Amores Materialistas (Materialists)

8/01/2025 01:07:00 AM |

Costumo dizer que não gosto de conferir romances pôr na maioria das vezes ser mais do mesmo, e ter finais irreais aonde o amor vai longe, a pessoa se apaixona perdidamente, e tudo mais açucarado num nível que jamais aconteceria numa vida verdadeira, porém como a diretora de "Amores Materialistas" tem crédito de conseguir fazer um dromance com pegada como aconteceu em "Vidas Passadas", resolvi dar a chance indo agora para seu filme bem mais comercial, com atores badalados e tudo mais que podiam lhe dar, e a primeira metade do longa foi muito bem feita, cheia de boas sacadas e dinâmicas, mostrando bem a "matemática" da casamenteira protagonista, que é um tipo de Tinder mais humano e caro, porém quando o filme faz a inversão, parece até que outra pessoa assumiu o leme do navio, ou melhor, ligaram o piloto automático e deixaram nas mãos dos atores, pois acaba ficando tão linear, tão sem nuances, que por pouco não ficou sem tempero algum. Ou seja, é o tradicional romance que você veria em casa e se não tivesse com muita vontade de conferir acabaria cochilando no sofá, mas como tem um começo bem interessante, foi salvo de algo fraco e cansativo.

O longa acompanha uma casamenteira chamada Lucy, que se envolve num triângulo amoroso complicado. Apesar de ainda nutrir sentimentos pelo garçom aspirante a ator John, a jovem começa a se relacionar com um homem rico chamado Harry, irmão do noivo de um casal que juntou com sucesso. Harry é o partido perfeito, mas, ao reencontrar com John uma noite, Lucy se vê balançada pelo antigo amor imperfeito.

Quem conferiu o filme de estreia de Celine Song, que acabou indicado a muitos prêmios mundo afora, sabe que a cineasta tem estilo e personalidade para desenvolver bem suas histórias, porém se lá ela fez um miolo singelo e cansativo demais, aqui ela fez isso já nos atos finais, e como bem sabemos de anos de cinema, se um filme não tiver um ápice decente, ele não convence, e aqui foi exatamente esse o problema, pois a protagonista a todo momento diz que é uma negociadora, que seu preço é alto e somente uma vida farta lhe casaria bem, mas muda do vinho para a água da torneira nos atos finais (aí alguém vai falar que o pobre era bem mais bonitão), e isso não é uma inversão fiel ao desenvolvimento da trama, e muito menos o que aconteceria no mundo moderno e atual, mas foi a escolha da diretora, e assim diria que ela vai precisar se ajustar para conseguir surpreender em seu próximo trabalho, senão logo mais desaparece.

Quanto das atuações, a diretora teve em suas mãos três nomes que chamam atenção por si só, e o mais bacana de ver Dakota Johnson com sua Lucy aqui é a própria brincadeira que o roteiro faz com ela, de uma garota que sonhava ser atriz, mas não tinha técnicas para se expressar, ou seja, ela mesma, e aqui fez até cenas bem expressivas sozinha de frente para a câmera, mas quando precisou interagir um pouco mais, pesou a mão. Chris Evans ficou tão marcado por fazer personagens de filmes de ação, que ver ele calminho, apaixonado e amigo com seu John acaba soando até estranho de ver na tela, mas soube segurar os momentos que tinha para passar o sonho de amor de qualquer adolescente apaixonada com o que faz. Alguém avisa o Pedro Pascal que já temos um ator que faz 20 filmes por ano para pagar impostos, e ele se chama Nicolas Cage, pois já está ficando chato ver ele em tudo, não que ele não seja um bom ator, mas aqui caberia outros nomes para o papel de Harry, que aliás se formos observar a fundo, é um papel que simplesmente tem algumas boas falas, mas praticamente inexiste na trama por completo, sumindo muitas vezes de cena, e acredito que valeria ter desenvolvido mais ele para chamar mais atenção. Quanto aos demais personagens, a maioria apenas surge na tela, tendo um maior destaque para Zoë Winters com sua Sophie que tem mais conexão com a protagonista, mas nada que chamasse tanta atenção.

Visualmente o longa foi interessante pela proposta das entrevistas com os vários candidatos e seus perfis de relacionamento, como desejam a pessoa amada, com alguns quase achando que é fabricante de carro customizado, e com isso não precisaram de muita cenografia, mas também tivemos muitos casamentos para gravarem, e principalmente muitos restaurantes chiques aonde a protagonista vai, de modo que certamente gastaram um bom pedaço do orçamento pagando jantares, além claro do comparativo entre o apartamento gigantesco de Harry e o apartamento minúsculo colaborativo de John, todos com muitos detalhes para representar bem o que o filme precisava.

Enfim, é o famoso filme passatempo para adolescentes, aonde algumas mulheres podem sonhar um pouco mais com a entrega de conexão na tela, mas que dava para ter ido bem mais além com a proposta, isso dava com toda certeza. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Amazon Prime Video - Quando a Guerra Acabar (Når Befrielsen Kommer) (Before It Ends)

7/31/2025 09:39:00 AM |

Muitas vezes não paramos para pensar sobre alguns fatos da História Mundial, afinal vemos pouquíssimos fatos que ocorreram entre tudo o que já existiu e aconteceu, e somente se aprofundando em alguma área bem específica acabamos descobrindo coisas novas, e costumo falar que o cinema é uma das melhores ferramentas para suprir isso, pois claro que em muitos longas acabam floreando ou colocando situações e personagens fictícios, mas a essência sempre estará ali subentendida ou pronta para que você pesquise mais depois de conferir um filme que seja interessante. E hoje me apareceu como sugestão na Amazon Prime Video o longa dinamarquês (aliás que ótimo cinema que tenho visto do país), "Quando a Guerra Acabar", que mostrou algo que nunca tinha passado pela minha cabeça, dos alemães que acabaram se refugiando em outros países quando o país começa a perder efetivamente a Guerra, e como essas pessoas acabaram sendo tratadas aonde iam, e como quem ajudava eles também eram tratados, ou seja, algo bem denso de se pensar e também refletir, afinal nunca se sabe o dia de amanhã, e as vezes uma atitude diferente pode ajudar ou acabar com sua vida e/ou família.

