Amazon Prime Video - A Filha do Prisioneiro (Prisoner's Daughter)

3/19/2024 12:49:00 AM |

Muitas vezes o pessoal reclama de filmes clichês, mas o que é um clichê senão uma definição de um estilo próprio? Claro que quando falamos que um filme vai além de sua definição, conseguindo emocionar por algo, ou expressar muitas vezes algo fora do padrão, aí sim temos uma obra chamativa, mas é sempre bom ver um filme clichê para saber que o mundo ainda anda normal sem grandes obras mundo afora. E o longa que dei play hoje tenho certeza que se ainda não existisse as mil e quinhentas plataformas de streaming, passaria pelo menos umas duas vezes no ano na Sessão da Tarde, pois tem toda a pegada clássica do estilo, e se chama "A Filha do Prisioneiro", e pode ser conferido na Amazon Prime Video, entregando a base tradicional de um pai que está preso há anos, e quando está no fim da vida, vai morar com a filha e com o neto mudando a vida conflitiva deles. Ou seja, com certeza você já viu algum filme assim nas suas mudanças de telas, e não tem nada que impressione nesse aqui, mas ele é gostosinho de conferir, tem boas atuações e dinâmicas, e passa o tempo tão bem que vale recomendar, pois a ideia é sempre boa, de se você pode ajudar de alguma forma a mudar a vida de alguém, vá e faça, e sendo assim o resultado funciona na tela, e acaba agradando bem.

O longa acompanha Max, que recebe liberdade compassiva após cumprir 12 anos de prisão com a condição de morar com sua filha distante, Maxine e o neto que nunca conheceu. Quando o ex-marido abusivo e viciado em drogas de sua filha reaparece, o passado sombrio e violento de Max volta para assombrar a todos.

Diria que a diretora Catherine Hardwick não quis ir muito além, pois esse é seu estilão de filmes, de trazer o simples e comum para a tela e convencer com esse formato, de tal forma que ela pegou o roteiro de Mark Bassi que também costuma fazer tramas mais simples, e o encaixe acabou ficando perfeito na tela, pois vemos exatamente o que desejaríamos ver na tela em um filme como esse, de uma família problemática superando alguns obstáculos, e claro alguns sacrifícios para que o melhor acontecesse. De tal forma que talvez o lance das drogas, de algumas doenças e de algumas situações possa até criar alguns gatilhos, mas de uma forma mais ampla o resultado supera essa ideologia e acaba sendo algo tranquilo de se conferir, sem esperar muito dele.

Quanto das atuações, Brian Cox é daqueles atores que tem personalidade e sabem entregar personagens simples com um charme a mais, de forma que seu Max não é explosivo, não traz cenas com um impacto marcante, mas quando entra em cena chama tudo para si, e assim agrada mesmo fazendo trejeitos de velhinhos com dores tradicionais demais. Kate Beckinsale também sabe brincar bastante com as personalidades dos personagens que lhe é entregue, de tal forma que sua Maxine é a tradicional mãe que sofreu muito na infância com os pais, que quer dar o melhor para o filho, mas que não tem como, e seus olhares conseguem ser comoventes e bem encaixados nos atos mais emocionais, que acaba agradando bastante. O jovem Christopher Convery conseguiu ser daqueles jovens adolescentes que falam aos montes com seu Ezra, tendo estilo e sendo bem pegado, além claro de trabalhar bem os atos da doença sem ser tão apelativo, o que conseguiu dar a ele nuances próprias, simples, mas bem colocadas. Ainda tivemos Tyson Ritter como o pai drogado e problemático do garoto, com cenas fortes, mas bem tradicionais, e o amigo lutador do protagonista, vivido por Ernie Hudson sempre bem imponente, mas sem grandes atos para focarmos neles.

Visualmente o longa não usou muito da equipe de arte, tendo uma casa simples, uma escola, um presídio e uma academia de boxe, mas sem grandes trabalhos cênicos, não tendo tantos elementos para representar cada ato, apenas contando com o básico para mostrar a vida simples e difícil da família, o pai drogado que vive num aglomerado de músicos e pessoas com problemas, e alguns atos nos trabalhos da moça, ou seja, o simples bem feito.

Enfim, é o famoso básico que entrega um algo a mais para não ser apenas jogado como um passatempo, que como disse passaria facilmente nos canais da TV em horários da tarde, e teria um público presente do começo ao fim, principalmente por não ser alongado, então dê o play sem esperar muito que vai acabar agradando. Claro que não é um primor que recomendo que todos saiam correndo para ver, mas funciona dentro do que se propõe e não incomoda, o que já está de bom tamanho depois das bombas que vi nos últimos dias, aliás o motivo do nome é usado na frase final do filme, então não se incomode com isso. Então é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Quem Procura Acha (Anweshippin Kandethum)

3/17/2024 09:21:00 PM |

Olha, se hoje eu fosse seguir minha vontade de escrever sobre o longa indiano da Netflix, "Quem Procura Acha", sinceramente colocaria: "Fuja!!!", pois é daquelas tramas novelescas que se amarram tanto em conexões, que tentam explicar tudo, que vai para um rumo depois volta para o outro, e para piorar ainda é cansativo e longo, ou seja, dava para contar a mesma história com metade da duração e ainda ficaria talvez comprido. Claro que tem quem ame esse estilo, e vivem me falando para dar mais chance ao cinema indiano, que tem boas produções e tal, ai lá vai o Coelho cair no golpe da nota boa no IMDB, que com um 7,1 não imaginava a bomba que iria conferir. O que posso dizer sobre o filme é que a entrega dos personagens é até interessante dentro do que foi proposto, de um grupo de policiais que resolvem um caso passando por cima de seus superiores, que falham na entrega do acusado ao tribunal deixando que ele fugisse, e acontecesse uma fatalidade, e para terem uma nova chance antes de sua suspensão vão tentar resolver um caso encerrado sem conclusão em outra cidade, e lá sofrem com a população contrária à polícia, até aí a ideia em si é boa, tem uma boa amarração para entender os casos, mas tudo é lento demais, e com isso acaba cansando, fora que precisaram ligar a todas as pessoas das cidades, e com isso a amarração novelesca acaba sendo mais chata do que empolgante.

Nem precisaria colocar a sinopse, afinal já contei no parágrafo anterior, mas ela nos conta que quatro policiais, que foram suspensos após uma reviravolta desastrosa na investigação do caso de uma mulher desaparecida, têm uma chance de redenção trabalhando em um caso arquivado.

Diria que o problema principal foi o diretor e roteirista estreante Darwin Kuriakose não saber controlar o seu impulso e desejar colocar tudo o que gravou na tela, pois a trama precisava de uma concisão maior para que não ficasse tão arrastada, e não toda uma montagem cheia de personagens, cheia de idas e vindas, com repressões e exageros chamativos demais, de tal forma que por muitas vezes até quase esquecemos quem é realmente o protagonista na tela, e isso acabou pesando na história completa. Ou seja, o diretor quis fazer algo que não conseguiu cumprir e se perdeu bastante, tanto que o segundo caso acaba tão igual o primeiro, e ainda dá a deixa de uma formação de equipe para uma continuação, de tal forma que com certeza eu não darei o play.

Quanto das atuações, como falei acima, o diretor deu abertura para que todos aparecessem bastante, não ficando só em cima do trabalho do protagonista, e isso é meio que arriscado em um filme tão longo, pois perde a ênfase tradicional e dá margem para que a trama fique confusa, mas como o protagonista é a estrela indiana do momento, Tovino Thomas acaba se jogando bastante, fazendo trejeitos fortes e imponentes, e mostrando que seu Anand tem personalidade, é respeitado pelos demais policiais, mas tem se joga demais fora da lei tradicional, e com isso vive tomando bronca dos seus superiores, e assim o ator consegue brilhar como um "vingador" misturado como policial. Nem vou ficar falando dos demais, primeiro pelos nomes serem bem difíceis, e segundo que como cada um apareceu um pouco e não teve algo que destacasse mesmo, é melhor não aprofundar em falhas.

Visualmente a trama foi marcada por vilas meio que afastadas da capital, então não vemos muita superpopulação, porém não pode morrer uma pessoa que já brota todo mundo para ver quem foi, com correria e tudo mais, vemos casas simples, muito isolamento, algumas festividades, chuvas em um resultado simples, porém honesto, que não mostrou nenhum grande trabalho por parte da equipe de arte.

