Acho muito interessante o quanto trombo com alguns temas pelo meio do caminho nessa jornada de ver vários filmes, pois fica parecendo que escolho o que vou ver, mas a maioria é na trombada mesmo com o melhor horário ou duração para encaixar tudo, e nesse final de semana vi 3 filmes em 2 dias (1 no sábado a noite e 2 agora no domingo) trabalhando o mesmo tema de formas bem diferentes, que é o corpo da mulher, do direito dela decidir o que fazer quando engravida sem estar querendo engravidar, e o mais bacana é como cada país trata o tema, pois foi um longa americano, um brasileiro e um argentino, um com uma história original da cabeça do roteirista, outro embasado em um livro de ficção e o terceiro com uma história real que mudou as leis do país. Ou seja, é um tema de discussão ampla, que muitos tem melhores argumentos, sabem pontuar melhor, mas que vale sempre a reflexão, a apresentação na telona, e como crítico de cinema vou pontuar somente como o tema foi trabalhado na tela, sem entrar em muitas reflexões. Dito tudo isso, foi bacana ver como uma das atrizes mais famosas da Argentina está cada vez mais virando uma diretora imponente que sabe escolher bem seus temas e estar bem solta tanto na frente quanto atrás das câmeras, de modo que "Belén: Uma História de Injustiça", que pode ser conferido na Amazon Prime Video, tem uma pegada densa e muito bem retratada, aonde ela conseguiu retratar o tema e a intensidade com um olhar amplo e que refazendo muitas das cenas que apareceram em vários jornais, se impôs para que seu filme tivesse vida própria, e assim sendo, uma carga dramática bem encaixada e chamativa, aonde o tema por ser de grande exposição foi muito além das fronteiras argentinas, e atingiu o mundo no ano de 2014, e vem sendo muito debatido mundo afora até hoje.
O longa nos conta que uma mulher hospitalizada descobre que está grávida. Após uma emergência médica, ela enfrenta acusações criminais. Com o apoio de sua advogada e de defensores dos direitos das mulheres, ela luta por justiça em um caso histórico.
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O longa nos conta que uma mulher hospitalizada descobre que está grávida. Após uma emergência médica, ela enfrenta acusações criminais. Com o apoio de sua advogada e de defensores dos direitos das mulheres, ela luta por justiça em um caso histórico.
Em seu segundo longa como diretora e roteirista, a atriz Dolores Fonzi mostrou que tem estilo e sabe se conectar bem com o espaço, pois muitas vezes fazer o trabalho triplo de estar na frente e atrás das câmeras dá muito errado, e aqui vemos uma história difícil, cheia de dinâmicas fortes e cenas amplas que ela soube conduzir bem para que ficasse realista pela dificuldade do jurídico em qualquer país, de se conseguir os processos quando tudo parece armado, o pessoal que é contra a defesa de alguém intimidando advogados e tudo mais, ao ponto que também foi bem montada as cenas de marchas e protestos, um programa da tarde meio que absurdo e com nuances bem técnicas vemos que o trabalho da direção foi imponente e forte da mesma maneira que a atuação da protagonista, ou seja, ela foi se completando e o resultado funcionou.
E já que comecei a falar das atuações, Dolores Fonzi sempre foi uma atriz de muita personalidade, com olhares e traquejos fortes em suas dinâmicas, e aqui sua Soledad Deza foi daquelas advogadas que não aceitam o não de forma alguma, se botando na frente de tudo e sofrendo algumas consequências por ir tão a fundo, de modo que o resultado acaba sendo imponente e mostrando que a atriz ainda tem muito para entregar na tela. Camila Plaate trabalhou sua Julieta/Belén com um ar triste e difícil demais, afinal está presa por algo absurdo demais, porém deram uma baqueada demais na artista, ao ponto que chega a dar pena só de olhar para ela, o que não sei se era para estar dessa forma, mas foi bem no que fez. Ainda tivemos outros bons personagens, mas a maioria dando apenas conexões, mostrando a grande junção de mulheres para tudo, a família da protagonista nos auxílios, e tudo mais, de forma que não se expressaram para interpretar muito, mas funcionaram para o que precisavam aparecer.
Visualmente tivemos atos bem marcantes na casa da protagonista sofrendo ataques por estar defendendo a moça, tivemos atos em algumas lanchonetes, muitas cenas no fórum para tentar pegar o processo da detenta, os atos também na casa dela preparando faixas e material para os protestos, várias cenas nas ruas, e claro dentro do tribunal com os julgamentos, além de atos na prisão com a acusada, ou seja, tudo bem montado sem grandes chamarizes, mas bem feito para ser representativo na medida.
Enfim, é um longa imponente que acabou chamando muita atenção da crítica especializada, tanto que concorre junto do brasileiro "O Agente Secreto" no Critics Choice, e que vale a conferida para a reflexão sobre o caso no passado e como isso ocorre atualmente no mundo todo, então vale a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


