Quando Jacob, o diretor de uma escola recebe ordens de acomodar mais de 500 refugiados civis alemães nos últimos dias da ocupação, ele e sua esposa Lis enfrentam um dilema. Se ajudarem os refugiados, eles serão considerados traidores. No entanto, se não ajudarem, muitos morrerão. Ao mesmo tempo, descobrem que seu filho de 12 anos começou a ajudar o movimento de resistência. A família é levada ao limite e Jacob e Lis devem agora fazer uma escolha que mudará suas vidas para sempre.

Diria que a pesquisa e o trabalho feito pelo diretor e roteirista Anders Walter, que aliás é um exímio colecionador de prêmios com seus curtas, tendo já sido indicado duas vezes ao Oscar, inclusive ganhando a edição de 2014, e o mais bacana de um bom diretor de curtas, é que ele sabe ser conciso na transição para um longa, pois a maioria opta por alongar a trama e ficar enrolando o espectador, já a minoria sabe aonde pontuar e não fica enfeitando o doce, que é exatamente o que ele fez aqui, afinal mostrou como foi a imposição dos soldados alemães que ainda ocupavam a Dinamarca, fazendo com que os diretores das escolas abrigassem os cidadãos alemães que estavam em fuga de seu país natal, trabalhou a doença que matou aos montes, principalmente crianças, e abordou bem como os dinamarqueses que não pensaram só em si, e ajudavam os mais necessitados e doentes, acabavam sendo acusados de traição e por vezes até mortos por seus próprios compatriotas, ou seja, temas dificílimos que para desenvolver bem talvez precisasse até de mais tempo de tela, mas que ele preencheu bem os espaços e conseguiu mostrar bem na tela, e ainda botar o conflito de uma criança entre o certo e o errado, entre o pai e o amigo, ou seja, pesado.

Quanto das atuações, já vimos muitas vezes o ator Pilou Asbæk em filmes de ação, mas aqui seu Jacob é daqueles homens que querem ajudar a todos, que enfrenta montanhas para fazer o que acha certo, e o ator teve muita personalidade para desenvolver todos os atos do personagem, ao ponto de emocionar e até impactar em algumas dinâmicas mais fortes, e isso mostrou que sabe encarar bem o lado dramático nas telas. O jovem Lasse Peter Larsen trabalhou seu Søren com tanta expressividade que chega a ser até espantoso ver que é seu primeiro filme, e que foi achado em uma seletiva para o papel, de modo que trabalhou trejeitos fechados e densos, e também soube comover nos momentos mais emocionais, agradando bastante e quem sabe sendo um nome para olharmos num futuro. Katrine Greis-Rosenthal desenvolveu sua Lis com traquejos mais suaves, mas também se desesperou quando tudo virou de ponta-cabeça, ao ponto que segurou o lado familiar de uma mãe, tendo olhares claro para também as demais crianças, e assim mesmo que de forma sutil acabou chamando atenção na tela. Quanto aos demais, vale destacar o estilo explosivo de Morten Hee Andersen com seu Birk, entregando dinâmicas fortes como um líder da resistência dinamarquesa, e Peter Kurth trabalhando seu Heinrich, um médico alemão que usando o broche do partido acaba chamando atenção demais na tela, o que foi marcante pelos atos que se doou.

Visualmente o longa foi bem intenso também, entregando uma escola dinamarquesa afastada do centro tradicional, aonde vemos todo o "despejo" de refugiados alemães, vemos o amontoado que vira o ginásio da escola com feno, redes, camas improvisadas e tudo mais, sem comida e higiene, enquanto do outro lado temos os alunos da escola comendo em um refeitório todos arrumadinhos, as aulas de exercício rolando enquanto os mortos são levados para enterrar do lado, tivemos a dinâmica fortíssima da brincadeira das crianças de resistência e nazismo, e claro todo o ato de espancamento do protagonista numa espécie de cativeiro, ou seja, uma trama visualmente bem completa, com figurinos de época e dinâmicas bem fortes e representativas pelos objetos cênicos e ambientes bem marcados em cada momento do longa.

Enfim, é um filme que simplesmente apareceu nas minhas indicações da plataforma, que nem sabia da existência dele antes, mas que como disse no começo, mostrou algo que sequer pensei ter existido, e assim sendo valeu até mais do que um filme apenas conferido, e assim vale a recomendação para todos darem o play nele. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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A Prisioneira de Bordeaux (La Prisonnière De Bordeaux) (Visiting Hours)

7/30/2025 12:27:00 AM |

Certa vez um amigo que não está tão acostumado com filmes franceses e de festivais me disse ao conferir uma trama que o longa era "francês demais para o gosto dele", e mesmo rindo dessa situação, por vezes quando vejo alguns dramas franceses me vem essa frase na cabeça, pois em algumas tramas o diretor transborda uma ideia do começo até próximo ao final, quando de repente ele muda completamente o rumo e acaba naquilo, não sendo algo para se desenvolver numa sequência ou algo do tipo, mas sim por simplesmente ele desejar acabar daquela forma. E o longa "A Prisioneira de Bordeaux", que estreia no dia 07/08 nos cinemas, traz algo bem dessa formatação, aonde vemos o relacionamento de duas mulheres que acabam criando uma amizade ao visitar seus maridos na prisão, que vai muito além do normal, principalmente por serem tão diferentes socialmente falando, mas a inversão no final era esperada, só talvez um pouco melhor desenvolvida chamaria mais atenção, e não seria "tão francês".

A sinopse nos conta que Alma, sozinha em sua casa imensa, e Mina, mãe solteira de um conjunto habitacional em outra cidade, organizaram suas vidas em torno das visitas que fazem aos respectivos companheiros presos. Quando as duas mulheres se encontram na antessala da área de visitas, uma amizade improvável se inicia.