Enfim, é um filme que parecia ser uma coisa pelo chamariz, mas que não foi para rumo algum, sendo daqueles que cansam mais do que agradam, não valendo a recomendação nem pelo estilo policial que consegue prender o público, então veja somente se você for fã do estilo novelesco arrastado, senão a chance de dormir é bem grande. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Code 8: Renegados - Parte 2 (Code 8: Part II)

3/17/2024 02:07:00 AM |

Quando em 2020 disse que o longa "Code 8: Renegados" tinha potencial para virar uma franquia, já fui bem direto que precisaria ter desenvolvido melhor os personagens, e eis que agora 4 anos depois a Netflix lança a continuação "Code 8: Renegados - Parte 2", e o que eles fazem? Um filme com um desenvolvimento de personagens ainda pior, daqueles que todos surgem do nada e levam a lugar algum, de tal forma que até conhecemos novos personagens no meio dos demais que já vimos lá, mas é tudo tão artificial e direto, que acabamos não tendo nenhum momento fluido ou interessante para que o público se conecte a eles, e ainda para ficar mais tenso, se você não se lembrar do longa anterior vai ficar bem perdido com tudo, pois as explicações dos poderes, da droga, das negociações políticas ficam ainda mais em segundo plano. Ou seja, acredito que devam fechar uma trilogia, com algo ainda não falado, mas que apenas jogaram tudo aqui para colocar a garota no meio do caminho, e o restante ser apenas aleatório como costumo falar de ser o famoso filme de meio aonde ninguém acaba se lembrando da existência.

A sinopse nos conta que depois de testemunhar o assassinato de seu irmão e o subsequente encobrimento, uma adolescente com habilidades anormais busca a ajuda de um ex-presidiário e de seu ex-parceiro de crime. Juntos, eles enfrentam uma unidade de policiais corruptos que utilizam tecnologia robótica avançada para evitar serem expostos.

Um ponto que eu sempre fico feliz de ver em continuações é a de manterem os diretores e roteiristas dos primeiros filmes, afinal já sabem aonde conduzir cada personagem e tudo mais, e aqui Jeff Chan voltou bem preparado, conseguiu trabalhar um pouco mais do ambiente em si, e não apenas os personagens principais, mas isso em apenas 20 minutos do longa, pois depois praticamente tudo se fechou novamente, e ficamos em algo sem grandes rumos e sem chamar atenção para os poderes, para as drogas e claro para as tecnologias, de modo que os cachorros são apenas para ficar correndo sem ir muito além disso, ou seja, ao mesmo tempo que fiquei feliz de terem mantido o diretor original, acredito que talvez uma mão nova iria repensar em tudo e dar nuances novas para o longa, que foi o que acabou faltando para que o filme decolasse realmente, pois nem a garotinha que foi introduzida acabou sendo explicado direito o que ela é, e aí a vontade foi pro ralo de vez.

Quanto das atuações, Robbie Amell trabalhou seu Connor com um ar meio desanimado, sem muita explosão, mas conseguiu segurar bem a trama. Já Stephen Amell deu para seu Garrett um estilão mais seco, e soube ser marcante em seus atos, mas nada que fizesse dele algo a mais do que o comum traficante que parece ajudar e depois muda tudo. Sirena Gulamgaus chamou bastante atenção nas cenas de sua Pavani, mas como disse acabou nem sendo apresentada direito no longa, precisando entregar trejeitos fortes, e conseguindo ao menos ter algum bom destaque. O mais engraçado é que se no primeiro filme o personagem de Alex Mallari Jr. ficou bem em segundo plano, aqui seu Kingston já bota a banca e encara tudo com trejeitos bem encaixados, fazendo com que fizesse um vilão meio tradicional em pele de cordeiro, mas que não engana ninguém. 

Visualmente o longa ficou ainda mais simples que o primeiro filme, tendo como locação apenas um agrupamento de apartamentos, mas mostrando praticamente só a entrada e um apartamento sem grandes detalhes, uma feira para apresentação dos cachorros, e a mansão do policial com um pouco mais de requinte, além de vermos um pouco do centro comunitário e uma casa isolada, mas também sem elementos visuais chamativos, ou seja, o que valeu na trama foram os cachorros tecnológicos bem marcantes e nada mais que empolgasse, de tal forma que até mesmo os poderes acabaram sendo bem econômicos na tela.

Enfim, é um filme que poderia ter ido além, ter trabalhado melhor os personagens, as ações e principalmente os poderes deles, mas que ficou tudo em segundo ou terceiro plano, meio que parecendo até que fizeram sem vontade, apenas para cumprir contrato, e o resultado não empolga de forma alguma, então nem tenho como recomendar ele para ninguém. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com quem sabe bons filmes, vamos rezar essa noite para isso. Então abraços e até breve.


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Imaginário - Brinquedo Diabólico (Imaginary)

3/16/2024 07:32:00 PM |

Sinceramente fui conferir "Imaginário - Brinquedo Diabólico" esperando exatamente o que me foi mostrado, pois a essência de "amigos imaginários" é algo que já foi trabalhado muitas vezes no cinema, mas que a maioria das vezes acabam errando por forçar o lado malvado dos entes, criar alusões meio que sem noção, e para piorar geralmente colocam crianças com vozes irritantes para dublar o que desanima ainda mais. Porém felizmente esse vieram algumas cópias legendadas para que a brincadeira de vozes, bichinho de pelúcia e criança funcionassem bem e criassem um ente malvado, mas que em suma quer brincar e comer, em vários sentidos possíveis, e a sacada do desaparecer que o pai da moça fala não tinha feito muito sentido no começo da trama, mas que quando bem elaborado ao final deu um tom bem marcante e digamos "divertido" de ver na tela. Claro que não é bem um filme que você vai sair morrendo de medo da sessão, pensativo com tudo e temendo algo maior, pois a pegada não é bem essa, mas o resultado com a forma escolhida acaba sendo bem interessante e brinca bastante com alegorias de terror mais para os pequeninos, ou seja, é daqueles que entregam uma densidade que alguns até podem achar pesada para crianças, mas eu colocaria fácil ele como uma obra para introduzir os pequenos nesse mundo do terror.

No longa vemos Jessica decide retornar com sua família para a casa onde cresceu e criou boas memórias. Logo quando chegam ao local, sua enteada mais jovem, Alice, fica apegada a Chauncey, um ursinho de pelúcia que ela encontra no porão. Apesar da interação parecer divertida no início, não demora muito para as coisas ficaram sinistras, descobrindo que o amigo imaginário que Jessica deixou para trás é muito real e infeliz por ter sido abandonado.

O mais interessante de observar no estilo do diretor e roteirista Jeff Wadlow é que ele gosta de brincar com as alegorias presentes em cena, de tal forma que seu filme não fica abstrato mesmo trabalhando com coisas imaginárias, e assim sendo embora muitos não enxerguem a mesma coisa que a garotinha e a madrasta veem, o sentido das coisas acaba tendo formato, e isso fez com que o longa tivesse uma presença maior do que apenas um ser do nada conversando com elas. só diria que ele usou muito da equipe artística na composição das cenas finais, e não as usou tanto, e ali sim tinha algo mais trabalhado dentro do terror fantasioso e abstrato, já que é um mundo ilusório, cheio de labirintos, portas e tudo mais, mas como ele optou mais pelo terror de pressão do lado de fora, o resultado ficou um pouco leve demais, já que não quis ir para um rumo mais forte e denso.

Quanto das atuações, sempre costumo falar que filme de terror envolvendo criança é um risco tanto para as gravações quanto para os atores, pois os pequenos muitas das vezes não são instruídos do que vai ser gravado, para não causar traumas, e assim por vezes acabam entregando trejeitos meio que subjetivos, sem grande imposições, mas diria que aqui Pyper Braun conseguiu segurar bem os trejeitos de sua Alice, foi expressiva e não soou tão falsa nas brincadeiras junto do urso e/ou do amigo, de modo que talvez fosse até mais além em alguns atos, mas não cairia bem para ela. Já DeWanda Wise demorou um pouco para encontrar as expressões mais fortes para sua Jessica, mas trabalhou bem sem incomodar e com isso conseguiu chamar a atenção com os atos clássicos do estilo de ir aonde não deve. Ainda tivemos alguns atos espalhados com Taegen Burns com sua Taylor levemente chata como a maioria dos adolescentes, Matthew Sato com um Liam que deveria ter sido comido pelo bicho logo de cara, por ser bem mala, e Beth Buckley bem intrometida com sua Gloria, mas tendo motivos para isso, já Samuel Salary segurou bem suas poucas cenas impactantes, mas sem ser muito usado, agora sem dúvida alguma Tom Payne se recebeu cachê precisa devolver urgentemente, pois foi mero enfeite de cena, em duas ou três cenas, sem necessidade alguma. 

Visualmente já falei no começo que fiquei com dó da equipe de arte que criou algo tão imponente para o mundo imaginário, mas que acabou nem sendo quase usado, sendo cheio de nuances, cheio de quadriculados interessantes, várias portas, e a sacada de um mundo lúdico, porém tenso ficou bem bacana de ver, já fora de lá tivemos uma casa bem tradicional, um quarto cheio de desenhos e pinturas mostrando que a madrasta já teve grandes dias felizes como uma garotinha chegada nas artes visuais, e agora ainda mantendo a criatividade é escritora de livros infantis, tivemos atos bem trabalhados na caça ao tesouro com a garotinha, alguns atos meio que doidos com o garoto no banheiro e no andar de cima, e claro tivemos o tradicional porão bagunçado, cheio de caixas e coisas estranhas, que sempre está presente em longas de terror. E claro não podia deixar de falar do urso feio e estranho que acompanha a trama, pois dá para ter medo só de ver ele como pelúcia, e sua versão maior no mundo imaginário ficou ainda mais feio.

