, envolveria os personagens da mesma forma, e sairíamos do cinema arrepiados com o final entregue, mas a cada enrolada que o filme nos dava, era jogado mais uma tonelada do mesmo flashback com ângulos diferenciados, mais uma perseguição completamente absurda, e tudo isso aliado à muita violência gratuita com tiros lotados de efeitos de computação gráfica de terceira linha, ou seja, um desastre completo que transformou uma trama que poderia ser satisfatória, em algo que nem numa sessão noturna de Corujão serviria para ao menos dar sono no público.

Falar da atuação de Nicolas Cage é repetir que suas expressões sempre são iguais, agora com a idade chegando está entupindo o rosto de trejeitos engraçados já que deve estar usando algum tipo de tratamento anti-idade, e ir conferir a mesma coisa sempre, mas confesso que mesmo sabendo sempre disso, vou ver seus filmes na expectativa de que ele faça ao menos algo diferente, mas sempre saio não muito contente com o que vejo, claro que tivemos algumas poucas exceções em alguns filmes, mas aqui ele foi o mesmo de sempre. Danny Glover deu uma envelhecida gigantesca ou sumiu por um bom tempo? Pois está quase irreconhecível no filme e é notável que não é maquiagem e sim seus 68 anos pesando em cena, sua voz já está arranhadíssima, e mesmo vendo que ainda tá produzindo uma tonelada de filmes que serão lançados mais pra frente, não acredito que decole mais como fazia antigamente, pois aqui tirando sua cena mais trabalhada no bar, onde teve uma fala mais longa e de boa interpretação, não fez mais do que algumas caretas no filme todo. Max Ryan e Michael McGrady fazem uma boa dupla de amigos do protagonista, e dispostos a bater muito pelo antigo parceiro de crime, eles estão a postos para tudo, e só, suas atuações não chamam atenção nem nada demais, apenas estão no filme para bater e atirar. Tal pai, tal filho? Ainda não dá para falar que Weston Cage vai seguir a linha do pai Nicolas e aparecer em 20 filmes por ano, mas aqui fazendo sua versão mais jovem nos flashbacks soube ao menos fazer menos caretas que o pai. Dos demais não temos que destacar ninguém a não ser as caras bobas que os dois adolescentes fazem, principalmente ao se cagarem de medo do protagonista.

As locações escolhidas foram bem preparadas para a trama, e ao conterem diversos elementos cênicos ao redor poderiam até ter sido melhor aproveitadas, mas com a correria que deram para a trama, tudo acaba sendo superficial, claro que ao voltar para cada cena e retratar o fato que aconteceu, o filme dá uma valorizada no trabalho da equipe de arte, detalhando algum elemento cênico preciso para as cenas de crime e tudo mais, mas tudo poderia ter um ganho tão maior se o tivessem trabalhado a trama ao invés de jogar tudo na tela que a única coisa que podemos sentir é pena da equipe que recebeu para fazer algo bem montado e ao final não conseguiu com certeza ver nem 10% do que fez. A fotografia do filme é toda em tons escuros, utilizando bastante o marrom e o preto para segurar o ambiente nervoso que o diretor quis mostrar, claro que temos sempre um ou outro elemento bem iluminado na cena para dar uma quebrada na nuance, mas diferente da maioria dos filmes policiais, não precisa prestar atenção nesse elemento, que ele não irá servir para nada além de dar contraluz e tirar o excesso de escuridão da trama.

Enfim, é um filme ruim, sim, mas não é totalmente péssimo, pois se você assistir o começo e o final, como muitos acabam vendo em casa no computador ou na TV fazendo diversas outras coisas ao mesmo tempo, talvez fique abismado e adore o que viu, mas no cinema chega a cansar demais o espectador que começa a ter diversos outros problemas ouvindo pessoas conversando demais, batendo chaves na poltrona, procurando doces nas sacolinhas dos mercados, e tudo mais, afinal o longa não prende sua atenção na tela, ou seja, o programa que poderia ser uma diversão acaba se tornando um martírio, ou seja, para esse Coelho que vos digita aqui não bastou o filme ser um desastre, ainda teve uma sorte imensa de pegar aquelas salas lotadas de adoradores de picnic que fazem uma rebelião no cinema, afinal esse é o público que Cage chama para seus filmes, então se já estava disposto a não recomendar o filme passados apenas 50 minutos do longa, deixo minha dica para fugir completamente das sessões, já que podem além de ver um filme nada interessante, ainda pegar uma turma dessa que esteve em minha sessão. Bem é isso pessoal, falta ainda um longa para conferir, mas vou tirar o fim de semana de folga dos cinemas, então volto na segunda com mais a crítica da última estreia dessa semana cinematográfica curta. Então abraços e até lá pessoal.

PS: A nota está composta apenas pelo final interessante e surpreendente aliado da ideia boa que a trama tinha, pois tirando isso não daria para dar nenhuma nota.

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