Três Anúncios Para Um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)

2/17/2018 03:27:00 AM |

Quando vemos um filme polêmico ficamos sempre com aquela sensação de querer um pouco mais, que aconteça algo contundente, ou também ficamos torcendo para que acabe em determinado momento para que a polêmica fique no ar e deixe o respiro para o público, pois se a trama fica bem encaixadinha acabamos mais reclamando do que felizes com o resultado completo, ou seja, somos chatos! Digo isso com base no que vi em "Três Anúncios Para Um Crime" por simplesmente ser um filme incrível, com uma pegada forte, cheio de generalizações em cima de preconceitos, mas que na briga por premiações é completamente compreensível suas classificações, pois é o mais fechado, conciso na onde desejavam apontar, com dinâmicas coerentes e funcionalidades apontadas, aonde claro o elenco se sobressai e acaba ganhando destaque, ou seja, um filme que surpreende pela essência, que choca em diversos momentos, mas que você tem uma quebra de expectativa completa mesmo não indo esperando nada, sendo daqueles filmes que você até vai gostar, mas em seguida não sabe se gostou, e talvez até desgoste se ver novamente, porém possui cenas incríveis e muito boas principalmente pelo elenco incrível que chama para si todos os trejeitos possíveis e imaginários de um interior sem limites.

O longa nos mostra que inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby, responsável pela investigação.

A filmografia do diretor Martin McDonagh é composta de longas que geralmente soam controversos, e que ou a pessoa acaba amando o filme ou detestando, e aqui ele acabou entregando um filme com uma postura bem sólida, que mesmo ousando e pontuando sua ideia ele consegue deixar o público sempre com uma pulga atrás da orelha tentando descobrir quem matou sua filha, ou até onde ou que atitudes a protagonista e/ou os policiais poderiam fazer para fechar a trama, e conforme vamos vendo o andar da trama, vamos esperando mais algo, pois os personagens nos instigam, ou seja, temos um roteiro muito bem criado e moldado, que trabalha toda a situação, porém sua finalização acaba sendo simples e aceitável para o tanto que causou no miolo, e assim sendo o resultado frustra um pouco. Não digo que isso seja um problema monstruoso para a trama, pois o filme em si funciona muito bem e o que é formatado tem um vértice que as premiações gostam muito por ser um misto de realidade com ficção, pontuando problemas atuais, e claro entregando algo que vemos muito por aí: a famosa generalização das coisas (por exemplo que está tanto na moda, todo homem é um possível abusador), ou seja, o diretor ousa e brinca com cada ato, colocando atos explosivos determinantes e fazendo a trama desenrolar com naturalidade, o que facilmente poderia dar muito errado, mas que acabou dando certo dentro de uma complexidade não muito forçada, mas como já disse, faltou um fechamento mais digno para que saíssemos do cinema explodindo de felicidade pelo longa.