Enfim, não é daqueles filmes que você assiste e sai querendo indicar igual um maluco, mas também passa bem longe de ser algo ruim, de tal forma que com pouquíssimos ajustes acabaria sendo algo marcante e bem intenso, principalmente se brincassem mais com a ideia do imaginário mesmo, mas quem sabe numa continuação, afinal o bicho em si não apareceu morto, então quem sabe, e veremos no que vai dar. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas hoje ainda devo ver mais algo, então abraços e até logo mais.


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Uma Vida - A História de Nicholas Winton (One Life)

3/16/2024 02:45:00 AM |

Desde que vi o trailer do longa "Uma Vida - A História de Nicholas Winton" já tinha a certeza absoluta que a cena mostrada lá faria a galera do cinema lavar a sala de tanto chorar, e foi dito e feito, que mesmo sabendo aonde iria acontecer, a sensação é muito forte e não tem como não se emocionar, afinal o cara salvou quase 700 crianças que provavelmente teriam morrido pelas mãos dos soldados nazistas, em um momento de pura compaixão e força de vontade, pois ele não foi para lá com essa missão, mas ao ver os pequeninos tchecos sofrendo nas ruas, não pensou duas vezes e se juntou com um grupo de britânicos que já estavam por lá e mudou o foco para o futuro de uma nação, e a trama sendo contado com um olhar mais fechado com dois excelentes atores acaba fluindo de uma maneira tão bem alocada que não tem como não entrar na onda. E digo mais fizeram um filme em um tamanho preciso, sem excessos de tal forma que parece ser ainda menor pela maneira dinâmica que montaram tudo, ou seja, é daqueles tão perfeitos que você acaba achando falhas por reparar demais, mas que sem um olhar mais técnico é paixão na primeira conferida, e por incrível que pareça nem foi muito lembrado pelas premiações, veremos então como vai seguir no ano, pois na maioria dos países tem chegado tudo em 2024, mesmo sendo um longa de 2023.

O filme mostra Nicholas Winton em 1938, quando ele visita Praga e se depara com famílias vivendo em condições extremamente precárias e sob a constante ameaça de uma invasão nazista. Em uma corrida contra o tempo, Winton e um improvável grupo de apoio trabalham incansavelmente para resgatar o maior número de crianças possível antes do fechamento das fronteiras. Cinquenta anos depois, em 1988, Winton vive assombrado pelo destino das crianças que não conseguiu levar em segurança para a Inglaterra. Somente após um reencontro surpreendente com algumas dessas pessoas resgatadas, ele finalmente começa a se reconciliar com a culpa e o sofrimento que carregou por cinco décadas.

Ao dar uma pesquisada sobre o diretor James Hawes, vi que esse não é o estilo tradicional de produtos que faz, já que faz mais séries e filmes para TV de terror, suspense e ação, então pegar um roteiro dramático baseado no livro da filha do protagonista, Barbara Winton, é algo que tem que ter muita coragem, e o melhor é que conseguiu captar bem a ideia para que seu filme tivesse estilo, mostrasse tudo, e principalmente sem ficar enrolando, colocando diretamente tudo o que era necessário mostrar sobre o personagem nas suas duas fases, e deixando que a dinâmica em si falasse sozinha, e assim sendo o resultado acaba soando bonito e sem ficar forçado, já que dava para ser ainda mais emotivo, dava para ser uma trama mais seca, mas escolheram o melhor ponto para tudo e acabou agradando bastante. Claro que gostaria de saber mais sobre o personagem principal, sua vida e tudo mais, mas acabaria enrolando muito, então melhor aceitar esse formato e ficar feliz.

Quanto das atuações, um ponto que ficou muito bom na tela foi a escolha dos dois protagonistas, pois Johnny Flynn e Anthony Hopkins não são tão parecidos no mundo real, mas seus olhares são bem densos e chamativos, de tal forma que com a caracterização vemos em Flynn uma versão jovial aceitável de Hopkins, e isso deu muito certo, claro que os milhões de anos de atuação de Anthony Hopkins é algo que ninguém consegue lhe tirar, e daqui 19 anos já irá conseguir alcançar a idade do verdadeiro Nicholas Winton, e mostrar que também é um homem que precisa ficar entre nós, pois sabe demais de como segurar a trama para si, e com bem pouco cativar na tela, já Johnny Flynn precisou trabalhar bem mais, correr para diversos lugares, conversar com diversos nomes para conseguir os pais adotivos, as listas, passaportes e dinheiro para trazer as crianças, sendo bem expressivo e agradando bastante na tela. Ainda tivemos grandes cenas com Helena Bonham Carter não sendo esquisita como costuma ser, mas tendo alguns estilos diferenciados para sua Babette imponente e cheia de personalidade, tivemos Lena Olin bem encaixada como a esposa do protagonista dando um bom suporte para ele, entre muitos outros que deram o tom e chamaram a responsabilidade em suas cenas, mesmo sendo apenas apoio para tudo.

Visualmente a trama é bem intensa, mostrando vários ambientes em 1938 com os refugiados em Praga, com um tom bem escuro e sujo, mostrando pessoas na rua, com o inverno apenas começando em barracas, com pouca comida e tudo de uma forma bem representativa, tivemos um pouco do escritório aonde os membros voluntários se juntavam na cidade para montar todas as listas e documentos, com muita bagunça "organizada", vemos as plataformas de trens saindo com as crianças da cidade e chegando em Londres numa aglomeração bem trabalhada, vemos alguns atos no Ministério de Imigração com a mãe agindo bem, vemos a casa de família rica do jovem e também do senhor, que seguiu acumulando tudo e tendo muita bagunça em seu escritório, e claro as cenas no auditório já em 1987 de um programa de TV com plateia e tudo mais do estilo, sendo algo bem cheio de detalhes que funcionaram bem para agradar e chamar atenção.

Enfim, é um filme que funcionou demais no formato desenvolvido, ambas as épocas não ficaram jogadas nem corridas, sem enrolação alguma, mas que tiveram o tempo exato para conseguir emocionar bastante e agradar a todos que forem conferir, que só não darei a nota máxima por desejar conhecer mais do personagem em si, que valeria uns 10 minutinhos a mais, mas não é nada que atrapalhe a experiência. Então fica a indicação perfeita para todos, e fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Pacto Com o Demônio (Leave)

3/15/2024 09:17:00 PM |

Costumo dizer que um terror para soar marcante precisa causar algo no espectador, para que ele seja lembrado, mas ultimamente a maioria acaba brincando mais com o suspense religioso, trabalhando algumas facetas mais simples, e resultando em tramas que acabam perdendo a força na tela, o que não é nada bom. E o longa norueguês "Pacto Com o Demônio" segue bem essa ideia simples e não efetiva que parecia envolver espíritos, mortes e tudo mais, mas que não vai além, de tal forma que a primeira parte da trama acaba sendo até bem cansativa e sem muitos rumos que empolgue, e já bem próximo ao final que poderia ir para algo, simplesmente tudo se resolve e nada vai além. Ou seja, mediano demais para chamar atenção, mas não sendo tão ruim quanto parecia, apenas esquecível.

Na trama, acompanham-se a história de Hunter White, uma jovem que foi abandonada ainda bebê em um cemitério envolta em um pano com estranhos e misteriosos símbolos. Tentando desvendar este mistério sobre sua vida, a jovem procura qualquer informação sobre suas origens. No entanto, a jornada que deveria lhe trazer clareza sobre seu passado se mostra intimidadora após estranhos eventos acontecerem à sua volta. Logo, White descobre que uma perigosa força espreita sua vida, impedindo-a de achar suas próprias respostas.

Diria que o diretor Alex Herron pegou uma trama que poderia ter sido melhor explorada, mas que já no próprio texto do roteirista Thomas Moldestad não tinha grandes inflexões, e assim acaba sendo algo mais de busca do que uma trama que cause algo realmente no público, porém dava para que ele eliminasse mais cenas do começo e trabalhasse mais o segundo ato, pois ali sim tinha conteúdo para brincar na tela. Porém isso são opções que nem sempre fluem bem no desenvolvimento, e assim sendo o filme acaba entregando algo fraco que parece sem vontade para terminar melhor.

Quanto das atuações, diria que também faltou um pouco mais de expressividade por parte da protagonista Alicia von Rittberg com sua Hunter, pois entrega trejeitos apáticos e sem muita intensidade, aonde acaba não conquistando o público, e fazendo os tradicionais clichês que acabamos até torcendo contra ela, e assim não consegue segurar a trama para si. O jovem Herman Tømmeraas fez com que seu Stian parecesse meio lunático, mas sem entregar o motivo, e isso acaba não indo muito além. Já Stig R. Amdam mostrou bem a loucura de seu Torstein nos olhares iniciais, e próximo do fim já botou fogo na tela, então valeria ter explorado mais sua história. Ainda tivemos Ellen Dorrit Petersen com sua Cecilia meio como uma interlocutora para a protagonista, mas não fluindo tanto quanto poderia, Morten Holst trouxe para seu Kristian alguém que também valeria ter desenvolvido algo a mais, mas todos ficaram bem em segundo plano na trama, sem ajudar muito no resultado final.

