É fato que o mercado de cinema para jovens que gostam de sagas românticas fantasiosas anda em falta, mas sabendo disso ficou um pouco estranho uma trama que os livros foram sucesso de vendas, e que foi gravada há mais de 3 anos, com o segundo filme sendo anunciado no ano seguinte, ser lançada somente agora. Mas após conferir "Fallen" fica claro o motivo de tanto atraso, primeiro para que o público esquecesse completamente (ou parcialmente ao menos os fãs) a saga "Crepúsculo", pois o longa se parece bastante na forma contextual da trama, porém felizmente é melhor de aturar por trabalhar mais algo menos fantasioso, e o segundo motivo certamente foi pelos efeitos especiais de nível bem fraco que em alguns momentos (na luta final principalmente) chegam até incomodar de tão mal-feitos. Porém tirando esses detalhes técnicos, a trama possui potencial para segurar as jovens amantes de romances proibidos e fantasiosos, que certamente irão ao cinema mais para ver o galã, e que acabarão lendo os livros (ou relendo quem já os possui desde 2009) por não aguentar até sabe quando irão lançar os demais filmes, afinal são 4 livros para se adaptar se quiserem mostrar a saga inteira da autora Lauren Kate.
A sinopse nos conta que responsabilizada pela misteriosa morte de seu namorado, Lucinda Price vai para um reformatório. Em Sword & Cross ela se aproxima de Daniel Grigori, sem saber que ele é um anjo apaixonado por ela há milênios, e também não consegue se manter afastada de Cam Briel, outro que luta há tempos por seu amor.
Se ao ler a sinopse, ver o trailer e olhar para o pôster e não se conectar com a ideia que já vimos por outrora, me diga em que mundo você viveu nos últimos anos que milhões de jovens lotaram os cinemas para ver a disputa Jacob vs Edward por Bella. Claro que de uma forma bem menos enfadonha, a trama aqui é mais virtuosa por trabalhar elementos mais clássicos e até usar passagens bíblicas conhecidas, mas certamente ainda precisaria de uma melhor polida para que não ficasse tão semelhante ao que já vimos, e principalmente não necessitasse de uma continuação tão marcada, pois colocando um pequeno spoiler, a trama acaba sem um final claro, deixando completamente aberta para continuar num próximo filme, e aí é que entra o grande ponto crucial, se demoraram tanto para lançar o primeiro filme, quanto tempo irão demorar para fazer a continuação? Sobre a direção de Scott Hicks, o que temos de pontuar é que soube observar bem os atores e dar mais dinâmica nas cenas que marcariam algum momento maior, pois o filme mesmo sem ler os livros, certamente tiveram uma pegada diferente, e ele soube dosar as partes mais coerentes para não ficar algo tão cansativo e teen, embora esse seja o público-alvo da trama. Outro detalhe é o excesso de flashbacks para mostrar tanto a morte do namorado de Luce, quanto de seu passado, pois numa montagem diferenciada isso fluiria bem melhor e agradaria bem mais, embora ainda seja um filme gostoso de ver.
Sobre as atuações, a equipe optou por não usar atores tão conhecidos do público, para que fossem criados mesmo os personagens e que talvez após o filme eles passassem a ser conhecido como determinado personagem, mas não posso dizer que a interpretação deles causasse grande furor, pois todos foram bem medianos nas interpretações e soaram simples demais para cada personagem. Addison Timlin foi bem jovial na forma de expressar de sua Lucinda ou Luce como vários chamam, e até agradou por não soar tão ingênua e ter uma certa personalidade, mas faltou dinamizar mais seus atos para que ficasse realmente marcante como aparenta em diversos momentos da história. Jeremy Irvine entrou na trama para ser o galã Daniel, e apenas isso, pois não temos uma grande cena de diálogo em que possa mostrar o nível de sua interpretação, e olha que teve dois grandes momentos para isso, e apenas fez o básico, mas é claro que a mulherada nem vai ligar para isso quando o jovem estiver na piscina. Harrison Gilbertson fez de seu Cam, aqueles personagens que queremos saber mais de sua história, ver o quão intrusivo pode ser com os demais personagens e claro brigar com muito galanteio a disputa como principal affair da protagonista, mas lhe deram tão poucas oportunidades para isso que o ator quase some em cena, o que não é legal, afinal ele mostrou desenvoltura para chamar bastante atenção. Temos de dar destaque com toda certeza para Lola Kirke, que fez de sua Penn uma amiga daquelas que não param de falar mesmo quando queremos ficar quietos num canto, e com uma boa personificação, a atriz interpretou bem e deu dinâmica para o longa de maneira a querermos até mais momentos com ela. Os demais personagens tiveram poucos momentos para se mostrar, mas agradaram dentro do possível, tendo leves destaques para Sianoa Smit-McPhee com sua Molly e Joely Richardson como a professora Sophia, pois ambas foram determinantes nas cenas de maior impacto, embora sejam bem rápidas.
No conceito visual a trama arrumou uma locação incrível na Hungria para fazer o reformatório e que certamente merecia mais cenas nos diversos ambientes, pois se olharmos a fundo a equipe trabalhou diversos detalhes com elementos cênicos bem encaixados, que certamente tinham grande importância nos livros, mas volto a frisar que longas desse estilo preferem focar no romance do que no contextual, e sendo assim só quem estiver bem disposto a ir pegando detalhes irá captar alguns momentos mais interessantes e focados. Outro bom ponto para a equipe de arte foi na concepção dos diversos momentos do passado dos protagonistas, pois ao recriar momentos mais requintados fizeram um trabalho de arte com bastante pesquisa e luxo para ser visto na tela, só é uma pena que sejam flashes rápidos. A fotografia para dar um ar místico trabalhou com muita fumaça, cenas noturnas e ambientes escuros para criar sombras e pontuar momentos mais clássicos, e isso foi uma grande sacada, pois o filme ganhou um tom mais sério e interessante de acompanhar. Agora se teve algo que realmente não deu certo no longa foi para a equipe de efeitos especiais, que acabou entregando algo muito esquisito de se ver numa tela de cinema, como asas brilhantes com detalhes estranhos, uma luta que parecia criar trovões e raios que surgiam do nada e chegavam a lugar algum, umas sombras negras densas que podiam ser movidas com as mãos como se fossem um Ipad gigante, e por aí vai, de tal maneira que se forem realmente fazer um segundo filme, esperaremos uma melhora significativa para que possa empolgar mais.
Com uma boa trilha sonora, o longa teve um ritmo marcado e bem colocado, o que certamente deu um tom gostoso de acompanhar, mas poderiam ter escolhido bandas mais dark para que o filme fosse mais dentro dessa proposta.
Enfim, é um filme interessante de ver, e que agrada dentro da proposta que escolheu atingir, mas que falta ainda muito caldo para chegar a ser daqueles filmes que iremos esperar com grande sede a sequência, e talvez se for no mesmo ritmo que foi para lançar esse, quando vier o próximo nem iremos lembrar da existência desse. Portanto recomendo somente para quem realmente gosta desse estilo, e veremos se terá fôlego suficiente para que todos os livros da saga sejam lançados no cinema. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das estreias, então abraços e até qualquer momento pessoal.
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