Operação Overlord em Imax (Overlord)

11/10/2018 02:58:00 AM |

Tem filmes que são lançados que já sabemos bem a história e ficamos apenas imaginando o andamento para ver aonde vão chegar com o que propõem, mas há uns que beiram tanta insanidade na proposta que não tem sequer como chegar perto de toda a irreverência maluca que um roteirista pode ter sequer pensado em fazer com tanta criatividade. E só de imaginar que os médicos alemães malucos da época da guerra estavam criando zumbis através de soros para ter um exército imbatível já pode ser garantia de internação para o cara que criou "Operação Overlord", mas é algo que até dá para pensar dentro da proposta da trama, e o melhor, caiu nas mãos de um produtor monstruoso que soube fazer exatamente o que desejava na trama, apenas dando a direção para um "novato" que apenas executou seu brilhantismo, pois é notável que o que nos é entregue é um longa de produtor, completamente recheado de cenas mirabolantes, explosões, tiros, maquiagens incríveis, e claro, uma boa dose de sustos, afinal filme de zumbi que o público não pula da poltrona não é filme de zumbi. Ou seja, temos um longa que entrega perfeitamente uma situação de guerra, que poderíamos ver em qualquer longa do gênero, com boas sacadas, armas atirando para todos os lados, aviões explodindo e tudo mais, bem como também temos um bom filme de zumbis aonde os monstrengos estão sedentos por sangue e adquirem uma força descomunal após voltarem a vida, dando sustos aparecendo do nada, e criando ótimas situações de tensão na união de gêneros, que acabou funcionando por demais.

O longa nos situa em 1944, às vésperas do Dia D, quando uma tropa de paraquedistas americanos é lançada atrás das linhas inimigas para executar uma invasão. No entanto, quando os paraquedistas se aproximam do alvo, descobrem que algo de muito estranho acontece numa região ocupada pelos nazistas.

Embora como tenha dito de o longa ser um longa de produtor, aonde os detalhes visuais dominam bem mais do que a forma que são conduzidos, o diretor Julius Avery conseguiu mostrar em seu filme algo completamente bem coeso, aonde as situações não ocorrem jogadas, e cada ato consegue empolgar na medida certa para entregar ao público o que ele espera, que são: sangue, tiros, explosões e sustos. E sem falhar em praticamente nada, tendo uma ou outra cena absurda (como por exemplo, os nazistas indo embora da casa da garota, tendo imensa gritaria lá dentro e ninguém volta, sendo que estavam rodando por ali sem parar!), o resultado da produção só vai sendo aumentada conforme vamos conhecendo mais o laboratório e seus personagens, mas principalmente com um vilão extremamente rancoroso, que vai com tudo para suas cenas finais, agradando em cheio quem esperava uma boa briga corpo a corpo. Ou seja, é um filme completo, pois conseguir unir dois gêneros que possuem elementos bem distintos em um único mote é algo extremamente complicado de funcionar, e os roteiristas malucos que já fizeram de "O Regresso", "Jogos Vorazes" e "Capitão Phillips" sucessos, certamente aqui conseguiram ser extremamente criativos, e entregar novamente algo que o público sairá da sessão bem contente com o que verá, pois passa bem longe do trash batido, e também não entra na casa dos longas de guerra tradicionais, fazendo com que tudo soe bem novo e inteligente para quem exige ver coisas novas no cinema.

