A Procura de Martina (La Búsqueda de Martina) (Martina's Search)

5/31/2025 07:26:00 PM |

Esses dias conversando no programa Estúdio TH+ que faço parte às sextas estávamos discutindo como as produções brasileiras tem melhorado substancialmente, e digo mais, após vários trabalhos em conjunto com outros países ao nosso redor, estamos vendo trabalhos fortíssimos de envolvimento, com nuances precisas bem colocadas, e que usando de conhecimentos replicados acabam fazendo algo bonito na telona para não apenas contar histórias, mas sim ampliar o horizonte das pessoas e ao emocionar com a essência bem trabalhada também levantar problemas do passado para que não ocorram novamente. E a colaboração entre Brasil, Uruguai e Argentina, "A Procura de Martina", que estreia nos cinemas na próxima quinta 05/06 traz não apenas uma situação tensa que são as avós da Praça de Maio em busca de seus netos que foram levados das mães grávidas durante a ditadura argentina, mas também coloca uma doença triste demais que é o Alzheimer em seu ponto quase crítico. Ou seja, é daqueles filmes que permeiam situações tão bem colocadas na tela, que você acaba se envolvendo fácil com a protagonista, e quando vê ela fazendo a loucura de sair de Buenos Aires, andar pelo Rio de Janeiro sozinha nos lugares não muito amigáveis, e tudo mais, acaba sentindo a pressão e a tensão junto dela para chegar aonde deseja, sendo bonito e bem representativo.

O longa nos conta que Martina é uma viúva argentina que procura há mais de trinta anos pelo neto, nascido em cativeiro durante a ditadura militar. A necessidade de encontrá-lo se torna ainda mais urgente quando Martina recebe o diagnóstico de Alzheimer. Ao descobrir que o neto pode estar no Brasil, Martina embarca em uma jornada onde passado e presente se misturam, transformando sua busca em uma luta contra o esquecimento.

Diria que a estreia da diretora e roteirista Márcia Faria em longas foi precisa demais, pois a história em si tem um funcionamento tão doce e ao mesmo triste, que consegue se desenvolver dentro da trama várias sensações, e isso conforme vai acontecendo na tela vai se abrindo os frutos do carisma da personagem para com a essência do que viveu, da sua busca em tentar não ser esquecida, de ter um mínimo contato com alguém de seu sangue, e tudo mais, juntamente com fantasmas do passado que a mente vai lhe trazendo, criando um elo bonito e cheio de desenvolvimentos. Ou seja, ela fez daqueles filmes que mesmo não sendo fortes e impactantes, conseguem passar o sentimento da tela para o público, e isso é acertar na escolha de um primeiro longa, que nem é tão longo assim, tendo 87 minutos que é uma medida perfeita para funcionar.

Quanto das atuações, sem dúvida alguma Mercedes Morán soube dominar a tela com sua Martina, passando muita sinceridade no olhar, desenvolvendo personalidade nos atos mais densos e sendo tão solta que por vezes você até esquece que está vendo um filme e não apenas acompanhando ela na sua busca, o que é bem raro de ver em muitos filmes aonde você sente a mão do diretor nos personagens e atores, ou seja, ela se jogou e conseguiu passar muito tanto a sensação da doença, quanto o sentimento de perda de alguém. Outra que foi muito bem em cena, e gosto muito de suas atuações é Luciana Paes, pois fazendo a recepcionista do hotel Jéssica de cara demonstra conhecimento do Rio, e assim como as boas recepcionistas são fluentes em outros idiomas, e aqui além disso ela ajudou demais a protagonista na sua busca, foi precisa de envolvimento, e a atriz passou trejeitos tão bem feitos que acabam agradando bastante na tela. Vale ainda dar um destaque para Carla Ribas com sua Hilda, aonde não chega a passar a rigidez militar de seu marido, mas segurou a dramaticidade cênica nos atos de confronto com a protagonista, sendo bem marcante com o que conseguiu trabalhar.

Visualmente o longa passeia no começo pela casa da protagonista, sua rotina de remédios e coisas sumindo de sua vista, sua imaginação conversando com o marido que não a ajuda achar as coisas, vemos suas idas na hidroginástica e no aniversário de uma amiga, depois já no RJ vemos suas andanças por bairros simples e comunidades, além de um fechamento em um terreno bem marcante pela simbologia entregue, ou seja, a equipe de arte foi sutil e direta no que desejavam entregar.

Enfim, é um filme que em um primeiro momento achei que não fosse curtir tanto, mas que acabou me envolvendo de um jeito gostoso e interessante, e que certamente recomendo para todos que gostam de um bom drama com os temas, então fica a dica para conferirem nos cinemas quando lançar no dia 05/06. E é isso meus amigos, fico por aqui agora agradecendo a Bretz Filmes e a Primeiro Plano Assessoria pela cabine, e volto mais tarde com outras dicas, então abraços e até logo mais.


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O Esquema Fenício (The Phoenician Scheme)

5/31/2025 01:45:00 AM |

Não sou um amante dos filmes do Wes Anderson, mas gosto da estética toda certinha, gosto de ver as loucuras que muitas vezes ele entrega, e principalmente gosto da maioria dos atores com quem ele trabalha (aliás ele deve ser muito amigo de Hollywood inteira, pois tem personagens que entram com menos de 1 minuto de tela em todos seus filmes!), mas não havia visto nem trailer, nem sinopse, nem nada sobre seu novo longa "O Esquema Fenício", e dessa vez ele se superou na quantidade de bebida que tomou para escrever o roteiro, pois é quase como você entrar em uma aula de matemática daquelas completamente complexas achando que veria uma aula de soma de dois mais dois, sendo uma bagunça tão complexa, com tantas informações e dinâmicas, que se fosse algo rápido e bem colocado até daria para curtir, mas é lento e cheio de pontos e interjeições, aonde nossos olhos vão fechando, tudo vai cansando, e confesso que pensei em dormir ou ir embora que é algo que há muito tempo não penso em filme algum. Ou seja, se você realmente for muito fã do estilo do diretor, vá bem descansado conferir, senão a chance do que falei acontecer é altíssima.

No longa vemos que o excêntrico magnata Zsa-zsa Korda já sobreviveu a seis acidentes de avião e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl. Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida saia do papel, o "Korda Land and Sea Phoenician Infrasctructure Scheme". Agora, eles precisarão viajar pelo mundo acompanhados pelo ingênuo tutor Bjorn negociar com empresários, empreiteiros e criminosos perigosos, confundindo-os sobre suas intenções para afastá-los do esquema.

Claro que quem vai conferir os longas de Wes Anderson sabe bem o que vai encontrar, então na sala vemos a maioria massiva de fãs do estilo dele, e ele não desaponta esses fãs com a entra de seu roteiro e direção, porém diria que ele excedeu um pouco com sua loucura dos personagens, ao ponto que não chega a ser crível uma pessoa tão bizarra ao ponto do protagonista e sua ideologia, chegando a ficar forçado além do padrão Wes de qualidade. Ou seja, sei que muitos vão amar o que verão na tela, mas se irão entender toda a loucura para explicar para qualquer outra pessoa, aí já vai ser outra história. Dito isso, o longa tem pegada, e a essência clássica, com uma história completamente maluca, que num primeiro momento até fazia um certo sentido, mas depois com tantas explicações e negociações malucas, já ficou fora demais da caixinha para uma pessoa normal entender e gostar.

Quanto das atuações, vou ser econômico, pois se eu falar de todos os atores do filme acho que não acabo esse ano de escrever, então diria que Benicio Del Toro caiu bem na personalidade de Zsa-zsa Korda, tendo traquejos e dinâmicas que por vezes lembram um pouco o personagem da família Adams, mas que sabendo dimensionar o que o papel lhe pedia, conseguiu ir se conectando e discutindo com todos os demais com uma qualidade impecável de estilos, e felizmente isso foi suficiente para que o papel não destoasse tanto na tela do começo ao fim, mas ainda assim é alguém bem cheio de excessos. O começo de Mia Threapleton com sua Liesl até tem seu gracejo e funciona bem, mas depois começa a incomodar por ser repetitivo e sem muita expressividade cênica, ou seja, fica faltando algo para criarmos algum carisma ou ódio por ela, e isso é muito ruim quando acontece em qualquer filme. Michael Cera fez com seu Bjorn algo quase que como se ainda estivesse interpretando seu papel em "Barbie", e ficou um boneco de apoio dos demais protagonistas, estando em todas as cenas, mas com uma importância tão besta que chega a dar pena dele ali, ou seja, não fluiu. Quanto aos demais, vou apenas citar os bons momentos de Tom Hanks e Bryan Cranston batendo um bom basquete contra os protagonistas, e ao final Benedict Cumberbatch bem revoltado com seu Nubar, mas sem grandes chamarizes.

