Netflix - Badla

8/15/2019 12:10:00 AM |

Ainda estou em choque com o final do longa indiano "Badla" que estreou essa semana na Netflix, pois até cheguei a imaginar algo do tipo lá pelo meio do filme, mas fui convencido de outras hipóteses através do grande jogo de verdades e mentiras entre a empresária acusada e seu grandioso advogado (o qual nunca perdeu um caso em 40 anos!). Porém longe do ótimo final, a trama inteira é cheia de reviravoltas tão bem feitas, num tremendo jogo de xadrez dos bons, que vamos montando as cenas dos crimes da mesma maneira que o diretor, trabalhando os ângulos da verdade ou da mentira, criando hipóteses, que quando vemos já estamos tão envolvidos com a história que já nem imaginamos mais o que é verdade ou o que é mentira, e quem está certo na composição completa da trama. Ou seja, um filmaço de primeira linha que de início parecia ser simples demais, pela sinopse parecia bobinho de tudo, mas que no desenrolar completo tirou muitos coelhos da cartola, e que talvez até possa ter um furo ou outro no roteiro, mas é tão bem remendado que acabamos passando despercebidos por eles, e vibrando com o fechamento. Acho que nunca recomendei um longa indiano, pois já vi alguns bem ruins, mas esse pode anotar aí e ficar de olho no diretor, que vai valer a pena.

A sinopse nos conta que uma jovem empresária dinâmica é encontrada trancada em um quarto de hotel com o cadáver de seu amante morto. Ela contrata um advogado de prestígio para defendê-la e eles trabalham juntos para descobrir o que realmente aconteceu.

O diretor e roteirista Sujoy Ghosh adaptou a trama do filme "Um Contratempo" (que também tem na Netflix, e é muito bom também - devo rever em breve para colocar um texto aqui também, mas que já falei do outro longa do mesmo diretor e roteirista Oriol Paulo, "Durante a Tormenta") para um vértice digamos um pouco diferente, e com o outro ponto de vista, já que no espanhol temos um empresário e uma advogada, enquanto aqui é o inverso, mas que no miolo possui muitas semelhanças. Porém o diretor foi sagaz em trabalhar dinâmicas bem rápidas, colocar simbologias nos diálogos, e incorporar para seus personagens toda a situação com muitas viradas rápidas e funcionais, de modo que vamos nos surpreendendo e caindo em cada uma delas, para ao final fechar com chave de ouro, e isso é raro de vermos em filmes simples como esse, pois não temos uma produção caríssima, não temos atores renomados, mas na simplicidade de causa, o resultado acaba grandioso e bem feito, e isso faz valer muito para quem gosta de longas de suspense envolvendo crimes enigmáticos, e aqui isso é entregue com perfeição, e certamente irei procurar mais coisas do diretor, pois ele mostrou muita sabedoria tanto na condução dos arcos, como na montagem escolhida quase teatral.

Um ponto que diria que poderia ser melhorado no longa sem dúvida fica a cargo das atuações, pois embora os protagonistas tenham um bom jogo de cintura na forma de entregar suas versões, brincando bem com trejeitos expressões, ambos poderiam ter floreado mais os olhares, causado ainda mais envolvimento e certamente passado mais convicção no seu estilo, embora acabemos confiando completamente em cada uma das versões apresentadas por eles como sendo perfeitas para solucionar o crime. Amitabh Bachchan entrega com seu Badal um advogado preciso de insinuações, cheio de opinião e muita desenvoltura no que faz, de modo que acabamos quase já procurando seu telefone no Google para usar quando for preciso, pois o cara dá show no que faz. Taapsee Pannu tem bons atos com sua Naina, e dialoga com uma precisão cirúrgica, mas nos atos que precisou trabalhar mais o corpo, seu gestual acaba ficando jogado demais, com olhares meio que jogados, que até servem para o final da trama, mas poderiam ser mais imponentes pela personalidade empresarial que a personagem tem. Dos demais, Amrita Singh foi coesa nos atos de sua Rani, cheia de envolvimentos bem colocados, mas sem muito destaque, afinal é personagem secundária, e Tony Luke entrega um Arjun bem colocado em diversas cenas, com sintonias claras de cada momento, chamando até a atenção para si, mas não empolga muito com a situação, pois também é secundário.

Visualmente o longa possui uma parte bem simples, afinal se passa quase todo dentro do apartamento da protagonista com os dois dialogando os fatos, com poucos elementos cênicos, mas tudo bem dentro do contexto, e sempre criando as cenas através do que vão contando, vemos os crimes acontecerem como realmente são feitas as reproduções policiais, mas claro que de forma cinematográfica que funciona bem e entrega bons atos no hotel, na casa do mecânico e principalmente no meio da floresta, com tudo fluindo bem entre cada detalhamento, aparecendo em momentos espaçados alguns pontos extras para a condução ficar mais encaixada tanto na mente do público, como na história, ou seja, um trabalho bem feito por parte da equipe de arte sem precisar gastar muito.

Enfim, fiquei realmente muito feliz com o que vi, pois fui conferir esperando ser mais um longa investigativo que provavelmente reclamaria de tudo e estaria aqui dando uma nota mediana para baixa, pois o trailer não me chamou a atenção, e a sinopse menos ainda, mas agora após conferir recomendo demais para todos que gostam do estilo, e que certamente ao final irão ficar bem chocados com tudo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos das estreias do cinema, então abraços e até logo mais.

2 comentários:

Maurício um sonhador disse...

FILMES INDIANOS SÃO OTIMOS, E ESTE MAIS UMA VEZ SURPREENDE, APESAR DE SER UM REMAKE.aSSISTA don.don 2. dhoom 3,depois voce me fala

Fernando Coelho disse...

Olá amigo... rapaz, nem tanto hein... já vi muitos que me irritaram, pois tudo vira quase série, vão fazendo 1, 2, 3,... 10... além dos exageros em tudo, e claro das diversas cópias... mas tem bons sim... abraços!!

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