Quanto das atuações, o elenco principal é tão bem conectado que conseguiram segurar o teor das cenas desde o princípio com suas leves desavenças tradicionais de início de filme de guerra, e vai seguindo trabalhando as tensões, com expressões perfeitas para cada momento, desde os sustos, passando pelo espanto de ver os bichos, até o tradicional ódio/medo da guerra, o que é um grande feitio de ser observado. Embora não tenhamos bem um personagem principal, com vários desenvolvimentos, o destaque maior com mais cenas fica por conta do jovem Jovan Adepo que tem se destacado bastante em séries, e aqui com seu Boyce foi perfeito na entrega do personagem, desde o medo inicial de estar entrando em uma guerra, depois os sustos com os bichos estranhos, e depois mostrando atitude para muitas cenas expressivas, agradando bem com expressividade e boa conexão com todos os demais. Wyatt Russel também é daqueles atores que não costumam ter muito destaque em filmes, e aqui o seu Ford logo de cara no avião já expressava que iria aparecer muito aqui, e com uma precisão expressiva bem forte, cheia de trejeitos de experiência em guerras, ele conseguiu ser o líder revoltado e bem colocado para todas as frentes até o último momento de luta mão a mão com o vilão, tendo antes disso duas cenas bem fortes e interessantes em duas formas inversas bem distintas e cheias de intensidade, aonde o ator mostrou estar bem trabalhado tanto no roteiro, quanto na expressividade que o diretor lhe exigiu. John Magaro entregou um Tibbet cheio de irreverência, falador aos montes e cheio de personalidade, que além de divertir, também soube ser emocionante nos momentos certos junto do garotinho, agradando também bastante. Iain De Caestecker entregou o fotógrafo de guerra Chase de maneira bem bacana, tendo grandes momentos de fotografias, e também um grandioso momento no miolo, que além de divertido foi incrível pelos efeitos visuais, e claro pela personalidade artística que o ator conseguiu demonstrar, sendo uma grata surpresa para quem achava que ele seria mero enfeite na trama. A jovem Mathilde Ollivier conseguiu agradar pela personalidade durona de sua Chloe, chamando para si a responsabilidade de algumas cenas, e trabalhando bem nas cenas chave, de modo que até poderia ser um pouco mais dinâmica, mas não atrapalhou. E para finalizar é claro que temos de falar dos vilões, mas nem vou me ater tanto ao médico maluco nazista, que sabemos que existiu realmente fazendo diversas experiências com judeus, que aqui foi interpretado por Erich Redman, pois ele apenas teve poucas falas, e uma ou outra briga, mas temos de focar completamente em Pilou Asbæk que entregou o general Wafner com um primor incrível, e todas suas cenas foram tanto fortes pelas boas brigas com os protagonistas tanto na casa, quanto no laboratório já em sua forma diferenciada que aparece no trailer, impactando com uma maquiagem monstruosa e tendo uma força descomunal para termos uma luta forte e interessante de ver na telona, mostrando que o ator é bom mesmo. Quanto aos demais, a maioria morreu, alguns apenas apareceram, outros tiveram pouco mais de participação, mas nada de impacto realmente, só tendo um leve parabéns para o garotinho muito bem feito por Gianny Taufer, que fez boas expressões e chamou a atenção quando precisou.

Agora, como falei no começo, temos um longa de produtor, e sendo assim J.J. Abrams não ia entregar algo simples, mostrando que faz jus ao que falam de ser o sucessor de Spielberg tanto na direção quanto na produção de grandes blockbusters, então ele acabou colocando algo que seria visto como um trash-movie, como uma obra-prima de primeiríssima linha, cheia de detalhes visuais tanto de guerra, como nas cenas dos aviões sendo abatidos, no chão com muitos tiros e explosões, depois na floresta grandes execuções e cenografias, até chegarmos na vila completamente bem montada com casebres cheio de elementos cênicos para representar a época, detalhes sombrios espalhados por todos os lados, personagens bem maquiados, e tudo mais, até aí já estava tudo lindo, mas precisava mais para mostrar serviço, e a entrada na igreja/laboratório foi um show de filmes de terror, com personagens picados vivos falando, monstros saindo de diversos lugares, esgoto, injeções, tubos e mais tubos colhendo sangue, pessoas penduradas em panos agonizando, e tudo mais que um filme de primor técnico envolvendo experiências em zumbis deveria ter, e assim sendo, a parte artística valeu por demais. A fotografia brincou com cenas escuras, outras puxando o tom avermelhado das explosões, momentos com opacidade difícil de conseguir enxergar, mas trabalhando outros detalhes, viradas de câmera bem rápidas para pegar o espectador no susto, e por aí vai, mostrando um trabalho bem feito de ângulos, cores, tons e claro luzes de relance para chamar a atenção do espectador para onde o diretor tanto desejava.

A trama contou com uma mixagem sonora muito bem feita, que vista na sala Imax praticamente deixa o espectador surdo com tantas explosões, barulhos de fundo, bombas, personagens gritando, tiros e mais tiros, além claro de boas trilhas sonoras orquestradas para dar um clima tenso e cheio de ação no longa, criando ótimos momentos e tendo um ritmo desenfreado aonde vamos entrando na vibe e saindo somente quando sobem os créditos.

Enfim, é um filme muito bom mesmo, que quem gosta tanto de longas de guerra, quanto de filmes de terror, irá sair satisfeito com a loucura proposta, tendo momentos engraçados no miolo e até algumas leves falhas, mas que não tira o brilho e a grandiosidade do filme, de modo que mesmo numa sessão cheia de casais como a que estive, não vi ninguém nem pegando celulares para ver hora, e mesmo as garotas acabaram gostando do que viram. Alguns estavam cotando o longa como sendo mais uma continuação de "Cloverfield", mas não consegui enxergar nada que pudesse referenciar ao bichão, então teses foram deixadas de lado, e J.J. conseguiu ir por outro lado. Ou seja, vale mesmo a conferida, e acaba sendo minha recomendação para o fim de semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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