A Chegada (Arrival)

11/26/2016 02:43:00 AM |

Assim como tenho certeza que verei pessoas dizendo se tratar do melhor filme do ano, também tenho total convicção de que meus amigos que trabalham nas portarias dos cinemas irão ver diversos clientes saindo da sessão de "A Chegada" falando que não entenderam nada e acharam o longa um lixo. Felizmente não irei para nenhuma das duas pontas, pois gostei bastante do que vi, mas achei um pouco alongado demais, e claro que assim como diversos outros filmes se rever o longa terei uma visão completamente diferente da trama sabendo o final, pois tudo é muito jogado na tela se pararmos para pensar e refletir um pouco mais sobre todas as ideias dúbias e desconexas que vamos reclamando o longa todo de serem cansativas e não dizerem nada, mas se analisarmos todo o longa a partir da frase que Amy Adams diz para Jeremy Renner praticamente na sua última cena (a qual não vou colocar aqui por ser o spoiler máximo do longa, mas que diz muito sobre nossa vida e sobre o longa inteiro), e juntarmos à isso a ideia completa da trama, o filme acaba sendo singelo e até bonito de se pensar, porém confesso que sem esses detalhes bem refletidos, o filme é tão cansativo que chega a ser difícil se conectar e envolver durante toda a projeção com o que nos está sendo mostrado. Portanto confira o filme, e tire suas conclusões, mas friso para aguentar até o final, e se for possível rever com a ideia completa, pois mesmo não indo fazer isso, em minha mente o longa se formou completamente diferente após saber do grande detalhe.

Naves alienígenas pousaram na Terra e estão incomunicáveis com os humanos. Quem pode ser capaz de fazer essa intermediação é uma linguista, que tenta descobrir se eles vieram em paz ou são ameaças aos humanos. Nessa comunicação, ela começa a ter flashbacks que servem para que descobrir o real motivo da vinda dos extraterrestres ao planeta.

Que o cinema de Denis Villeneuve não é dos mais simples de se entender de cara, isso não precisamos nem comentar, mas geralmente seus filmes possuem um ritmo mais ditado e trabalhado, o que acaba condicionando o espectador mais ávido a ir preparando o desenrolar em sua mente, e que acaba não cansando tanto como o que acabou fazendo aqui, pois o filme vai nos conduzindo de uma forma tão bagunçada, que até o excesso de flashbacks parece começar a incomodar, depois ficamos nervosos com o excesso de símbolos (que até metade do filme ninguém entende nada, e de repente a moça já sabe conversar fluentemente com os aliens em códigos), e por diversas vezes nos vemos irritadiços em nada ser desvendado a fundo (praticamente as vontades que temos são as mesmas dos militares, já querendo explodir tudo pelos ares e que voltem pra suas casas pegando fogo, aliens, quem mandou vir mexer com a gente). Porém quando o desfecho é mostrado (sim na cara dura, sem dó nem piedade, sem que você possa pensar nada diferente depois de refletir por quase duas horas) tudo muda, você mesmo que não se revolte e pague para ver a próxima sessão para confirmar suas conclusões, irá filosofar e compreender cada ato, cada flashback, cada ponto da história e irá falar: "nossa, que filme profundo!". E sendo assim, podemos dizer que tanto o diretor fez um acerto incrível, difícil de ser digerido, mas maravilhoso para se pensar, quanto o roteirista Eric Heisserer trabalhou com minúcias para adaptar o livro de Ted Chiang, que digo mais, foram extremamente felizes em mudar o nome do longa, pois se ficasse o mesmo do livro, metade do caminho já teria sido entregue.

