Febre do Rato

4/09/2013 12:45:00 AM |


Já posso escolher o filme mais estranho que gostei até hoje. Ele pode ser assistido com o nome de “Febre do Rato”, que agora após assisti-lo posso dizer que ganhou merecidamente como o melhor filme do Festival SESC Melhores Filmes, claro que como melhor brasileiro, pois ainda ficaria com "Intocáveis".  Muitos que forem assistir podem achar ele pesado na sexologia, mas o que vemos na tela é um retrato dos poemas ditos pelo protagonista de uma forma nua e crua de modo a causar mesmo a repulsa e não agradar mesmo, mas o formato escolhido para expressar tais sentimentos só podia ser esse mesmo que é a sétima arte.

A sinopse nos mostra que Zizo é um poeta inconformado e anarquista, que banca a publicação de seu tabloide  Em seu mundo próprio, onde o sexo é algo tão corriqueiro quanto fumar maconha, ele conhece Eneida. Zizo logo sente um forte desejo por Eneida, mas, apesar de seus constantes pedidos, ela se recusa a ter relações sexuais com ele. Isto transtorna a vida do poeta, que passa a sentir falta de algo que jamais teve.

O que o diretor expressa em seu longa é ao mesmo tempo forte e bem dito para representar. Somos conduzidos com exaustão  aos pensamentos do protagonista e embora seja um filme feito para Festivais, mesmo não contendo apelo comercial, o longa embora seja diferenciado, tem uma narrativa mais próxima do usual que estamos acostumados a ver. Claro como disse no início ele utiliza exageradamente a sexologia, então se você liga para de ficar vendo pessoas nuas e fazendo sexo, talvez se incomode demais com a forma escolhida para representar a o expressionismo que a poesia pode ser mostrada.

A atuação aqui mostrada me faz ficar extremamente bravo com o escolhido como melhor ator do Festival, pois Irandhir Santos não está bom no filme, ele está espetacular para não dizer outra palavra, assim como foi em “Olhos Azuis”, meu filme brasileiro favorito. Ele exime toda a representatividade da poesia, ele declama com toda a nobreza que os poetas e atores deveriam se abrir para mostrar seu texto, o que vemos na tela é quase ele enquadrado numa peça de teatro onde o ator dá o seu máximo para que ao final receba as palmas da plateia com louvou de pé. Matheus Nachtergaele também nos momentos em que aparece mostra que é muito bom e faz de seu texto embora não eloquente uma boa forma de vermos o gaiato meio maluco que também é trabalhador. Nanda Costa é uma atriz complexa, pois suas expressões são ao mesmo tempo em que é bem vista acaba ficando escondida, poderia ter dado mais pelo personagem sem ser apenas a sua sexualidade. Juliano Cazarré está estranho, mas acaba mostrando bem seu papel e mostra mais ainda que é um ótimo ator não ligando para nada que lhe oponha.

O visual do longa é sujo, mas extremamente bem representado para mostrar a pobreza humana que os personagens vivem, mas serve perfeitamente para ilustrar que o ser humano mesmo vivendo na miséria sabe viver com felicidade e claro que com a poesia enobrece sua alma para viver melhor. A representatividade do título para com a forma que os protagonistas vivem é impressionante e agrada de certa forma muito bem. Não entendi muito o motivo de o diretor ter optado por fazer o longa em preto e branco, pois não condiz muito com a história, a não ser que tenha tentado deixar ele como um jornal onde impressa suas ideias, porém o fotografo soube fazer um excelente trabalho de sombras que deixou ele com um formato incrível de se ver.

A trilha sonora está muito bem usada e até mesmo o maldito pianinho, no caso aqui um teclado, que sempre reclamo em todos os filmes caiu muito bem para a história, pois não faz parte apenas da trilha, mas sim aparece sendo tocado em diversos momentos no longa o que ficou bem divertido e bacana de se ver.

Enfim, um filme extremamente diferenciado, do qual eu tinha certeza que odiaria tanto por sexologista demais, quanto ser algo feito exclusivo para festivais, o que sou completamente contra, mas que acabou me agradando e muito no que vi. Recomendo que vejam em suas casas, afinal pelo que vi já saiu até em DVD, mas veja preparado para assistir algo bem diferente. Fico por aqui agora, mas daqui a pouco tem mais um filme que conferi no Festival SESC Melhores Filmes, então abraços e até daqui a pouco.


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