Visualmente ficou parecendo que na Noruega só chove, pois todas as cenas são com uma chuva bem falsa ao fundo, com a casa misteriosa sem grandes chamarizes, mas de cara já dava para saber que tinha algo atrás da porta, então ficamos na esperança e até entregam algo ali nos atos finais, porém como é um longa de terror dava para ter valorizado mais os fantasmas e a nevoa, o que ficou meio que jogado apenas.

Enfim, faltou um pouco de cada coisa para que o filme fosse mais além e chamasse atenção como deveria, de tal forma que passou longe de ser um terror que causasse algo, e como suspense também não foi muito longe, então classificaria ele como um drama que tem umas leves pitadas tensas, mas que não dá para recomendar muito não. E é isso pessoal, vou para mais uma sessão agora, então abraços e até logo mais.


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O Homem dos Sonhos (Dream Scenario)

3/15/2024 01:25:00 AM |

Sabe quando você acaba de ver um filme e fica olhando para o nada sem saber bem o que assistiu, se você dormiu e perdeu algo, se entendeu toda a ideia, ou então o diretor foi apenas um ser malvado que não imprimiu sua opinião na tela e você que se vire para pensar em algo? Pois bem, essa foi a sensação que tive ao acabar a cabine do longa "O Homem dos Sonhos", pois antes de mais nada, Nicolas Cage está incrível, com muita personalidade e uma atuação digna de premiações (tanto que ganhou algumas e foi indicado a várias), porém é daqueles filmes que começam com uma pegada meio misteriosa e intrigante, a qual deixa você curioso com a possibilidade de ser algo meio diferenciado, logo depois com a fama do personagem a trama recai para um lado mais de terror e drama psicológico, para ao final recair para algo meio tecnológico e estranho, a qual você fica na dúvida se era isso o tempo todo e você não pegou, se a síntese era diferenciada e tudo mais, ou seja, é um filme com uma ideia meio que brilhante, mas que muitos irão sair da sessão da mesma forma que eu: perdidos, mas felizes por ter visto um filme aonde Cage entregou muito, afinal gostamos demais dele como pessoa, e anda caindo numas furadas gigantes!

A sinopse é bem simples e nos conta que um infeliz pai de família vê sua vida virar de cabeça para baixo quando milhões de estranhos começam a vê-lo em seus sonhos. Quando suas aparições noturnas tomam um rumo de pesadelo, Paul é forçado a lidar com seu novo estrelato.

Não conhecia o diretor e roteirista norueguês Kristoffer Borgli, mas posso dizer que já tenho um pouco de raiva dele por não ter dado um fechamento mais impactante com sua opinião para o longa, inclusive falei disso esses dias, que o que mais odeio em um filme é que o diretor não coloque sua opinião claramente na tela de seu filme, mas diria que o roteiro em si sendo classificado como uma comédia, e vendo o trailer agora para escrever meu texto, acredito que a essência em si da fama ser algo malévolo para um homem comum acaba funcionando como algo pertinente e até interessante de se pensar, mas que como falo talvez um fechamento impactante acabaria sendo muito melhor do que algo aberto, pois nosso queixo talvez caísse e a explosão da trama iria para outros rumos. Ou seja, é daqueles filmes que você fica na dúvida se amou ou não, mas que bagunça sua mente ao ponto de querer ficar pensando em várias possibilidades, seja da ideia em si, ou de como você finalizaria ele de uma forma bem melhor.

Quanto das atuações, como já destaquei no começo, Nicolas Cage se entrega por completo em um papel bem diferente do que costuma fazer com seu Paul, de forma que joga ares de uma pessoa não tão velha, mas também não tão nova, desanimado com sua vida, e principalmente desapontado por não ter fama com as coisas que faz, e toda essa fama que vai ganhando com as pessoas sonhando com ele, o faz mudar bastante, de modo que vemos o ator também criando vértices e facetas bem expressivas, com uma certa felicidade, mas também com desespero quando tudo vira um pesadelo, ou seja, ele se joga bem e consegue segurar a trama quase que inteira em suas mãos, sobrando bem pouco para os demais. Julianne Nicholson trabalhou sua Janet como uma esposa que tem três lados apenas, o primeiro de um apoio quando está ganhando algo com a fama do marido, ciumenta com todos sonhando com ele, e quando começa a não ver vantagens praticamente o abandona, e a atriz soube mudar também bem seus trejeitos para marcar as devidas fases, o que foi bem interessante de ver. Quanto aos demais, cada um teve até que um tempo de tela razoável, mas nada que chamasse a nossa atenção, valendo claro um destaque para Dylan Gelula com sua Molly e seu sonho digamos mais apimentado, e também para Noah Centíneo com seu Dylan tentando usara o protagonista para vender coisas para as pessoas em sua agência.

Visualmente eu diria que a equipe de arte trabalhou aos montes, pois numa primeira olhada temos a casa dos protagonistas, a agência e a faculdade como um pano principal, mas se colocarmos os vários sonhos que o protagonista aparece com animais, com coisas caindo e voando, fogueiras, torturando, comendo cogumelos, e muito mais que é melhor nem tentar lembrar de tudo, aí sim vemos que precisaram de muitos cenários e abstrações para criar tudo, já quanto a pulseira do final, achei meio brega a tendência futurista, sendo algo que foi mais para tentar ser cômico do que auxiliar para algo a mais.

Enfim, é um filme que sinceramente precisei de um tempo bem maior do que o normal para escrever meu texto, pois fui pensando em tudo, analisando a ideia toda e montando tudo que entendi sobre ele, de tal forma que indico para quem gosta de filmes mais abertos, aonde será necessário refletir bastante sobre tudo, e que talvez não curta toda a ideia num primeiro momento, mas que por ser um filme tão bom do Nicolas Cage que tanto amamos ver, o resultado acaba compensando a conferida, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agradecendo novamente o pessoal da Sinny e da California Filmes pela cabine, e recomendo a conferida a partir do dia 21/03 em pré-estreias por várias cidades do país, e no dia 28/03 em muito mais salas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Ricky Stanicky

3/14/2024 12:57:00 AM |

Costumo dizer que a maioria das comédias não me fazem rir como deveriam, e já disse que pode ser comigo, já que muitas vezes o mesmo longa que acho bem besta, vejo outros rachando de rir de tudo, mas é o estilo da comicidade entregue que acaba sendo frouxo na maioria das vezes. E com o lançamento da semana da Amazon Prime Video, "Ricky Stanicky", tenho a certeza absoluta que seria um filme com outros atores que conhecemos do estilo que se encaixariam muito bem e entregariam praticamente a mesma proposta, mas que com John Cena e Zac Efron (que já voltou ao seu normal sem estar parecendo o Téo Becker) ficou até que simples e bem encaixado, embora bobinho demais, para mostrar o famoso fato de que várias mentiras juntas acabam virando uma verdade. Ou seja, a pegada em si já foi vista em diversos outros longas, mas aqui diria que o trio arquitetou bem a ideia, e o "ator" contratado por eles foi tão bem na interpretação que até emprego conseguiu, sendo algo maluco de se ver, mas que ao menos serve como um bom passatempo meio que fora da caixinha.

A sinopse nos conta que quando três melhores amigos de infância pregam uma peça que dá errado, eles inventam o imaginário Ricky Stanicky para livrá-los de problemas! Vinte anos depois de criar este ‘amigo’, Dean, JT e Wes ainda usam o inexistente Ricky como um álibi útil para seu comportamento imaturo. Quando suas cônjuges e parceiros ficam desconfiados e exigem finalmente conhecer o lendário Sr. Stanicky, o trio culpado decide contratar o ator fracassado e atrevido imitador de celebridade "Rock Hard" Rod para trazê-lo à vida. Mas quando Rod leva seu papel de uma vida longe demais, eles começam a desejar nunca ter inventado Ricky.

O diretor Peter Farrelly é muito conhecido pelos longas "incorretos" que costuma criar (tirando claro "Green Book: O Guia" que lhe deu dois Oscar e uma fama meio diferente do que sempre teve), e agora voltando para esse estilo acredito que tenha faltado para ele uma ousadia que aparentemente perdeu, pois o longa tem todo um lado sujo, mas quando realmente vai se sujar acaba pegando leve de certa forma, ou seja, é o famoso filme que o diretor volta para suas origens, mas tem receio de se queimar, e com isso acaba pagando o preço de uma comédia sem muitas atitudes, aonde vemos até algumas piadas pesadas (ao exemplo das músicas que o protagonista canta na boate e a sacada de como o dono da empresa discursa), mas que não vai a fundo quando poderia ir mais além. Aliás, como um lado das sacadas envolvem rituais judeus, tenho quase a certeza que o longa foi projetado pensando em Adam Sandler e sua turma, mas como a onda do ator é outra agora, sobrou para essa nova galera fazer as honras para o diretor.

