Brooklin (Brooklyn)

2/14/2016 01:32:00 AM |

Já vimos inúmeros filmes sobre imigração, sobre a saída da casa dos pais, sobre romances inesperados, e sempre acabamos nos surpreendendo com algo diferenciado que alguns diretores conseguem nos mostrar, e com "Brooklin" não foi diferente, pois inicialmente temos um filme tão simples, que é capaz que muitos que não virem num cinema até desistam de continuar vendo, mas acabamos nos apegando tanto à personagem principal, com seu jeito singelo de ser, e sua beleza não apenas exterior, mas com fortes e respeitosos gestos, que lá pela metade ficamos presos querendo saber se o rumo de suas ideias vão mudar, e o filme que era simples e doce demais acaba dramatizando, porém sem queimar a beleza de um ótimo romance. Ou seja, é um filme bonito, que não diria ser um forte concorrente aos prêmios, mas que não fica fora da lembrança e lições que pode nos ensinar.

O longa nos mostra que a jovem irlandesa Eilis Lacey se muda de sua terra natal e vai morar em Brooklyn para tentar realizar seus sonhos. No ínicio de sua jornada nos Estados Unidos, ela sente falta de sua casa, mas ela vai tentando se ajustar aos poucos até que conhece e se apaixona por Tony, um bombeiro italiano. Logo, ela se encontra dividida entre dois países, entre o amor e o dever.

Sei que muita gente não curte, mas acho bacana quando um diretor tenta mostrar algo de seu país ou de sua cultura. E John Crowley foi totalmente severo ao mostrar a cultura de cidades pequenas, aonde todos são influenciados por todos, todos ficam sabendo da vida alheia e muitos acabam nem saindo daquele mundinho pelo resto da vida, querendo apenas casar com alguém dali, ir ao clube tomar chá, jogar algum jogo, e o choque com a realidade de uma cidade grande pesa, mas faz com que a vida da pessoa mude também. Com essa ideologia, e ainda incorporando todo ar romântico da década de 50, com a imigração nos EUA em um dos pontos máximos de diversas culturas, o diretor conseguiu captar bem a essência de um livro premiadíssimo e criou uma história que agrada pela simplicidade de não querer levantar grandes voos, mas também não deixa uma pontinha de vergonha para ideologias ruins de cidades pequenas. Ou seja, é um filme bonito que pode até não ter nada demais no seu conteúdo, mas que marca na lembrança e aliado à maravilhosas interpretações acaba agradando e emocionando na medida certa.

Como já disse acima, a interpretação que Saoirse Ronan dá para sua Eilis é algo lindo de se ver, e tanto sua beleza, como seu jeito simples de atuar acaba envolvendo aos poucos e agradando bem lentamente, conseguindo uma conexão diferenciada com o público. Emory Cohen é nascido nos EUA, não possui qualquer ancestral italiano, mas transmitiu toda a ginga e carisma italiana para seu personagem Tony que acaba nos conquistando da mesma forma que conquista a protagonista do filme, e claro que como qualquer família italiana, a bagunça é completa e a diversão ocorre em qualquer momento. Será que vou ter de citar Domhnall Gleeson em mais algum texto nesse ano? Estamos em Fevereiro e já vi quatro filmes com ele, e felizmente o ator se sai bem em todos, mas claro que aqui como seu lance acaba sendo somente na segunda parte do filme, seu Jim não possui um impacto tão forte na trama, e ele trabalha mais com a ideia de quebra do roteiro do que mostrar trejeitos expressivos, ainda que agrade por ser sempre um ator que trabalha bem a expressão nos olhares. Tivemos também outras boas interpretações femininas na trama, mas sempre com pontuais momentos, e isso não dá grandes destaques, mas ainda vale a pena falarmos um pouco de cada Julie Walters foi singela com sua Mrs. Keough que sempre tinha bons momentos na mesa de jantar com suas pensionistas, Fiona Glascott deu em seus poucos suspiros como Rose, uma beleza de amizade entre irmãs de muito tempo, e isso marca também, e para finalizar Jane Brennan soube fazer aquela mãe possessiva pelas filhas com olhares fortes e bem carismáticos.

Se existe uma época que os diretores de arte gostam de trabalhar é os anos 50/60, pois são figurinos incríveis de mesclar, locações com muita classe e claro objetos cênicos perfeitos para representar cada ambiente, então aqui não se vê falha alguma, aliás se existe uma categoria boa para o filme estar concorrendo à premiações é a de figurino, pois os tons escolhidos para as roupas da protagonista para que ela se destacasse dentre as demais, foi algo muito belo de ver nos enquadramentos, e sempre trabalhando um contexto maior, as locações sempre envolviam de uma forma única. Como já disse na arte, a fotografia também se compôs de muitas cores neutras nas laterais, dando vida somente aonde o diretor desejava realmente enquadrar, aí colocando tons mais fortes de cores vivas para chamar atenção, e mesmo nos momentos mais simples, o visual sempre dominava frente ao restante.

Enfim, não é um filme genial, cheio de nuances e surpresas que choquem o público, mas quem gostar de um romance gostoso e bonito de ver, com pitadas dramáticas para dar alguns pontos de virada, certamente vai gostar do que foi mostrado aqui. Não falei muito sobre os prêmios que está indicado ao Oscar, pois filme é algo injusto de estar no meio dos indicados com outros melhores concorrendo, roteiro adaptado ainda cabe bem, pois o livro é premiadíssimo, e ficou uma boa adaptação de se ver na tela, e quanto à atriz, fez mais do que jus à indicação, pois está incrível. Portanto essa é minha recomendação, se gostar do estilo, é algo que vale a pena acompanhar, se gosta de algo mais dramático e cheio de reviravoltas, esse não é o filme indicado. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha semana cinematográfica, afinal alguns longas ficaram fora de cartaz, mas volto em breve com mais posts na próxima quinta, então abraços e até breve.


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