Diria que a diretora Patricia Mazuy trabalhou seu filme com uma pegada descontraída em cima de um tema denso, de forma que o roteiro em si é pesado de situações, afinal os crimes dos maridos são duros, e as defesas em si são bem complexas de análise, porém deu para as mulheres dinâmicas mais soltas, e assim o resultado até que flui bem, embora tenha as diferenças de classes sociais em pauta, ela não quis causar nada muito explosivo na tela, tirando claro a forma de fechamento. Ou seja, é daqueles filmes que você espera que tudo possa acontecer para finalizar com essência, mas como o estilo francês pede, a abertura mostra até que algo chamativo possa fluir, no caso uma dinâmica aberta, aonde ambas "ganharam".

Quanto das atuações, é sempre prazeroso ver Isabelle Huppert em cena, pois ela entrega personagens que muitas vezes achamos que ficaria ruim de ver na tela do cinema, mas acaba encontrando floreios tão bem centrados que acabam saindo do padrão, e sua Alma é daquelas pessoas que possuem tudo em questão monetária, tem tempo, e falta o principal: uma conexão com alguém, pois mesmo o marido já não passa carinho para com ela, e assim acaba encontrando isso nas conversas paralelas na prisão com outras mulheres, e claro na sua parceira cênica que acaba levando para casa. Já por outro vértice, Hafsia Herzi trabalhou sua Mina com um ar mais fechado, tendo todos os problemas para pensar, as crianças e o cobrador na cabeça, de modo que a atriz fez suas dinâmicas sempre com olhares mais densos, não pensando tanto no que poderia acontecer, mas com traquejos centrados e chamativos. Não diria que os demais personagens passam batido na tela, mas não contribuíram tanto para que a câmera focasse neles, e assim sendo não vale destacar mais ninguém além das protagonistas.

Visualmente, o longa tem uma prisão até que bem arrumada, mostrando praticamente só as cabines de visitas e uma sala de esperas até mais arrumada que muito consultório dentário mundo afora, do lado de fora um paisagismo chamativo, que até sai bem fora do eixo tradicional, e ao contrário vemos uma mansão meio que bagunçada, abandonada, com a piscina suja e cheia de folhas, uma reunião de amigos com todos espremidos num canto da cozinha, alguns quartinhos bem pequenos, o que acabou ficando um pouco estranho de ver, já que temos quadros imensos nas paredes, ou seja, a equipe de arte acabou se perdendo um pouco nas escolhas cênicas, e o resultado pesou um pouco.

Enfim, é um filme que tem estilo, que tem momentos interessantes, mas que falhou no quesito visual e no fechamento um pouco solto demais, além de algumas situações não muito críveis que talvez com os cortes acabaram ficando jogadas na tela, porém ainda tendo o estilão francês que gostamos de ver em festivais conseguirá agradar esse público, valendo a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo a Autoral Filmes pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Filhos (Vogter) (Sons)

7/28/2025 11:55:00 PM |

Alguns filmes colocam nosso lado moral e ético em cheque quando mostram certas situações, ao ponto que claro sendo um filme dá para refletir melhor e pensar no que faríamos em determinada situação, mas que certamente se acontecesse realmente conosco necessitaria muito sangue frio para não partir para a ignorância. E um exemplar excelente que chega na próxima quinta, 31/07, nos cinemas é o longa dinamarquês, "Filhos", que em um primeiro momento não entendemos bem o que a mulher enxerga no rapaz, mas conforte vamos entendendo um pouco mais tudo, e vem a explicação, aí você já torce pra deixarem ela uns minutinhos a sós para resolver frente a frente, mas como bem sabemos, no longa acontecerá outras dinâmicas no miolo para dar um pouco de ódio no espectador, até um final interessante, mas que para muitos deveria ser diferente. Ou seja, é daqueles filmes aonde vemos o quanto a consciência emocional consegue segura a física, pois principalmente para uma mãe conseguir segurar a raiva de uma pessoa é algo que não tem embasamento, e que junto de uma trama forte e cheia de nuances, o resultado funciona amplo e sem amarrações jogadas, o que é algo brilhante de se ver na tela.

O longa nos mostra que Eva é uma agente penitenciária idealista que enfrenta um dilema quando um jovem que faz parte de seu passado é transferido para a prisão onde ela trabalha. Sem revelar esse segredo, ela pede para ser alocada no bloco do rapaz, o mais violento da instituição. E assim começa um perturbador thriller psicológico, em que o sentido de justiça de Eva coloca a sua moralidade e o seu futuro em jogo.

A maioria que me segue sabe o quanto dou porrada em diretores estreantes, porém dei uma nota 10 para a estreia do diretor Gustav Möller no longa "Culpa", e aqui em seu segundo longa ele volta com algo para nos deixar aflitos com a protagonista, e claro colocando em cheque todas as noções do que é certo ou errado numa situação complexa como a que tem de uma policial ter nas suas mãos alguém que lhe causou algo no passado, pois facilmente muitos perderiam a linha. E nessa intensidade o diretor volta com um texto fácil de pegadas, porém denso de estilo, aonde vemos trejeitos e situações bem fortes por conta de todos os atos colocados em pauta, e sabendo exatamente aonde atingir, ele brilha com as facetas escolhidas. Claro que muitos irão desejar outro final, mas só de colocar a discussão na tela, o diretor já ganhou muitos pontos, e assim sendo, dois longas e dois acertos, se vier com mais um já pode entrar para o seleto grupo de diretores com triplo acerto.

Quanto das atuações, tivemos atos com muitos personagens secundários, o que por vezes dá uma certa quebra na dinâmica de tela, mas a base quase que total é na interação dos dois protagonistas, e Sidse Babett Knudsen conseguiu trabalhar os olhares de sua Eva com um traquejo tão sereno, que nem parece estar com tanto ódio interno pelo seu oponente de tela, ao ponto que friamente consegue ir fazendo as dinâmicas acontecerem, e sabiamente tenta não ficar explosiva, ao ponto que o acerto acontece, mas também se amarra para não chocar. Do outro lado vemos Sebastian Bull com seu Mikkel inicialmente sem saber o que está acontecendo, mas apanhando tendo claro culpa, de modo que sua invertida acaba sendo chamativa e até uma estratégia do diretor causar revolta no público, e assim sendo o ator conseguiu trabalhar olhares de espanto em algumas dinâmicas, e até um certo ar sacana em outros, mas fluindo bem para que o resultado não ficasse jogado.

