A Filha do Meu Melhor Amigo

9/08/2013 07:35:00 PM |

É interessante ver como alguns filmes são datados e mesmo que não queiram conseguem transmitir o sentimento que "deve" ser passado na época em que ocorrem. Por exemplo, no filme que conferi hoje "A Filha do Meu Melhor Amigo" passa toda a simbologia da família, da preservação da amizade e todas as simbologias presentes no Natal aliás, o filme se passa na época do Natal, porém acabou enrolando um pouco demais para estrear aqui e mesmo tendo sido produzido em 2011 só veio agora para o Brasil. Já vi filmes com a mesma temática mais interessantes e até mais cômicos, pois o drama todo passado pelo caso acaba nem sendo dramático demais para pensarmos nem cômico suficiente para divertir o público, ficando bem em cima do muro.

O filme nos mostra que David e Paige Walling são vizinhos e amigos de Terry e Carol Ostroff. Por conta disso, os filhos do primeiro casal, Vanessa e Toby, se tornaram amigos de Nina Ostroff. Mas ela sempre foi meio rebelde e acabou saindo de casa logo. Depois de cinco anos sem dar as caras, ela retorna depois de um rompimento amoroso. Após a surpresa inicial, as mães ficaram contentes, porque sempre desejaram que rolasse alguma coisa entre ela e Toby. Só que Nina não estava lá muito interessada no jovem e acabou seduzindo, e sendo seduzida, pelo pai de sua ex-melhor amiga. Começa aí uma relação que vai abalar as estruturas da duas famílias, que andavam um tanto quanto acomodadas na rotina diária.

A forma narrativa apresentada é interessante por mesmo ser algo tão novelesco que nós brasileiros estamos acostumados, eles conseguem rodar ele num ritmo de série de um único capítulo. Porém esqueceram de um único detalhe, o público de séries gosta de algo bem definido, ou é drama ou é comédia, não tem como ficar em cima do muro, principalmente em algo de um único capítulo, pois se fosse alongado como numa série tradicional, até daria para desenvolver cada personagem, colocar mais drama pra algumas situações, mais comédia para outras e teríamos no final um sério candidato a prêmios de séries, mas numa única levada ninguém mostrou nada que sobressaísse ou fosse relevante, ficando bem morno. O diretor Julian Farino, que é bem mais conhecido na TV do que no cinema, até tenta dar algumas reviravoltas, mas elas não engrenam ficando numa linearidade total e monótona de 90 minutos, onde raros momentos surpreenderam ou rimos de algo.

O elenco que também é mega conhecido pelas séries que participam até convence bem, mas a história não tem ritmo suficiente para mostrar potencial de nenhum dos atores. Hugh Laurie tão conhecido pelas facetas de Dr.House ao mesmo tempo que faz cara de apaixonado, fica com a tristeza da família e dos amigos sendo quebrada, com isso não consegue se dirigir ao público para que soubéssemos qual é a sua real no filme, uma pena imensa, pois poderia ser uma comédia altamente inteligente do melhor nível com ele. Leighton Meester foi a que melhor conseguiu sair positivamente da trama, pois sua interpretação embora não caia para nenhum dos dois lados, tem brilho e como fica no meio da discussão de atores de peso, acaba sempre se saindo bem. Allison Janney ficou um pouco forçada como a mãe que empurra sua filha pra alguém que goste, além de aparecer pouco nos momentos em que está presente sua interpretação soa falsa. Oliver Platt faz bem seu papel também, mas como disse não tem quase tempo de tela, já que a trama foca mais os dois protagonistas, deixando os demais bem em segundo plano, talvez transformando o longa em uma série mesmo que de poucos capítulos veríamos mais de cada um e assim gostaríamos bem mais do que seria mostrado. Alia Shawkat não convence nem como narradora da história final, nem como filha rejeitada, seus momentos de raiva parecem birrinha de criança e seus trejeitos soaram estranhíssimos, estou tentando lembrar dela em outros filmes para saber se é problema da atriz ou do próprio filme, mas não consigo me recordar de nada importante dela. Adam Brody é praticamente um enfeite do filme, fazendo três cenas bem superficiais, tendo um grande momento só na cena dos presentes, mas sem nada que pudesse relevar. Catherine Keener faz um papel que poderia ser desenvolvido de forma genial, principalmente no momento em que se liga com a rede assistencial, mas ficou apenas como sendo a mulher traída que sai de casa, e isso ela fez bem com boas interpretações e tudo mais.

O visual das duas casas foi bem trabalhado, mas não muito mostrado, tirando é claro a preparação do jardim para o Natal, mas isso é devido ao curto tempo do filme. Uma grande amostra de como a equipe de arte fez um excelente trabalho são todas as cenas bonitas por onde o casal passa uns dias viajando, mas tudo é amostrado tão rapidamente que se não olharmos direito nem vemos tudo que é colocado em cena. A fotografia não utilizou nenhum filtro que trabalhasse remetendo para algum lado, justamente pela indecisão do diretor do rumo que deveria tomar a trama, então não temos nenhuma cena que você olhe e fale: "nossa que cena bonita!", ficando tudo como foi filmado mesmo.

Enfim, isso mostra que não basta um bom roteiro e um bom elenco, é necessário saber onde encaixar uma trama para que ela tenha o valor necessário para agradar a todos, se eu fosse um dos produtores desse filme com toda certeza não colocaria jamais no cinema, pediria para os roteiristas desenvolverem mais a história e lançaria como uma série natalina em algum canal da TV a cabo, onde com toda certeza seria sucesso, ao invés de ter rendido míseros US$ 400 mil no circuito por onde passou. Quem gostar do estilo e não tiver mais nada para ver, até pode ser um programa interessante, mas não recomendo como um bom filme. Fico por aqui agora, mas mais tarde estou de volta com mais um filme dessa semana recheada de estreias pelo interior, então abraços e até daqui a pouco.


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