Diário de Um Jornalista Bêbado

7/13/2012 12:12:00 AM |

Muita gente torce o nariz quando vê um filme alternativo em cartaz, mas quando entra na sala se diverte horrores mesmo sendo um drama com uma boa dose de crítica à corrupção do jornalismo(o filme se passa nos anos 70 mas não seria muito diferente se fosse filmado nos anos atuais). Com essa dose de sarcasmo, mas sem necessitar apelar a Vinny Filmes trouxe pouquíssimas cópias do filme "Diário de Um Jornalista Bêbado" que chegou aqui no interior através do Cinecult somente agora quase 2 meses depois de estrear no Brasil.

O filme conta a história do jornalista itinerante Paul Kemp. Cansado do barulho e da loucura de Nova York e das convenções pesadas da era de Eisenhower na América, Kemp viaja para Porto Rico para escrever para um jornal local, The San Juan Star, dirigido pelo oprimido editor Lotterman. Adotando a vida encharcada de rum da ilha, Paul logo se torna obcecado por Chenault, a atraente noiva de Sanderson, nascida em Connecticut. Sanderson é um dos empresários envolvidos em negócios obscuros de desenvolvimento de propriedades na ilha e faz parte de um número crescente de empresários americanos que estão determinados a converter Porto Rico em um paraíso capitalista a serviço dos ricos. Quando Kemp é recrutado por Sanderson para escrever favoravelmente sobre seu sistema de negócio, o jornalista se depara com duas possibilidades: usar suas palavras para o benefício dos empresários corruptos ou usá-las para enfrentá-los.

O filme que é baseado no livro de Hunter S. Thompson consegue criticar o jornalismo de uma forma cômica, mas sem deixar de ser dramática, tanto que alguns momentos da mesma forma que você acabou de rir muito da cena anterior, você fica com pena do personagem por tudo que faz, e o diretor soube usar bem isso de modo que o filme ficasse leve, só pecando um pouco na velocidade do filme que o faz parecer ter bem mais do que seus 120 minutos, mas tirando isso, todos os planos estão bem encaixados de forma que o filme aconteça sempre criando situações que mesmo tendo a idéia completa de como vai acontecer você saia surpreendido.

No quesito atuação, todos os personagens são bem caricatos e alguns até abusam de clichés, mas mesmo assim fazem seus papéis de forma exemplar sempre enquadrando bem na câmera. É difícil destacar algum, pois os 5 personagens principais que estão nas mãos de Johnny Depp, Aaron Eckhart, Michael Rispoli, Amber Heard e Giovanni Ribisi fazem todas boas interpretações que conseguem agradar na medida, mesmo alguns aparecendo poucas vezes em cena e tirando os cinco os demais coadjuvantes apenas fazem o que precisam para encaixar as falas dos protagonistas e saem de quadro. Um pesar apenas ficam com os figurantes da cena da praia, que mesmo sua cena dando pano para a próxima, ficam com umas caras tão ridículas que nem no filme mais tosco dos western spaghetti algum figurante fariam aquelas expressões.

O cenário caribenho é algo que agrada nos filmes que são colocados como pano de fundo, por suas belas matas e praias e deveriam ser mais explorados, porém os destaques no cenário não ficam nas belezas do país e sim nas cenas que mostram a pobreza explorada do local, que é ricamente valorizada por diversos elementos cênicos e que pesam os olhos, um bom destaque para a primeira cena da rinha de galos e o que acontece na saída do personagem de Depp do local. A fotografia levemente envelhecida também agrada pois o filme se passa na década de 70 e uniu cenografia, fotografia e figurino para darem bons elementos épicos.

A trilha sonora usada, achei um pouco repetitiva, tocando as mesmas canções em quase todo o filme, não sei se quis ser pejorativo, mas acaba não agradando muito. Poderiam ter valorizado um pouco mais.

Enfim, é um filme que vale muito a pena ser visto, principalmente se você é jornalista ou escritor, para poder olhar com outros olhos as críticas, textos ou matérias que escreve se não está se vendendo facilmente, e recomendo também para todos que gostam de um bom drama com pitadas cômicas de forma sarcástica, o que Depp faz de melhor nos seus filmes. O único pesar forte mesmo é que como veio no Cinecult, o Cinemark como faz tradicionalmente arrancou os créditos finais, então o filme acaba logo após um escrito, espero não ter perdido nada com isso, mas vale muito o ingresso. Acabo a semana cinematográfica hoje, mas nesta sexta já começo com muitos filmes e pré-estréias novamente atacando por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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