E continuando a falar das atuações, Zac Efron voltou ao seu estilo de bom moço, com visual arrumadinho e estilo mais tradicional que estamos acostumados a ver, depois de ter virado um monstrão para interpretar um lutador, de tal forma que seu Dean tem estilo, é um bom mentiroso para a namorada, e consegue ter trejeitos bem colocados frente à toda confusão que causa, não sendo nenhum orquestrador do caos, mas sabendo aonde entregar cada estilo de expressividade, o que acaba agradando de certa forma, o único "problema" é que ele não é uma pessoa engraçada, então suas trapalhadas acabam se perdendo um pouco dentro da trama. Já John Cena tem um estilo que sabe cativar comicamente, de tal forma que seu Ricky/Rod é meio canastrão, mas sabe se jogar nas oportunidades, trabalhando toda a pegada da ideia, e sendo um excelente ator dentro do personagem, convencendo a todos, tendo bons atos de virada de ideia, e principalmente sabendo como se posicionar dentro da ideia toda acaba fluindo bem dentro da ideia toda, ou seja, deu seu show e acabou agradando. Ainda tivemos os outros amigos fanfarrões do protagonista com Andrew Santino entregando alguns atos meio que acovardados para seu JT, mas bem bobos dentro da ideia que acabam funcionando, e Jermaine Fowler usando mais o famoso gay que não segue os tradicionais estereótipos (o que é bom), mas que não joga seu Wes para algo mais chamativo como deveria ser. Quanto aos demais, acaba valendo um leve destaque para Lex Scott Davis com sua Erin bem ligada em tudo, Anja Savcic com uma Susan bem marcada em cima das mentiras, e claro William H. Macy que se jogou por completo como o chefe dos rapazes.

No conceito visual a trama ficou desenvolvida inicialmente na noite de Halloween aonde os garotos praticamente botam fogo numa casa ao dar errado sua pegadinha com um vizinho, vemos depois muitas animações mostrando as facetas que fizeram durante a adolescência e a juventude sempre usando o nome do amigo imaginário, até chegarmos na forma adulta dos personagens mostrando algumas vezes a casa de JT, um show gigantesco, um cassino, um bar de strip-tease, voltando vemos cenas em um hospital, uma festa de circuncisão bem movimentada, um pouco da casa do outro protagonista e alguns atos dentro de uma empresa, mas nada muito grandioso de elementos cênicos, mais brincando com as ideias para representar bem cada locação.

Enfim, é um filme até que divertido, mas que não vai fazer você chorar de rir, sendo daqueles passatempos que alguns vão ficar meio que constrangidos, enquanto outros vão rir bastante do formato besteirol leve, mas que não chega a ser algo para jogar fora por inteiro, e que talvez com outros atores e/ou mais atitude por parte do diretor chegasse um pouco mais longe, valendo assim uma leve recomendação já que não chega a ser ruim de conferir. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Saudosa Maloca

3/13/2024 01:35:00 AM |

Gosto de ver quando um longa sabe brincar com as sutilezas dadas pelo roteiro se vertendo para algo leve e descontraído que ainda entoa algo com muita personalidade, e dificilmente vemos isso ocorrer com longas nacionais, pois sempre procuram colocar graça aonde não tem, ou quando deixam pequenos símbolos acabam não fluindo para algo que realmente traga um mote maior para a trama. Claro que existem boas exceções, e um deles estreia dia 21/03 nos cinemas, e se chama "Saudosa Maloca", aonde vemos uma trama musical, e não um musical (para que não brotem haters em cima da produção), contando uma versão bem graciosa e envolvente em cima de um dos sambas mais conhecidos do país, colocando Adoniran Barbosa contando para um jovem garçom como era a maloca no bairro aonde ele e seus amigos viveram muitos anos atrás, tendo todo um envolvimento leve e bem colocado, com uma personalidade bem encaixada e emocionante aonde tudo flui em um visual marcante e cheio de símbolos, que certamente vale recomendar até mesmo para quem nunca ouviu a canção.

Inspirado em uma das músicas mais famosas do compositor e sambista brasileiro Adoniran Barbosa, o filme apresenta um já velho Adoniran Barbosa narrando suas histórias de uma São Paulo que já não existe mais para Cicero, um jovem garçom de um bar. Com falas e personagens eternizados nos sambas do compositor, ele relembra a vivência na maloca com seus amigos Mato Grosso e Joca, além da paixão deles por Iracema. Com a ajuda do samba, o grupo de amigos sobrevive, mas tem suas vidas ameaçadas quando o bairro do Bixiga começa a passar por grandes transformações e a metrópole é lentamente engolida pelo "pogréssio".

Se em 2015 o diretor e roteirista Pedro Serrano já tinha brincado com a ideia de um Universo de Adoniran Barbosa com o curta "Dá Licença de Contar" e em 2020 com o documentário "Adoniran, Meu Nome é João Rubinato", agora ele pegou algo para ir bem mais além e desenvolver uma história que facilmente pode virar um musical teatral, mas que sendo bem elaborado com bons personagens, sem recair para o lado novelesco, e ainda tendo uma graciosidade leve bem colocada na tela, ou seja, ele criou um mundo próprio que daria para brincar ainda muito com outras canções do músico, dá para desenvolver diversos tipos de histórias mais diversas, e principalmente não se prendeu em algo clichê dentro de um estilo único, e isso é algo que pouquíssimos conseguem fazer com poucos recursos, e o melhor só tendo feito esses três filmes (um curta, um documentário e agora um longa). Então vamos ficar bem de olho nele, pois quem sabe ele empolga e volta com mais algo interessante sobre o universo do samba.

Sobre as atuações, a grande sacada foi colocar um ator músico no papel principal, afinal precisou cantar várias canções e tendo o domínio da voz, precisou apenas ser bem caracterizado tanto no passado quanto no momento atual da produção, de tal forma que Paulo Miklos segurou por completo o papel de Adoniran Barbosa, brincou com todas as facetas do samba, foi malandro e também estiloso, e conseguiu dominar o ambiente junto dos seus amigos, ou seja, foi livre na tela e deu show. Sidney Santiago teve boas desenvolturas com seu Cicero, sendo um garçom também bem cheio de malemolência, criativo e disposto a entrar na onda do filme, sem se segurar, nem ficar amarrado dentro do que o filme precisava, agradando também bastante. A dupla Gero Camilo e Gustavo Machado, ou melhor Mato Grosso e Joca foi o retrato completo das canções de Adoniran, fazendo os famosos pobres que ficam ricos com trambiques, que não querem trabalhar, e que com a mesma velocidade que ganham, gastam, e trabalharam trejeitos bem humorados, mas totalmente emocionais dentro da proposta. Ainda tivemos bons atos com Leilah Moreno com sua Iracema cheia de sonhos, mas com os pés no chão, Carlos Gimenez fazendo um bom Onório, Noemi Marinho sendo cheia de virtudes com sua Dona Giulia e até Paulo Tiefenthaler teve bons momentos com seu Pereira, mas quem mais apareceu sempre perdido em suas andanças foi Izak Dahora com seu Mané.

Visualmente a trama foi muito bem desenvolvida, tendo um bar simples, porém bem simpático tanto nos anos antigos da produção quanto nos momentos mais novos, contando com toda a sacada do passado que eram meio que mercearias com coisas a venda além de bebidas, todo o lado boêmio da época que lotava agora dá apenas meia dúzia de pessoas se não tiver um show, mostrou bem a maloca destruída, os famosos quartinhos que ajudavam os amigos, um mini-cassino com jogos de azar usando milho e feijão para contar as apostas, toda a sacada da pobre com sonhos e desenhos perfeitos, ou seja, tudo bem contido, mas cheio de nuances, mostrando que a equipe de arte pesquisou bastante e fez um belo trabalho.

Enfim, ainda não tem a trilha sonora cantada por Miklos online, mas assim que tiver vou compartilhar, pois ficou bem ousada e interessante de ouvir, e como o filme todo tem todo um ar saudoso de uma época que não volta mais, sendo bem executado e mostrando que o cinema brasileiro sabe fazer coisas diferentes de novelonas românticas, cine-favela e comédias bobas, então fica a dica para todos conferirem o longa no dia 21/03 nos cinemas do nosso Brasil. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo a cabine de imprensa do pessoal da Sinny, e volto amanhã com mais dicas.


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Garra de Ferro (The Iron Claw)

3/12/2024 01:26:00 AM |

Muitas vezes fico me perguntando o que leva um diretor/roteirista escolher desenvolver a biografia de alguém, pois alguns casos é legal você conhecer por todo o processo de interesse e desenvoltura emocional que conseguem colocar, e também para conhecer algo que talvez mude sua vida, mas em alguns casos a história não chama atenção, os personagens e as atuações não empolgam, e ainda por cima o diretor amarra tanto a história que acaba não tendo nenhum grande clímax para chamar atenção, e assim você vê o filme e sai da sessão pensando: "o que foi que eu vi mesmo?". E infelizmente "Garra de Ferro" é um desse último estilo, pois vai servir apenas para quem for realmente muito fã de wrestling, e há bastante tempo para ter como referência a família Von Erich, e ainda assim é capaz de nem se envolver tanto com a linearidade do longa, mas os demais irão entrar na sessão talvez para ver o visual tão diferente do protagonista, e acabará desanimado com o resultado final, que não é ruim, apenas leva nada a lugar algum, mostrando a "maldição" da família aonde praticamente todos os irmãos morreram tragicamente.

