Até Que A Sorte Nos Separe 2

12/30/2013 01:25:00 AM |

Sempre que olho continuações de comédias brasileiras fico me perguntando: "O que o dinheiro de uma boa bilheteria não faz com os filmes?". E essa pergunta deveria ser respondida pelos bons filmes que sempre fazem algo pensando apenas em fazer um filme, e não em lucrar, pegando dinheiro do governo e simplesmente entregando nada. Pois bem, desabafo feito, vamos falar desse que não é o caso de pensar em fazer um filme jogado apenas com o dinheiro do governo, pois "Até Que A Sorte Nos Separe 2", até usou um pouco de incentivos fiscais, mas com a bilheteria mais gorda que Leandro Hassum do primeiro filme, sobrou muito para que os produtores fizessem algo de uma qualidade técnica bem mais interessante e claro não precisaram fazer as tosquices que fizeram em outro grande filme nacional dirigido pelo mesmo diretor, que se passou nos EUA e não viajaram pra lá usando apenas o chroma-key mal feito, podendo aqui levar toda a equipe para passar uns dias em Vegas e desfrutar de ótimos cenários para que a produção ficasse condizente ao menos, já que o roteiro engraçado ainda ficaram devendo pro terceiro filme que deve vir em breve, deixando apenas os erros de filmagem nos créditos muito divertidos.

O filme nos mostra que três anos depois, Tino e Jane estão mais uma vez em dificuldades financeiras. O saldo bancário do casal é salvo graças ao inesperado falecimento de tio Olavinho, que deixou uma herança de R$ 100 milhões a ser dividida igualmente entre Jane e sua mãe, Estela. Como o último desejo do tio foi que suas cinzas sejam jogadas no Grand Canyon, Tino aproveita para levar a esposa e dois de seus filhos para conhecer Las Vegas. Entretanto, ele se empolga com a jogatina de um cassino e perde todo o dinheiro ganho por Jane na mesa de pôquer. Para piorar a situação, ainda fica devendo US$ 10 milhões a um capanga da máfia mexicana, que deseja receber o dinheiro a todo custo.

O diretor aproveitou de um roteiro mais bem montado para o carisma de Hassum e colocou a incumbência de fazer graça novamente nas mãos dele, porém com dinheiro em mãos tudo fica mais fácil, e o gordinho mais boa pinta da TV pode desfrutar de piadas mais fáceis do que nunca para utilizar em Vegas, e com isso o primeiro longa que foi lastimável tecnicamente e ruim de piadas, agora ficou apenas cômico divertindo com algumas bobagens, mas empregando muita técnica. Ainda tenho pra mim que Roberto Santucci sabe fazer bons filmes, afinal "Odeio o Dia dos Namorados" foi excelente, mas ainda com os quatro filmes feitos apenas para ganhar dinheiro "De Pernas Pro Ar" e "Até Que A Sorte Nos Separe", ele ficou fadado aos protagonistas divertirem com seus carismas cômicos e esqueceu de pegar o roteiro e transformar numa grande comédia. O público em geral vai rir, com certeza, das piadas prontas, mas fica faltando a comédia como deve ser propriamente dita, para que todos rolem de rir na sessão, não apenas deem sorrisos. O trabalho do diretor aqui pelo menos foi visto no quesito de bons planos, outros atores condizendo mais com a trama, mas utilizando do próprio nome do protagonista, faltou tino cômico.

O filme teve uma baixa estranha que tentaram amenizar, de Danielle Winits não voltar para a continuação, e poderiam ter feito qualquer outra coisa para explicar a saída dela, menos o que fizeram realmente que ficou péssimo, afinal Camila Morgado, mesmo sendo excelente atriz, não tem carisma cômico e muito menos é de longe semelhante para assumir Danielle pós cirurgias plásticas. Camila entra bem para o time do filme, mas é uma excelente atriz para dramas, aqui fazendo comédia ficou parecendo que não sabia o que fazer, e não nos proporciona nenhum momento de riso, o que é uma pena. Leandro Hassum é um dos nossos comediantes mais carismáticos do cinema nacional, mas querer que faça dois papéis já está querendo virar o Eddie Murphy, e isso ele está muito longe de ser, poderiam ter deixado ele um pouco mais preso aos momentos divertidos, dando mais piadas e gags cômicas, ao invés de tentar criar uma aventura ao estilo de seu programa dominical. Kiko Mascarenhas é um dos pontos fortes da trama, que conseguiu adequar o tom de voz para que ficasse bem encaixado na comédia mesmo sendo o ponto sério da trama, com relação aos investimentos. Charles Paraventi consegue fazer um mafioso interessante e por pouco quase nos faz crer que realmente é um mexicano, ou seja, mostrou que sabe atuar bem. Anderson Silva começa a seguir os passos de seu mestre Steven Seagal ao fazer uma participação em várias cenas do filme, afinal depois do que aconteceu ontem, o cinema deve ser sua parada definitiva, e não desaponta não nas cenas que faz. A participação de Jerry Lewis ficou mais do que bem homenageada, colocando um dos mestres do humor para mostrar que num filme cômico é preciso por lendas também. Arlete Salles tenta agradar e se incorporasse um pouco mais o personagem acredito que conseguiria chegar no auge de sua Copélia. Dos demais cada um tentou como pode agradar frente às câmeras, mas não conseguiram chamar tanta atenção.

Como falei tecnicamente o filme está bem interessante, pois contou com uma produção bem rica, e sendo assim, as locações escolhidas ficaram de muito luxo, cheio de elementos visuais bacanas para chamar atenção e sempre com planos bem abertos para dar o ar de grandeza dos locais, porém como já diria meus antigos professores, um filme com boa produção não basta para agradar ao público mais exigente, e hoje o que vi foi uma prova nata disso. A fotografia também ficou bem condizente, utilizando sempre contras bem encaixados para não existirem sombras, mesmo nas cenas que tiveram um pouco de chroma-key, e com isso poucas cenas usaram de iluminação natural dando um ar um pouco recluso para o filme.

Enfim, a continuação ficou melhor que o primeiro, irá dar uma excelente bilheteria, afinal o público brasileiro adora comédias jogadas ao estilo desse, mas ainda está longe de ser considerado um filme de comédia da melhor estirpe, ficando somente com as poucas risadas que deixei mais nos erros pós-créditos que no filme em si que sorri com algumas cenas. Não recomendo ele, mas sei que muitos gostam do estilo que o Hassum faz, então se você é desses, pode ir que sairá feliz com o que verá. Encerro meu ano de 2013 nos cinemas com esse filme, mas não pense que vou ficar sem publicar claro a minha retrospectiva, então me despeço dos meus amigos leitores no dia 31 falando o que achei melhor no ano e alguns números que gosto tanto, então abraços e até lá pessoal.


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