A Culpa é das Estrelas

6/05/2014 02:26:00 AM |

O nicho de filmes baseados em best-sellers é uma tendência que já vem decolando há tempos, mas nenhum ainda tinha sido tão elogiado por fãs que afirmam ter visto todas as páginas do romance nas telas como está sendo com "A Culpa é das Estrelas", e mesmo não lendo o livro é notável toda a preocupação da produção e da direção para colocar sentimento em cada detalhe da trama, parando até mesmo em alguns momentos e focalizando o ao redor dos protagonistas para que o público se ambientasse com o que está acontecendo com eles, e isso torna o filme até maior do que ele próprio já foi concebido. Claro que é um filme que pode emocionar muitos, dar nó na garganta em outros, afinal a atuação mais que convincente dos protagonistas mostrou que se alguém tinha qualquer dúvida neles, pois passaram por testes não sendo escolhidos diretamente para ser os protagonistas como acontecem muitas vezes, pode levantar e aplaudir já que conseguiram fazer diversas fãs do livro lavar a sala do cinema. Ou seja, com um diferencial de muitos outros romances principalmente pela condição de que todos envolvidos possuem algum problema, e não juntando um bom com um ruim, o filme acaba sendo perfeito, mas vamos falar mais de cada item abaixo.

O filme nos mostra que diagnosticada com câncer, a adolescente Hazel Grace Lancaster se mantém viva graças a uma droga experimental. Após passar anos lutando com a doença, ela é forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio cristão. Lá, conhece Augustus Waters, um rapaz que também sofre com câncer. Os dois possuem visões muito diferentes de suas doenças: Hazel preocupa-se apenas com a dor que poderá causar aos outros, já Augustus sonha em deixar a sua própria marca no mundo. Apesar das diferenças, eles se apaixonam. Juntos, atravessam os principais conflitos da adolescência e do primeiro amor, enquanto lutam para se manter otimistas e fortes um para o outro.

Para quem não leu o livro, a sinopse em si já diz muita coisa e nos prepara, um pouco, para tudo que irá ocorrer nos momentos seguintes, claro que não vou dar spoilers, afinal já disse ser completamente contra isso, mas quem, assim como esse Coelho que vos digita, vai em diversos outros filmes acompanhou o trailer tantas vezes que já podia imaginar uma boa parte da trama que qualquer coisa dita nem acaba sendo tanto um spoiler, e só de falar que todos estão lavando os cinemas já é meio caminho para qualquer outro fator. Pois bem, o que os roteiristas fizeram foi algo bem trabalhado para não estragar o livro como a maioria faz, e só de dizer isso já é um motivo a mais para gostar do filme, e satisfatoriamente Josh Boone dirige seu segundo filme com uma mão firme para agradar somente, não precisando causar impacto algum e muito menos forçar a barra para que seu filme ficasse autoral ou artístico demais, ele sabia que tinha em mãos um livro sucesso de vendas e manteve o filme no mesmo ritmo para lotar salas, tornando um drama romântico em um blockbuster sem ser meloso demais, nem dramático demais, claro que tirando a opinião de algumas moças que até soluçaram de tanto chorar, para agradar em cheio críticos, fãs, e até mesmo quem gosta apenas de ver um bom filme no cinema, ou seja, não tinha como errar a mão, apenas dando foco em alguns detalhes, trabalhando a câmera para não ser tradicionalista demais nem abusado demais, o que funcionou em cheio.

