Corações de Ferro

2/07/2015 08:55:00 PM |

O que um filme de guerra precisa para ser bom? Muitos tiros, explosões e que os protagonistas aprendam que estar ali é algo que certamente vai sujar suas mãos. Simples assim, adicione tensão e muitos elementos cenográficos para que o resultado fique ainda mais satisfatório e fim, excelente filme e todos contentes. Aí o nome original "Fury" vira "Corações de Ferro", e você olha pro pôster e vê Brad Pitt cabisbaixo, até ele decepcionado com o que está lendo, e fica pensando por que alguém colocaria um nome desse num filme de guerra? E a resposta meus amigos, digo que é o grande problema do filme, o excesso de querer mostrar que as pessoas que estão ali explodindo e matando outros humanos também são humanos, que têm coração e podem ajudar um ao outro. Mas se tirarmos isso e adicionando o grande desfecho da história, o resultado até que é bem satisfatório.

O filme nos situa em Abril de 1945, mostrando que enquanto os Aliados fazem sua incursão final na guerra pela Europa, um sargento do exército endurecido pela guerra chamado Wardaddy é responsável pelo comando de um tanque Sherman e uma equipe com cinco homens em uma missão mortal atrás das linhas inimigas. Em menor número, com pouco armamento, e lidando com um soldado novato em seu esquadrão, Wardaddy e seus homens encaram inúmeras adversidades em suas tentativas heroicas de atacar o coração da Alemanha nazista.

Como falei no começo, roteiros de guerra geralmente são simples, a não ser que queiram levar para algum estilo de suspense, ou algo mais dramatizado, mas na sua base é atirar, matar e ter alguma outra história no meio do caminho para que não fique totalmente chato. Aí é que entra o tempero da história, que é onde o diretor e roteirista costuma acertar na quantidade exata de sal, ou ferrar demais derrubando açúcar, e tentando humanizar algo que não é tão doce assim. David Ayer sabe fazer bons filmes de ação, e conseguiu imprimir seu estilo numa guerra, com cenas ágeis e tudo mais, mas faltou pra ele algum objetivo mais forte para expressar o assunto, mesmo que nos momentos mais doces junto das moças, ou até mesmo em alguns diálogos dos protagonistas, ficamos pensando por algum tempo se estamos ainda vendo o mesmo filme, ou se entrou alguma propaganda no meio do caminho, e assim um filme que poderia ter sido excelente tem boa técnica, bom visual, excelente cenografia, mas acabou pecando por se perder no estilo daqueles garotos que entram num campo de paintball atirando pra todo lado, mas sem um rumo definido para chegar a algum lugar.

Sobre as atuações, o grupo de protagonistas é de nível altíssimo, com velhos nomes fortes e alguns novos que estão decolando com suas atuações. Brad Pitt é um dos atores que mais sabe se expressar de formas diferentes em Hollywood, consegue fazer cara de bonzinho, de sacana, de vigarista e incrivelmente consegue misturar todas as expressões para fazer um sargento que por estar em guerra há muito tempo já mistura todas as faces numa só, sendo rancoroso na medida, raivoso com muita força e humano também, e seu nome não é pra menos Wardaddy, ou se traduzirmos por aqui papai da guerra, o que ele acaba sendo para a "família" que tem ali dentro de seu tanque, fez bem no geral o que o papel pedia, mas gostaria de algo mais forte seu em outros momentos da trama. Já disse isso uma vez, e repito Logan Lerman vai ser daqueles atores que ainda veremos ganhar muitos prêmios, o jovem ator de 23 anos começou meio bobinho, com todo mundo reclamando de seus papéis, e ultimamente vem numa vertente pegando papéis tão bem colocados, e trabalhando muito nas expressões para agradar, que em breve vai dar o tiro certeiro para decolar de vez, aguardem e me falem depois se não acertei, pois aqui o seu Norman é o ponto para dar coração ao filme, e seu jeito dócil caiu muito bem na trama, fazendo uma interpretação correta para o que o papel pedia, sendo forte quando precisou, mas infelizmente como disse acima essa doçura foi demais para uma trama, ou o filme focaria só nisso, ou seria de guerra, aí talvez o tiro acabou acertando mais uma vez um papel seu. Shia LaBeouf é outro ator depois que abandonou os robozões de "Transformers", já fez filme semi-pornô, já virou gângster e aqui confesso que fiquei procurando ele, pois sabia que estava no filme, mas está tão diferente que não dá para saber que é ele fazendo o personagem Boyd "Bíblia", e olha que é um dos melhores que estão em cena, o jovem parece finalmente ter acertado o rumo e vamos aguardar o que mais vem por aí seu, para que continuemos falando bem, já que não temos como falar mal de forma alguma agora que demonstrou personalidade e força tanto na ação quanto nos diálogos no filme. Jon Bernthal é o maluco Graddy que tem ações ríspidas no filme, mas funciona para o personagem, talvez se o filme fosse voltado mais para os seus atos que nos demais, a trama seria mais empolgante e acertaria mais, mas como ficou sendo apenas o ponto de quebra nas cenas, foi suficiente e não tão chamativo. Michael Peña sempre chama atenção, e com o diretor já conhecendo ele de seu filme anterior, não ficaria de fora de sua grande produção, e aqui com seu personagem Gordo, juntamente de seu sotaque mexicano, todos os momentos que está falando algo acabam chamando atenção e marcando, então é bacana o que faz, mas precisa ganhar em breve algum papel diferente do latino mexicano, pois já está marcando sua carreira. Dos demais não temos muito o que destacar, já que a maioria ou morre ou é nazista e não tem destaque frente a um filme americano, ou seja, temos os protagonistas e quem aparecer para falar algo apenas.

Agora se existe um estilo de filme que sabe o que é ter nível é o de guerras, pois haja objeto cênico para preencher bem o interior de um tanque, e ainda assim ficar algo clássico. Além disso, diversas armas, tanques, aviões, casas para serem derrubadas, figurinos enlameados e ainda assim com muita pompa, ou seja, um deslumbre técnico que é até engraçado não ser lembrado nas premiações, ao menos nesse quesito, mas o que posso dizer é que não ficou atrás de nenhum outro longa de guerra, fazendo com que a equipe artística tivesse trabalhado com minúcias perfeitas. A fotografia foi bem pensada e trabalhando bem nas cenas noturnas com luzes dos disparos funcionando em meio a toda a fumaça deu um charme a mais para as explosões, o que ficou interessante de ver.

Enfim, é um bom filme que agrada pelo teor proposto, mas se tivessem trabalhado melhor o rumo da história, escolhendo qual lado tomar, ou o totalmente doce dentro da guerra, ou atacar mesmo tudo e todos de uma forma mais dura, teríamos algo para ser lembrado por muitos anos, mas da forma que foi agrada bastante, mas ficou devendo para talvez ser esquecido em breve. Bem é isso pessoal, ao menos temos uma dica interessante para quem gosta do estilo, já que por ser difícil de acertar a mão, poucos costumam fazer, então fica de recomendação para todos, mas principalmente para quem gosta do estilo. Fico por aqui agora, mas ainda tenho uma estreia e uma pré para conferir nesse fim de semana, então abraços e até breve.


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