Visualmente os longas do diretor são muito bonitos de ver, com uma formatação clássica, cheia de cores, figurinos, objetos malucos e claro tiros, explosões, pedaços voando, sangue e tudo mais que se imaginar por todos os ângulos possíveis, de modo que a abertura vista por cima de um banheiro é um deslumbre a parte, e tudo parece uma composição de quadrinhos transportados via massinha para a tela, o que agrada bastante, e também diverte com a essência na tela, mas é algo maluco de se imaginar cada ambiente e cada situação, então tem de entrar no clima para pensar tanto como o diretor quanto os designer de produção.

Enfim, é um filme que com poucos ajustes seria uma obra fascinante do diretor, mas que pelo excessivo estilo maluco, junto de uma história confusa e sem base funcional, mais um ritmo bagunçado e não tão dinâmico acabaram mais cansando do que agradando, então não posso dizer que recomendo o que vi na tela hoje. E é isso pessoal, amanhã volto com mais dicas por aqui, então abraços e até logo mais.


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Confinado (Locked)

5/29/2025 11:50:00 PM |

Desde o dia que vi o trailer de "Confinado" já fiquei esperando que seria apenas mais uma versão americanizada dos ótimos filmes: "4x4" que é um argentino de 2019, e do brasileiro "A Jaula" de 2022, que já tinha sido uma adaptação do longa argentino, afinal sabemos que bons filmes que chegam nos EUA legendados acabam sendo transformados em versões, muitas vezes ruins, deles. Mas como não ligo de ver algo novo, mesmo que seja muito semelhante, via que a proposta aqui ia ser bem diferenciada, tendo uma pegada mais moralizada em termos de justiça social e vingança contra crimes, além de não ficar apenas claustrofóbico com o carro parado, botando aqui para quebrar na cidade com muita movimentação. E cá estou hoje após conferir o longa bem feliz com o que vi na telona, pois usaram claro a base original, mas inseriram tanta coisa nova, que praticamente vemos outro filme, aonde tudo soa tão insano, que chega a impactar em diversos momentos, só não sendo algo perfeito pelo final "bonitinho" demais, pois dava para terminar de forma caótica e surpreendente, mas não seria o estilo americano tradicional.

A sinopse nos conta que o assaltante Eddie invade um SUV de luxo acreditando ter encontrado o alvo perfeito, mas cai em uma armadilha mortal. O veículo pertence a William (Anthony Hopkins), um autoproclamado justiceiro que impõe sua própria visão de justiça. Transformado em uma prisão sobre rodas, o carro torna cada movimento uma ameaça. Sem saída e à mercê de um inimigo frio e calculista, Eddie precisa lutar para sobreviver nesse jogo implacável.

Diria que o diretor David Yarovesky foi direto ao ponto que desejava com sua trama, pois certamente viu o original e a adaptação que foram feitas para que conseguisse enxergar algo diferenciado, e não apenas uma cópia com vozes nacionais, e isso foi uma grande sacada, pois dava para fazer algo tranquilo, com a mesma pegada e entregar, mas ao se discutir justiça de uma forma mais intensa, e não ficando somente em um dia inteiro como acontece nos outros longas, aqui com praticamente 5 dias o caos foi marcante e cheio de nuances, aonde o diretor pode criar as mais insanidades possíveis para que o assaltante sofresse muito nas mãos do médico sádico, e o resultado acaba impactando com as loucuras colocadas na tela. Claro que quem for pensando em ver os outros filmes que já conhece irá reclamar de muita coisa, mas com a escolha de um bom elenco e situações fortes na medida certa, o resultado flui e acaba sendo marcante, mesmo com um final fraco de essência.

Nem tenho o que falar das atuações, afinal é daqueles filmes que se o protagonista não souber segurar o longa, o resultado desaba, e Bill Skarsgård, sem maquiagens (afinal só vemos ele em personagens esquisitos e todo pintado), conseguiu dominar todo o pequeno ambiente com seu Eddie desesperado, nervoso e cheio de nuances, aonde cada ato por mais que o cara seja um assaltante acabamos ficando com uma certa pena dele, ou seja, foi bem demais. O mais engraçado é que Anthony Hopkins aparece somente nos atos finais com seu William (visivelmente bem debilitado com a idade avançada), mas sua voz e presença cênica com tudo o que faz com o protagonista é algo de uma mente doentia e muito funcional, ao ponto que se muitos pudessem fariam o mesmo com outros ladrões, ou seja, foi bem demais em tudo. Quanto aos demais, apenas aparecem em cenas espaçadas, mas vale um leve destaque para a garotinha Ashley Cartwright que soube entregar desespero no ato que o carro lhe persegue.

Visualmente falando, se os filmes anteriores foram bem baratos de orçamento, aqui a equipe de arte já esbanjou um pouco pois temos um tremendo carrão de luxo, totalmente blindado, com muitas câmeras, choque nos bancos e claro bons elementos cênicos dentro para o protagonista utilizar, e fora ainda tivemos alguns passeios por becos escuros e cheios de criminalidade, vemos alguns momentos de filosofia sobre a marginalidade nas grandes cidades, e claro algumas mortes bem intensas, ou seja, o ambiente fez a diferença na tela.

Enfim, é um filme que não dava nada para ele, que jurava que seria mais do mesmo, ou uma adaptação mal feita, mas o resultado final funcionou na tela ao ponto de me deixar tenso em alguns atos e vidrado em outros como em tramas de ação, ou seja, foi um bom acerto que vale a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Max - Saturday Night: A Noite Que Mudou a Comédia (Saturday Night)

5/29/2025 01:24:00 AM |

Já adianto que mesmo sendo um filme sobre um programa de comédia, não necessariamente "Saturday Night: A Noite Que Mudou a Comédia" irá lhe fazer gargalhar, pois a base do longa que estreia nessa sexta-feira dia 30 no streaming da Max, é mostrar como 50 anos atrás, lá no longínquo 11 de Outubro de 1975, pontualmente as 11h30 da noite, estreou o programa ao vivo mais insano da TV americana na NBC, aonde grandes hits de artistas desconhecidos e conhecidos foram lançados, muitos comediantes sem renome deram suas primeiras piadas, e que hoje muitos ainda sonham em aparecer, mas o que a maioria não sabe e o longa retrata quase que de forma documental, mas encenada em vários planos quase sequenciais, como foram as poucas horas caóticas antes do lançamento, aonde o criador do programa, seus vários roteiristas, artistas e principalmente os donos do canal, sequer sabiam o que iria acontecer, qual era a história, como as esquetes se ligariam, ou se teria graça, sendo algo ao vivo e com plateia dentro do estúdio, ou seja, a insanidade de qualquer produtor audiovisual com problemas técnicos acontecendo e tudo mais. Ou seja, o longa entrega algo amplo e cheio de nuances, que se realmente aconteceu assim foi literalmente o caos, e dessa forma dramática para alguns, mas divertida para outros, o resultado acontece fácil e muito cheio de dinâmicas e nuances.

O longa acompanha os preparativos para a primeira transmissão ao vivo do programa de comédia e variedades mais famoso da televisão norte-americana. O longa se baseia na história real do que aconteceu por trás das câmeras e nos bastidores durante os 90 minutos que antecederam o primeiro episódio do Saturday Night Live. Com muito humor e caos, a equipe enfrenta as desconfianças e a desesperança de quem achou que colocar essa ideia maluca e revolucionária de pé nunca daria certo. Ao mesmo tempo, esbarram com os desafios e as dificuldades de manejar uma equipe técnica e criativa fora do comum e vanguardista.

Sabemos que o diretor e roteirista Jason Reitman é daqueles bem malucos que inclusive já dirigiu alguns episódios do programa humorístico da TV, mas certamente ao conhecer os bastidores malucos do programa que aconteceu bem antes dele nascer, ficou fissurado para criar isso nas telonas, e aqui seu trabalho foi bem compensado com muitas premiações, mas mais do que isso ele conseguiu mostrar algo que muitos hoje morrem de medo que é a preparação para um programa ao vivo, que pode virar um caos em minutos antes do início, e de repente rodar os 90 minutos de exibição tranquilamente, e que claro depende muito do show runner ou produtor para acontecer. Ou seja, uma grande sacada foi trabalhar o longa com muitos planos-sequência, aonde as desenvolturas praticamente seguem o criador tentando fazer tudo acontecer, e assim a loucura fica brilhante, chamativa, e que vale muito para quem quiser trabalhar na área.

Quanto das atuações, é um filme com muitos atores, daqueles que cada um tendo sua personalidade e entrega consegue se desenvolver rápido e entregar dinâmicas, esquetes e desenvolturas na tela, então vou deixar de falar de vários, mas de certo modo todos fizeram o melhor que podiam para o caos ser completo na tela. Claro que o foco maior é em Gabriel LaBelle com seu Lorne Michaels completamente entusiasmado num primeiro momento, mas que depois vai perdendo seu brilho com tudo o que vai acontecendo, e o ator soube passar isso muito bem na tela, desenvolvendo traquejos e dinâmicas bem encaixadas, e principalmente quase desistindo de seu sonho. Matt Wood entregou um John Belushi completamente maluco, sem noção de sua entrega e agradando muito com isso. E ainda vale claro citar a entrega de Willem Dafoe sempre bem preciso, fazendo Dave Tebet um dos principais mandachuvas da NBC, pronto para destruir o sonho de Michaels, e com uma entrega bem marcada na tela.