Dentro das atuações, é fato que o longa necessitou demais dos protagonistas, pois os secundários acabam sendo meros enfeites cênicos que pouco ajudam no desenrolar da trama, e sendo assim, Amy Adams precisou mostrar em diversas cenas um ar mais sério e introspectivo para sua Louise e trabalhando bem os trejeitos da personagem juntamente com um intrigante modo de dicção acabamos vendo uma personalidade mais pontual e certeira dela, pois já fez grandes papeis, mas reparávamos mais na sua beleza do que no seu jeito de atuar, e aqui é exatamente o inverso. Brincadeiras a parte, alguém poderia dar um papel de destaque em algum filme para Jeremy Renner, pois o ator sempre fica dependente dos demais atores e acaba não deslanchando como deveria, de tal maneira que seu Ian faz boas piadinhas, tem boas ideias, mas é quase um suporte com maior peso para a protagonista, claro que vai tendo uma participação maior até o final, mas poderiam ter dado mais responsabilidade para seu papel com toda certeza, e acredito que o ator se sairia bem. Forest Whitaker é sempre incisivo nos papeis que lhe entregam, e é raro ver ele com um ar mais sereno em cena, o que aqui para seu Coronel Weber é algo mais impossível ainda de ver, porém o ator soube dosar as poucas mais boas cenas com os demais, trabalhando de forma clara e coerente com o estilo proposto. Tivemos 3 garotinhas interpretando Hannah no longa, e de certa forma, todas foram bem interessantes para a proposta, então temos de dar o devido destaque para todos os momentos de Abigail Priowski, Jadyn Malone e Juliet Scarlett Dan. Os demais atores acabam tendo menos cenas ainda para aparecerem e isso é algo ruim, pois quando precisam mostrar algum serviço, por exemplo Mark O'Brien como Capitão Marks ficamos nos perguntando de onde veio esse cidadão na trama, mas mesmo com poucas cenas, o trabalho de Tzi Ma como General Chang podemos dizer que foi perfeito pela cena completa do clímax.

Um fator bem interessante de pontuar é que mesmo o filme sendo uma ficção bem trabalhada, tirando as cenas da grande nave (que acredito que dificilmente tenham construído algo para ficar voando), o restante da trama foi bem trabalhado para não ser feito de forma computacional, com locações bem pontuais como a maravilhosa casa de vidro da protagonista, uma faculdade bem charmosa, um acampamento de exército cheio de aparatos interessantes como diversos objetos cênicos para cada cena ser bem representada, como computadores, áreas de descontaminação, diversos vestuários tecnológicos, e claro que até mesmo a sala de comunicação dos humanos com os heptapods foi incrivelmente pensada para ser simbólica e agradar bastante dentro do contexto completo. E até mesmo a forma que os alienígenas foram mostrados ficou interessante, pois não forçaram a barra com coisas esquisitas e que trabalharam muito bem com os códigos de escrita elaborado. A fotografia da trama foi bem pensada para termos diversas nuances, tais como o contraste preto/branco na sala de comunicação com os aliens, aonde o tom laranja forte das roupas tiveram um contraste bem impactante para a cena aonde a protagonista decide se despir, o grande campo verde aonde a nave se instalou, mostrando a ideologia deles para com o mundo terreno, e claro, os flashbacks quase todos num tom mais avermelhado que diferentemente do tradicional branco acabou tendo um significado bem coerente e mais completo.

Enfim, um filme muito bem feito que acabou saindo do nada, nos deixou no nada quase que toda a projeção e chegou num final conclusivo incrível e bem colocado. Portanto, recomendo a todos que vá conferir o longa, discuta comigo em off (para não colocarmos spoilers nem nos comentários) e reflitam bastante sobre a frase final, e claro sobre a mensagem que o longa deixa, pois esta com toda certeza foi a ideia do diretor. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos sobre os diversos longas que apareceram no interior, então abraços e até mais galera.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá sou Willian de Araraquara SP.
Então acho que devo assistir de novo, pois nossa, ou sou só eu que não me empolguei com o longa. Sei lá esperava mais, as memórias dela eu entendi em partes de como ela sabia tudo, mas os alienígenas achei que ficaram meio vago sei lá, parece que estavam ali só para avisar "ela". Assisti em casa com a esposa e não gostei muito do que vi me deu até sono e o longa ainda foi indicado ao oscar.Acho que vai do gosto de cada um.

Fernando Coelho disse...

Olá William!! É dificil realmente atingir o gosto de todo mundo... mas o longa tem bem essa base lenta e que se você não engatar nele acaba dispersando e até mesmo não gostando tanto do que verá!! Mas é um filme pra ver uma vez e só, pois na segunda já sabendo tudo acaba sendo igual "O Sexto Sentido" que já sabemos o detalhe principal e tudo fica chato!! Abraços!

Elainne Ducloux disse...

A crítica do filme é interessante, me ajudou a notar certos detalhes que passaram despercebidos na primeira vez que vi! Revisei a trajetória de Denis Villeneuve e me impressiona que os seus trabalhos tenham tanto êxito, um dos meus preferidos é A Chegada Filme por que faz com que o espectador se sente a ver o filme vale a pena vê-la, além de todo o elenco fazer uma excelente química.

Fernando Coelho disse...

Olá Elainne... que bom que a crítica lhe ajudou... realmente é um filmão daqueles para ficarmos presos vendo, com uma química incrível... preciso rever, mas talvez agora sabendo o final eu não goste tanto... abraços!!

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