Indomável Sonhadora

3/15/2013 09:08:00 PM |


Como pode existir filmes tão tocantes e ao mesmo tempo possuírem imagens tão fortes? Em "Indomável Sonhadora" algumas imagens chegam a ser nojentas de criar até certo asco em alguns momentos, mas a forma de condução tanto da história quanto da protagonista Quvenzhané Wallis nos comovem de um jeito que supera qualquer imagem tremida que foi passada durante toda a exibição, e olha que não foram poucas, que a única coisa que acabamos lastimando é de a distribuidora ter demorado tanto para exibir esse filme pelo interior.

A história nos mostra que Hushpuppy é uma menina de seis anos que vive com seu pai Wink às margens de um rio, em uma comunidade pobre. Um dia, ele descobre que está muito doente e decide que não quer ajuda médica. Wink passa a ensinar à menina a sobreviver quando ele não estiver mais presente.

O mais interessante que o diretor soube transmitir da história é a forma tão pobre que vivem os protagonistas, pois em momento algum conseguimos ver os personagens da história como pessoas que querem sair da pobreza, eles mantêm sua felicidade nas coisas pobres que gostam para sobreviver e essa carga dramática presente na vida deles é onde ele consegue mostrar o sentimento que o pai quer deixar para a filha, que ela mantenha suas origens de forma a sobreviver e vencer naquele mundo onde vivem sem precisar da ajuda de ninguém. Não creio que as tremidas de câmera tenha função dramática, e elas até chegam a incomodar em determinadas partes do longa, mas como disse o sentimento demonstrado através das lentes acabam sendo tão forte que muitos que não repararem na técnica acabarão nem notando esse detalhe. Outro ponto que vale salientar e incrementarei no próximo parágrafo está na direção de atores que Benh Zeitlin consegue fazer em seu primeiro longa com todos os protagonistas desconhecidos, e claro isso lhe rendeu a indicação como melhor diretor ao Oscar e ajudou o roteiro à também ser indicado.

No quesito atuação poderia perder horas detalhando cada personagem de tão perfeitos que são, mas vou me conter nos dois principais Hushpuppy e Wink. Quvenzhané Wallis é a típica garota que não conseguimos tirar os olhos dela enquanto está presente em cena, seu carisma, seu sentimento, até mesmo sua textura real foi transmitida pelas câmeras de uma forma que todos já estamos esperando seu próximo trabalho, pois nunca nesses meus muitos anos assistindo filmes, vi alguma interpretação infantil e talvez até mesmo de adultos da maneira que essa garota atuou nesse longa, perfeito seria uma palavra muito pequena para o que ela faz e novamente volto a fazer coro para que Hollywood ouça todos os críticos e coloque melhor atuação infantil como prêmio da academia. Dwight Henry também comove por ao mesmo tempo que é estúpido com a garotinha, conseguimos ver em seus olhos o sentimento de que tudo que faz é para que ela aprenda o que ele deseja, esse momento é altamente transmitido na sua cena final onde você se arrepia com todo o quadro, além claro de muitos outros que mostra um domínio de tela impressionante.

O trabalho feito pela direção de arte é tão impressionante, que ainda irei pesquisar se realmente existe essa comunidade pobre chamada Banheira no filme, pois são detalhes tão perfeitos presentes que os olhos ficam se movendo à todo momento para cada canto da tela para ver algo novo que ainda não foi mostrado. Claro que temos alguns elementos bem nojentos que até atrapalham às vezes, mas como disse isso pode ser relevado. A fotografia foi bem trabalhada e temos imagens escuras que são altamente realçadas de forma a brilharem nos pontos que o diretor quis chamar atenção, a única reclamação está na quantidade de cenas feitas com câmeras na mão que acabam exageradamente tremendo demais a imagem.

A trilha sonora também está bem colocada tanto para dar ritmo ao filme, o que nem é tão necessário pois possui apenas 93 minutos, mas ela funciona mais para dar sentimento do que tudo. Além claro dos ruídos que foram colocados, dando toda a dor e movimento para o não presencial que é bem trabalhado no geral, exageraram apenas um pouco na quantidade de batimentos de coração, mas tinha de ter algo para que reclamássemos.

Enfim, um excelente filme que recomendo com toda certeza para que todos assistam sem falta seja no cinema ou quando sair em DVD, afinal a distribuidora Imagem Filmes não acreditou no longa e como ele não venceu nenhuma categoria no Oscar acabou vindo para cá somente agora, então imagino até lugares mais para o interior. Fico por aqui agora, mas daqui a pouco tem mais por aqui, nessa semana que teremos praticamente todos os atrasados do Oscar. Abraços e até mais tarde pessoal.

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