Visualmente a trama mostra mais ou menos como era o prédio da NBC nos anos 70 com seus muitos andares cheios de estúdios, com pessoas espalhadas pelos vários cantos, com animais em cena, personagens bebendo e fumando, mil executivos, plateia, iluminação dando errado, cenário sendo construído as pressas, os famosos cartazes com os dizeres para dar liga nas piadas, e tudo mais, não saindo praticamente do ambiente maior, mas passeando pelos vários ambientes do estúdio, o que acabou dando dinâmica e muita entrega da equipe de arte, que certamente sofreu um bocado para conseguir colocar tudo o que o diretor desejava na tela.

Enfim, é um filme que muitos não vão captar a essência completa por não ser tão fã dos bastidores da TV, mas quem tiver a curiosidade de conhecer o caos completo de um programa ao vivo, e toda a dinâmica desse programa que já está para completar 50 anos no ar. Ou seja, vale o play para surtar, rir e entender alguns erros que tentam sumir de cena. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Meu Nome é Maria (Maria) (Being Maria)

5/28/2025 12:16:00 AM |

Para quem não conhece a história polêmica por trás das gravações do filme "Último Tango em Paris" talvez o longa "Meu Nome é Maria" possa ser até um pouco chocante, mas a grande sacada não é mostrar apenas o abuso do ator e do diretor em uma cena não combinada com a atriz Maria Schneider, mas sim ver como ela de papeis minúsculos que fazia por ser filha de um grande ator, acabou caindo nas mãos de um diretor de pompa que se engraçou com ela, e que depois desse filme, todos os diretores só queriam o mesmo tipo de papel para ela, o que a acabou levando para o mundo das drogas. Claro que a intensidade cênica ficou muito bem trabalhada na tela, principalmente por retratarem a visão de sua prima que escreveu o livro que serviu de base para o longa, mas talvez se a trama fosse por rumos para mostrar um pouco mais da mulher Maria, e não apenas da atriz, tudo fluísse para outros rumos, mas ainda assim é um tremendo filme interessante de se envolver, e consegue infelizmente mostrar como muitas mulheres eram apenas usadas no cinema, numa época aonde nada se era revelado, e ainda pagava mal.

A sinopse nos conta que Maria é uma jovem atriz promissora, passando por uma fase de dificuldades. Quando um diretor italiano em ascensão a escolhe para estrelar um novo filme ao lado de Marlon Brando, seus sonhos parecem se concretizar. Mas o que deveria ser uma grande oportunidade, se revela o início de um inferno pessoal. O filme é “O Último Tango em Paris”, e esta atriz é Maria Schneider.

Em seu segundo longa, a diretora e roteirista Jessica Palud não quis ousar para entregar a história do livro de Vanessa Schneider, de modo que o filme flui bem na tela, tem suas perspectivas bem entregues, e claro todo o processo de gravação do longa polêmico e de alguns outros que a atriz trabalhou depois, mas a grande base fica em cima de como um trauma acabou mudando sua vida, sua perspectiva de vida e como passou a enxergar tudo. Ou seja, é daqueles longas aonde você não chega a ver a mão da diretora pesar sobre a história, mas sim os fatos ocorrendo e tudo o que isso acabou influenciando na vida da mulher Maria Schneider, que na época apenas falaram que ela era maluca e que fez tudo por dinheiro, mas que muitos anos depois com o #MeToo tudo foi muito mais escancarado e até queimado de vez as carreiras dos demais envolvidos, que como mostrado na tela e contado pela protagonista, o principal problema nem foi o ato em si, mas sim nenhum dos dois terem pedido desculpas depois da cena.

Quanto das atuações, a jovem Anamaria Vartolomei mostrou mais uma vez por que tem sido chamada para tantos papeis bem colocados, pois sabe ser segura nos olhares sem soar falsa na tela, e aqui fazendo o papel da protagonista Maria Schneider conseguiu envolver tanto na tela que por vezes até esquecemos dos demais que estão em cena, e dosando atos mais explosivos com dinâmicas mais centradas, acabou agradando bastante com tudo o que representou. Foi bacana ver um ator parecer tanto Marlon Brando como Matt Dillon, pois sua representação em cena mostrou que o ator mesmo cheio de galanteios e bons traquejos também não titubeou quando era pra por tudo em cena, e o ator fez com precisão cirúrgica cada ato seu. Ainda tivemos bons momentos com Giuseppe Maggio fazendo o diretor Bernardo Bertolucci com seus semblantes calmos e intensos olhares, e Céleste Brunnquell bem trabalhada com sua Noor, parceira de bom tempo da personagem na época de seu tratamento contra o vício.

Visualmente o bacana da trama foi mostrar bem as gravações de filmes na época com toda a pouca preparação e apenas um pouco de maquiagem para que tudo rolasse de forma crua, vemos alguns atos de nuances do vício, boates, e muito mais dos anos 70, sendo simples de essência, porém bem colocado na tela de forma representativa, tendo claro o ato da manteiga bem expressivo, mas ampliando tudo com boas desenvolturas cênicas para mostrar um pouco dos bastidores do cinema, aonde nem tudo é muito bonito como vemos na telona.

Enfim, é um filme bem intenso, mas que consegue ser representativo sem forçar a barra, entregando para o mundo atual algo do passado que foi marcante, que mesmo gerando um tremendo filmaço para a época, acabou sendo mais falado pela polêmica em si do que pela história, e assim com essa nova obra acaba valendo para conhecer mais da mulher que viveu tudo isso. Então fica a dica para alugar, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Amazon Prime Video - O Ouro do Mal (Escanyapobres)

5/26/2025 12:54:00 AM |

Eu insisto em falar para a minha pessoa não mudar de ideia quando vai dar o play em algo no streaming, mas não tem jeito, hoje estava tudo certo para ir com um filme da Netflix, mas por algum acaso da natureza acreditei que o longa "O Ouro do Mal" da Amazon Prime Video seria uma opção melhor para fechar o domingo, e cá estou totalmente frustrado de ter pego algo que não recai nem para o lado cinematográfico, nem para o lado novelesco, ficando naquele meio do caminho aonde o diretor não sabia o que fazer e fez isso. Claro tem toda uma pegada meio antiga nos moldes de tramas de velho oeste, com as famosas chegadas das ferrovias para salvar cidades bem pobres dos agiotas e ricos, mas também contando com a criminalidade alta, qualquer mísero dinheiro que tenha não é algo para se confiar a ninguém. Ou seja, o longa catalão poderia ter ido bem mais além para impressionar, mas se perdeu no miolo, e acabou jogado, sendo daqueles que com toda certeza não lembrarei de ter visto daqui alguns dias.

O longa nos situa no final do século XIX. A chegada da ferrovia a uma cidade isolada traz o tão esperado progresso, mas também Oleguer, um agiota obscuro com negócios obscuros. Quando ele se apossa e se hospeda na casa de Cileta e sua família, a jovem camponesa fará de tudo para recuperar sua casa. Mesmo que isso signifique seguir os passos obscuros do agiota.

Ainda estou procurando entender o que o diretor e roteirista Ibai Abad queria com seu filme, se era mostrar que entendia da estética de faroestes, se precisava trabalhar para algum tipo de testes de época, ou se realmente queria apenas mostrar o conflituoso mundo dos pobres contra os agiotas, sem trabalhar explicitamente isso, pois o filme tem tudo que uma produção bonita e cheia de nuances poderia ter, tem personagens que se desenvolvidos poderiam impactar, mas o texto leva nada a lugar algum, ao ponto que fiquei esperando acontecer algo a mais, que rolasse alguma tensão entre o trio principal, ou então que causasse problemas com o sequestro, mas não, ficou no básico mesmo, e isso em qualquer estilo é falhar, mas quando se tem nas mãos algo grandioso, é desesperador. 

Quanto das atuações, Mireia Vilapuig trabalhou sua Cileta até interessante em alguns momentos, mas parece que o filme teve tantos cortes que alguns atos seus parecem perdidos ou sendo parte de alguma outra coisa, e a atriz não tentou ser mais explosiva quanto poderia, chamando pouco para si na tela, e ficando quase que em segundo plano no miolo do filme. Alex Brendemühl teve um primeiro ato chamativo e misterioso com seu Oleguer, mas por vezes parecia ter tanto medo da mulher do seu chefe, que não se impunha na tela como deveria fazer, ao ponto que seus momentos oscilam demais a personalidade do papel, e isso é estranho de se ver com um "vilão". E falando na mulher do chefe, que depois vira a esposa do protagonista, Laura Conejero trabalhou sua Tuïes imponente e chamativa na tela, mas sem um desenvolvimento maior acabou ficando estranha de ver, o que é uma pena, pois dava para aproveitar mais ela.