Já cantei a bola no início ao falar da perfeita atuação dos protagonistas, mas vou reafirmar aqui a forma trabalhada que todos se dedicaram para o filme. É notável a química perfeita entre o casal, apenas com olhares discretos que transmitem muito mais que um sentimento, é algo bonito e emocionante de ver num filme, e mais do que isso, passamos a ter uma confiança maior nos atores, afinal estão se transformando em protagonistas recentes de filmes e cada vez mais passaremos a gostar de seus trabalhos, já sendo o segundo longa em menos de um ano e já vindo mais três, no mínimo, nos próximos anos. Shailene Woodley com toda certeza fez um laboratório incrível para fazer a personagem, pois seu sentimentalismo em cima da doença é algo que impressiona e nos comove, e não bastasse isso quando a jovem encara a situação como sendo responsável pelo filme, encara cada respiração como sendo a final da personagem e um novo momento para sua caminhada dentro do filme, ou seja, perfeita. Ansel Elgort não teve o destaque que merecia em "Divergente", mas aqui mancou o filme inteiro, mostrando que sabia a limitação do personagem e tinha isso como foco para não cometer nenhuma gafe, e trabalhou seus diálogos com emoção e empolgação, algo que até poderíamos ver em outro ator, mas não seria tão verdadeiro como o que conseguiu passar, e tendo sempre uma boa sacada nos seus diálogos, aproveitou disso para expressar em sua face o mesmo sentimento que o texto pedia. Nat Wolff foi até testado para ser o protagonista, mas como não caiu como Gus, fez um Isaac interessantíssimo dando ao mesmo tempo força e ambientação num personagem que poderia ser difícil de trabalhar e em seus momentos mais marcantes consegue até chamar atenção pra si, sem atrapalhar os protagonistas. Willem Dafoe tinha tudo para fazer um personagem coadjuvante que ditaria seu texto e não chamaria atenção alguma para impactar na trama, mas faz algo tão genial ao construir o autor do livro favorito da protagonista, que acaba funcionando até como uma autocrítica para aqueles que insistem em mandar cartas para os autores, além claro de ter os diálogos mais fortes e duros da trama que executou com uma perfeição incrível que se fosse em uma novela global, amanhã ele não poderia estar andando nas ruas. Laura Dern e Sam Trammell até possuem bons momentos no filme, mas não chegam a fazer muito que venha valer algum destaque específico, tirando claro as cenas mais fortes quando entram em discussão com a protagonista, mas são bem poucos os que chamem atenção.

O trabalho da produção e da direção de arte para mostrar o ambiente foi algo interessantíssimo de ver, claro que detalhes podem até passar sem serem notados, mas acredito que tentaram o máximo para que os fãs do livro olhassem ali e vissem tudo que queriam ver na tela do cinema. Além disso, para quem não tiver lido o livro, essa boa contextualização cenográfica funciona bem para sentirmos o filme, não ficar apenas aberto dentro do roteiro a trama e que tudo acontecesse por motivos que só o diretor e o roteirista quisesse, mas cada cena tem um envolvimento e trabalha com o real sentido da emoção que querem apresentar ali. Novamente vale destacar as mensagens de texto funcionando muito bem com balões legendados em nosso idioma, o que ficou inteligentíssimo por parte da distribuição nacional, já que poderia aparecer em inglês mesmo nos balões e vir a legenda embaixo, mas funciona e dá um charme a mais o jeito que ocorre. A fotografia foi o único ponto que não tentou inovar nem chamar atenção para nada, usando apenas de contraluz para ressaltar um ou outro momento e teve destaque apenas na cena do restaurante por usar do efeito de diversas mini luzes, claro que a ambientação ajudou a produzir um visual bonito nas cenas, mas poderiam ter chamado um pouco mais a responsa nos momentos mais densos.

A trilha sonora foi composta de muitas canções, o que sempre é um risco nos filmes por acabar dando um ar temporizado, mas todas possuem cadência exata para cada momento e agradam de forma a nos envolver, emocionar, divertir e todos outros sentimentos que o diretor queria para cada ato, e assim sendo o risco que correram foi substituído por reconhecimento que com certeza terão daqui pra frente já que Mike Mogis e Nate Walcott não eram compositores tão conhecidos no meio cinematográfico.

Bem é isso pessoal, não é daqueles filmes que você fala nossa que filme foda, mas gostei muito do que vi, estava morrendo de medo de ser um filme tedioso, meloso e tudo mais que sabemos que uma adaptação pode acabar virando, mas acabou me tocando, e com isso, claro que recomendo ele para todos que gostem de um bom drama. Claro que se você não é fã de romances, o filme pode não agradar tanto, mas a forma envolvente que tudo é passado vai fazer até mesmo o mais insensível gostar de algo no filme e recomendar para que outra pessoa veja. Quanto dos fãs do livro, podem ir também tranquilos assistir que não tem como se decepcionar com o que verá. Claro que mais uma vez também fecho meu texto agradecendo a parceria com o Cinépolis Iguatemi Ribeirão Preto e o Shopping Iguatemi Ribeirão Preto, por poder proporcionar uma sessão agradável, gostosa e com mimos inteligentíssimos para todos os convidados de uma sessão única, que ocorreu antes mesmo da première em diversos países, ou seja, um luxo completo que temos só que agradecer e parabenizar por tudo que fizeram. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, infelizmente vieram poucas estreias para o interior, com horários não tão bons, afinal o filme que vai lotar salas será esse que comentei agora, mas volto para falar dos outros menores ainda nessa semana, então abraços e até breve.

PS: A nota para o filme em si seria 9 pela fotografia não ter me agradado tanto, mas como o contexto geral do filme, juntamente com o que costumo falar de analisar o sentimento do público em geral, afinal como sempre repito, sou totalmente favorável à filmes que agradem em cheio o público que quer atingir, a nota será 10 por não ter um 9,5.


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