Vizinhos 2 (Neighbors 2: Sorority Rising)

5/21/2016 11:32:00 PM |

Assim como falei quando vi "Vizinhos", a vibe para curtir os filmes de Seth Rogen é ir preparado para muita escatologia e não ligar para isso, pois é aí que as piadas acabam funcionando e ficando engraçadas. Claro que agora novo longa "Vizinhos 2" pode sofrer um belo ataque das feministas de plantão por usar algo que ultimamente anda tanto em moda que é sua independência, da vontade de usar o que quiser e não seguir nenhum molde, e em alguns momentos o diretor até parece apoiar a ideia, mas no decorrer da trama, acabam usando isso também como forma de piada, e aí a trama acaba ficando com dois vértices que até diverte quem não ligar tanto para a causa, mas tenho certeza que vai ter muita mulher brava com algumas cenas do longa. De modo geral é uma comédia bem divertida e segue a mesma linha do original, mas apela bem mais que o primeiro filme para conseguir risadas, e isso é um perigo para que o filme pudesse falhar feio, o que acabou não acontecendo, mas caso queiram seguir com a ideia de uma trilogia, a chance do próximo sair do eixo é altíssima.

O longa nos mostra que prestes a ganhar um segundo filho, Mac e Kelly estão dispostos a dar mais um passo rumo à vida adulta: morar em um subúrbio. Mas justo na hora em que decidem vender a casa, percebem que as vizinhas ao lado são de uma fraternidade muito mais sem limites que a anterior: as garotas de Kappa Nu, que estão cansadas das restrições da faculdade e decidiram criar uma república onde podem fazer tudo o que querem. A única saída será chamar Teddy, seu antigo vizinho, para ajudá-los a combater as estudantes.

Facilmente podemos dizer que os roteiros de Nicholas Stoller são melhores que suas direções, pois quando escreve filmes que não vai dirigir (geralmente encomendados), ele acaba colocando mais comicidade livre e incorporando os momentos às piadas, e quando pega para dirigir seus textos resolve tudo na base da apelação. Não digo que isso é errado, mas um filme precisar forçar o riso é motivo de que a ideia ficou desgastada ao ponto de não conseguir somente com a ideia da piada divertir, necessitando uma cena de vômito, ou pessoas drogadas surtando, ou até mesmo o apelo visual para as mulheres aparecer quase nu para roubar a cena. O diretor soube dosar ao menos as cenas mais grotescas com a diversão livre durante boa parte da trama, usando até mesmo recursos mais fofos ao inserir piadas com o estilo de ser pais atualmente, com a jovem garotinha. Claro que não é um filme que se possa refletir muito sobre o mundo feminista, mas a ideologia que foi colocada para a personagem de Chloë Grace Moretz vai deixar muita gente interessado na proposta, mesmo que seja usada algumas vezes para fazer graça, a preocupação em mostrar que hoje mulheres querem direitos iguais em tudo é algo bem interessante de ver em uma comédia, e quem sabe se melhor trabalhado agradaria a todos e ainda chamaria atenção.

Já que comecei a falar das personagens, Chloë vai sempre arrasar em qualquer filme que lhe entreguem um papel, e não apenas por ser uma boa atriz, mas por saber como desenvolver o papel que lhe é dado chamando a responsabilidade para si e agradando sempre com sua simplicidade mesmo que seja para fazer guerra como é o caso de sua Shelby no filme, que impostando sua voz doce, cria boas perspectivas para sua irmandade e ainda trabalha bem a personalidade, ou seja, veremos ainda muita coisa boa da jovem nas telonas. Seth Rogen é um cara divertido, mas precisa sempre de muita apelação para fazer graça, e seu Mac agora menos doidão do que no primeiro filme ainda apronta bastante, mas de uma maneira mais atrapalhada do que desesperada como acontecia antes, e claro que apelando bastante para divertir ele conseguiu chamar atenção no filme, mas poderia ser menos inconveniente em algumas cenas que agradaria mais. Zac Efron é o chamariz de mulher para uma trama que certamente não levaria nenhuma garota para assistir, e seu Teddy ficou ainda abaixo do que fez pois não tem mais o mesmo tempo de tela do outro filme, claro que o jovem possui uma boa dinâmica nas cenas em que foi exigido, mas está longe de conseguir chamar atenção pela interpretação que fez sem ser tirando a camisa. Rose Byrne é uma atriz interessante que gosta de misturar bem os trabalhos, e geralmente se sai bem em diversos gêneros, e se na quinta ela caiu bem no filme de mutantes, aqui ela até chama atenção como uma mãe daquelas que não vai dar grandes exemplos pras filhas, mas que na hora que precisa de um bom conselho sua Kelly acerta de certa forma, talvez com um pouco menos de expressões agradasse mais. Dos demais personagens, a maioria acabou nem tendo sua personalidade trabalhada para agradar, e isso é um problema gigante, mas se tenho de dar destaque para alguém, com certeza fica a cargo de todas as meninas que interpretaram os minions, pois foi uma diversão imensa ver minions live-action.

A equipe artística praticamente economizou tempo dessa vez, pois utilizando do mesmo cenário do filme anterior, só precisaram incluir os novos elementos cênicos, pois as festas utilizaram de mesma iluminação, e a criatividade foi quase nula na guerra entre os vizinhos (tá a cena dos absorventes foi bem nojenta! Mais nojenta do que criativa), porém no momento mais grandioso da trama, ao colocarem um megaevento de faculdades, poderiam ter trabalhado mais cenas ali, pois o visual era interessante para criar situações, e acabaram singelos demais com uma cena rápida, mas que certamente exigiu muito tempo de filmagem pelos longos planos de correria. Sobre a fotografia, a iluminação clássica praticamente dominou o filme, de modo que nada foi trabalhado para criar comicidade por alguma situação que envolvesse cores ou tons diferenciados, e isso é o que acaba pecando muito em comédia exageradas, que poderiam facilmente ser melhoradas com alguns toques mais trabalhados.

Enfim, está longe de ser um filme ruim, pois cumpre com a proposta de uma boa comédia que é divertir, mas o exagero chulo foi tão grande que fica também difícil gostar do que é mostrado. A proposta de colocar sexismo e feminismo num único filme para brigar dentro do roteiro foi excelente, mas mal-usada, e talvez se esquecessem os exageros deixando só a ideologia funcionar, o resultado seria extraordinário. Ou seja, recomendo somente para quem não se incomodar com abusos exagerados de todo tipo possível, pois qualquer coisa no longa pode incomodar qualquer um, bem mais do que divertir pelo absurdo, mas volto a frisar que não é algo ruim de se assistir. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com a última estreia dessa semana no interior, então abraços e até breve.

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