Visualmente a trama também teve um grande potencial, pois mostrou desde minas, passando por casas de cultivo de trigo no meio do nada, a construção de uma ferrovia e tudo ao seu redor, até mansões clássicas do século XIX, com figurinos bem marcantes de empregados aos ricos, as pequenas vendas e tudo mais que o estilo faroeste precisa para chamar atenção, de modo que valeria ter explorado mais ao invés de focar apenas nos esconderijos de moedas, o que não fluiu como deveria.

Enfim, é um filme confuso e sem grandes nuances, aonde nada leva a lugar algum, e dessa forma acabamos com um resultado sem empolgação e ao final nem sabemos ainda o que o diretor realmente queria mostrar. Ou seja, é melhor ir para outros caminhos do que dar o play aqui. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a esperança de trazer uma dica melhor para todos, então abraços e até logo mais.


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Apple TV+ - A Fonte da Juventude (Fountain of Youth)

5/25/2025 07:31:00 PM |

Desde o dia que vi o trailer do filme da Apple TV+, "A Fonte da Juventude", já tinha a certeza quase que absoluta que veria algo do estilo Indiana Jones, e isso não é ruim, afinal a saga do explorador foi algo que permeou minha infância e juventude em busca de mistérios e tesouros (o que infelizmente não foi conseguido, já que ainda estou aqui escrevendo!), mas a base do personagem era algo muito bacana de se acompanhar, e por mais que os últimos filmes tenham sido mais do mesmo e sem grandes roteiros para embarcar, ainda mexeram com nossa nostalgia. Agora um ponto bem sacado é que a Disney, detentora dos direitos de Indiana prometeu que não mexeria na série enquanto Harrison Ford estivesse vivo, afinal passar o seu legado seria algo que quebraria tudo o que ele fez para o cinema, porém esqueceram de avisar a Apple e Guy Ritchie desse compromisso, mas ao menos não citaram seu nome na tela, fazendo algo quase como se aqui tivéssemos os filhos dele seguindo sua saga de caça a objetos perdidos no mundo. Volto a frisar que em momento algum isso é dito, mas dá para pegar a essência, e pararei por aqui com as comparações, pois o filme mesmo bem simples de história, tem muitos bons momentos cênicos, tem aventura na medida certa e personagens que funcionam bem dentro da trama. Claro que passa bem longe de ser uma obra memorável do diretor, mas agrada com o que é mostrado, serve muito bem como um bom passatempo, e quem sabe virará uma franquia de sucesso, ao menos os atores tem bons traquejos como "ladrões" do bem.

O longa acompanha dois irmãos distantes que se juntam para realizar um assalto global a fim de encontrar a mitológica e lendária Fonte da Juventude. Luke Purde é um caçador de tesouros experiente que, para encontrar um dos maiores mistérios da humanidade, precisa reunir uma equipe de profissionais dispostos a se arriscar nessa grande aventura. Para isso, e para despistar e escapar às ameaças em seu caminho, ele precisará contar com alguém mais esperto que ele: sua irmã Charlotte. Ao embarcar nessa façanha repleta de perigos e obstáculos, Luke busca trazer justiça e reconhecimento para seu pai que, por muito tempo, procurou pela fonte. Ele, Charlotte e seu grupo de experts devem, então, reunir todo o conhecimento histórico e todas as suas habilidades de detetive para seguir as pistas que podem mudar suas vidas para sempre.

É engraçado que o estilo de filmes de Guy Ritchie é daqueles que sabemos bem os rumos, que ou são cheios de explosões, ou recaem nas sacadas cômicas duplas, ou por vezes as duas coisas juntas, e aqui não foi diferente, pois brinca bem com os personagens ao mesmo tempo que desenvolve bastante a aventura em busca da fonte e seus segredos, tendo três grupos de seguidores bem distintos entre assassinos, cuidadores do segredo e polícia, que vão se intercalando na dinâmica atrás dos protagonistas. Claro que o diretor pegou o roteiro de James Vanderbilt e não enfeitou muito o doce, mas a entrega na tela funciona e tem boa diversão, que claro pegou um pouco de cada outro filme do estilo que já vimos, mas como não é uma repetição clara, nem algo forçado para ser assim, o conteúdo acaba agradando com tudo o que acabam trabalhando, não sendo o melhor trabalho do diretor, mas também passando bem longe dos piores.

Quanto das atuações, John Krasinski tem estilo e por ser diretor também de muitos filmes de aventura sabe se posicionar melhor que ninguém para uma câmera, de modo que seu Luke é canastrão e cheio de intensidade, sabendo brincar com a identidade do personagem, e sem querer se posicionar como um protagonista solo, dá as boas deixas para os demais ao seu redor, o que acaba sendo gostoso de ver.  Já Natalie Portman acredito que foi correta demais para sua Charlotte, ao ponto que chega até incomodar seus traquejos certinhos demais, aonde o papel pedia um pouco mais, mas fez bons atos, e não chega a irritar na tela, o que facilmente algumas atrizes acabariam fazendo. Domhnall Gleeson trabalhou seu Owen como todo bom bilionário, gastando dinheiro e falando pouco, sendo meio sem sentimento ou traquejos que pudessem chamar atenção, mas quem não desconfiar de seus atos não assistiu nenhum filme do gênero. Eiza González trabalhou sua Esme com um ar sexy e cheio de explosões cênicas, lutando bastante e mostrando a que veio no filme, de modo que chama a atenção em todas suas cenas, e facilmente pode ir mais além numa possível continuação. O garotinho Benjamin Chivers até trabalhou bem seu Thomas, sendo realmente um prodígio na música e tendo o sangue de expedição da mãe correndo em suas veias soube trabalhar alguns atos bem colocados na tela. Já Laz Alonso com seu Murphy, Carmen Ejogo com sua Deb, Arian Moayed com seu Abbas e até Stanley Tucci como um ancião foram mal usados e ficaram apenas em segundo plano. 

Visualmente a trama passeia por vários países, tem cenas aquáticas bem colocadas em um grandioso navio abandonado, cenas em aviões, trens, pirâmides, tudo com muitas armadilhas e traquitanas mil para a aventura se desenrolar, boas dinâmicas com objetos preciosos de arte para amarrar todo o enigma, e por aí vai, mostrando que a equipe de arte fez um bom trabalho de pesquisa e soube utilizar ao seu favor para que o filme fluísse, sem claro onerar o orçamento já grandioso.

Enfim, é um filme que funciona na tela, que como disse não tem um roteiro com diálogos chamativos que impressione pela história em si, mas que agrada como um bom passatempo, e faz isso com precisão bem colocada na tela, sendo daqueles que se virar uma franquia vai ser divertido de acompanhar, mas que não pode ser conferido como algo que se espere muito na tela, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje estou com vontade de dar play em mais um, então abraços e até logo mais.


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Vencer ou Morrer (Vaincre ou Mourir)

5/25/2025 01:24:00 AM |

Antes de escrever sobre o filme, fiquei refletindo o tanto de guerras que a França se meteu no passado seja externamente ou internamente, sendo um povo que gosta de sangue nas mãos, brigando por vezes por liberdade, por vezes por conquistas territoriais, e agora no longa de hoje pela fé, ou seja, tudo e mais um pouco. Dito isso, o longa "Vencer ou Morrer", que estreia no país no próximo dia 05/06 vem mostrar algo lá dos anos 1700, mas que atualmente vemos muitas guerras e conflitos pelo mesmo motivo, a falta de liberdade religiosa, aonde na trama vemos algo dos católicos, mas mundialmente se você não puder respeitar o que o seu vizinho pensa, impondo algo que é certo na sua visão de mundo pode gerar algo muito completo, pois costumo dizer que se é certo pra você, use para você, agora se o outro faz de forma diferente, mas que não vá lhe influenciar, atrapalhar sua vida ou qualquer coisa do tipo, deixe que ele viva a vida dele, e isso é algo que não anda acontecendo em lugar algum. Opiniões pessoais a parte, o longa francês tem uma pegada interessante, muito bem produzido, com cenas de batalhas intensas, figurinos na medida e muita imposição cênica (talvez com um pouco mais de sangue faria ficar melhor), ao ponto que vemos um homem liderar colonos armados com facões, foices e forcados contra soldados com pólvoras e espadas, aonde só sendo bem inteligente para sobreviver, e assim essa história real foi bem pautada na tela.