Visualmente, a trama fica praticamente toda dentro do presídio, mostrando desde o lado dos presos mais calmos, que fazem aulas escolares e também yoga, que são tratados pelos nomes, quanto o lado aonde estão os mais violentos, aonde tudo é feito apenas com números, com sujeira, muitos momentos levando para as solitárias, e o bacana é ver no presídio dinamarquês não ter banheiro nas celas, mas sim fora, com pedidos para ida lá, muitas verificações de drogas, e claro a academia para os policiais, e não para os presidiários. Vemos também todo o conceito do figurino, estilo de reuniões, e claro a cena tensa do lado de fora na visita da mãe, aonde a explosão toma conta.

Enfim, é mais um filme que fui conferir sem saber absolutamente nada, e acabei gostando demais de tudo o que vi, e o melhor foi descobrir depois que era de um diretor que já tinha gostado de outro trabalho, então posso dizer que o cinema dinamarquês tem muito futuro para brilhar se seguir nessa toada. É claro que indico demais ele, e vou torcer para que entre em cartaz em todas as cidades para que muitos o vejam, e fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Mares Filmes e meu amigo Léo pela excelente cabine de imprensa, e amanhã volto com mais uma cabine nessa semana recheada, então abraços e até logo mais.

PS: Se no primeiro filme do diretor eu quis tirar meio ponto, mas não retirei, aqui até daria mais meio ponto para cima, mas não ao ponto de ser perfeito, então seguimos com um nove.


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Nada

7/28/2025 01:04:00 AM |

Certa vez um amigo me questionou do motivo de não ser tão fã de longas experimentais e/ou alternativos, e a resposta que disse é a padrão que dou até para filmes comerciais ou filmes de festivais, que é a de que tenho necessidade que o longa me passe qualquer sentimento, não basta estar assistindo e sair da sala e precisar pesquisar sobre o que vi, ou então ter de ler um manual de intenções do diretor para gostar, a trama precisa funcionar para mim durante sua exibição na tela, independente se é experimental total ou se é um blockbuster. E quando aceitei a cabine do longa nacional, "Nada", foi algo meio que instintivo que precisava urgentemente de mais filmes (acaba logo Julho, que 1 filme por semana nos cinemas está acabando com minha paciência), mas que nem cheguei a ler do que se tratava, e claro que todas as cabines que assisto, eu comento, mesmo que ache tudo muito ruim, e hoje antes de dar o play li rapidamente a sinopse e já pensei que iria odiar tudo, pois tinha o jeito total de ser algo extremamente alternativo, com uma pegada reflexiva ampla e tudo mais, e ledo engano, o longa conseguiu me colocar bem junto das protagonistas, e me ver imaginando o tanto que essas milhares de ondas sonoras e magnéticas que vibram no meio do nosso caminho influenciam nossa percepção, que claro aqui deram uma grande exagerada, mas dá para se pensar de como toda essa bagunça invisível faz com que vejamos uma realidade paralela em nossa mente. Ou seja, é um filme alternativo, simples, rápido e que funciona, que talvez pudesse até ter ido mais além, mas que tem estilo e chama atenção.

A sinopse nos conta que Ana está montando uma exposição de suas obras de arte quando é forçada a retornar à fazenda onde passou sua infância. Tereza, sua irmã, foi atingida por uma doença enigmática que altera seus estados de consciência. Durante sua estadia, Ana tem que enfrentar os mistérios de sua própria memória.

Por incrível que pareça, esse é o primeiro longa do diretor Adriano Guimarães, que soube usar o primeiro roteiro dramático de Emanuel Aragão que até hoje só havia feito comédias de sucesso, aonde sabiamente ele trabalhou uma história aparentemente casual, que em um primeiro momento até tem um ar meio documental, mas que depois entra numa essência tão bem encaixada que prende você na tela. Claro que dava para encurtar fácil uns 15-20 minutos, ou ampliar alguns detalhes para manter a trama do tamanho que foi finalizado, e aqui não apenas daria dinâmica para o longa, como também causaria um maior impacto, pois dando esse respiro alongado em alguns momentos, o filme mostra insegurança na tela, e isso certamente não é algo de se esperar em um filme. Ou seja, por ser um primeiro trabalho, o diretor foi muito bem no que fez, agora é polir a tesoura para que no próximo trabalho fique perfeito, e cause muito mais.

Quanto das atuações, Bel Kowarick conseguiu segurar bem a responsabilidade do protagonismo com sua Ana, demonstrando na tela dinâmicas fechadas e por vezes até parecendo não estar entendendo o que está fazendo, mas não deixou que isso ficasse em segundo plano, e o mais bacana foi toda a inversão quando ela também passa a ver e acreditar no que acontece com as frequências, ou seja, a atriz brilhou e fez bem o que tinha de fazer na tela. Denise Stutz já fez sua Tereza com uma pegada mais direta, que passa tanta credibilidade com o que está vendo, sabendo exatamente da influência e das dinâmicas, que não tem como não duvidar dela, e por vezes essa "loucura" fica tão real, que não tem como não se conectar, ou seja, segurou com imposição e sem precisar forçar expressões. A trama se prende tanto nas duas protagonistas, que os demais acabaram ficando exageradamente secundários, quase nem aparecendo, ou fazendo apenas aparições, valendo o destaque mais sério de Luciana Cava como uma mãe sem falas, mas com olhares emblemáticos, e claro Thaís Puello como a empregada da casa, que por alguns momentos até pensei que ela não fosse real também.

Visualmente a trama foi bem sutil, tendo uma fazendo com uma casa simples, bem tradicional do interior, com gado, plantações, um morro bem grande aonde só lá em cima pega o sinal direito de celular, lâmpadas que permanecem semi-acesas pela interferência das muitas antenas, e claro a torre de antenas que causa conflito em toda a vila por ali, além de uma terra arada pronta para a plantação que dá o tom do cartaz do longa. Ou seja, a equipe de arte soube usar de detalhes para convencer o que o texto passava, sem precisar gastar ou criar situações sem base alguma.

