Minha Vida Em Marte

12/28/2018 01:14:00 AM |

Já disse isso outras vezes e volto a repetir, pois se tem um estilo que funciona bem no Brasil, que arrebata multidões nas sessões, e que se bem feito consegue um sucesso de risadas e indicações é a tal da comédia, e se em 2014, "Os Homens São De Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou" foi um sucesso monstruoso seguindo como base o texto de uma peça teatral da protagonista, agora com um texto mais original e livre, aonde os protagonistas botaram para se divertir em diversas esquetes espalhadas, trabalhando as situações, passeando e curtindo aos montes, com toda certeza o resultado não poderia ser outro: novamente sessões lotadas, com o público rachando de tanto rir, e o principal, a trama funcionando como cinema independente de falhas de sincronismo, pois a trama em si poderia ter sido melhor amarrada, desenvolvendo o medo da separação, e unindo claro as boas situações de uma amizade incrível, sem precisar de tantos pulos para mostrar isso tudo, mas ao final vemos que tudo serviu para rirmos, e entendermos como é seu conceito de estar junto com o melhor amigo, o que agrada, e claro diverte, sendo completamente recomendável para todos os gostos, pois assim como o primeiro filme é um longa razoavelmente leve (algumas crianças ficarão perguntando um pouco a mais para as mães sobre os produtos do sexy-shop, mas isso não é algo exclusivo do cinema nacional!), mas que com tantas situações engraçadas que costumeiramente nos vemos pensando em como seria caso acontecesse, o resultado é sair da sessão rindo demais tanto do filme, quanto das risadas das demais pessoas na sala.

O longa nos mostra que Fernanda está casada com Tom, com quem tem uma filha de cinco anos, Joana. O casal está em meio ao desgaste causado pelo convívio por muitos anos, o que gera atritos constantes. Quem a ajuda a superar a crise é seu sócio Aníbal, parceiro inseparável durante a árdua jornada entre salvar o casamento ou pôr fim a ele.

A principal mudança do longa se dá por substituir o diretor Marcus Baldini do primeiro filme pela estreante Susana Garcia (que é irmã da protagonista Monica Martelli), e ela soube trabalhar junto com diversos outros escritores para que o roteiro final ficasse tão bem coeso com a história, mostrando o famoso drama do relacionamento após o casamento, da vida mais madura após os 40 anos, e muitas outras situações abordadas durante a trama, de maneira bem leve e funcional, criando sim diversas esquetes que se amarram bem e nos faz refletir sobre a vida de um casal, de uma grande amizade, e até das loucuras que acabamos nos metendo. Mas principalmente, a forma que Susana entrega o longa é algo que mostra que seu estilo é singelo e leve, pois muitos poderiam ter mudado completamente a continuação do longa para algo mais marcado e cheio de exageros, que certamente divertiria bem também o resultado final, mas com essa leveza das situações, e elas sendo bem engraçadas, o resultado acaba sendo até melhor do que o esperado.

Uma coisa é inegável desde o primeiro filme, a química entre os dois protagonistas é algo de outro mundo, e se aqui a valorização da amizade fecha a trama, posso dizer com propriedade que foi o melhor casamento de atores para um longa que já foi pensado. Dito isso, Monica Martelli aqui está bem mais solta, porém é notável em alguns momentos sua insegurança cênica por não ser mais o seu texto propriamente feito, de modo que sua Fernanda aparenta a maturidade cênica necessária para uma continuação bem determinada, nos faz divertir com as sacadas da chegada da idade crítica pós-40 anos, e principalmente soube dominar suas cenas com um carisma bem colocado e divertido para quem não é uma comediante de propriedade, fazendo com que suas cenas agradassem bastante. Já falando em comediante, Paulo Gustavo entrega o seu melhor personagem (sem ser claro Dona Hermínia), de uma forma coesa, impactante, cheia de trejeitos próprios e até forçados em alguns momentos, mas que diverte muito (e quando digo muito, é algo de até engasgar de tanto rir em muitas situações!), e sendo assim seu Anibal acaba muito bem encaixado no longa, fazendo com que o filme quase chegue a ser mais dele do que de Martelli. Marcos Palmeira até entrega um Tom bem cheio de engajamento, mas que quase passa tão batido que esquecemos facilmente que ele está casado com a protagonista, e que um dos problemas dela é com ele, pois se no primeiro filme seu ar romântico era gostoso de curtir, aqui acaba soando chato seu marasmo, mas ao menos não estragou. Quanto aos demais, a maioria foi colocada para dar um ar sensual para a trama, com diversos rapazes expondo seus corpos torneados sem camisa, e claro a garotinha Marianna Santos bem doce para funcionar como a filha Joana, e nada além disso, para dar apenas leves conexões com o longa, e claro, seus protagonistas.

Quanto do conceito artístico, a equipe foi bem sábia em trabalhar pouco com os eventos da dupla, que até dariam bons momentos divertidos com as sagazes jogadas deles, mas tivemos apenas o casamento que já é mostrado no trailer aonde a noiva está um pouco gordinha demais para o vestido, e também o funeral que já é dado a base no trailer, ambos muito bem produzidos, e divertidíssimos pelas boas colocações, além disso tivemos claro o passeio por Nova York, com Central Park e Times Square, um chalé na serra, aonde é mostrado o frio intenso nesses locais, boas cenas nas academias, e diversos momentos em praias diferenciadas, mas bem agradáveis de ver cenicamente, ou seja, uma trama com muitas locações, mas que tiveram sentidos bem colocados que agradaram. A fotografia usou do básico de boas comédias, mantendo o tom alegre do começo ao fim, sem pesar em luzes fortes, mas também raramente descendo para o pastel para romancear demais o longa, o que acaba sendo um grato sensorial para uma trama desse estilo.

Enfim, diferente do primeiro longa que fui preparado para apedrejar, e saí completamente feliz pelo tanto que ri, nesse já fui esperando me divertir bastante e o resultado não foi outro, pois ri até mais do que no primeiro filme, mas esperava um pouco mais de história, o que acabou não acontecendo tanto, ou seja, contrabalanceou de tal forma que darei a mesma nota que dei para o longa de 2014, e com toda certeza acabo recomendando ele por demais para todos, pois é garantia de muita diversão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia do ano, então abraços e até logo mais.

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