Logan

3/02/2017 02:00:00 AM |

Quando falavam que "Logan" seria algo completamente diferente de qualquer filme dos mutantes, muitos hesitaram, outros falavam que era algo impossível, aí você vai conferir e se depara com algo realmente novo, diferenciado e que ao misturar muita violência (faz qualquer videozinho do Estado Islâmico ser fichinha em algumas cenas) com um estilo road movie incorporando muita vivência dos longas de faroeste (inclusive mostrando cenas de "Os Brutos Também Amam"[1953] e usando várias frases do filme também), o resultado que acaba acontecendo é algo surpreendente que mesmo sendo bem longo (137 minutos) consegue segurar as pontas do começo ao fim, deixando livre a história dos X-Men para acontecer no miolo com muitos outros longas, e abrindo a porta para um novo projeto que já anda sendo estudado, ou seja, o longa é daqueles que valem muito uma conferida no cinema (afinal ver pancadaria numa telinha pequena não é legal) e que certamente não vai empolgar tanto como um longa de ação deveria, mas que vai criar muita tensão certamente vai!

A sinopse nos conta que em 2029, Logan ganha a vida como chofer de limousine, para cuidar do nonagenário Charles Xavier. Debilitado fisicamente, esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela, uma mexicana que precisa da ajuda do ex-X-Men. Ao mesmo tempo em que ele se recusa a voltar à ativa, Logan é confrontado por um mercenário, Donald Pierce, interessado na menina Laura Kinney / X-23, sob a guarda de Gabriela.

Se James Mangold já havia feito um longa bem interessante em "Wolverine Imortal", com um orçamento mais modesto e uma grande pegada do estúdio para manter a censura, agora com muito mais dinheiro e tudo liberado para fazer algo mais forte e impactante, não tinha como dar errado, e não deu, pois pela primeira vez posso dizer que até quem não é fã de filmes de super-heróis vai acabar gostando da pegada que o diretor deu para a trama, em algo bem semelhante à que Tarantino faz com suas obras, ou seja, um filme aonde a violência funciona, não sendo jogada de forma barata ou sem sentido. Claro que para que essa pegada de road-movie western violento funcionasse, temos por trás do diretor um roteiro muito bem elaborado, aonde tudo deslancha e recai como obra bem pautada, pois mesmo nas cenas aonde ocorre um ou dois erros de conexão, a trama continua fluindo bem dinâmica, não havendo quebras, e em longas desse estilo que envolvam muitas lutas geralmente acabam pecando nesse sentido, o que de forma alguma acontece aqui. Muito está se falando sobre a pegada western, e certamente esse foi o maior acerto do longa, pois ao usar diversas frases de filmes famosos dos anos 50, trabalhar bem ângulos retos de duelos e segurar o filme impactando sem parar (ou melhor, apenas parando para dormir, como ocorria nos westerns), a dinâmica fica correta e agrada bem mais do que poderia, captando energias e ideias para que os próximos filmes dos mutantes (com ou sem Wolverine - interpretado ou não por Jackman - dependendo do ano que se passar) não erre tanto como já errou no passado.

Sobre as atuações, temos de pontuar que mesmo Hugh Jackman aposentando do personagem (pelo menos é o que diz, mas veremos mais para frente se o dinheiro não falará mais alto!), o personagem continuará existindo na franquia, dependendo do ano em que se passar, e claro que em sua despedida, o ator não iria desapontar os fãs do personagem, colocando tudo o que não fez em 7 filmes de uma única vez, trabalhando de forma expressiva, violenta e cheia de sentimentos aflorados, mostrando um preparo bem moldado e que acabou funcionando até mais do que ele mesmo esperaria fazer, ou seja, vamos sentir saudades se ele realmente não voltar a fazer mais o personagem, ou como diria alguns amigos, vai parar bem no auge para ser sempre lembrado pelo que fez no melhor momento. Dafne Keen está esplêndida como Laura/X23 falando o mínimo necessário, trabalhando bem nas cenas de ação, e principalmente fazendo ótimas expressões nas cenas que pediam uma pegada mais de olhares, ou seja, estreou bem no cinema e tem futuro. Patrick Stewart pode fazer mil filmes que sempre irá fazer bem o papel que lhe for entregue e acabar ajudando demais o desenvolvimento de qualquer protagonista que esteja a seu lado, e já na sua sétima vez de Charles Xavier, agora como um nonagenário o ator deu um show de sensibilidade trabalhando bem todo o emocional para com suas cenas e fazendo com que o filme ficasse bem vivo, algo que não costuma cair bem em personagens mais velhos, de tal maneira que certamente todos vão rir e se emocionar em quase todas suas cenas. Stephen Merchant ficou bem maquiado como Caliban, e trabalhou muito bem diversas de suas cenas para que não ficasse como um simples coadjuvante jogado para escanteio, de forma que inicialmente achamos que nem vai ser tão útil, mas no decorrer da trama ele mostra boa dinâmica e agrada também. Boyd Holbrook é um ator estranho, mas a personalidade de seu Pierce pedia alguém assim, de tal forma que poderia ser um vilão mais impactante e chamasse mais as honrarias nervosas para seus momentos, ficando mais como alguém que manda mais e faz menos, o que vai fazer seu personagem nem ser tão lembrado assim, o que é ruim. Richard E. Grant caiu bem dentro do estilo que o Dr. Rice pedia, mas poderia ter mais cenas para sabermos mais de suas experiências (claro que isso pode ser em outro filme), e aqui até trabalhou bem de forma serena bem colocada que qualquer cientista maluco sabe fazer muito bem. Elizabeth Rodrigues fez de sua Gabriela um personagem exageradamente desesperado nas poucas cenas que aparece, e esse desespero fluiu forte e bem colocado, mas a atriz poderia ter feito faces melhores em todas suas cenas, mas a sua final é lastimável de estranha. Quanto das demais crianças não deu para conhecermos muito deles nesse filme ainda, mas o que posso adiantar é que todos possuem bons poderes para outros filmes.