O longa se passa na França de 1793, no auge da Revolução Francesa. Charette é um jovem aposentado como ex-oficial da Marinha Real que, há três anos, retornou para a sua casa na Vendéia. Os camponeses sentem sua raiva crescer em busca de mudanças justas e descentes na Corte Real e suplica para que o jovem assuma o comando da rebelião. Charette abraça a ideia e, em poucos meses, o ocioso marinheiro torna-se um líder simpático e habilidoso, principalmente quando trata-se de executar estratégias tão formidáveis. Como um bom líder é aquele que instrui, ele atraí para a sua revolução camponeses, desertores, mulheres, velhos e crianças e juntos formam um exército forte e de peso. A luta pela liberdade está apenas começando, é um caminho árduo a ser trilhado, mas não impossível, uma vez que todos têm o mesmo objetivo.

Como falei no começo, a trama tem uma pegada interessante, mas falta sangue nas batalhas, e talvez esse problema seja um pesar grande que os diretores e roteiristas estreantes em longas Paul Mignot e Vincent Mottez farão o público sentir quando verem o resultado final na telona, pois o trabalho técnico deles foi perfeito, a venda como um filme religioso engrandeceu demais as bilheterias francesas, mas facilmente dava para que fosse muito mais além na tela, pois tudo é forte na tela, a dramatização, o conteúdo e se pensarmos que cabeças estavam rolando nas guilhotinas afiadas, e a maior parte das batalhas foram feitas no estilo de emboscada (a lá Canudos no Brasil, que talvez tenham estudado isso quando fizeram a revolta por aqui), certamente dava para intensificar as mortes para que o filme fosse algo imponente num nível cinematográfico. Claro, friso que é um primeiro trabalho de direção da dupla em longas-metragens, então foram mais contidos, o orçamento não deve ter sido gigantesco também, mas só a ousadia de pegar uma história real de batalha para colocar nas telonas já mostra o potencial deles, então veremos aonde vão chegar futuramente.

Quanto das atuações, a equipe não quis onerar o orçamento com grandes nomes do cinema francês, mas diria que não faltou personalidade para os escolhidos se imporem na tela, de modo que Hugo Becker soube segurar o protagonismo com seu François-Athanase Charette de la Contrie, sendo implosivo de traquejos sem precisar dominar o ambiente todo para si, mas sendo um líder com imposição aonde deveria aparecer com impacto e deixando que os demais o rodeasse para que o filme fosse amplo, ou seja, fez o protagonismo ser seu, mas repartindo os diálogos com todos para que ao seu redor trabalhasse bem o envolvimento todo. E como o longa sempre puxa nossos olhares para o protagonista, chega a ser difícil dar destaque para os demais atores, valendo pontuar um pouco Gilles Cohen com seu Jean-Baptiste de Couëtus bem marcante como o braço direito do protagonista, e do outro lado Grégory Fitoussi com seu Général Travot determinado a dar fim no mesmo.

Agora sem dúvida alguma o trabalho cênico foi de um primor que chega a bater até alguns grandes nomes da filmografia francesa de longas envolvendo as revoluções do país, mostrando bem os figurinos dos exércitos católicos com seus corações pregados nas roupas, tendo grandes atos com armas versus foices, com ambientes lotados de figurantes mortos ao chão, casas da época e tudo mais, sendo bem representativo e cheio de nuances, com uma fotografia quase puxada para o sépia que deu um tom marcante bem colocado, ou seja, a equipe de arte estudou para fazer o longa, e se usassem um pouco mais de representação nas mortes (sejam elas nas guilhotinas ou nas batalhas) fariam a História em si mais realista e presente na tela.

Enfim, é um filme que levou mais de 300 mil espectadores na França e certamente irá levar um bom público por aqui, afinal sendo lançado como filme religioso é um estilo que tem funcionado. Claro que poderia ter ido muito mais além, pois tinha bala na agulha para isso, e com pouquíssimos detalhes seria algo perfeito na tela, mas que funciona pela entrega em si, e não desaponta dentro da proposta de conhecermos uma guerra tão antiga, mas tão próxima do que anda rolando no mundo atual. Então fica a dica para a conferida a partir do dia 05/06 nos cinemas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Kolbe Arte pela cabine de imprensa, e amanhã volto com mais dicas, então abraços e até breve.


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Lilo & Stitch em 3D

5/23/2025 01:35:00 AM |

Pois bem, eis que chegou o destruidor de salas dos cinemas do ano, ou melhor a galinha de ouro das bilheterias do mundo, e claro salvador da pátria da Disney, pois se o alienígena azul mais amado do planeta não conseguir isso, podem esquecer e baixar as portas até que apareça um segundo filme da Barbie, e não estou falando isso da boca para fora, pois muitos exibidores estocaram milho de pipoca aos montes, compraram para vender os combos mais chamativos possíveis e tudo mais que fosse possível com a versão live-action de "Lilo & Stitch", e o filme é bonitinho, tem acertos bem colocados e consegue funcionar bem na tela, de modo que você nem vê o tempo passar, pois o personagem tem carisma, a história é leve e bem trabalhada, e segundo minha irmã (eu não lembro nem de ter visto o original em 2002) é bem parecido com a animação. Ou seja, o pacote completo para agradar desde os menorzinhos até os bem mais velhos, afinal quem viu o original já está pelo menos com 24 anos de idade!

O longa conta a história da amizade entre uma jovem menina humana e um alienígena fugitivo que parece um cachorro. Stitch (Chris Sanders), o experimento 626, é um extraterrestre expressivo que é adotado como animal de estimação por Lilo, uma imaginativa e rebelde garota havaiana, e juntos eles descobrem o significado de família. O jeito extrovertido de Lilo mais do que corresponde à energia caótica do pequeno monstro peludo e impulsivo que está sendo caçado pelos agentes da Federação Galáctica Unida. A amizade incomum entre os dois provoca uma série de confusões e problemas até com a assistente social que cuida de Lilo, observando seu bem-estar ao lado da irmã Nani, sua tutora legal desde a morte dos pais.

Diria que a melhor coisa que o diretor Dean Fleischer Camp fez em seu longa foi não querer inventar a roda, pois sabendo que a animação original foi um tremendo sucesso, a série derivada bomba até hoje em muitos canais, as pelúcias vendem que nem água, então qualquer deslize ou invencionice colocada na tela seria sua execução cinematográfica que ele não poderia pisar sequer em sua casa mais, e assim ele não foi bobo, fazendo o básico muito bem feito na tela, divertindo, transmitindo carisma com os personagens e contando com uma atriz mirim incrível na tela, ele pode brincar com as facetas, interagir bem com a cenografia tradicional e sair feliz com o resultado, que pode até soar bobinho para alguns, mas que tem essência familiar e consegue sem precisar forçar passar o bastão da adoção e do encontro para com jovens que perderam os pais. Ou seja, é um bom acerto, pois o diretor não precisou criar muito na tela, e principalmente, pode brincar com tudo o que tinha em mãos, fazendo algo chamativo e que certamente será lembrado futuramente.

E já que comecei a falar da atriz, diria que facilmente Maia Kealoha foi um achado da equipe de elenco, pois que garotinha expressiva e carismática, que mesmo não ouvindo sua voz, afinal vieram dezenas de sessões dubladas e meia sessão legendada para a cidade, conseguimos sentir sua presença cênica divertida, leve e muito ampla de traquejos, o que agrada do começo ao fim, e Sophie Figueredo Soriano deu uma voz bem característica de garotinha que combinou perfeitamente para o tom cênico que o longa pedia. Sydney Agudong até trabalhou bem sua Nani, meio desengonçada com o personagem principal, e atrapalhada por natureza, tendo boas intenções cênicas, mas sem chamar o filme para si, o que claro foi respeitado, afinal não é a protagonista. Agora quem me assustou visualmente foi Zach Galifianakis com seu Jumba, pois está completamente diferente do ator que conhecemos, e fez traquejos mais fechados e durões, que deram um bom tom "vilanesco" para ele. Billy Magnussen fez um Pleakey bem descontraído, com sacadas na dublagem de Mckeidy Lisita botando traquejos cheios de sotaque e personalidade, aonde ficamos até bem conectados com o personagem em si. E claro Marcio Simões deu a voz ao bichinho mais maluco e cheio de intensidade que conhecemos, fazendo seu Stitch ainda mais carismático, de forma que a equipe de computação brincou com texturas e dinâmicas na tela, e os grunhidos e vozes ficaram marcantes na tela.

Visualmente a trama teve uma boa representação do Havaí, com suas danças tradicionais, os famosos resorts e a casa até que bem simples da protagonista, claro muita bagunça pelas praias, festas e tudo mais aonde o bichinho passou, com uma computação de primeiro nível para que ele tivesse textura e movimentos bem fluídos junto da protagonista, não parecendo ser falso em momento algum, e também uma boa dose de animação gráfica com os personagens da Federação Galáctica Unida, tendo também momentos bem colocados e dinâmicas marcantes no longa. Quanto do 3D, acho que contei uma cena ou no máximo duas aonde se vê algo saindo da tela, e olha lá, mas serviu para ajudar na profundidade do personagem, o que com boas sombras deve ter funcionado bem também na sessão 2D, então fica a dica para quem quiser economizar e ir numa sessão tradicional.