O longa conta a história real e trágica da dinastia de luta livre Von Erich. Os inseparáveis irmãos Von Erich fizeram história no mundo intensamente competitivo do wrestling profissional no início dos anos 1980. A família comemorou grandes sucessos nos esportes, mas também sofreu grandes derrotas. Três dos filhos do patriarca cometeram suicídio durante suas carreiras. Através da tragédia e do triunfo, sob a sombra desse pai e treinador dominador, os irmãos procuram a imortalidade neste grande palco do esporte.

Diria que o diretor e roteirista Sean Durkin pesquisou muito para fazer seu filme, pois é inegável que ele trabalhou bem na composição dos atores, trabalhou olhares e intenções e criou algo que contasse de uma boa forma toda a história de vida dos lutadores, e claro como o patriarca conseguia influenciar ao máximo a cabeça dos irmãos para se jogarem por completo no ringue, ao ponto de ficarem malucos por objetivos e se matarem ou por socos ou na vida em si como vimos acontecer na trama, porém diria que faltou ele impactar mais nos atos das mortes, pois elas soam simples e sem chamarizes como deveria ser em um filme do estilo, parecendo que os familiares nem sentiram cada um que se foi, e isso é a maior falha do longa. Claro que muitos vão assistir ao filme apenas pela pancadaria, pelas lutas coreografadas e tudo mais do estilo, mas dava com bem poucas mudanças para entregar algo brilhante e chamativo.

Quanto das atuações, podemos com certeza aplaudir a caracterização dos atores, pois todos se doaram de corpo por completo para as mudanças de estrutura, com alguns ficando completamente diferentes de tudo o que já fizeram na carreira, a começar por Zac Efron, que muitos até apelidaram com o nome de um ator maluco brasileiro, que entregou seu Kevin com muita personalidade, muita imponência nas lutas, mas sem muita intensidade expressiva como deveria fazer, sendo até meio que bobão demais, o que é uma pena, pois sabemos que o ator tem estilo, e aqui ele poderia ter decolado facilmente com poucos atos mais impactantes. Jeremy Allen White também trabalhou seu Kerry com um estilo mais centrado, mas muito influenciável pelo pai, de tal forma que o jovem começa mostrando um proeminente atleta olímpico que após não ir para as Olimpíadas vai treinar com a família e acaba exagerando da bebida e das loucuras que faz, mas mesmo tendo o resultado mais trágico sem ser a morte acaba indo para um rumo meio que forçado de expressões e faltando intensidade até nas loucuras acaba ficando morno demais. Harris Dickinson já teve alguns momentos mais fortes na tela com seu David, porém seu personagem acaba saindo de cena muito cedo, e talvez pudessem ter dado um pouco mais de cenas para ele se desenvolver na tela. O jovem Stanley Simmons já trabalhou alguns trejeitos pegados com seu Mike, criando algo que até saia do eixo das lutas, mas que influenciado pelo pai acaba se dando mal e o jovem até fez bem seu ato pós-traumático. E claro o velho maluco, afinal o pai da família vivido por Holt McCallany trabalhou as suas cenas com muita intensidade, chamando para si alguns atos marcantes, e mostrando o quanto ele tinha poder sobre a mente de seus filhos, de tal forma que segurou toda a responsabilidade cênica nos atos que está a frente, e agradou dessa forma ao menos. Quanto das mulheres, diria que Maura Tierney entregou uma Doris simples, mas direta de opiniões, e que poderia ter sofrido um pouco mais com a morte dos filhos, ficando bem em segundo plano seus atos; já Lily James foi bem expressiva com sua Pam, sobrepondo até alguns atos dos protagonistas, mas como era secundária demais no meio de tudo não pode explodir mais.

Visualmente diria que criaram bons ringues, com lutas bem trabalhadas e com visuais marcantes, tendo um bom público de figurantes gritando, e vários personagens com suas coreografias bem ensaiadas, tivemos a casa dos protagonistas bem mostrada com prêmios e armas de coleção, vemos muitos treinos e também trabalhos manuais no rancho da família, e claro algumas boas cenas nos carros e ao redor dos estádios, não sendo algo que fosse muito além, mas ao menos foi bem trabalhado para simbolizar os anos 80 no país.

Enfim, é um filme que como já disse irá marcar mais quem for fã do esporte, mas que não chega a ser ruim de conferir e até consegue entregar algo que não cansa, mas que faltou intensidade sem ser nas pancadarias para não soar tão falso (como são as lutas do estilo) para agradar mais. Então fica assim como uma recomendação contextual apenas, pois não vai impactar quem não for conectado nas lutas, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Apaixonada

3/10/2024 06:25:00 PM |

Já falei isso muitas vezes e volto a repetir sempre que necessário, pois o Brasil é um país aonde as novelas sempre deram muito certo, ganham diversos prêmios mundo afora pela qualidade técnica e claro pela condução dos diretores e escritores, mas ainda não posso afirmar que sabemos entregar boas comédias românticas na tela dos cinemas sem recair para o estilo novelesco propriamente dito. E infelizmente o longa "Apaixonada" tenta por várias vezes quebrar a quarta parede com a protagonista meio que falando para o público, por vezes brinca com algo meio teatral, e até tenta dar uma pegada de livro, já que é baseado em um livro de mesmo nome, mas acaba se perdendo bastante nas dúvidas da personagem principal e não flui como algo gostoso de ver realmente, o que é uma pena, afinal sabemos do potencial da atriz protagonista, e dava para sair dali algo mais elaborado realmente.

A trama conta a história de Beatriz, uma mulher de 40 anos que percebe o quanto sua vida é monótona. Após alguns acontecimentos chocantes em sua vida pessoal, ela se vê desesperada e diante de uma crise de identidade. A partir daí, ela decide dar início a uma jornada emocionante de autoconhecimento que a leva próximo de todas as paixões que a vida é capaz de oferecer.

Um pouco de tudo isso pode ser explicado por a diretora Natalia Warth estar entregando seu primeiro longa depois de muitas séries e novelas, mas também teve a participação de uma edição meio que confusa, aonde vemos recortes de cenas sem grandes aberturas ou fechamentos, parecendo que a ideia em si foi algo meio que jogado de uma trama maior, o que acaba não fluindo tão bem. Claro que não estou julgando o livro se ele tem problemas ou não foi bem adaptado para a tela, afinal não o li para enxergar isso de modo maior, mas ficou parecendo faltar mais apresentações de personagens, dinâmicas que levaram tudo no que acaba ocorrendo, e até uma síntese maior de alguns momentos para poder ser fechado dessa forma a trama como foi escolhido, e isso é algo que o longa não entrega. Ou seja, é um filme que tem uma amplitude maior, mas que não consegue alcançar na tela.

Quanto das atuações, gosto muito da personalidade que Giovanna Antonelli costuma entregar em seus papeis, mas aqui sua Beatriz pareceu mais perdida no que desejava do que na entrega de suas cenas, de tal forma que ela necessitava de muito mais tempo na tela para que tudo o que precisava mostrar funcionasse, o que acaba não ocorrendo, meio que ao invés de se preparar para um filme, lhe deram uma síntese de uma personagem de novela para estudar, e que iria ter muito mais tempo para mostrar tudo, o que acabou não ocorrendo, e assim ficando abaixo do seu potencial. Danton Mello fez um Alfredo meio que apático sem muita entrega nas cenas que fez, e ficando tudo muito subjetivo em suas cenas. Polly Marinho e Pedroca Monteiro até tiveram diálogos bem encaixados para sua Dora e seu Jeff, dando um certo alívio cômico para a trama toda, mas não foram tão usados quanto poderiam na trama, e assim ficaram mesmo como coadjuvantes e amigos. Tivemos alguns momentos interessantes com a filha vivida por Rayssa Bratillieri e pelo pai da protagonista com Jonas Bloch, mas entre os secundários os que mais chamaram atenção foi Nicolás Pauls com seu Pepe e Rodrigo Simas com seu Pablo, mas sem grandes anseios para ir muito além.

No conceito visual, é até engraçado que o longa poderia ter valorizado mais as cenas na Argentina, poderia trabalhar mais alguns passeios da protagonista, mas usou a base da casa dela, a casa da filha na Argentina, alguns bares, ou seja, não quiseram ousar tanto, e quando ousaram como a ida para o retiro, já voltaram antes de chegar, ou seja, a direção de arte não teve tantos elos cênicos para valorizar, e acabou brincando apenas com a abertura.

