Tamo Junto

12/12/2016 01:41:00 AM |

Sabe aquele momento que você vai no cinema esperando ver um filme comum, mas sai da sessão tão feliz com o que viu que sequer pensa nos defeitos possíveis de terem passado despercebidos? Fazia tempo que não acontecia isso comigo, mas posso dizer que sem dúvida alguma "Tamo Junto" possui muitos defeitos, porém com toda certeza nenhum deles é ser novelesco, e se posso dizer junto com essa "qualidade" é que sem hesitar, agora quando me pedirem uma indicação de comédia romântica nacional, saberei dizer rapidamente o nome do filme, pois além de ser um filme gostoso pela boa história, pelas atuações na medida, pela direção bem consistente, o longa ainda diverte com ideologias bem colocadas prontas para serem bobas, mas de um modo bem trabalhado para não virar pastelão, e muito menos cair em desgosto. Ou seja, raspou a trave de pular esse filme nessa semana, e certamente iria me arrepender demais, pois diria que faltava um longa desse estilo no Brasil, para mostrar que sabemos sim fazer boas comédias românticas, e agora é marcar o nome do diretor, e esperar novos projetos seus, pois se dirigindo, roteirizando e ainda por cima atuando Matheus Souza deu um show na tela, o que mais ele pode fazer se ficar só atrás das câmeras?

O filme nos mostra que depois de um longo relacionamento, um cara se vê solteiro pela primeira vez. Se sentindo livre, ele planeja cair na gandaia e recuperar o tempo perdido, mas logo descobre que o novo estado civil não é tão divertido quanto ele achava que seria.

Acho que nunca tomei um choque tão grande como ao chegar em casa para escrever e ver que o diretor e o ator coadjuvante que tanto adorei o estilo eram a mesma pessoa, pois desconhecia totalmente Matheus Souza até a presente data, e acabei ficando muito feliz de ver que as diversas colagens que fez eu seu longa foram tão bem trabalhadas e agradam demais. Digo colagens, pois o filme possui essência de diversos outros filmes, e certamente ele ao escrever o texto se baseou nesses filmes, e acabou criando algo bem apropriado para dizer que é seu, e ao desenvolver a personalidade de seu Paulo, provavelmente pensou que a maior dificuldade seria arrumar um bom ator, de preferência desconhecido para dar voz ao personagem, e resolveu que seria sua estreia do outro lado das câmeras, e o misto completo foi tão bom, que poderiam criar uma continuação para ontem, que certamente estaria a postos para conferir, afinal longas que conseguem dosar bem o lado romântico gostoso de uma boa comédia, e a comicidade leve de um bom romance, tem de gerar grandes frutos, e o trabalho que o diretor/roteirista nos entrega aqui é algo sublime e de muito boa qualidade para ser apenas um longa. Li rapidamente que esse é o fechamento de uma trilogia, a qual não vi os outros dois filmes por não terem chego nos cinemas do interior, mas felizmente esse longa fluiu bem sozinho, e isso é algo que me deixa mais feliz ainda, pois como sempre friso todo filme não deve necessitar de outros para agradar, e o diretor soube bem como fazer, mas claro que pretendo ver "Apenas o Fim" e "Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida", para ver o quanto tudo se encaixa.

Sobre as atuações, é fato que o diretor Matheus Souza não é o protagonista da trama, mas seu Paulo é tão interessante, com trejeitos (alguns forçados) divertidos e bem colocados dentro da ideologia do personagem, que acabamos nos conectando e divertindo com as situações que acaba envolvido, e da mesma forma que o protagonista vive perguntando "Qual o seu problema?" para ele, também nos vemos indagando isso e o fechamento de amizade entre ambos é tão bom que soou perfeito, ou seja, são raros casos que um diretor/roteirista se dá bem na atuação de seu próprio filme, mas usando uma frase sua do longa, ele estava construindo o filme da história de sua vida ali, e só ele poderia fazer bem isso, ou seja, perfeito! Leandro Soares também é razoavelmente novo nas telonas, pois só fez o longa anterior do diretor como um leve figurante, e nada mais, mas soube encaixar bem a personalidade fracassada de seu Felipe e com uma dinâmica pontual de poucas expressões, ele evitou clichês e ainda acabou acertando com alguns bons olhares, e assim acertando também na boa química com Matheus e claro com Sophie. Falando em Sophie Charlote, a atriz foi tão bem encaixada que valeria até mais tempo de projeção com sua Julia, pois foi divertida com as propostas dinâmicas, e com isso acabou se desenvolvendo bem dentro da personagem, e por trabalhar a expressividade de uma forma bem sincera acabou agradando bastante. Tivemos muitas participações boas no longa, mas sem dúvida a abertura com Fernanda Souza é algo para começar o longa rolando de rir, e até mesmo o momento mais apimentado com Antonio Tabet foi bem colocado na trama, mas também temos de pontuar que os diversos amigos do protagonista ficaram bem exagerados, e poderiam ter economizado as cenas com eles, e no lugar poderiam ter enfeitado mais a trama com o romance do diretor com Alice Wegmann, pois a fofura nerd não teria limites ali.

Com locações mais fechadas, entre um apartamento, uma quitinete, uma casa de família meio suspeita, duas boates e uma festa de casamento, o longa foi bem simplista nas escolhas, mas sem dúvida alguma com a quantidade de bons elementos nesses ambientes, o filme tomou uma proporção bem incrível de ver, e mostrou que a boa pesquisa sempre é algo interessante de ver nos longas, pois ao colocar nos dois quartos elementos complementares da cultura nerd foi algo tão charmoso que nem seria mais necessário os demais elementos, porém a equipe foi precisa em não apelar nas cenas extras, caindo somente no fluxo correto, como na festa sem muita destruição, mas sendo uma festa bem animada, nos momentos românticos trabalhando com simplicidade para comover, e encaixando nas cenas mais apimentadas o elo certo sem que perdesse a classificação, ou seja, um bom trabalho que vale a pena ser observado. Um detalhe interessante ficou a cargo da fotografia, pois como tivemos ambientes pequenos, a equipe soube trabalhar com filtros de diversas cores, e boas lentes para ampliar os espaços, o que acabou ficando bem interessante de analisar, junto claro com os tons corretos para dar o ar de romance, o clima de paixão e até mesmo alguns momentos mais depressivos na dosagem certa.

Enfim, vou dormir cantando "Whisky a Go Go", pois mesmo tendo outras boas músicas, essa é a predominante da trama em muitos momentos, e pensando o quão bom foi conferir o longa nessa semana, afinal acabou me animando bastante para os demais filmes que irei conferir, e claro por conhecer um novo (desconhecido ao menos para mim) diretor que promete muito pelo estilo que acabou entregando, e assim sendo uma referência de indicação para um estilo que raramente fazem bem no país, afinal acabam sempre caindo para as comédias pastelão ou dramáticas que sempre recaem para o lado mais novelesco. Portanto, se tiver um tempo livre, vá ao cinema conferir este longa, pois vale muito a pena, e é garantido a diversão. Bem é isso, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até logo mais galera.

PS: Só não dou uma nota maior para o longa, pelo excesso de clichês recorrentes, e por algumas cenas serem dispensáveis, mas pelo restante valeria muito mais.


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