Ninguém Entra, Ninguém Sai

5/05/2017 02:17:00 AM |

Você é fã de programas humorísticos do estilo "Zorra Total", que possui uma produção razoável e comicidade nenhuma? Se sim, nem se dê ao trabalho de continuar lendo meu texto, vá ao cinema e confira "Ninguém Entra, Ninguém Sai", pois esse filme foi feito para você! Agora se sua resposta vai de acordo com a maioria do planeta Terra e é não, seja bem-vindo ao grupo das pessoas normais que irão xingar a cada nova cena do filme (e não se acanhe de fazer isso, caso esteja na sessão, pois se você der a mesma sorte que eu, só terá você na sala!), pois o nível de bizarrice é tamanho que nada explica como um texto divertidíssimo do Luis Fernando Veríssimo acabou virando uma sessão de terror bagunçada aonde sequer você almeja uma risada sequer, chegando a ser tão desesperador fazer o público rir que lá pela metade começam a apelar tanto que a cena á lá "Walking Dead"(que não é uma comédia) acaba sendo a parte mais divertida da trama. Ou seja, um completo desastre cheio de ótimos atores e comediantes da nova e velha geração, que certamente poderiam ter feito algo muito melhor para o longa não ser esse fiasco.

O longa mostra que após fazer uma vaquinha entre amigos, Edu consegue dinheiro suficiente para levar Suellen ao Zeffiro's, um motel bastante conceituado e caro. Lá também estão a juíza Letícia e seu assessor Acauã, os adolescentes Caju e Bebel, a virgem Margot e o assaltante Alexandre, além de vários outros casais. Paralelamente, o funcionário do motel Donizete vai até um hospital e lá é diagnosticado com um vírus raro, que até então não existia no Brasil. Por causa disto, o motel é imediatamente colocado em quarentena, com seus funcionários e hóspedes sendo impedidos de deixar o local. Ao mesmo tempo em que temem que suas identidades sejam reveladas, eles precisam encontrar um meio de conviver em harmonia enquanto desfrutam dos prazeres do estabelecimento.

Não consigo pensar em palavras para descrever a bagunça completa que é a trama, pois não posso dizer (felizmente!) que é uma novelona, pois mesmo tendo diversas subtramas não temos bem um grupo protagonista que tem sua história e vamos desenvolvendo todo o restante ao redor, tudo é na zorra completa com todos os elementos interagindo e tudo mais, e o diretor "brasileiro" taiwanês Hsu Chien Hsin não optou por trabalhar nenhum elemento destacado do outro, o que talvez tenha sido a maior das falhas, pois se um dos casais fosse destacado com tudo ocorrendo em menores proporções, talvez o resultado fosse menos assustador. Outro detalhe que podemos pontuar como erro, foi já que estamos em um motel, ali a possibilidade para apelar de vez num cunho sexual, afinal o longa já é sinônimo de filme adulto, então apelasse de vez para 16 ou 18 anos na censura, e sujasse as mãos com tudo o que fosse possível, pois fazer um filme com temática sexual para 12 anos só ficou faltando falar que a cegonha ali anota os pedidos de bebês em um caderninho!!! Ou seja, pegar uma crônica curta e muito bem feita, e inventar um texto em cima para virar um longa é algo que tem de ser bem esperto para não se perder, mas definitivamente não acredito que o problema da trama tenha sido o roteiro fraco, pois a ideia em si é boa, o problema foi na escolha do público e na condução da obra, e isso é direção com produção para se decidir melhor.

É difícil falarmos de um elenco razoavelmente bom dentro de uma trama bagunçada, pois não posso falar que eles fizeram seus papeis de forma jogada, apenas pegaram papeis que poderiam ser bem mais trabalhados e colocaram eles de forma infantil e até boba demais de ser assistida, fazendo com que o filme ficasse falho em determinados momentos que poderiam ser mais engraçados (e até mais apelativos), ou seja, todos entraram em um barco sem remo para poder navegar. Dentre os que mais aparecem em cena, Emiliano D'Ávila fez um Edu bem motoboy mesmo, daqueles que desejam uma noitada merecida com a mulher mais gostosa, mas que acaba surpreendido com o pedido da moça, mas a vaquinha exagerada dos amigos foi algo meio fora do comum, e poderia ser diferente. Letícia Lima faz a tradicional mulher objeto de filmes desse estilo com sua Suellen, e não decepciona quanto a isso, mas como disse, poderiam ter apelado mais, ou feito ela de um estilo bem mais cômico com suas exigências. Danielle Winits já fez outros papeis nesse estilo, e com uma característica dominadora, sua Letícia fica bem colocada, até o momento desnecessário na piscina, aonde o clima do filme quase consegue piorar, ou seja, raspou da personagem ser jogada fora. Mariana Santos é a mais experiente dos humoristas no longa, e sua Margot poderia ter sido aproveitada de maneiras inimagináveis na trama, tanto que seu momento de transformação sem dúvida é o momento cômico mais bem trabalhado na trama, e ali mostra o ponto que o longa poderia ser encaixado, o que é uma pena, pois ela como protagonista-mor detonaria o filme junto de Rafael Infante como um assaltante (só sabemos disso por ver o assalto em si, pois na sequência muda completamente o estilo), que sendo humorista por profissão iria junto combinar ótimas piadas e gags para agradar sem parar. Dos demais é melhor nem falar, pois é um tiro pior que o outro, destaque de ponto negativo para André Mattos, e para as participações "especiais" de Sérgio Malandro e Sidney Magal.

No conceito visual a equipe até teve certos caprichos cênicos fazendo um motel com vários quartos temáticos (que até poderiam ter sido melhores usados, mostrando mais "utilidades" dos nomes deles, e não apenas falando e colocando praticamente de tudo lá), e com isso tendo muitos elementos cênicos para que os ocupantes/presos por lá utilizassem de tudo e brincasse com nomes duplos, ou seja, um trabalho digamos honroso, mas que poderia ter melhores rumos caso quisessem. Porém no hospital tudo o que gastaram no motel, economizaram sem dó por lá, chegando a ser desprezível as cenas que ocorrem ali. No conceito fotográfico, cores pra todo lado, sem muitas preocupações com o estilo, deixando o tom cômico ser preenchido naturalmente, o que como disse acima, não ocorre.

Enfim, é um filme que não tem como ser recomendado para ninguém, e felizmente assisti sozinho para poder reclamar em voz alta, e claro não ter outras pessoas que acabariam mexendo em celulares, papeando e tudo mais na sala, pois ver o filme certamente não veriam. Quem ainda tiver coragem de conferir, por principalmente se enquadrar no estilo que iniciei o texto falando, vá preparado para não rir de quase nada, pois é algo que o longa não irá lhe proporcionar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas esse foi apenas o primeiro da semana, então abraços e até breve.

PS: A nota é mais pela ideia em si, que como já disse o texto do Luis Fernando Veríssimo é bem bacana e divertido, mas que dificilmente daria um longa realmente, e pelo esforço de alguns atores tentarem fazer ser menos triste o longa.

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