Era Uma Vez Em... Hollywood (Once Upon A Time...in Hollywood)

8/18/2019 12:50:00 AM |

Diria que o nono filme de Tarantino tem essência grandiosa por mostrar uma história real montada como ficção para mostrar a época em que o cinema de faroeste nos EUA estavam entrando em baixa, juntando com a moda hippie estranha que teve, moldando a vida de alguns famosos que viveram nessa época e muito mais, porém ele quis mostrar tanta coisa em um único filme, colocando tantos personagens desconexos conectados, criando tantas perspectivas, que seu "Era Uma Vez Em... Hollywood" acaba sendo longo demais, e tendo somente uma tradicional cena clássica de um filme tarantinesco, claro que do vértice bem sangrento, mas tendo outras com seu gosto, boas trilhas e enquadramentos. Ou seja, o filme acaba cansando no miolo, soando repetitivo, mas como possui vários elementos bons: a beleza da protagonista, as boas atuações, uma produção precisa de recriações visuais de uma época, um cachorro carismático, o resultado acaba sendo bacana de ver, mas muito longe de vermos uma obra-prima do diretor que tanto estamos acostumados a ver, e dessa forma acredito que esperava bem mais, já que as boas cenas (tirando a final) já haviam sido mostradas nos trailers.

O longa revisita a Los Angeles de 1969 onde tudo estava em transformação, através da história do astro de TV Rick Dalton e seu dublê e amigo de longa data Cliff Booth que traçam seu caminho em meio à uma indústria que eles nem mesmo reconhecem mais. Junto a isso, ele trabalha múltiplas histórias paralelas para fazer um tributo aos momentos finais da era de ouro de Hollywood.

Todos sabemos bem que o diretor e roteirista Quentin Tarantino é meio maluco, e possui manias gigantescas que fazem de seus filmes grandes obras cheias de detalhes, tiros, explosões, e claro, bons diálogos, e aqui até vemos um pouco disso em cenas espalhadas, porém um dos pontos que mais gostamos de ver em suas obras é o fato de as histórias contadas nos surpreenderem, e envolverem para termos um final de impacto, o que aqui até tem um excelente final (até antes do momento que achávamos que veríamos - afinal a maioria conhece a história de Charles Manson e Sharon Tate), porém ele exagerou em ter tantas histórias paralelas, colocando tantos personagens que precisariam de um desenvolvimento maior, que vemos quase uma série encurtada, que com rápidos momentos não nos é entregue uma trama montada realmente, e assim sendo o filme encalha. Claro que terão aqueles que irão adorar ver os clássicos momentos da era de ouro de Hollywood, as montagens dos filmes western já decadentes, os atores em suas mansões, e tudo mais, porém o feitio de uma história realmente acaba não acontecendo, e isso é muito ruim, pois sempre vamos ver um filme de Tarantino esperando muita coisa, e aqui ele desapontou um pouco.

Não tenho nem o que falar das atuações perfeitas, afinal com um elenco desses não tinha como algo sequer dar errado, e no quesito interpretativo o filme deslancha de uma forma incrível, com todos os personagens sendo precisos em seus momentos, trabalhando bem os olhares, e retratando bem os diversos personagens reais ou não que viveram nessa época, de modo que acabamos nos envolvendo bastante com cada um, rindo muito de Rick Dalton e suas maluquices, numa ótima interpretação de Leonardo DiCaprio, que conseguiu entregar bons trejeitos, mostrando a vivência dos galãs de western que acabaram virando vilões depois para praticamente sumirem como garotos propagandas apenas. Torcemos nas lutas da vida de Cliff Booth como um dublê bem imponente e boa pinta, amigo de todas as horas e que mostrou que Brad Pitt está completamente em forma para bons papeis. Margot Robbie mostrou mais uma vez sua beleza, carisma e muita desenvoltura para colocar sua Sharon Tate de uma forma singela, mas bem trabalhada no longa. E principalmente vimos todos os hippies malucos (Dakota Fanning, Austin Butler, Margareth Qualley) comandados por Charles Manson, que aqui foi vivido por Damon Herriman numa aparição tão rápida que ficamos com certeza que Tarantino não quis tocar fogo no vespeiro. Quanto aos demais, tivemos uma boa dose rápida de Al Pacino como um grande empresário e uma homenagem meio caricata de Mike Moh para Bruce Lee e seus tradicionais gritos.

Outro grande show ficou a cargo da equipe de arte, que soube recriar muito bem a época do longa, remontando sets de filmes western, criando uma Hollywood cheia das cores, cinemas e tudo mais no estilo que tinha na época, trabalharam bem figurinos clássicos, montaram bem as casas tradicionais, e principalmente não exageraram em clichês comuns de filmes de época, de modo que acaba sendo gostoso ver os ambientes, as situações, e claro toda a tradição costumeira que Tarantino gosta de permear em seus longas, ou seja, um filme com um ar clássico, mas com virtudes modernas, em que o visual acaba agradando demais de ser visto. A fotografia talvez tenha sido exagerada com tons bem quentes, de modo que parece que mesmo em épocas frias dos EUA, os atores estão exageradamente com muito calor, mas isso se deve também ao filtro para fazer os western, que não mediram muito para dividir com as demais cenas, e sendo assim diria que poderiam ter oscilado mais os tons para dar um envolvimento mais diferente.

O diretor exagerou um pouquinho na quantidade de canções do filme, todas muito boas, mas praticamente a cada virada de câmera entrava uma trilha nova, e isso acabou ficando levemente estranho. Só não falo que foi ruim pela qualidade musical, mas poderia ter feito algo mais clássico que agradaria mais. Para quem quiser curtir as músicas, aqui vai o link.

Enfim, é um filme que tem mais problemas do que qualidades, e pela primeira vez acredito que nem tenha sido a alta expectativa que estava com o filme, pois fui conferir esperando um longa bem maluco como todos os demais do diretor, mas que tivesse uma história mais pontuada, e não vários momentos encaixados, que poderiam virar uma série ou até mesmo uma novela, afinal elenco é o que não falta, e histórias paralelas tem aos montes também, ou seja, é um filme bom, mas que não atinge nem metade da capacidade do diretor. Sendo assim recomendo ele para quem quiser ver bons atores em cenários bem trabalhados de época, pois quem for esperando ver uma história bem mais forte certamente irá se decepcionar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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