Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível (Christopher Robin)

8/18/2018 01:44:00 AM |

Há filmes que conforme soam os boatos de lançamento pensamos uma coisa, quando começam as filmagens e vemos algumas imagens imaginamos algo completamente diferente, aí vem os trailers e tudo vai para outro rumo, mas quando no final somos surpreendidos com um grande apanhado de tudo o que vimos e ainda consegue nos tocar, aí o resultado de uma obra pode ser dita como compensatória, e certamente isso é exatamente o que "Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível" consegue transparecer para o público adulto que irá conferir a trama, e friso o fato de ser um filme para adultos que até conferiram os desenhos na infância, e agora irão entrar num drama que muitos irão se enxergar: a eterna busca de ter reconhecimento, trabalhando muito e ganhando pouco, vivendo uma vida regrada para cumprir metas, mas esquecendo do lado bom da vida, da família, e até mesmo do jeito feliz que era quando tinha seus sonhos e amigos (alguns imaginários). Ou seja, um filme que vai fluir sua mente, vai trazer lições, vai emocionar, e até mesmo vai fazer você imaginar muitas coisas sobre a trama, como por exemplo, se os bichinhos são reais e falam mesmo, se são imaginários, se é um sonho, e muito mais, mas a priori, a essência irá falar por si, e o resultado vai agradar demais, pois se tem uma coisa que passaram bem longe foi a de fazer um filme corrido e duro, deixando que a simplicidade até de movimentos embalasse cada um que fosse conferir e saísse comovido com o que viu na telona.

Christopher Robin já não é mais aquele jovem garoto que adorava embarcar em aventuras ao lado de Ursinho Pooh e outros adoráveis animais no Bosque dos 100 Acres. Agora um homem de negócios, ele cresceu e perdeu o rumo de sua vida, mas seus amigos de infância decidem entrar no mundo real para ajudá-lo a se lembrar que aquele amável e divertido menino ainda existe em algum lugar.

É engraçado ver o currículo do diretor Marc Foster que varia de dramas emotivos misturados com ação desenfreada, tendo até alguns longas de terror, ou seja, é daqueles bem ecléticos para demonstrar diversos estilos de sentimentos em seus filmes, e aqui ele soube brincar com sintonias, deixando que seu longa fluísse nem numa velocidade que desse sono, e muito menos algo que assustasse o público para dentro da dura realidade que é o excesso de trabalho, que mesmo a trama se passando no período logo após a guerra, o tema é extremamente atual, e ao nos espetar com essa dura realidade de não passarmos mais tempo com nossa família, com os verdadeiros amigos, fazendo o que realmente gostamos, ele faz com que muitos desabem com um tom não duro, mas sim gostoso, respeitoso e com uma harmonia pontual que poucos diretores atingiriam, ou seja, um filme bem clássico que até parece ser mais britânico do que americano (mas que pasmem, apenas se passa em Londres, mas de nada britânico tem a produção!!). Diria que o roteiro foi feito em minúcias para atingir todos que forem conferir, que a trama até tenta passar um ar infantil por termos pelúcias falantes bem ornadas e bonitinhas, mas que será um ledo engano quem levar as crianças para conferir, pois estas não irão entender nada do que o longa tentará passar.

Sobre as atuações preciso ser sincero que não reconheci Ewan McGregor na produção, pois faz um personagem completamente diferente do que já o vimos fazer, e olha que ele já teve outros personagens desse estilo que levam lições para serem resolvidas, mas aqui seu Christopher tem todas as possibilidades de trejeitos, desde as mais duras durante os momentos de guerra, passando pelas fortes responsabilidades, até cair nas tocantes e bem colocadas dinâmicas com os personagens de pelúcia, sendo envolvido pela tenacidade mais calma e incorporando olhares de quem realmente está vendo, ouvindo e sentindo tudo o que lhe é passado, ou seja, um ator que soube incorporar bem o personagem, e que felizmente se saiu bem nas conversas com personagens não-humanos em cena, ou seja, um acerto muito bem encaixado. As vozes foram colocadas incrivelmente num tom tão bem encaixado, que acabamos quase nos apaixonando pelos personagens que até já conhecíamos dos desenhos, mas que aqui foram bem característicos e cheios de detalhes de personalidade que temos de aplaudir sem dúvida alguma todo o trabalho da composição, da computação e claro da dublagem de Jim Cummings como Pooh e Tigrão, Brad Garrett como Ió (ou Bizonho como conhecíamos no desenho!) e Nick Mohammed como Leitão. A garotinha Bronte Carmichael até é interessante e teve algumas cenas bem dosadas, mas somente se soltou ao se juntar aos bichinhos, pois antes parecia um mero robô em cena com sua Madeline. E para finalizar, as atuações de Hayley Atwell como Evelyn Mark Gatiss como Winslow só serviram para fazer figuração de luxo na trama, visto que se tiveram mais que 10 falas no longa foi muito, mas ao menos souberam fazer caras surpresas nos momentos corretos. Quanto aos demais, só figuração mesmo, para os personagens da fábrica que até aparecem na cena pós-crédito cantando, mas nada demais para chamar a atenção.

A grande sacada da produção certamente recaiu sobre a equipe visual, pois souberam encontrar o meio termo entre computação gráfica, stop-motion e dinâmica com personagens inanimados, de maneira que tudo pareceu tão real, que as pelúcias falando não incomodaram em momento algum, a cenografia foi doce e bem trabalhada para incorporar tanto os momentos da infância/juventude quanto dos momentos adultos, cada locação foi pensada para ser bem entregue com a época, e claro com a paisagem do bosque, não destoando em nada, nem sendo forçada demais, ou seja, tudo foi bem colocado na tela, com elementos cênicos bem encontrados e sutis, de maneira que o filme funciona redondinho. Como costumo falar, colocar personagens "computacionais" junto de pessoas é um trabalho de muita coragem para a equipe de fotografia, pois errar sombras e forçar tons para que cada ato funcione é algo que poucos costumam acertar, mas aqui usaram tons pasteis bem colocados, densidades de tensão sem muitas sombras (usando o bom efeito de névoa ao invés de escurecer o longa), ou seja, perfeitos.

Enfim, diria que o longa beirou o genial e entregou exatamente o que desejávamos ver num live-action do Ursinho Pooh, não precisando fazer um filme bobinho para crianças, mas sim usando a ideologia que os personagens possuem com suas diversas emoções e pensamentos, e entregando isso para os adultos que viam o desenho quando eram crianças, ou seja, um acerto incrível. Sei que muitos irão lavar a sala do cinema, mas para mim faltou enfiarem ainda mais o dedo na ferida e fazer que corresse rios de lágrimas na sessão, e só por esse detalhe não darei nota máxima para o longa, mas tirando isso, é um filme que vai além do que esperava, e volto a frisar: não leve crianças para a sessão, pois não irão entender nada do longa além de atrapalhar sua experiência com o filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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