Enfim, é um filme bem interessante de proposta, que parecia muito fora da casinha quando li a sinopse, mas que dentro do contexto apresentado convence, e até me fez pensar em tudo o que tenho ligado aqui no quarto, interferindo nas minhas imaginações, então vale como algo a mais do que apenas um filme, e assim sendo fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Embaúba Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até lá.


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Lições de Liberdade (The Penguin Lessons)

7/25/2025 12:50:00 AM |

Logo que vi o trailer de "Lições de Liberdade", sem saber muito do que era, fiquei imaginando que seria mais uma história, vindo de outro país, sobre o pinguim que aparecia no Brasil na casa do velhinho, que já tivemos um filme esses tempos atrás, mas logo via esse entrando numa escola e fiquei apenas esperando para ver que rumos isso tomaria quando fosse conferir. Aí chegando hoje a primeira coisa que já tacam na tela é o ano 1976, no meio do conflito da ditadura argentina, com um professor inglês numa escola elitista, ou seja, já me preparei para o baque, pois de bobinho a trama não me entregaria mais nada, e dito e feito, o longa consegue trabalhar metáforas do período, usar reflexões de como uma ave pode ser um psicólogo e bom ouvinte dos problemas, e até como conseguir a atenção numa sala de aula caótica, tudo isso junto formando algo bonito de ver na tela, que funciona sem soar jogado. 

O longa acompanha a jornada de um professor estrangeiro que, ao aceitar um trabalho em uma escola na Argentina em 1976, se depara com um país dividido e uma classe de alunos indisciplinados. No entanto, sua vida toma um rumo inesperado quando ele resgata um pinguim em uma praia. A situação inusitada transforma sua visão de mundo, e lhe ensina as lições mais importantes sobre amizade, esperança e liberdade.

Não lembro de ter assistido nenhum dos outros filmes do diretor Peter Cattaneo, mas olhando sua filmografia posso dizer que ele tem um estilo bem variado, sem focar muito em dramas ou comédias, o que é bom, e aqui ele mostrou bem isso ao trabalhar de cara o professor entrando na sala e já tendo que explicar o que é sarcasmo e metáfora, para que o público seja como os alunos e já pegue todas as referências que ele irá jogar durante toda a exibição, não apenas mostrando uma história real, mas sim fazendo uma grande crítica às ditaduras, aos sumiços de pessoas, e claro a conexão emocional que temos quando tudo explode de uma vez, sendo bem sutil e sincero com as escolhas que entrega, e dessa forma ele acaba bem condizente com tudo.

Quanto das atuações, Steve Coogan soube pegar o personagem que facilmente poderia ser um professor bem simples, e encaixou nuances dentro de uma personalidade tão direta e marcante que acaba fazendo com que o papel ficasse com sua cara, de forma que você não consegue lembrar de nenhum outro papel dele com o que acabamos vendo na tela, e isso é brilhante. Além do protagonista e do pinguim bem carismático, os demais personagens acabam entregando mais conexões e dinâmicas para acrescentar algo ao filme, não tendo grandiosas atuações, ao ponto que Björn Gustafsson acaba sendo um incômodo com seu Tapio falando sem parar, e Jonathan Pryce acaba desenvolvendo o diretor da escola inicialmente como alguém mais fechado e cheio de regras e depois se entrega mais para as dinâmicas, então vale um leve destaque para Vivian El Jaber com sua Maria mais seca de entrega, mas que soube passar a mensagem das mães da Praça de Maio de forma bem coerente.

Visualmente o longa conseguiu transportar bem o cenário dos anos 70 na Argentina, brincar com o lado "milionário" de várias notas de dinheiro na hora que o protagonista recebe seu dinheiro, e também a desvalorização da moeda, teve atos da consciência ambiental mostrando uma praia cheia de óleo com vários pinguins mortos, trabalhou as boates calientes da noite do Uruguai, e claro toda a diferença entre os ambientes numa escola de elite toda normal em pleno conflito fora dali, sendo tudo bem representado na tela, com bons detalhes bem simples e encaixando bem cada elo que o longa precisava.

Enfim, é um filme de certa forma bem simples, mas que entrega algo bem representativo, cheio de mensagens, e claro com um texto ácido diluído em metáforas e sarcasmos, o que deu um tom bem marcante para os vários conceitos que o longa trabalha, e assim sendo valendo a recomendação de assistir e pensar em tudo o que acontece na tela, mas que também acaba valendo como um bom passatempo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Quarteto Fantástico: Primeiros Passos em Imax 3D (The Fantastic Four: First Steps)

7/24/2025 01:37:00 AM |

O mais interessante do longa "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" é que tanto o diretor quanto a Marvel em si não quis fazer algo que fosse uma apresentação imponente dos personagens que tanto vimos adaptações dos quadrinhos que sempre foram criticadas ao máximo pelos exageros e erros, mas sim desenvolver uma história bacana, familiar, que divertisse, e principalmente que servisse para uma continuidade como franquia dentro do mundo expandido da companhia, e dessa forma alguns fãs vão reclamar de mudanças canônicas, outros vão argumentar que não teve uma apresentação tradicional, mas eu já diria que gostei exatamente de todas as mudanças feitas, pois dessa forma o longa funcionou como um bom drama de ação que mesmo que você não seja alguém fanático por quadrinhos ou pelos personagens em si, acabará conectado e envolvido com o que é entregue na tela, e dessa forma a trama sai tão bem que tudo deslancha fácil, e quando você vê já acabou bem contada, fechada e pronta para novos desafios, e o principal: sem precisar ter visto um milhão de séries dos canais fechados.

Ambientado no vibrante cenário de um mundo retrô-futurista inspirado nos anos 1960, o filme acompanha Reed Richards, Sue Storm, Johnny Storm e Ben Grimm enquanto enfrentam seu maior desafio até então. Forçados a equilibrar seus papéis de heróis com a força de seus laços familiares, eles precisam defender a Terra de um deus espacial voraz chamado Galactus e sua enigmática Arauto, Surfista Prateada. E como se o plano de Galactus de devorar o planeta inteiro e todos que vivem nele não fosse ruim o suficiente, a história se torna subitamente muito pessoal.

