O Impossível

12/24/2012 11:27:00 AM |

É interessante como ao vermos um filme baseado em algo real que sabemos que causou a comoção mundial que teve e ainda assim nos impressionarmos com tudo que vemos na tela do cinema. Em “O Impossível”, vemos toda a tragédia vivida no tsunami que destruiu quase todos os resorts paradisíacos da Tailândia pelos olhos de uma família que sobreviveu à tragédia e pode contar aos roteiristas para que fizessem o mais parecido possível. E o que vemos e praticamente sentimos é toda a dor e o sentimento de perca de valores que as pessoas passaram no pior final de ano das vidas deles, de uma forma diríamos quase que visceral e real, pois o diretor soube recriar muito bem toda a tragédia.

A história de uma família em meio ao tsunami que assolou o litoral da Tailândia, em 2004. Maria, Henry e seus três filhos iniciam suas férias na Tailândiam em busca de alguns dias de sossego no paraíso tropical. Porém, na manhã de 26 de dezembro, enquanto a família relaxa na piscina depois das festividades de Natal, um terrível barulho surge do centro da terra. Maria, paralisada, vê à sua frente uma enorme parede de água suja que vem ao seu encontro.

O que mais pesa sobre o filme é que ele poderia ter sido focado em duas vertentes, que são mostrar um drama pessoal e usar a tragédia apenas como pano de fundo, como ocorreu no filme do diretor Clint Eastwood do ano passado, ou então fazer algo monstruoso colocando toda a dor visceral, mostrando muito sangue, feridas e destruição causada pelo tsunami sem colocar um drama, o que faria com que o filme ficasse vazio. Mas não o roteirista do longa aproveitou a boa história que lhe foi contada e a transformou na junção das duas coisas, o que fez com que o filme tivesse uma boa carga dramática ao mesmo tempo que faz o espectador sentir toda a dor e as consequências da tragédia que ocorreu, e utilizando-se da melhor forma possível que é a de ser embasado completamente em algo real. Outro ponto que impressiona são os planos escolhidos pelo diretor para filmar, pois estamos completamente juntos dos protagonistas, o que nos agonia mais ainda, sendo revirados pela grande onda, ou então andando pelo lamaçal atrás de se salvar com medo de uma possível nova onda, e isso é brilhante, pois passamos a sentir medo, asco e tudo mais que se possa sentir numa situação dessa junto dos atores, sempre fazendo com que pensemos o que faríamos em seus lugares.

A atuação de Naomi Watts já começa a lhe render frutos com a indicação ao Globo de Ouro, e com toda certeza a fez por merecer, pois a carga dramática que a atriz pôs em seu personagem é de dar desespero, mostrando quase realmente ter passado por aquilo de uma forma brilhante. O garoto Tom Holland também dá um show nas telas, empunhando uma dramaticidade nas cenas que necessita sem perder o foco, fazendo com que choremos em alguns momentos que ele próprio nos transmite a felicidade embasada no seu olhar. Ewan McGregor também faz bem seu personagem, dando sangue para que mesmo que em poucas cenas pudesse também ter uma boa história para contar, colocando seu personagem dolorido em vários momentos e desabando ao telefone de forma quase que impulsiva, nos fazendo cair no choro junto do personagem. Existem muitos bons figurantes em cena, alguns que têm seu momento de boas falas conseguem se destacar, como por exemplo a senhora que observa estrelas junto da criança Thomas em um determinado momento.

A direção de arte deve ter tido um trabalho monstruoso para construir a cenografia do longa, visto que precisaram jogar tudo na lama e fazer com que tudo rolasse como em uma máquina de lavar roupas e depois ficasse de forma mais próxima das imagens que com certeza conseguiram da tragédia real. E o que vemos na tela do cinema é idêntico ao que era mostrado pelas emissoras de TV, sendo retratado nos mínimos detalhes tudo de uma forma que realmente emociona. A fotografia puxou um pouco no tom amarelado, mas sem entrar no sépia, de forma que pesasse um pouco mais o drama da família na busca de sobreviver à tragédia,, e os tons escuros nas cenas noturnas também pesaram na dor e no sangue dado pelos atores.

Não adiantaria nada termos um filme pesado dramaticamente se colocasse uma trilha como fazem sempre com o maldito pianinho para que nos emocionasse, e aqui novamente o diretor acerta ao escolher trilhas pontuadas com temas fortes, não amenizando praticamente em nenhum momento, e isso deixou o filme mais bonito e dramático ainda, nos emocionando a quase todo momento e angustiando quando necessário.

Enfim, um filmaço para ser assistido com gosto por todos que gostam de um bom drama, só peço que quem for assistir ele, evite ver qualquer filme antes dele no Cinemark, pois para variar colocaram um making off que conta detalhes preciosos sobre a trama e acaba estragando um pouco o que poderia mais ainda nos emocionar no filme. Porém tirando isso é um drama daqueles que não imaginava que fosse ser tão bom e valeu a pena conferir com certeza. Recomendo mesmo esse longa e torço para que ninguém passe pelo que ocorre no filme na vida, já que é baseado numa história real. Fico por aqui hoje desejando um ótimo Natal para todos, e nos vemos novamente na quarta-feira com mais atualizações por aqui. Abraços e até lá pessoal.

PS: Fiquei em dúvida da nota que colocaria para o filme, pois acredito que se não soubesse do spoiler dado na sessão de “As Aventuras de PI” no Cinemark, eu ficaria mais apreensivo ainda e acabaria sendo mais surpreendido, mas como vi tive algumas impressões diferentes, o que levou o filme para nota 9 na minha opinião, porém o filme vale bem mais que isso ficando entre o 9,5 e 10.


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