Branca de Neve (Blancanieves)

9/01/2013 09:17:00 PM |

Um filme mudo em preto e branco, você deve ler e falar peraí só porque "O Artista" ganhou fortunas nas bilheterias, agora vai virar modinha isso? Vamos com calma, pois "Branca de Neve" de Pedro Berger foi pré-produzido em 2005 só que assim como no Brasil, o cinema espanhol também tem seus pequeninos problemas de verba e demorou muito para sair do papel e ser filmado, e olha que ainda acabou sendo o indicado da própria Espanha para concorrer ao Oscar, mas acabou não tendo o mesmo louvor da produção francesa, embora tenha uma ótima história para ser vista nos cinemas.

Sul da Espanha, década de 20. Carmem é uma linda garota cuja infância foi assombrada por uma madrasta má. Fugindo de um passado que deseja esquecer, Carmem fará um encontro inusitado: uma trupe itinerante de anões toureiros que irão adotá-las e apelida-la de "Branca de Neve". Esse é apenas o início da aventura de Carmem que irá construir sua própria história.

A história do filme em si é muito boa, pois conseguiu mesmo que utilizando como base o conto dos irmãos Grimm fazer algo bem relacionado com a cultura espanhola, além de utilizar toda a parte triste e sombria dos contos dos Grimm, porém não consigo enxergar qual a necessidade dele ser mudo para impactar, poderia ter as vozes normalmente colocadas que agradaria da mesma forma, pois só a fotografia P/B já era necessária para deixar um clima bonito e denso para a trama. Mas como o diretor queria chegar o mais próximo do que viu em "Avareza" acabou fazendo dessa forma que não deve agradar aqueles que não forem realmente muito fãs de cinema das antigas.

As atuações conseguiram passar toda a dramaticidade apenas com olhares, e essa é a fórmula que filmes mudos precisam conseguir. O grande destaque sem dúvidas é Maribel Verdú que demonstra uma vilania da melhor estirpe possível, onde tudo é bem demonstrado em seus atos. Macarena García tem seus bons momentos, mas não senti a força da mocinha que estamos acostumados para querer torcer tanto para ela, claro que sua versão criança interpretada por Sofia Oria passou toda a parte sofrível da trama, mas ambas precisavam chorar um pouco mais que agradariam mais. Daniel Giménez Cacho soube ser preciso na interpretação de duas das suas principais cenas de modo a garantir indicações à vários prêmios, além de sua cena final ser de uma simbologia impressionante. Dos demais atores, a maioria consegue agradar bastante, mas o destaque mesmo fica para os olhares apaixonados de Sergio Dorado que até o último momento ainda trata com paixão sua musa.

A cenografia das touradas ficou muito interessante para a trama, pois deu os ares da Espanha para um conto que já foi visto de diversas formas. Além disso, todos os cenários estiveram com diversos elementos de época, onde puderam preencher tudo dando significado, afinal por ser um filme mudo tudo é necessário para incorporar sentimentos, então a direção de arte acertou bastante, principalmente nas cenas da madrasta. A fotografia em preto e branco não erra nunca, afinal pra fazer filmes assim precisa de muita coragem e saber o que está fazendo para não falhar, com isso temos algo maravilhoso nesse quesito com sombras precisas e emocionantes.

Outro fator que é genial em filmes mudos é a trilha sonora, pois acaba se sobressaindo como única fonte de áudio que temos neles. E aqui a orquestra não economizou colocando ritmos calientes e muitos outros sons para representar tanto os animais quanto os movimentos dos personagens. Aliado a tudo isso ainda temos ótimas músicas espanholas cantadas para representar alguns momentos.

Enfim, é uma versão bem interessante para o conto que tanto conhecemos, mas sinceramente preferiria ela falada, mas mantida em preto e branco. Com toda certeza seria muito mais genial e agradável. Recomendo quem gostar do gênero clássico de cinema que veja ele para poder conhecer essa versão, mas já garanto que nem todos irão gostar do que verão. Fico por aqui hoje, mas nessa semana ainda tenho mais dois filmes para conferir e comentar aqui com vocês, então abraços e até amanhã.


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