Vingança a Sangue-Frio (Cold Pursuit)

3/17/2019 03:00:00 AM |

Já nos acostumamos tanto com Liam Neeson fazendo filmes aonde alguém faz algo de ruim para algum familiar ou amigo seu, e ele vai atrás dos responsáveis fazendo com que eles desejassem nunca ter sequer pensado em ser pessoas ruins, que quando um filme novo dele estreia, já vamos conferir esperando ver algo desse estilo, e quando o resultado não ocorre dessa forma, acabamos ficando bem frustrados com tudo, ou seja, "Vingança a Sangue-Frio" pode até não ser a maior bomba do planeta, mas com situações cômicas tão bobas e jogadas acabamos inconformados com o que vemos na telona, de modo que a mistura de máfia, índios e um pai vingativo que acaba criando o conflito entre esses dois estilos de contraventores, resulta numa bagunça tão sem limites, que ficamos quase esperando aparecer na telona que foi baseado em alguma paródia, mas não, foi feito em cima de outro longa do mesmo diretor, com a mesma história, personagens, e tudo mais, diferenciando apenas pelo original ser norueguês, e esse novo, britânico.

Nels, um homem de família tranquilo, trabalhador e motorista de snowplow (limpa-neves), é a alma de uma deslumbrante cidade turística nas Montanhas Rochosas, porque é ele quem mantém limpas as estradas. Ele e sua esposa moram em uma confortável cabana longe dos turistas, e a cidade acaba de lhe conceder o prêmio de "Cidadão do Ano". Mas Nels tem que deixar sua tranquila vida nas montanhas quando seu filho é morto por um poderoso traficante. Como um homem que não tem nada a perder, ele se deixa levar por um impulso de vingança. Este herói improvável usa suas habilidades de caça e deixa de ser um homem comum para ser um assassino qualificado enquanto ele se esforça para desmantelar o cartel. As ações de Nels provocam uma guerra territorial entre um gangster conhecido como Viking e um chefe de uma gangue nativa americana. A justiça virá em um último confronto espetacular onde (quase) ninguém ficará ileso.

Cinco anos foi o tempo que o diretor Hans Petter Moland levou para mudar seu longa "O Cidadão do Ano" com um conceito inteiro passado no seu país natal, para um que se passasse nos EUA, coma mesma temática, o mesmo estilo, as mesmas personalidades, mudando poucos personagens, e resultando em um ato falho tão grandioso, cheio de cenas cômicas desnecessárias, diversos elos paralelos acontecendo quase que num estilo novelesco estranho, aonde o protagonista desaparece dessas cenas, ou seja, uma bagunça completa, que só não é pior, pela essência conseguir ser transmitida, de modo que o resultado empaca tantas vezes, que só me via batendo a mão na cabeça pensando o que estaria Liam Neeson pensando quando decidiu participar dessa produção, pois seu estilo vingativo é um clássico, mas o ator sabe fazer a tensão acontecer, enquanto aqui o diretor apenas tentou.

O mais engraçado do filme é que em suma temos o protagonista, que some e aparece tanto que em diversos momentos chegamos a pensar que o filme não é em cima dele, mas sim uma novela com várias vertentes, sendo que alguns aparecem apenas para serem mortos pelos traficantes, que ao menos fizeram uma arte bacana para mostrar a declaração do morto e seu nome no meio mafioso. Dito isso, temos de falar do principal motivo que acredito do filme ser assim, que é o de Liam Neeson já estar velho para tantas cenas de pancadaria, e aqui vemos ele matando quase que subliminarmente e só jogando fora depois o corpo, para evitar mesmo tantos pulos, socos e correrias com seu Nels, mas ao menos ele ainda fez boas expressões para alguns atos, não sendo artificial demais. Tom Bateman faz o líder do tráfico Viking de uma forma tão jogada e engraçada, que fui até conferir se seu estilo era de filmes de fazer mais filmes de comédia, mas não, então não sei o que lhe foi solicitado pelo diretor, pois o papel ficou estranho. O jovem Nicholas Holmes foi um dos poucos que surpreendeu na trama com seu Ryan, e merecia ter aparecido mais no longa, pois fez cenas bem colocadas com praticamente todos os atores. Quanto aos demais, vale rir pela sacada de um casal gay na máfia, a da piada sexual de um dos mafiosos, e as boas escolhas para os indígenas, que foram bem dinâmicos nas suas cenas, mas sem muito o que se impressionar.

O longa possui cenários interessantes como mansões incríveis tanto por parte do grande líder do tráfico em Denver, quanto pelo irmão do protagonista que mora numa casa cheia de detalhes com fogo no meio da neve, e claro muitas cenas em meio da neve para que o protagonista com seu caminhão passasse arremessando tudo pelos ares, tendo até uma cena bem tosca no final com ele, e claro que usaram bem a casa singela do protagonista para mostrar seu estilo simples, de alguém que come a própria caça, e sabe fazer isso bem. Sou suspeito por amar a fotografia em meio de cenas com neve, mas os tons funcionaram muito bem dentro do filme, dando bons contrastes e chamando a atenção aonde desejavam, mas certamente poderiam ter brincado mais no meio congelante.

Enfim, não lembro de ter conferido o filme em que o longa foi baseado, e irei tentar ver para voltar aqui e comentar se lá o diretor também fez algo tão jogado como acabou entregando esse, ou se é o velho problema dos produtores americanos/britânicos se enfiarem no meio de uma história e estragarem ela, mas com o resultado aqui mostrado, só vai valer a recomendação para quem quiser ver uma comédia bagunçada, que parece filme de máfia, mas que era para ser algo mais dramático, ou seja, quase ninguém sai feliz com o que viu na sala. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...