Enfim, é daqueles filmes que funcionam e entregam o que promete, não sendo nada demais, não sendo algo memorável, mas que na tela agrada tanto os fãs quanto quem for apenas para ver uma boa dose de cinema familiar, então se divirta e pode ir conferir sem medo (ou melhor, com medo do povo fanático, pois tem uma galera indo em caravana praticamente conferir). E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Oh, Canadá (Oh, Canada)

5/22/2025 12:48:00 AM |

É interessante quando um diretor trabalha uma essência na tela de uma forma que chegue a incomodar o espectador, e certamente eu sou uma pessoa que não gosta de ser incomodada, pois me instiga a brigar com a ideia e por vezes até desgostar do longa que estou assistindo. Porém com o longa "Oh, Canadá", que estreia no próximo dia 05/06 nos cinemas, a forma como o incômodo acontece de misturar diversas coisas na tela, de forma a parecer memórias verdadeiras, outras inventadas e outras que o entrevistado nem sabe se realmente fez, colocando imagens em preto e branco, envelhecidas, em cores, com pouca iluminação, bem chamativa e tudo mais, acaba sendo uma formatação de como nossa mente fica bagunçada quando já estamos no final da vida, e de outro lado vemos a perspectiva contrária de um ex-aluno do mestre querendo captar as imagens finais dele de qualquer forma, usando até do artifício de se forçar a barra em algo permitido, e claro vendo que nem sempre a vida das pessoas são como imaginamos para chegarem aonde chegarem. Ou seja, é um filme interessante, com uma proposta diferenciada do comum, mas que não força a barra para tentar parecer algo maior do que é, sendo rápido, direto ao ponto e que funciona dentro do que se propõe.

A sinopse nos conta que com uma doença que pode tirar sua vida a qualquer momento, o documentarista norte-americano Leonard Fife decide dar uma última entrevista, sem filtros, antes que seja tarde demais. Na mansão onde vive com a esposa, em Montreal, ele recebe um ex-aluno e confessa que sua reputação como ícone progressista foi construída com mentiras e meias-verdades. Na presença da esposa que desconhecia passagens obscuras de seu passado, ele comenta sobre sua fuga para o Canadá para evitar ser convocado para a Guerra do Vietnã e revela como usou, traiu e descartou amigos e familiares ao longo de toda sua vida.

Que o diretor e roteirista Paul Schrader tem estilo já sabemos pelos demais outros bons filmes que já fez, e aqui ele não desaponta ao mostrar algo chamativo e cheio de bons atos, que claro tem como defeito o exagero em sínteses confusas para a mente, mas que tendo um fundamento cênico para isso, como é o caso do protagonista, diria que o resultado acaba sendo muito bem acertado. Porém mesmo tendo um elenco chamativo para seus papeis, faltou ao diretor criar um carisma maior com os personagens, pois nenhum deles pega o público para que o defenda. Ou seja, é daquelas histórias que temos um personagem que precisa puxar o público para si, mas que em momento algum acontece isso, e assim ficou algo sem uma solidez cênica para toda a dinâmica incrível que a história tem no fundo de seus encaixes.

E como falei acima, faltou o diretor pegar os atores e jogar mais para seu encontro as dinâmicas na tela, de modo que Richard Gere tem um estilo que todos sabemos bem de mesmo sendo já bem velho, ter um galanteio e uma pegada mais aberta na tela, e aqui fechadão, senil e parecendo até deslocado, não consegue fazer com que seu Leonard tivesse uma imponência marcante. Já a versão jovem do personagem foi até bem entregue por Jacob Elordi, colocando traquejos bem canastrões em muitos atos, em outros fazendo meio que alguém sem rumos com a cabeça pensando a mil, mas sendo solto na tela sem se apegar a entregas maiores acaba não fluindo como poderia, o que é uma pena, pois dava para ser um papel bem marcante na sua carreira. Quanto aos demais, ainda estou procurando Uma Thurman na tela com sua Emma ou até mesmo com sua Glória, pois ficou tão em segundo plano que nem expressar muito conseguiu, da mesma forma Victoria Hill e Michael Imperioli foram enfeites cênicos com seus Diana e Malcolm, sobrando apenas para Zach Shaffer tentar fazer algo a mais com seu Cornel, mas nada que impressionasse, ou seja, faltou aquele algo a mais para chamarem os personagens para a tela.

Visualmente a trama tem muitos ambientes no passado do protagonista, desde a casa dos sogros requintada, com salão de jogos e todo um ar mais impositivo, tivemos também alguns atos no campo, algumas dinâmicas em cinemas, e claro muitas cenas na mansão aonde é gravado a entrevista, com uma iluminação mais fechada, um ambiente quase de morte realmente com tudo bem escuro e apenas um ponto de luz, várias câmeras e claro o protagonista bem senil numa cadeira de rodas, além do último ato na sua cama. Também foi mostrado uma ousada dinâmica do protagonista no alistamento militar, e claro todo o trabalho da fotografia usando diversas técnicas de sombras, cores, preto e branco, desgaste de película com ranhuras, e tudo mais que pudessem bagunçar a mente do espectador.

Enfim, é um filme que tem uma proposta bem boa, principalmente ao mostrar que a vida glamorosa de diretores escondem muitas surpresas e loucuras, principalmente os documentaristas/jornalistas, mas que falhou principalmente em bagunçar de forma exagerada tudo na tela e não dar a possibilidade de maior destaque ou carisma dos personagens em si, de modo que fica estranho não torcer por ninguém em uma "biografia", e assim sendo é daqueles que vale a conferida mais pelo diferencial em si do que pelo resultado final que não acontece como deveria. Então fica a dica para a conferida nos cinemas à partir do dia 05/06, e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Califórnia Filmes pela cabine, e amanhã volto com mais dicas, então abraços e até lá.


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Amazon Prime Video - Corina

5/20/2025 11:47:00 PM |

Não sou contra a junção de gêneros cinematográficos na tela, mas ao diretor/roteirista se propor a fazer isso, ele tem de saber que precisará atingir os dois pontos com qualidade, pois o meio do caminho é frustrante e incomoda tanto quanto errar por completo o que desejava fazer. E quando começo teorizando ideologias quem lê por aqui sabe que vem bomba na sequência, e hoje pensei muitas vezes antes de dar play no longa mexicano da Amazon Prime Video, "Corina", pois tinha algo que não estava me dando vontade, ao mesmo tempo que a nota geral parecia me dar vontade de conferir, então resolvi dar play, e o resultado foi algo que não faz rir, muito menos causa um sentimento dramático, fora que a trilha sonora bem ao estilo "Birdman" mais incomoda do que funciona, e o excesso de narrações dá um tom meio que sem nexo para alguma funcionalidade maior. Ou seja, é o famoso filme que tenta soar inteligente, mas que se perde no miolo, com um resultado que não vai além na tela, e assim falta embasamento para tudo que quiseram colocar na tela sem soar bobo demais.

A sinopse nos conta que Corina, uma mulher de 28 anos com agorafobia devido a um acidente, não sai de casa há 20 anos, exceto para trabalhar em uma editora próxima. Depois de cometer um erro grave com o final da saga mais famosa da empresa, ela precisará superar seus medos. Com a ajuda de Carlos, embarcará em uma jornada para encontrar uma escritora misteriosa e salvar seu trabalho e o de seus colegas.

Vai parecer perseguição, mas é fácil entender o erro do filme, pois com roteiro e direção da estreante em longas, Urzula Barba Hopfner escolher de cara uma trama mista de estilo era querer sonhar voar alto com uma bicicleta, o que não é impossível no cinema (já vimos um filme antigo fazendo isso), mas que você acaba se preocupando em preencher as lacunas funcionais para que o drama fique bem feito, e esquece que precisa rir, por outro lado tenta fazer gracejos com personagens, mas acaba não tendo graça ou recai para algo vexatório, e assim sucessivamente com erros em cima de erros, até o ponto aonde tudo parece fluir, mas você já perdeu tempo demais tentando arrumar tudo e desiste dando um fim sem ligar as principais coisas que tinha para fazer (no caso aqui voltar para a família, para o possível namorado, mostrar sua nova independência, e tudo mais, ficando apenas um legal, imaginem tudo isso!). Ou seja, talvez no próximo longa ela acerte a mão em algum gênero, mas aqui não tem como elogiar nada do que fez, nem suas tentativas de copiar outros sucessos.

