Ben-Hur em 3D

8/18/2016 02:51:00 AM |

É interessante ver como a falta de criatividade assombra Hollywood, pois a cada dia que passa ouvimos a palavra refilmagem ou continuação com mais frequência do que gostaríamos de ouvir. Mas nem por isso vou condenar alguns diretores que podem nos trazer algumas releituras de clássicos com uma nova pegada, e claro colocando mais tecnologia para que a trama envolva o público mais jovem, pois conheço muita gente que ao ver longas antigos acabam vendo mais defeitos do que qualidades, e mesmo alguns dos grandes clássicos em sua época original foram completamente rechaçados por crítica e depois de anos viraram grandes marcos, ou seja, todos possuem o direito de errar, então que venham novos filmes (e refilmagens novas também). Pois bem, dito isso, temos de colocar mais um parênteses antes de falar do novo "Ben-Hur", pois mesmo se baseando na história de 1880, e colocando novas ideologias que nem foram escritas pelo escritor Lew Wallace, o filme passa completamente longe do que vimos no clássico de 1959 que angariou 11 Oscars, sendo algo totalmente diferente do que conhecíamos, mas de maneira alguma posso dizer que a nova versão é ruim, pois trabalha bem uma outra perspectiva e agrada de uma forma bem bonita com a mensagem final e com bons recursos tecnológicos acaba envolvendo bastante a parte mais dinâmica do filme, porém assim como aconteceu em todas outras versões, temos muita história para contar e diálogos para serem ditos, e sendo assim alguns momentos acabam cansando demais com toda a falação.

O longa nos conta que a família do nobre Judah Ben-Hur acolheu e criou o romano Messala como se fosse um filho, entretanto, a vida leva os dois a diferentes caminhos. Depois de um mal entendido, Judah é acusado injustamente de traição pelo próprio irmão e condenado à ser um escravo. Anos depois, ele consegue escapar de seu cárcere e promete vingar-se de Messala e do império romano, que oprime o povo de Jerusalém.

O trabalho feito pelos roteiristas John Ridley e Keith Clarke foi bem interessante de ver, pois acabou criando bons momentos dinâmicos, mas ao mesmo tempo acabou contendo muitas cenas dialogadas para dar um certo ar histórico (a história é 100% ficcional sem nenhuma comprovação, mas da forma que foi contada até parece estar na Bíblia) e com isso acabou cansando um pouco, porém ainda assim o resultado final não teve tantos furos como costumam ter filmes épicos, o que já é um grade feito. O estilo de direção do russo Timur Bekmambetov, sempre procura trabalhar com ângulos mais diferenciados para dar um certo contraste e com isso acabou agradando quem gosta de ver o filme de uma forma diferente, embora ainda seja completamente a visão do protagonista e não de um narrador, como costumeiramente aconteceria um épico, ele acabou criando boas perspectivas e principalmente trabalhou bem de forma realista ao optar gravar a maioria das cenas, ao invés de colocar tudo digital como anda acontecendo ultimamente. E para quem quiser ver, aqui tem um link dos atores falando como foi filmar a ótima cena da corrida de bigas, que tanto cenograficamente quanto no quesito de impacto visceral, souberam dosar criatividade e dinâmica sem que fosse jogado apenas na história.

Quanto das atuações, de certo modo tentaram arrumar atores mais famosos que acabaram batendo agenda e não aceitaram o projeto, então com um time menos conhecido, tirando os protagonistas, o resultado foi de bons momentos, mas quase sem muitos destaques secundários. Jack Huston interpretou bem Judah Ben-Hur, mas em alguns momentos aparentou estar viajando demais no eixo técnico do personagem e ficávamos pensando no que ele também estaria pensando, deixando um ar filosófico demais para alguém que não aparentava ser, ou seja, poderia ter escolhido alguns rumos mais impactantes para agradar mais. Toby Kebbell acabou impactando com uma expressão bem séria de modo que conseguiu mostrar um Messala forte e impactante, mas também temos que pontuar que o jovem ator ficou focado demais nos diálogos e esqueceu de trabalhar mais os olhares, fazendo com que algumas cenas suas aparentassem perdidas demais. Rodrigo Santoro conseguiu ter bons momentos, pois deram bem mais cenas para seu Jesus do que as demais adaptações do livro acabaram tendo, e assim sendo ele trabalhou bem seus olhares para que o carisma de Jesus que muitos admiram ficasse coerente no longa também. Mais uma vez Morgan Freeman arrasou na interpretação de um personagem, fazendo de seu Ilderim mais um nome icônico na sua lista de bons personagens, pois acabou trabalhando tanto expressivamente como com o tom correto na entonação de suas falas, quase como um Deus novamente. O longa não focou tanto em Poncio Pilatos, mas Pilou Asbæk até fez bons semblantes para o personagem e nos momentos que precisou acabou até mostrando um bom serviço. As mulheres do filme até tiveram cenas simbólicas e emblemáticas para suas personagens, mas falharam bastante ao criar uma personalidade mais marcante, e mesmo Nazanin Boniadi acabou deixando sua Esther meio que omissa das cenas que precisaria chamar a responsabilidade, e assim sendo não agradou o tanto que deveria.

No quesito artístico podemos dizer que o filme foi excelente, pois construíram uma cenografia incrível, com ótimos elementos cênicos, figurinos perfeitos para a época, contextualizando tudo de uma maneira bem clássica e mesmo nas cenas aonde vimos a computação presente, o longa ainda acabou funcionando bem, ou seja, um trabalho primoroso da equipe que optou por segurar bem a dinâmica para que o filme fosse singelo e bem representado nas cenas pequenas, e nas mais impactantes não economizaram em nada para que o tamanho da cenografia se encaixasse no tamanho da obra. No conceito fotográfico o longa trabalhou muito os tons de marrom, para manter o tradicional épico, mas nas cenas mais densas e noturnas a equipe soube dosar bem as luzes para que o filme envolvesse uma carga dramática maior, além disso ficou claro nos momentos de ação que botaram a luz no máximo para que correndo pra tudo quanto é lado não houvesse erros, mas também o filme acabou ficando sem dar muita profundidade nas sombras. Quanto do 3D, temos alguns bons momentos que trabalharam a perspectiva já que o longa foi convertido para a tecnologia e não filmado com câmeras próprias para o uso do recurso, mas nada que seja impressionante, porém de certa forma, nos momentos mais dinâmicos o exagero do recurso (exemplo da cena da corrida das bigas) o longa treme demais e chega até a atrapalhar ver tanto movimento em primeiro plano. Portanto até vai valer ver o longa numa tela imensa que possua a tecnologia 3D para impactar, mas quem ver no modo comum não irá perder nada.

Enfim, um filme que está longe de ser perfeito, mas que agradará bastante quem for ver como um novo longa e não ficar procurando pelo em ovo para comparar com um clássico das antigas. Ou seja, vá para se divertir, curta como se fosse uma nova história, e a chance de sair bem feliz da sessão, emocionado com a boa mensagem final e vibrando pela ótima corrida, é garantia completa. Agradeço mais uma vez o pessoal da Difusora FM 91,3Mhz pelo convite para a ótima pré-estreia que sempre lotada acaba agradando a todos os convidados e sempre que precisar estamos juntos. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia que apareceu pelo interior, então abraços e até mais pessoal.


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