O mais engraçado de tudo é que em 88, Tim Burton era praticamente um desconhecido de Hollywood, tendo feito apenas um longa bem chamativo e vários curtas, para aí chegar com algo que misturava diversos tipos de técnicas de animação, contando com stop-motion, animatrônicos, maquetes e tudo mais em um filme de live-action que misturava terror e comédia, ou seja, um tremendo balaio de gato que acabou dando muito certo e virou um grande clássico da infância/juventude de muita gente, e muitos esperavam que fosse acontecer uma continuação muito brevemente depois do grande sucesso, mas não, ele foi para outros rumos, fez diversos outros projetos grandiosos, e claro na sua cabeça que não era diminuta como a de Bob ficava martelando tudo o que podia incorporar caso algum dia voltasse a sonhar com o projeto, e essa maturação de 36 anos foi quase como um bom whisky, pois ele conseguiu agora usando ainda as mesmas técnicas de animação, só que muito mais elaboradas pela computação atual transportar tudo isso para uma história icônica, divertida e cheia de nuances, aonde um simples encontro acaba dando muito errado, e a busca para resolver os problemas terá a necessidade do famoso fantasma maluco, que ainda entrega bons atos, mas que não fica tão necessário, já que muitos se desenvolvem sozinhos, e isso não é ruim, pois a ideia boa funciona e ele pode ficar como fala no trailer "o Juice está soltinho!".
Quanto das atuações, Michael Keaton se jogou novamente no personagem de Beetlejuice, se divertindo em cena com trejeitos e entregas bizarras e bem malucas dos diálogos, não deixando que o personagem saísse do eixo original, e como a maquiagem não o envelhece, se manteve intacto para voltar bem colocado na telona e como já disse acima, soltinho para não precisar forçar nada na tela. Winona Ryder envelheceu bem, estando bonitona para voltar um de seus primeiros papeis no cinema com sua Lydia, afinal na época só tinha 17 aninhos e agora chegou cheia de traquejos já de alguém com claros problemas na cabeça também, mas disposta a tudo para salvar a filha, se jogando na tela e enfrentando tudo com boas sacadas. Catherine O'Hara também voltou para seu papel de Delia, agora muito mais surtada e completamente diferente, de modo que nem lembrava que era ela no original, mas foi bem expressiva em seus atos, e conseguiu agradar com o que fez em cena. Jenna Ortega é a princesa (por enquanto) de papeis exóticos, e sua Astrid é tão gótica quanto a mãe era na época, lembrando demais sua Wandinha que tem feito na série do mesmo diretor do longa, de modo que não precisou remover tantos traquejos e criar muito para a personagem, mas trabalhou bem os seus atos e convenceu no que precisava fazer, talvez um pouco assustada demais, mas sem erros na tela. Quanto aos demais, tivemos um Willem Dafoe brilhante como uma espécie de morto-007, sendo um ator que não sai do personagem mesmo depois de ter morrido com um tiro na cabeça, e brinca em cena a todo momento, tivemos Monica Bellucci sensual e maravilhosa como a ex de Beetlejuice, porém como uma devoradora de almas que suga até a última gota dos mortos fazendo-os virarem pequenos amontoados no chão, enquanto Arthur Conti e Justin Theroux apenas fizeram papeis meio que bobinhos demais para algo que poderia ter ido além na tela.
Visualmente a trama é um show atrás do outro, revivendo Winter River perfeitamente como a maquete, de modo que em 16 anos a cidade não cresceu para lado algum, tivemos uma casa de luto (a excêntrica protagonista cobre a casa com um pano preto após a tragédia), e ao entrarmos no mundo dos mortos tivemos ainda todo o chão quadriculado, ambientes cheios de portas, todo o callcenter com os personagens de cabeça diminuta atendendo os mais diversos chamados contra fantasmas, toda a tradicional entrega de doces do Halloween, e claro muita animação em stop-motion para representar como o personagem morre, muitos mortos de diversas formas na fila para a ida ao além, e a sacada gigantesca de colocar um trem do Soul music com a discoteca reinando para ir para o Além, ou seja, voltamos com os personagens cada vez mais insanos na tela, muita maquiagem e elementos cênicos de primeira linha, que com toda certeza vai brigar por prêmios nessa categoria.
Enfim, um tremendo filmaço que honra o original sem perder a atualidade, trazendo uma história nova e brincando com o passado da mesma forma e espaço, não incomodando nem os fãs e apresentando para os mais novos toda essa loucura. Agora vem a pergunta, dá para conferir o longa sem saber absolutamente nada ou nem ter visto o original? Diria que vai divertir bem, mas é uma continuação bem direta, então alguns detalhes podem ser que não façam tanta graça na tela sem ter visto mesmo que num passado bem distante, pois como disse no começo, vamos relembrando conforme as coisas vão acontecendo, então fica a dica para quem não viu dar o play no original na plataforma Max (antiga HBOMax) que vai valer a pena também, afinal o antigo é incrível. E é isso meus amigos, não diria que foi mais perfeito por talvez alguns personagens serem meio que jogados na tela, mas isso não atrapalhou o restante, então vá conferir e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços e até breve.
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