Quanto das atuações, a jovem Naian González Norvind até segurou bem a personalidade de sua Corina, como alguém mais fechada com a fobia que tinha, trabalhando boas respirações e dinâmicas, porém se ela fosse muda seria mais aceitável suas falas quase nem serem ouvidas, parecendo sussurrar para entregar seus diálogos, e isso pesou bastante no resultado final, mas ainda assim a jovem salva o filme com seus olhares bem colocados, então não falhou tanto como o roteiro e a direção. O jovem Cristo Fernandéz costuma trabalhar bem seus personagens, mas aqui seu Carlos é secundário demais, não fluindo o tanto que poderia, então fez bons traquejos e teve uma química legal com a protagonista, porém faltou se desenvolver melhor. Os demais personagens foram ainda mais jogados na tela, com Ariana Candela praticamente fugindo de cena com sua Fernanda, a mãe Rene vivida por Carolina Politi mais dura que tudo com seu medo de sair de casa, Laura de Ita forçada demais com sua Lili desesperada para tudo, e Mariana Giménez fazendo uma Regina fechada e até mal-humorada demais para uma escritora criativa.

Visualmente a trama foi bem simbólica para mostrar o motivo da protagonista se prender em casa e ter fobia de ir para qualquer lugar longe do quarteirão que anda, mostrou bem uma editora simples, e também trabalhou o campo de Guadalajara comparando a complicada cidade superpopulosa, tendo algumas dinâmicas numa caminhonete antiga, e algumas sacadas com uma vendedora de pão e a agente da escritora, ou seja, tudo bem básico e bonitinho até de ver, mostrando rascunhos e correções que a jovem faz e guarda para si.

Enfim, é um filme que até tinha uma proposta para ir mais além, mas se perdeu no desenvolvimento e acabou ficando mais bagunçado e sem nuances expressivas que funcionasse realmente para chamar atenção, fora a bateria toda sem propósito na trilha sonora, então é melhor pular ele e encontrar outros longas melhores dentro do streaming. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - A Avaliação (The Assessment)

5/19/2025 12:35:00 AM |

O mundo atual anda tão maluco com as coisas que andam acontecendo, que quando vemos ficções que trabalham situações inusitadas em um futuro distópico acabamos pensando será que dá para piorar tanto ao ponto de ficar assim, ou já estamos vivendo meio que dessa forma e não percebemos? E a proposta da diretora do longa da Amazon Prime Video, "A Avaliação", é algo tão fora do eixo de pensarmos, mas que com as superpopulações, o colapso alimentício, e principalmente os pais mais sem noção que andam existindo no mundo, não é difícil de se pensar que em breve para se ter direito a ter um filho precisarão passar por uma semana de testes, sendo avaliados pelas atitudes e tudo mais que a avaliadora determinar. Claro que o nível de loucura da trama vai para a estratosfera, pois a avaliadora literalmente vira uma criança e fazendo tudo o impossível para irritar ao máximo os avaliados beira a insanidade completa, mas o resultado proposto na tela funciona e choca, ainda mais que a diretora não fechou aonde a maioria pararia, e aí vemos três acontecimentos separados que seria o normal de se imaginar. Ou seja, um filme que tem aquele algo a mais que funciona bem, e que mesmo sendo maluco, entrega o que esperamos ver.

O longa se passa em um mundo devastado pelas mudanças climáticas. Com os recursos limitados e fortemente racionados, até mesmo o sonho de ter uma criança não é mais uma decisão feita a dois, mas um privilégio e um luxo deliberado por um teste misterioso e rigoroso. Esse exame tenta provar se o casal que deseja ter filhos, em meio a um mundo no qual a taxa de nascimento é altamente controlada e otimizada, são merecedores e capazes de arcar com a responsabilidade. Mia e Aaryan são um dos raros casais permitidos a fazer o teste e que conseguiram navegar, com sucesso, o brutal e longo processo seletivo. Agora, o jovem casal deve ser colocado sob o escrutínio de uma avaliadora fria e imprevisível ao longo de sete dias. Virginia é o seu nome e seus desafios avaliatórios puxam a dupla a enfrentar suas maiores inseguranças, abalando os alicerces até então fortes do relacionamento.

Diria que a diretora Fleur Fortune achou o ponto exato para que sua estreia em longas-metragens depois de muitos curtas fosse precisa e objetiva, pois é o famoso filme coringa que se bem manipulado entrega ótimas perspectivas, mas se errado em qualquer ponta solta acaba estragando e virando um porre, e digo mais, ao optar em não fechar seu filme no ponto onde a maioria dos diretores entregaria, ela mostrou sua opinião sobre as três personalidades e desejos, e fez com que o público pudesse imaginar também tudo o que cada personagem vivenciou no seu final, e assim o acerto foi ainda mais preciso. Ou seja, é uma diretora para ficarmos de olho, pois enfrentar uma ficção científica distópica e com pitadas de drama psicológico é algo que nenhum astuto diretor desejaria se colocar a prova como primeiro longa, e sabiamente o resultado vai em flerte com algo tão em moda que são os "bebês" sem vida real.

Falar das atuações é algo bem fácil aqui, afinal são três ótimos atores se jogando por completo na tela, ao ponto que saíram do eixo simples e fizeram muito em cada ato mais insano que o outro. E vou começar do contrário, com Alicia Vikander que é mágica com o que faz em cada personagem novo, de modo que aqui sua Virgínia é daquelas que você olha e pensa o quão problemática foi a vida de uma pessoa para criar um personagem desse, cheio de nuances, cheio de expressões, e o pior, ou melhor vai saber, cheia de estilo, conseguindo chocar com suas mudanças expressivas e chamativas no papel, sendo brilhante com o que faz em cena. Elizabeth Olsen trabalhou sua Mia com olhares desconfiados no começo, foi mudando a perspectiva para entrar na dinâmica, e quando se viu já estava presa com tudo o que lhe colocaram, até sendo engraçado de ver, pois a atriz já teve outra experiência desse estilo em uma série, e aqui ela faz de uma forma completamente diferente, ou seja, soube trabalhar bem o texto e entregar personalidade para o papel. Uma coisa que me incomoda um pouco com Himesh Patel é que ele não se transforma para os seus personagens, fazendo o inverso que é fazer seu personagem se parecer com ele, e isso embora seja um estilo de atuação não permite cenas mais impactantes por sua parte, e aqui seu Aaryan até tem uma entrega bem cadenciada nos diversos momentos, mas pareceu inseguro em alguns momentos para ir mais além, o que não atrapalhou o filme, mas poderia ter chamado mais o filme para si. Os demais atores apareceram apenas em uma cena, bem conflitiva aonde puderam se jogar em dinâmicas e diálogos bem imponentes para a trama, mas são apenas objetos do caos, então valeria dar leves destaques apenas para Minnie Driver por sua Evie completamente explosiva.

Visualmente a trama teve um ar bem tecnológico, mas sintético na tela, não sendo algo cheio de computação gráfica, mas sim uma casa com poucos detalhes, com um design meio minimalista, mas com ambientes bem grandes, além de uma cozinha com poucos elementos e a caverna de trabalho do protagonista sem nada praticamente, apenas luzes e um sofá, além do macaco projetado que ele desenvolve, e do lado de fora praticamente uma montanha seca com um mar abaixo, e a estufa aonde a protagonista trabalha, ou seja, tudo bem rudimentar, mostrando que o ambiente vive em uma cúpula que controla o clima e tudo mais. Ao final somos apresentados um pouco de onde vive a avaliadora e também como chegar ao Velho Mundo, sendo algo bem intenso e que souberam gastar bem para algo pequeno na tela.

Enfim, é um filme reflexivo, porém cheio de nuances, aonde dá para analisar muitas coisas e também claro curtir como uma proposta de entretenimento, não sendo apenas jogado na tela para mostrar o quão inteligente foram os roteiristas e a diretora, resultando em algo bem interessante de ver e ir além, valendo bastante a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Diplomata (The Diplomat)

5/18/2025 07:00:00 PM |

Costumo fugir de dar play nas tramas indianas das plataformas de streaming, mas com todo o conflito que anda rolando entre Índia e Paquistão mais uma vez, sempre é bacana olhar algo baseado em fatos reais envolvendo os países, e o mais bacana do longa da Netflix, "O Diplomata", é que mostra algo que quase saiu dos trilhos em 2017 nos acertos diplomáticos dos países, quando uma mulher indiana que foi enganada para se casar com um paquistanês, sendo presa e violentada por ele, pediu asilo dentro da embaixada indiana no Paquistão, e vendo todos os trâmites complexos para poder deixar ela ir para seu país, tudo acabou sendo impactante e cheio de nuances. Claro que o formato indiano de seus dramas que recaem para pegadas novelescas acaba forçando um pouco a barra, mas o resultado das dinâmicas acabam funcionando bem na tela, e ao final vemos o quão complexo é a justiça desses países, o que acaba valendo o play.

A sinopse é bem simples e nos mostra que um diplomata indiano que tenta repatriar uma garota indiana do Paquistão, onde ela foi presumivelmente forçada e enganada a se casar contra sua vontade.