Por incrível que pareça, esse é o primeiro (ou segundo) longa do diretor Matt Shakman que dirigiu muitas séries antes de lhe darem o filme, e ainda mais incrível que ele não transformou seu filme em algo seriado e necessário de ser feito em série, conseguindo encaixar um começo, meio e fim bem determinados, que funcionam na tela em pasmem menos de duas horas já com os pós-créditos, ou seja, é um caso raríssimo de diretor que sai desse nicho e consegue esse feito. Claro que para isso o roteiro passou por uma tonelada de mãos, e pelo diretor criativo da Marvel, que soube voltar lá para o seu início, aonde íamos ao cinema para assistir a um filme, não um pedaço de um projeto gigantesco aonde tudo era milimetricamente conectado e víamos uma salada de personagens que jamais vimos em outros filmes, tudo de forma corrida e mal feita. Ou seja, a sacada completa da trama foi muito bem desenvolvida, mostrando rapidamente como os personagens adquiriram seus poderes, mostra o laço familiar muito bem conectado de todos, foca perfeitamente somente neles e no vilão junto de seu arauto, e coloca a missão sendo trabalhada tanto como um feito heroico e/ou o drama de uma família pronta para defender seu mais novo membro, e assim não foge para as tangentes agradando como deve ser feito.

Quanto das atuações, muitos fãs andam reclamando de Pedro Pascal como Reed Richards/Senhor Fantástico, mas o ator é bom no que faz, convence com o jeitão de líder inteligente do grupo, consegue passar carisma em suas cenas mais densas, e acerta no que faz, então caiu bem para o papel, e veremos como irá se sair quando tiver mais nomes fora da família. Já Vanessa Kirby trouxe para sua Sue Storm/Mulher Invisível muita imponência na tela, se jogando com trejeitos amplos, brincando aonde poderia brincar, e o principal sendo uma mãe como toda mulher quando tem seu filho faz, virando praticamente uma leoa, e assim sua personalidade e entrega agrada bastante. Um grande feitio da trama e do ator Joseph Quinn/Tocha Humana foi trabalhar seu Johnny Storm para que não virasse o bobão tradicional das outras adaptações do Quarteto, de modo que aqui ele ainda tem um ímpeto descontrolado, mas o ator conseguiu mostrar outras facetas e dinâmicas bem interessantes, e assim o personagem acaba ganhando o público. E falando em ganhar público, Ebon Moss-Bachrach conseguiu fazer com que seu Coisa/Ben Grimm tivesse um carisma emocional incrível, ao ponto de divertir e ser imponente, fora que tendo a sacada de mudança de visual com "barba" ficou algo muito bacana de ver. Não diria que vi Ralph Ineson na tela, afinal seu Galactus é um personagem muito grande, e sempre de capacete não temos as facetas interpretativas características do ator, mas seu tom imponente de voz chamou atenção ao menos. Outro ponto que os fãs estão dando à luz com críticas negativas para todos os lados foi colocarem uma Surfista Prateada ao invés de um Surfista Prateado como todos conhecem dos outros filmes e dos quadrinhos, porém a atriz Julia Garner fez tão bem seu papel, sendo imponente e com boas sacadas para sua Shalla-Bal que a história acaba conectando bastante tanto com a ligação com Johnny, quanto com o que virá no futuro para poderem usar mais do seu namorado/amante que todos conhecem das HQs. Ainda tivemos alguns outros atores e personagens, mas muito pouco usados realmente na tela, meio quase que jogados para falar a verdade, então apenas vamos destacar o bonequinho H.E.R.B.I.E que não é um ator particularmente interpretando na tela, mas que ficou bem bacana de ver.

Visualmente o longa está belíssimo com a temática dos anos 60, e com efeitos computacionais muito bem trabalhados tanto na Terra 828 quanto no espaço, que quem for conferir em 3D acabará desviando dos asteroides e pedaços de prédio que irão cair em sua direção, além de uma imersão no espaço deliciosa com muita ambientação, a torre aonde os protagonistas moram também cheia de detalhes e dinâmicas, com um ambiente amplo aonde tudo chama atenção. Tivemos ainda alguns atos na cidade Subterrânea aonde o Homem-Toupeira domina, sem grandes detalhes, mas que foi valorizado, e claro um Galactus imenso que na Terra ficou parecendo quase um Godzilla destruindo prédios e tudo mais, tendo boas cenas de lutas, e uma grande presença imersiva na tela. Além claro de mostrar cenas dos desenhos antigos, tanto no começo quanto na cena do final dos créditos, muito bem lembrada.

No conceito da trilha sonora, a canção-tema do Quarteto toca tantas vezes, e vicia na cabeça de tal forma que ao sair da sessão indo no estacionamento, um rapaz que acredito estar vendo o trailer no celular, pareceu que a música ainda estava gravada na minha mente, ou seja, vou ficar cantarolando Fantasssssstic Fourrrrrr um bom tempo ainda com a presença marcante instrumental do começo ao fim.

Enfim, é um filme que volto a falar que funcionou demais, não sendo algo perfeito, mas que convence tanto quem gosta de filme de heróis, quanto quem desejar um bom drama de ação tradicional, afinal como disse no começo, não precisará saber absolutamente nada da Marvel ou de outros personagens inseridos na tela, então vá e se divirta, e claro amigos fãs, peguem leve com as mudanças, afinal funcionou também na tela. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Atena

7/23/2025 12:41:00 AM |

Quer me deixar muito bravo com um filme? É só ter uma proposta cheia de facetas, aonde tudo poderia fluir bem para impactar o espectador com uma entrega vingativa e bem colocada, desenvolver isso durante quase toda a exibição, e no final entregar algo bonitinho com um fechamento solto! E infelizmente isso foi o que aconteceu com o longa "Atena", que estreia dia 31/07 nos cinemas de todo o país, pois a pegada clássica de uma vingadora que vai atrás de estupradores para fazer sua própria lei enquanto caça o homem que fez isso com ela quando mais nova, tem sempre boas dinâmicas, e se bem trabalhado na tela consegue amarrar tudo e causar bastante, mas a necessidade de florear o final é algo característico demais de novelas, e acabou quebrando completamente o clima criado. Claro que passa longe de ser um filme ruim, mas faltou personalidade e pulso para o diretor conseguir fechar seu longa como algo chamativo e que certamente seria lembrado mais.