O conceito visual usado na trama é algo para curtir diversas vezes, pois cada cena possui diversos elementos próprios para parar e analisar se há qualquer ligação com outros filmes, ou apenas estão ali funcionando bem para cada ato, e olhando inicialmente como elos independentes todos podem ser incrivelmente bem encaixados, de modo que ficamos pensando na forma que a equipe de arte elaborou para que o filme deslanchasse, desde as cenas de motorista na limousine incrementada do protagonista, passando pelo ótimo celeiro abandonado aonde Xavier está escondido com Caliban que contém diversos outros elementos como sua hortinha e os remédios para acalmar seus surtos (os quais precisarão ser melhores explicados em outros filmes dos X-Men, pois ficou muito jogado aqui), depois na sequência temos um motel bem colocado aonde vamos conhecer os primeiros elementos mais violentos dos vilões, correndo depois para um ótimo cassino-hotel aonde é iniciado o processo de apresentação do estilo western que a trama vai usar na sequência, passando pela casa no meio da plantação com detalhes incríveis para mostrar o estilo da família ali que vai passar boas noções para os viajantes, até chegarmos nas cabanas muito bem colocadas com diversos detalhes, até finalizarmos na floresta com a luta final e todo o seu desenvolvimento, ou seja, um trabalho da equipe de arte que representou demais cada ato e que vale a pena ser visto até mais que uma vez. Quanto da fotografia do longa, tivemos muito sangue, ou seja, vermelho pra todo lado, diversos momentos no escuro e internas aonde as sombras predominaram, mas sem dúvida alguma a marca registrada do longa será o tom alaranjado bem árido que todo bom western possui, e funcionando de uma forma incrível os filtros usados deram um ar perfeito para que a trama fluísse e segurasse da mesma maneira em cada cena da trama.

Enfim, um filme que vai trabalhar diversos sentimentos nos espectadores e que vai gerar muita ânsia por algum tipo de continuação ou prequel da trama, pois muita coisa precisa ser ainda explicada/mostrada e se seguirem a mesma linha não tem como dar errado. Claro que recomendo a trama para todos, até mesmo quem nunca curtiu a franquia ou longa de heróis, mas volto a frisar que pelo alto nível de violência não recomendo levar menores para a sessão, de modo que a censura de 16 anos é até baixa perto de tudo o que acontece na trama. O longa possui defeitos como citei alguns nas interpretações, e claro alguns momentos mal-explicados que poderiam ter sido mais trabalhados, mas aí teríamos um longa maior ainda e muitos acabariam não gostando tanto do resultado, e sendo assim vamos reclamar menos e ficar feliz com o que foi mostrado, afinal com toda certeza esse é o melhor longa solo do personagem, e está no mesmo nível dos melhores filmes dos X-Men já feitos, portanto vá para os cinemas conferir e se impressionar com tudo o que é mostrado na telona. Bem é isso pessoal, já encerro aqui essa próxima semana cinematográfica inteira, afinal as distribuidoras não mandaram mais nenhuma estreia para o interior sem ser esse longa, então abraços e até na outra semana.

7 comentários:

@Ângelo Sancost disse...

Muito boa a crítica!
Ainda não assistir, mas me sentir insentivado a ir nos cinemas. Apesar de que tenho um mine cinema em casa.E muita das vezes espero saírem pra venda. Teve uma coisa que me chamou a atenção é que não gravaram/converteram em 3D, já que o filme é carregado de cenas de ação intensa. Seria interessante!
Obrigado pela crítica!

Abraço!!!

Unknown disse...

existe versao 3D e imax em fortaleza.

Unknown disse...

existe versao 3D e imax em fortaleza.

Heitor disse...

É Imax, mas não é 3D, Júlio.

Fernando Coelho disse...

Olá amigos!! O diretor é meio contra 3D, por isso ele optou sim em filmar com câmeras Imax, porém sem lentes 3D, mas vale muito a pena ver na telona gigante!! Acho que o 3D atrapalharia mais do que ajudaria!! Abraços Julio, Heitor e Marlon!

Marissa Carneiro disse...

Depois do razoável Wolverine: Imortal, Jackman e o diretor James Mangold reuniram-se para se despedir do personagem em um último filme protagonizado pelo ator. Amei a performance do Patrick Stewart, é de admirar o profissionalismo deste ator, trabalha muito para se entregar em cada atuação o melhor, sempre supera seus papeis anteriores, o demonstrou em filme emoji um filme que se converteu em um dos meus preferidos.

Fernando Coelho disse...

Olá Marissa, realmente o trio Jackman, Stewart e Mangold fizeram um filme para ficar na memória... abraços e obrigado pelo comentário!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...