Diria que o diretor Shivam Nair soube segurar bem a tensão de tela e desenvolver a história para que não ficasse um filme frouxo, ou apenas algo documental sobre o que aconteceu em 2017, de modo que os personagens são apresentados aos poucos durante toda a exibição, sem ser algo direto, mas sim necessário para entendermos suas atitudes, e isso fez com que num primeiro momento até pensássemos estar vendo algo exageradamente novelesco, mas conforme tudo vai se desenvolvendo na tela, o resultado passa a criar uma certa tensão e mostra bem a dimensão diplomática que o caso acaba tendo. Ou seja, é o famoso filme coringa, aonde o diretor brinca com uma faceta fácil de administrar, mas que na tela se amplia tanto que quando vemos já estamos torcendo para a moça se salvar, embora a ideologia de posse matrimonial é algo que precisava ser banido da cultura de alguns povos, pois chega a ser feio de ver.

Quanto das atuações, sei que diplomatas tem de ter personalidade séria e não brincar em serviço, mas John Abraham se fechou tanto com seu JP Singh que não transparece carisma de alguém que está tentando defender a moça, de modo que dava para ele ser menos sintético que chamaria mais atenção como protagonista, e funcionaria bem melhor na tela. Sadia Khateeb trabalhou bem sua Uzma,  se desenvolvendo de uma personalidade desesperada para alguém marcada pelo terror, aonde uma fala explode, um ato marca, mas que sabendo segurar bem sua densidade na tela chamou muita atenção e agradou com o que fez. Tivemos outros bons personagens na tela, mas como a base principal focou nos dois atores, vale apenas dar leves destaques para Ashwath Bhatt com seu Malik, Revathi fazendo bem o papel de Sushma Swaraj e Jagjeet Sandhu com seu Tahir, mas sem grandes chamarizes.

Visualmente a trama mostra um pouco do ambiente aonde a protagonista vai morar com seu marido numa vila cheia de armas e mulheres forçadas a procriar e apanhar, vemos todo o ambiente fechado de uma embaixada com vários funcionários espantados com tudo o que rola, um pouco da casa do diplomata, algumas audiências e claro um pouco do envolvimento da garota com o marido na fantasiosa Malásia, ou seja, tudo bem recortado e simples, mas que funciona bem na tela, além de claro a explosão que o diplomata vivenciou em Kabul para ter seu estilo mais denso.

Enfim, é um bom filme tanto como história bem amarrada, quanto com boas dinâmicas de tela, mas que além disso vale para a reflexão e conhecimento do mundo e das políticas diplomáticas dos países de lá que agora vemos estarem em guerra. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, mas amanhã volto com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Missão: Impossível - O Acerto Final (Mission: Impossible - The Final Reckoning)

5/17/2025 11:08:00 PM |

Como saber que uma franquia já deu o que tinha que dar? Insira no seu capítulo "final" todos os demais filmes aparecendo em determinados momentos, tente conectar tudo e faça um pouco mais do mesmo para que os amantes da franquia não se decepcione! E detalhe, não estou falando de forma alguma que "Missão: Impossível - O Acerto Final" seja ruim, muito pelo contrário, tendo boas dinâmicas e algumas cenas bem interessantes o filme funciona e tem um bom fechamento, porém diferente dos últimos que tínhamos tanta correria que ao final até estávamos cansados, aqui o longa foi mais denso, com ambientações mais tranquilas e pegadas, aonde usaram excessivamente as conexões e cenas dos demais filmes da franquia, ligando personagens e tudo mais. Ou seja, não é necessariamente obrigatório se lembrar detalhadamente cada momento dos outros filmes, mas se você souber algo a mais conforme as cenas vão acontecendo, o resultado se complementa. Dito isso, coloquei no começo a palavra final entre aspas, pois mesmo sendo algo que fechou na tela, ao menos os últimos acontecimentos, é uma franquia que se quiserem reinventar ainda dá para brincar bastante, e o dinheiro sempre fala mais alto, então se der lucro, logo logo inventam mais um capítulo para gravar, mas deram ao menos um bom desfecho para tudo.

A sinopse nos conta que Ethan Hunt e a equipe do IMF continuam sua busca pela terrível IA conhecida como Entidade, que se infiltrou em redes de inteligência por todo o mundo, com os governos do mundo e um fantasma misterioso do passado de Ethan em seu encalço. Com novos aliados e munidos dos meios para acabar com a Entidade de uma vez por todas, Hunt embarca em uma corrida contra o tempo para impedir que o mundo como o conhecemos mude para sempre.

O diretor e roteirista Christopher McQuarrie esteve a frente da franquia nos últimos quatro filmes e com isso foi bem arquitetado todo seu plano maior, criando as devidas desenvolturas para que os personagens se encaixassem bem na tela, as dinâmicas acontecessem, e principalmente uma história maior fosse desenvolvida, e detalhe, todos os quatro com começo, meio e fim, ou seja, estão interligados, porém tem sua aventura bem contada nos muitos minutos de tela, sem fazer com que o público saísse da sessão desapontado com algo jogado. Claro que pra isso acontecer, ele abusou um pouco de nós espectadores, criando cada vez filmes mais longos, e assim se ele inventar um próximo é capaz de precisar de intervalo, pois irá passar das 3 horas fácil, mas a grande sacada do diretor é que sendo um grande amigo de Tom Cruise, que é o produtor máximo da franquia desde o começo, ele faz todas as vontades malucas que o ator deseja acontecer na tela, então já vamos assistir aos seus filmes esperando qual será a maluquice da vez, e isso funciona dentro do estilo do diretor também. Ou seja, é um filme que você confere esperando tudo o que vai rolar, mas que não se surpreende mais por conhecer o estilo do diretor e do protagonista, tendo uma boa criatividade em cima da loucura da IA, mas que dava para o diretor ter trabalhado mais a fundo tudo, ou então ter condensado esse e o anterior para virar um bom filme só.

Quanto das atuações, tenho de falar o básico que Tom Cruise nem aparenta a idade que tem, sendo daqueles que não se limitam apenas em atuar, mas gostam de se jogar na produção do começo ao fim, e aqui seu Ethan que tanto conhecemos mergulha no mar gelado, encara as profundezas de um submarino abandonado, voa pelos céus e ainda faz as suas famosas frases de efeito bem encaixadas. Hayley Atwell foi quem mais evoluiu do filme anterior para esse com sua Grace, de modo que trabalhou bem os trejeitos e soube dominar na tela cada momento seu para ficar interessante e divertida ao mesmo tempo. Se no filme anterior Essai Morales fez um Gabriel bem imponente, aqui ele ficou muito em segundo plano, e nem aparentou ser um vilão grandioso para o papel, o que acaba desapontando na tela. Agora quem voltou bem expressiva e merecia mais tempo de tela foi Pom Klementieff com sua Paris, de modo que a atriz que já demonstrava um carisma monstro em outros filmes, conseguiu mudar de lado e entregar bons momentos na tela, mostrando que tem estilo e sabe bem além de lutar. Simon Pegg é daqueles atores que gostam do que fazem na tela, ao ponto que seu Benji era pra ser um personagem jogado, apenas alguém que criasse as armas para o protagonista, mas acabou se desenvolvendo tanto com um ótimo carisma, que aqui entrega muito na tela. Ainda tivemos outros muitos bons atores e personagens, mas não vou me alongar muito, mas gostaria de deixar uma colocação apenas que a maioria dos produtores e roteiristas juravam que Kamala Harris ganharia as eleições, pois já é o terceiro ou quarto filme que colocam uma atriz negra como presidente americana, ou seja, apenas esqueceram de contar para os delegados do país.

Visualmente a trama é bem dimensionada, tendo alguns bons atos no mar dentro de submarinos, tivemos alguns momentos no ar com aviões em movimento para o protagonista fazer suas artes, alguns momentos com bombas imensas para serem desarmadas, bons atos no gelo e neve, e alguns momentos num centro operacional da presidência decidindo o que fazer com as muitas ogivas nucleares prontas para explodir, sendo o filme da série com menos atos abertos, o que talvez tenha sido mais economizado na produção.

Enfim, é um filme grandioso e funciona na tela, sendo bacana para quem gosta da franquia e desejava ver um bom desfecho cênico, mas acabaram forçando um pouco demais, de modo que dava para ter alongado ainda mais o filme anterior colocando alguns momentos-chaves desse, e o resultado seria muito melhor. Ou seja, é um filme que quem for conferir não irá se desapontar com a entrega, pois é bom no que vemos acontecendo, mas a história dava para ser condensada fácil com praticamente uma hora a menos. E é isso meus amigos, deixo a recomendação para quem for já adiantar ele, afinal a estreia real é dia 22, mas a semana inteira já tem boas sessões em todos os cinemas, para fugir do "cachorrinho" alienígena azul que vem com tudo na mesma data. Então abraços e até amanhã com mais dicas.


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