O longa nos conta que Atena, uma mulher que sofreu abusos por parte de seu pai na infância, transforma sua dor em determinação para combater a violência contra mulheres. Junto com Helena, outra sobrevivente, elas formam um grupo que atrai, captura e julga agressores, atuando como um tribunal clandestino. Carlos, um repórter investigativo, descobre a existência desse grupo e passa a acompanhar suas atividades de perto. A jornada de Atena toma um rumo pessoal quando ela descobre o paradeiro de seu pai em Montevidéu. Com o apoio de Carlos, ela parte em busca de vingança, confrontando não apenas seu passado traumático, mas também as implicações morais de suas ações.

Diria que faltou pulso para que o diretor Caco Souza trabalhasse melhor sua história, pois em diversos momentos vemos situações quebradas na edição, parecendo que o filme fosse muito mais longo do que a versão finalizada, e com isso alguns atos acabam acontecendo rápido demais, enquanto outros até parecem perdidos na tela, e isso pesou um pouco na dinâmica da trama, mas é notável também que esses cortes foram "propositais" para que o longa não ficasse novelesco com personagens extras e situações cansativas para o público, então o único aquém mesmo foi o fator não desenvolver corretamente a finalização na tela, de forma que o filme parece exatamente outro que não o que vimos, ou melhor exemplificado, o final aparentou ser o resultado dos momentos cortados, enquanto o que realmente aconteceria seguindo tudo o que vimos na execução acabou sendo eliminado de forma errônea. Ou seja, faltou aquele algo a mais para que a trama impactasse com o fechamento, e aí sim acontecesse algo para tudo ficar bonitinho como quiseram colocar, mas não dá para arrumar após o lançamento, e assim veremos as demais opiniões também.

Quanto das atuações, gosto da personalidade que Mel Lisboa coloca sempre em suas personagens, e aqui sua Atena poderia ser ainda mais explosiva, pois sendo menorzinha em comparação aos homens que ela parte para a briga, deveriam ter trabalhado a personagem com uma imposição e ataque maior, mas ainda assim seus trejeitos chamaram atenção e ela consegue dominar a tela. Thiago Fragoso até passa um estilo jornalístico sensacionalista tradicional com seu Carlos, daqueles que tentam furar restrições policiais e tendo bons amigos infiltrados consegue alguns bons furos, porém o ator não se jogou por completo na tela, parecendo ser apenas aquele que aparece nos momentos-chaves e depois não vai além, aliás imaginava que ele seria o cara que estava seguindo a personagem, que acabou nem sendo explicado sua origem, e isso sim acabou sendo um grande furo na história. Ainda tivemos um Gilberto Gawronski misterioso com seu Antônio, ao ponto que até entrega algumas cenas intensas no final, mas faltou chamar um ar mais forte para si nos atos do miolo.

Visualmente a equipe de arte trabalhou tão bem os lugares mais misteriosos longe das atrações tradicionais de Gramado, que até parece outra cidade na tela, e isso foi bom, pois conseguiu dar algumas nuances mais densas para o estilo policial do filme, quanto do jornal ficou algo subjetivo demais, podendo ser até um escritório qualquer, e a casa dos personagens também foram elaboradas de forma bem simples. Acredito também que tenha faltado um pouco mais de sangue nas vinganças, e claro mostrar a "tatuagem" dos estupradores de forma mais evidente para que o clima do filme ficar mais forte, mas nada que atrapalhe o resultado final.

Enfim, é o famoso filme que tinha um potencial imenso e entrega o básico na tela, que alguns podem até gostar mais, e outros vão reclamar demais ao conferir, mas que volto a frisar que não é ruim, apenas cortaram demais e o resultado final acabou não ficando de forma tão coerente. Sendo assim fica a dica para um passatempo nas telonas a partir do dia 31/07 quando entra em cartaz nos cinemas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da A2 Filmes pela cabine e pela amizade de sempre mandar filmes, mesmo que alguns não me impacte como eu queria. Então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Amazon Prime Video - O Crítico (The Critic)

7/22/2025 01:19:00 AM |

Já adianto que não corroboro nem com 10% do que acontece no longa "O Crítico", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video, pois senão daqui a pouco vai vir a galera revoltada com tudo e falar que todos os críticos são assim mesmo! Pronto, dito isso, o longa é um tremendo de um filmaço, daqueles que você entra por completo no mundo da arte dos anos 30-40, aonde era bem comum alguns tipos de críticos teatrais darem notas bem ruins ao ponto de alguns atores não se sentirem nem bem em se apresentar quando eles estavam na plateia, e a sacada do longa vai muito além de mostrar esses exemplares por parte do protagonista, afinal aqui ele vai mais além numa artimanha tão grandiosa que cheguei até pensar que iria virar uma grande novelona, porém tudo foi tão bem sacado que a desenvoltura toma rumos marcantes e toda a quebra impacta pelas boas atuações dentro de uma história marcante e chamativa.

O longa nos situa em Londres, 1934. Jimmy Erskine é o crítico de teatro mais temido da época. Ele vive tão extravagantemente quanto escreve e tem prazer em derrubar brutalmente qualquer ator que não atenda aos seus padrões. Quando o dono do jornal Daily Chronicle morre e seu filho David Brooke assume, Jimmy rapidamente se vê em desacordo com seu novo chefe e sua posição ameaçada. Na tentativa de preservar o poder e a influência que considera tão sagrados, Jimmy faz um pacto faustiano com a atriz em dificuldades Nina Land, enredando-os, juntamente com Brooke, em uma teia emocionante, mas mortal, de desejo, chantagem e traição.