Agora, sem dúvida alguma o grande feitio do longa está no elenco que não apenas interpretou os personagens, mas praticamente incorporaram trejeitos interioranos e trabalharam com uma minúcia que se não conhecêssemos eles, falaríamos que eram caipiras rudes realmente, ou seja, algo que foi muito além do esperado, transformando a trama em um filme aonde os atores sobressaíram à trama e o resultado ficou completamente nas mãos e trejeitos que encontraram para cada momento. Dito isso, Frances McDormand já fez história por ser a primeira atriz a levar dois SAGs (prêmio do sindicato dos atores) como protagonista de uma história, e merecidamente teve cenas explosivas bem colocadas, cenas dramáticas com muita expressividade, e até mesmo cenas simples feitas com minúcias tão bonitas de serem vistas que acabamos nos conectando à sua Mildred, tendo como destaque dos atos simples bem encaixados sua cena conversando com as pantufas, e sendo assim, só não veremos ela levar seu segundo Oscar se resolverem atender seu pedido de premiar as mais jovens. Agora se tem alguém que não tem como perder qualquer premiação é Sam Rockwell com seu Dixon mais que perfeito, ficando com uma personalidade tão insana, trejeitos fortes marcando toda sua expressão, um diálogo duro e instigante, que mesmo fazendo tudo errado ainda acabamos nos apaixonando pelo que faz em cada cena, e torcemos muito para ele, ou seja, algo que chega a ser difícil ver um coadjuvante fazer em um longa, e merece ser muito aplaudido. Outro coadjuvante que aparece um pouco menos, mas ainda assim entrega algo perfeito é Woody Harrelson com seu Willoughby, que acabou trabalhando cada momento com uma forma mais crua do personagem, mas que em suas cartas virou a história e pontuou os momentos mais engraçados do longa, ou seja, a personalidade falou mais que o ator, e o resultado acaba agradando bastante também. Dentre os demais tivemos bons personagens e alguns destaques para pontuar, e claro que não poderia esquecer de forma alguma a mãe de Dixon que Sandy Martin acabou fazendo de uma forma tão crua que nem a criança mais calma do mundo ficaria normal com uma mãe daquelas, ou seja, um show de horror, também temos de pontuar os bons momentos de Caleb Landry Jones com seu Red Welby cheio de ironia, mas que assustou muito na cena em que apanha, pois foi muito bem feita, entre outros.

No conceito visual, não sei se existe realmente a cidadezinha de Ebbing no Missouri, mas conseguiram criar algo tão interiorano que quem já viveu em cidadelas irá se ver na telona, com policiais bêbados que acham que podem fazer o que quiser, pequenas lojas, bares aonde cada um ouve a conversa do outro, e claro que a mídia local disposta a mostrar cada detalhe bombástico na Tv, e a equipe de arte foi minuciosa para que cada momento ficasse bem expressivo na tela e o resultado agradasse bastante, trabalhando cada detalhe mínimo com precisão, e claro, fazendo os outdoors com cores vibrantes e bem espaçados para funcionar como deveriam. A fotografia trabalhou tons bem escuros para pesar na dramaticidade, e impondo cada momento com iluminações de contraluz para realçar o personagem destaque de cada ato, ficando até bonito de ver cenas que costumeiramente seriam mais simples, ou seja, um bom acerto técnico também.

Enfim, é um longa muito bem feito e que cria muita discussão em cima dos atos apresentados, mas que falhou em criar uma expectativa muito alta com tudo o que é apresentado para um final simples, e assim não agradar o tanto que poderia. Como disse, provavelmente leve melhor filme no Oscar por ser o mais fechado de conceitos, e pelos demais concorrentes terem detalhes que a Academia costuma não gostar de premiar, mas isso só saberemos em Março, e até lá ainda preciso ver mais alguns que ainda não apareceram por aqui. Recomendo a trama para quem gosta de bons filmes diferenciados e que gostem de ver atores dominando o longa, pois aqui isso fica bem em primeiro plano. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana cinematográfica curta, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah, que isso Coelho...filme muito ruim...morno do começo ao fim...uma excelente atriz num papel tosco...o anão (game of..)é o que tem de melhor....porém não da liga...não tem romance...ação...suspense...num tem nada.. só dialogos absurdos e tosquices...o delegado (gosto do ator)então, imaginei que ia desenrolar a história e pá...comete suicidio numa cena mal feita....podia terminar a carreira com glória....mas então..dããã...eu me mato..deixo minha linda mulher e filhas se ferrarem.....e o pior a protagonista põe fogo na cadeia...se tornando quase tão pior quanto o assassino da filha...e no fim ela e a vítima toda carcomida dando risada indo atrás de quem mesmo??? não era o assassino...sinceramente....perdi meu tempo!

Fernando Coelho disse...

Oloko amigo anônimo... filmaço policial tenso, cheio de reviravoltas fortes... mas é cada um com seu gosto... provavelmente você deva gostar de algo diferente! Abraços!

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