Enfim, é um filme que facilmente dava para melhorar demais em todos os aspectos, sendo o tradicional romance novelesco nacional que desenvolvido melhor viraria uma minissérie de uns 3-4 capítulos melhores trabalhados, mas que como filme não leva nada a lugar algum, então não tenho muito como recomendar ele não. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, já que terei o Oscar para conferir mais a noite, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Donzela (Damsel)

3/09/2024 05:44:00 PM |

O que acho mais interessante no estilo Netflix de ser é que eles não se pegam querendo economizar em suas produções originais, então o que vemos várias vezes no ano são filmes que prezam muitas vezes por uma produção gigantesca do que com um roteiro mais elaborado em si, não que sejam histórias ruins, mas sempre tem alguns exageros que poderiam ser suprimidos para ficar ainda mais imponentes. Dito isso, "Donzela" é daquelas tramas que tem pegada, que conseguem entregar tudo o que é necessário para um filme do estilo, e embora bem simples de ideia, já que é apenas uma mulher tentando fugir do destino a qual foi jogada, vemos boas interações da protagonista, uma força sem tamanho para lutar, escalar e até se aliviar das dores de queimaduras e cortes (embora acho que com uma queda daquela, não chegaria nem viva ao chão), e assim o grande acerto da equipe foi a escolha de uma jovem que vem num crescente tão grande que já nem sabemos aonde irá chegar. Ou seja, é daqueles filmes passatempo, aonde não precisamos ficar pensando muito, e apenas curtir toda a interação e o belíssimo visual da produção.

O longa segue a personagem Elodie, uma princesa de um reino, que concorda em se casar com um lindo príncipe de outro lugar. Mas o que ela não sabe, é que este conto de fadas é na realidade, um grande engano. A realeza pretende sacrificá-la. Enganada pelo rei, a princesa se torna o sacrifício de uma antiga dívida. Agora, presa em uma caverna de dragão e sabendo que ninguém vem resgatá-la, ela precisará usar sua astúcia, inteligência e perseverança para escapar com vida - tudo isso, sem a ajuda de nenhum príncipe encantado.

O estilo do diretor Juan Carlos Fresnadillo é mais dentro de filmes com uma pegada mais de terror, e aqui ele usou desse artifício para trabalhar bem o roteiro de Dan Mazeau que estava meio quieto depois de "Furia de Titãs 2", e no ano passado estourou com "Velozes e Furiosos 10", ou seja, a história em si já tinha pegada suficiente para que o diretor elaborasse algo bem colocado e brincasse com toda a essência na tela, e com todo o dinheiro e tecnologia que a Netflix lhe deu para conceber a obra, o resultado conseguiu ir além do simples, para um reino bem visual, cheio de nuances, com uma montanha bem recortada para a jovem ficar se esgueirando fugindo do dragão, e até um bom conceito de elementos gráficos para ter uma imponente e chamativa trama de efeitos, aonde o dragão como protagonista poderia ser mais trabalhado, mas ainda assim seu fogo ficou bem marcante, mostrando que a equipe escolhida seguiu bem toda a ideia do diretor e entregou um bom resultado.

Quanto das atuações, Millie Bobby Brown tem seguido sua carreira com personagens muito marcantes, mas principalmente não se amarrando neles, e mesmo que muitos a conheçam pela personagem da série que a explodiu, em cada novo personagem ela cria para si trejeitos novos, olhares incisivos bem colocados e chama para si a responsabilidade de todos os seus filmes, tanto que aqui praticamente esquecemos que existem outros personagens, e assim sua Elodie impacta com muita intensidade expressiva, se joga para todos os lados, se corta, machuca, suja e tudo mais no melhor estilo de uma lutadora ao invés de uma princesa, ou seja, o papel já era imponente e a atriz conseguiu deixar ainda mais na tela. São poucos filmes e séries que a atriz Shohreh Aghdashloo aparece, mas se um diretor quer uma voz imponente para narrar ou dar voz a algum personagem está lá a atriz, de tal forma que sua dragão tem personalidade forte também, e consegue ser marcante com cada ato entregue na tela, sendo mais do que apenas um complemento para o gigantesco ser. Quanto aos demais, diria que o príncipe vivido por Nick Robinson até foi bem interessante, passando inicialmente um ar de bom moço, a madrasta que Angela Basset trouxe chamou bem com uma intensidade de olhar para a protagonista em suas cenas, e o pai da donzela que Ray Winstone trabalhou até teve algumas nuances marcantes e expressivas, mas sem dúvida valem destacar apenas Brooke Carter com sua Flora doce e cheia de sonhos como uma princesa deve ter, e claro Robin Wright como a rainha forte, intensa e pronta para suas maldades.

Agora sem dúvida alguma o conceito visual da produção foi de um luxo tremendo, sendo cheio de nuances de castelo, todo um amplo reino com muitas parreiras de uvas, tudo bem imponente e marcante, uma festa de casamento luxuosa e bonita de ver, algumas cerimônias com símbolos bem colocados, e claro toda a montanha do dragão cheia de túneis e elementos dos demais mortos que já passaram por ali, sendo tudo bem representativo e interessante dentro da proposta, fora o vestido recheado de armas para sobrevivência da donzela. Quanto dos efeitos, diria que dava para ter trabalhado melhor o visual do dragão para não ficar tão rústico, mas como nunca vi um dragão de verdade, apenas me baseando pelos que já vimos nos cinemas, o resultado final acabou sendo bem colocado, o fogo bem ao estilo de lava e tudo mais causando o impacto que a equipe desejava ver na tela.

Enfim, é um filme passatempo como costumo chamar esses que não precisamos ficar pensando em nada e apenas nos divertirmos com a trama mostrada, e o resultado dentro dessa simplicidade diria que funcionou bem para quem gosta de longas assim. Então não vá conferir esperando que verá uma odisseia ao estilo de "Senhor dos Anéis", "Ben-Hur", "Robin Hood" ou coisas do tipo, mas com toda certeza não é algo que abusa da nossa inteligência e agrada bastante para ser recomendado. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Todos Nós Desconhecidos (All Of Us Strangers)

3/09/2024 02:28:00 AM |

Algumas vezes vejo filmes com roteiros bem ruins, mas quando assisto algum excelente chega a dar muito gosto, e algo que costumo dizer ser um roteiro que chega a brilhar na ideia é quando você fica tentando entender a ideia, sem perder todo o ritmo do filme, para próximo ao final ter uma bela quebra aonde o público vai ver se estava certo ou não com todas as ideias que foi pegando, mas friso que tem de ser algo que dê a entender também a opinião do diretor e/ou roteirista, pois jogar algo abstrato e deixar aberto ao meu ver é o crime máximo de um roteiro, que perde até para roteiros ruins. Dito isso, o longa "Todos Nós Desconhecidos" é um dos roteiros mais difíceis que já vi nos últimos anos, pois de cara pegamos que os pais estão mortos, isso não é um spoiler, ele mesmo fala, e se não me engano no trailer também já é dito, até aí ok, logo em seguida descobrimos que o protagonista é um roteirista que está tentando escrever uma história sobre sua família, então vemos todo o sentimento dele se encontrando no presente com seus pais mortos, apresentando como virou uma grande pessoa, sua sexualidade, seus traumas e tudo mais floreia e brinca tanto com a ideia de se ele está concebendo o filme, se ele vê fantasmas mesmo, se está maluco na solidão silenciosa de um prédio recém inaugurado aonde só mora ele e o rapaz do sexto andar, e por aí vai, numa ode cheia de dúvidas, de sacadas, mas principalmente de expressões, pois meus amigos, Andrew Scott mostra que devorou esse roteiro, preparou algo em seu mais profundo âmago e devolveu ele em palavras e sentimentos na tela, ou seja, se você já viu qualquer atuação dele em outros filmes jamais irá lembrar dele lá, pois ele é o Adam aqui e não existe outro ator que faria isso. Ou seja, um filmaço que só não darei uma nota máxima pelo simples motivo de embora lindo visualmente (que iluminação dessa cena!), desejar um outro final, mas tirando esse detalhe é perfeito.

A trama segue o roteirista Adam que, uma noite em seu prédio quase vazio em Londres, tem um encontro casual com seu misterioso vizinho Harry, o que acaba abalando o ritmo de sua vida cotidiana. À medida que Adam e Harry se aproximam, o roteirista é levado de volta à casa de sua infância, onde descobre que seus pais falecidos estão vivos e parecem ter a mesma idade do dia em que morreram, há mais de trinta anos.

Diria que o diretor e roteirista Andrew Haigh conseguiu pegar a obra do escritor japonês Taichi Yamada e dar nuances tão amplas, tão sentimentais e ao mesmo tempo fechadas, que vemos desde a cura da criança interior mal interpretada pela família, vemos os reflexos da solidão, e vemos tantas coisas que confesso que talvez uma segunda assistida mudaria totalmente minha opinião, e isso é algo que costumo dizer que não gosto, pois uma segunda opinião da minha própria pessoa talvez não goste tanto como gostei agora, então dessa forma vamos manter essa ideia, mas garanto que cada pessoa que assistir ao filme irá sair com uma ideia diferente, pois o diretor mesmo colocando a sua opinião na tela, deixa a sensação aberta para que muitos enxerguem emoções diferentes, tanto que alguns vão apenas se surpreender com a ideia passada, enquanto outros irão lavar a sala do cinema, e aí prova que o acerto da ideia foi cravado. Ou seja, é daquelas direções simples de ver, mas que o roteiro se permite ir para tantos os lados que acaba sendo dificílimo de pegar todas as nuances que ele entrega.

Quanto das atuações, confesso que não lembro de Andrew Scott em nenhum dos muitos filmes que já fez, e como falei no primeiro parágrafo acredito que seja por ele ter pego uma personalidade tão marcante para seu Adam que não vemos o ator em momento algum, mas sim um homem chamado Adam que conhecemos nesse filme, e amanhã não veremos mais ele, pois irá ser transmutado em outro personagem que o ator fizer, e isso mostra uma grandeza tão perfeita, que chega a ser triste não ver ele levando todos os prêmios possíveis desse ano, pois foi digno de sentir o que passa na tela, e isso são bem poucos os atores que conseguem esse feito. Não por menos, um ator de múltiplas facetas é Paul Mescal, que aqui trabalhou seu Harry com um estilo mais solto do que o que costuma fazer, mas é misterioso, tem trejeitos abertos para fluir, e conseguiu passar emoção demais em quase todos os seus atos, sendo perfeito também em tudo. Agora tenho certeza que fui roubado, pois é impossível Jamie Bell ser o pai do protagonista, pois deixaram ele mais velho, com trejeitos tão diferentes que jamais reconheceria o ator, e ele aqui soube ser daqueles pais que sentem a necessidade do filho falar, que passa a mensagem no olhar e que funciona por completo. E da mesma forma, a sempre ampla de olhares Claire Foy soube brincar com o roteiro, fazer trejeitos clássicos que uma mãe faria ao saber da opção do filho, e cheia das dúvidas de sua época conseguiu brincar com as falas sem soar preconceituosa na tela, o que deu um charme e acabou agradando bastante também.

Visualmente o longa tem uma pegada bem clássica e intimista, com um apartamento sem muito luxo, mas também não tão simples, cheio de detalhes tradicionais, muitas fotos espalhadas para dar as devidas nuances dos momentos que o jovem revive, claro na casa aonde viveu com os pais no passado, e a jogada cênica de mostrar tudo lindo lá dentro acontecendo, e em determinado momento o lado de fora abandonado, sem ser aquilo que vemos por dentro foi bem montado demais, ainda tivemos tons de iluminação que sugerem tudo e nada ao mesmo tempo, com luzes, focadas dando formatos e ambientes, e claro o ato final no outro apartamento, o qual não vou dar muitos detalhes para não estragar o filme de ninguém, mas com uma perfeição marcante e chamativa.

Outro ponto muito bem colocado foi o da escolha musical da trama, com clássicos dos anos 80, mas com cada ato bem pegado para dar conteúdo ao filme e não apenas por estar ali, então vale com certeza um play depois na playlist para se envolver com tudo.

Enfim, é um filme que sinceramente não estava esperando ser tão bom, aliás pelo trailer não sabia nem o que realmente esperar dele, tanto que conversando com uma amiga antes da sessão expliquei ele como sendo algo tão subjetivo que não devo ter empolgado ela de ver, mas amanhã lhe indicarei com toda certeza, então fica a dica para todos, já adiantando para quem ainda não viu nada que é um longa com uma pegada homossexual, mas nada clichê e nem sendo algo que vai lhe espantar, então vá conferir e pense bem em tudo o que é mostrado na tela, e fora dela. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos.


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Desespero Profundo (No Way Up)

3/08/2024 09:03:00 PM |

Muitos não acreditam quando falo que sou bem eclético de gosto de filmes, e confesso que pelo trailer de "Desespero Profundo" já tinha a certeza absoluta que iria odiar toda a entrega de um filme que não bastando colocar queda de avião, ainda juntou ataque de tubarões, ou seja, algo tão bizarro que não tinha como dar certo na tela, mas agora após conferir posso dizer que gostei bastante do que vi na tela! Claro que é daqueles que você tem de pegar todos os ensinamentos de Física, e todos os filmes de mergulho aonde aprendeu muitos conceitos de submersão e volta rápida de profundidade marítima e jogar no lixo para abstrair toda a ideia da trama, mas as cenas de tensão são bem interessantes de ver, os ataques dos tubarões são bem violentos e repentinos, e de certo modo toda a loucura acaba sendo algo que facilmente assistiria numa sessão da tarde inicialmente achando que iria mudar de canal, mas quando visse já estaria preso esperando como todos iriam morrer, ou não! Ou seja, não é uma obra de arte imensa, nem esperava que fosse, mas me entreteve bastante durante os satisfatórios 90 minutos de projeção, sem muitas enrolações, nem personagens irritantes (ok, o amigo é mala, e torci pra ser o primeiro a ser comido!).

O longa acompanha um grupo de desconhecidos com diferentes origens que acabam presos em meio ao Oceano Pacífico após o avião em que estavam cair na água. Sobrevivendo apenas graças a uma bolsa de ar e com o avião parado assustadoramente próximo a uma ravina, passageiros e tripulantes devem trabalhar juntos para enfrentar os perigos que os cercam por todos os lados. Além disso, ainda precisam lidar com o suprimento de oxigênio que está cada vez mais perto de acabar, o que deixa o clima mais tenso e desperta o desespero de todos.

Diria que o diretor Claudio Fäh foi bem ousado em pegar o primeiro roteiro de Andy Maison de algo completamente bizarro, e não se perder na ideia da entrega toda, pois como disse precisamos abstrair tudo de realismo que conhecemos para não xingar cada ideia que é mostrada na tela, mas ao menos a ideia entregue funciona com a pegada desejada, tendo exatamente a classificação marcada no título de um suspense com ação, aonde vemos o desespero dos personagens, alguns com muita coragem, e tubarões ferozes atacando de forma coerente, não sendo aquelas coisas malucas que vemos em filmes com os animais, ou seja, o diretor não precisou apelar nesse sentido para colocar seu filme que já tinha loucuras demais, coisas abstratas também, e assim demonstrou um trabalho bem feito.

Quanto das atuações, nem na ficção somos livres de saber que filhos de políticos sempre se dão bem, então dado o spoiler já pode imaginar quem irá sobreviver! Dito isso, Sophie McIntosh entregou uma personalidade inicialmente medrosa e sem muitas opiniões para sua Ava, mas durante o filme acaba se desenvolvendo melhor e acaba agradando nos trejeitos que faz, não sendo algo merecedor de prêmios, mas também bem longe de soar falsa de ideais. Como já falei no começo do texto, o personagem de Will Attenborough, Kyle, é daqueles irritantes que torcemos para serem comidos logo no primeiro ataque dos tubarões, mas sobreviveu o bastante para ficar enchendo o saco de todos os demais personagens, e fez bem o seu papel de mala. Colm Meaney trouxe uma segurança inicial bem colocada com seu Brandon, mas é também o personagem chave nesse estilo de filme, que o diretor soube usar corretamente para dar força para a protagonista, e assim sendo, entregou o segurança tradicional, imponente e bem colocado. A garotinha Grace Nettle trouxe um ar bem doce e claro triste para sua Rosa nos atos dentro d'água, mas soube ser segura e não ficar daquelas que incomodam com choramingos, e assim sendo tenho até medo da voz que colocaram no dublado. Ainda tenho de dizer que Phyllis Logan foi bem intensa sua Mardy ou vovó como era chamada pela garotinha, Jeremias Amoore foi bem direto nos atos de dor de seu Jesus, mas sem dúvida quem acabou aparecendo mais foi Manuel Pacific com seu Danilo, sofrendo claro o bullying do mala, mas ajudando e trabalhando bem como um bom comissário de voo deve ser.

Visualmente, tirando o fato de que demorou demais para acabar a iluminação do avião submerso, tivemos atos bem fortes de uma queda, com vários prensagens, tivemos muitos elementos bem arranjados para a sobrevivência dos personagens embaixo da água, e claro usos bem colocados de tanques de mergulho, roupas térmicas e tudo mais de pessoas que estavam indo para um lugar que tinha isso, então não abusaram da nossa inteligência tendo isso no avião. Ou seja, os efeitos ficaram interessantes, com o avião se partindo aos poucos para dar mais intensidade, e claro tubarões bem convincentes e ferozes para dar bons sustos no público.

Enfim, tem muita papagaiada cênica, como já disse da volta de uma profundidade alta sem respirador, teve alguns atos de muita coragem e confiança, porém isso é o mínimo que esperamos ver em filmes desse estilo, ao menos não tivemos ninguém saindo no pontapé com um tubarão gigante como já vimos em outros filmes no mar. Sendo assim diria que recomendo com toda certeza o longa para quem não liga para algumas incoerências da realidade, e queira se divertir com algo simples, porém efetivo na proposta. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas ainda vou conferir mais um longa hoje, então abraços e até logo mais.


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