Diria que o diretor Anand Tucker soube pegar o livro de Anthony Quinn e ousar com algo que facilmente viraria muito novelesco, ao ponto que a desenvoltura em vários momentos abre brechas para cansar o espectador, mas ele vem com uma reviravolta precisa e nos deixa viajar mais pelos momentos que tem na manga, fora que contando com um elenco incrível preciso de estilos, a dinâmica acabou ficando fácil de entregar na tela. Ou seja, o diretor criou facetas em cada momento da trama para que o destaque dos personagens fosse bem direcionado na tela, não deixando que nenhum personagem ficasse solto fora do roteiro, e assim a brincadeira cênica acabou ficando um crescente interessante e cheia de amarras, mostrando seu estilo próprio, mas também não reinventando a roda.

Quanto das atuações, não tem como desgrudar os olhos da atuação de Ian McKellen com seu Jimmy, ao ponto que o ator coloca seu personagem com trejeitos amplos, com sacadas precisas e sem deixar se abalar coloca em pauta muito do que já ouviu de outros críticos sobre o seu trabalho, sabendo se desenvolver na tela sem precisar minimizar a atuação de nenhum ao seu lado, e ainda levantando a bola para que outros se saíssem bem também, ou seja, deu show do começo ao fim, sem precisar forçar num papel não tradicional que muitos fariam alguém afetadíssimo. Gemma Artenton entregou uma Nina Land perfeita, cheia de emoções características de atrizes jovens, que se deixam influenciar facilmente por críticas, e que vivendo casos se perde também na vida, e que sabendo se prender bem nos olhares e dinâmicas conseguiu chamar sua personagem sempre para o centro, o que acaba agradando bastante. Diria que Mark Strong exagerou no estilo fechado de seu David Brooke, de modo que o personagem se desenvolve pouco demais na tela, sendo seco de sentimentos até para se demonstrar apaixonado, e isso pesou um pouco na tela, mas o ator soube tirar boas cenas de seus momentos, e assim não ficou fraco como muitos acabariam fazendo. Quanto aos demais, o personagem de Ben Barnes pareceu jogado na tela, de modo que seu Stephen aparece em determinados momentos e some em outros, ficando meio estranho de ver, já ao contrário dele, Alfred Enoch conseguiu se jogar por completo com seu Tom, sendo mais do que apenas um secretário do protagonista, mas tendo ligações e envolvimentos que você sente o ator com a conexão perfeita entre eles, e chega a ser bonito o fechamento na tela.

Visualmente o longa mostra os jornais, as diretorias riquíssimas da época, os teatros com seus luxos e pessoas bem vestidas para acompanhar as peças e óperas, a casa do crítico toda cheia de requinte e muita bebida, e falando em bebida, o clube somente para os ricos com suas sessões, salas privativas e tudo mais, tendo todo um desenvolvimento de ambientes preciso de luxo e chamarizes para sempre ampliar cada momento com muita riqueza. Ou seja, a equipe de arte não economizou nos detalhes, para mostrar sua pesquisa de época é claro todo o desenvolvimento que o diretor necessitava em cada ato.

Enfim, é um filme que funciona bem na tela, que não cansa, e que contando com um elenco incrível e uma direção precisa conseguiu fazer o roteiro ir mais além do que o planejado, ou melhor depois de algumas refilmagens e um novo corte, já que a primeira versão o estúdio não havia gostado muito, e assim fica justificado alguns personagens sumirem mais e outros serem melhor destacados. Então fica a dica para conferirem, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Perdido Na Montanha (Lost on a Mountain in Maine)

7/20/2025 10:19:00 PM |

Quem assiste muitos filmes fica por vezes com um medo gigante de dar play em alguns longas nas plataformas de streamings pensando se já viu o longa com outro nome em outra plataforma ou até mesmo no cinema, pois como a criatividade anda bem em baixa, algumas tramas são tão parecidas que passa essa sensação. E um filme que pensei umas 3x antes de dar o play, foi o lançamento de hoje da Netflix, "Perdido Na Montanha", que tinha toda a cara de ser algo que já visitei, mas felizmente não, sendo um filme novo, com uma história tradicional de pessoa perdida na floresta que precisa superar seus medos e conseguir sobreviver sozinho até que seja achado ou ache alguém. E usando a história real de 1939, a trama trabalha não só esse instinto de sobrevivência do garotinho, quanto também a forma de passar o amor para os filhos na época, o resultado até é bonito de ver como um bom passatempo na tela, mas dava para causar um pouco mais colocando alguns elos ficcionais.

O longa acompanha os nove dias solitários e perigosos vividos por um menino de 12 anos separado da família numa trilha montanhosa. Baseado numa história verídica, Donn Fendler tinha apenas 12 anos quando, durante um verão em 1939, fica isolado numa montanha perigosa no estado do Maine após uma forte tempestade o separar de seus pais e irmãos. Donn precisa, de repente, lutar para sobreviver às intempéries do clima e da escassez durante o tempo em que fica perdido no meio da floresta. Sem água, comida ou roupas adequadas para o frio, o adolescente enfrenta o medo e a selvagem e impiedosa natureza, enquanto sua família o procura incessantemente.

Baseando-se no livro do garoto que viveu depois até mais de 90 anos pelo que mostra no final do longa, o diretor Andrew Boodhoo Kightlinger conseguiu usando artifícios bem tradicionais do estilo de tramas de sobrevivência desenvolver o filme com um cuidado bem marcado para que tudo fosse emocional na medida singular do drama, que é aquela que não faz o público chorar com qualquer meia vírgula na tela, e isso é certo desde que não vire padrão durante todo o longa, pois é justamente isso que faz um filme do estilo funcionar, aonde o diretor talvez colocando um pouco mais de intensidade no miolo causaria um impacto bem maior na tela contando com uma maior profundidade cênica, e talvez a trama ficaria um pouco menos cansativa no contexto geral.

Quanto das atuações, posso dizer que o jovem Luke David Blumm entregou uma segurança de expressividade para com seu Donn que poucos atores adultos tem, de modo que conseguiu criar desenvolturas nos atos mais densos e sinceridade no olhar nos atos mais soltos, para que o público conseguisse se conectar a ele, ou seja, fez com que o filme fosse totalmente seu. Paul Sparks precisou ter um controle emocional bem forte para fazer o pai durão Donald, que mesmo sendo direto nas perspectivas não soltou uma lágrima que fosse na tela, e isso é saber compor bem o papel da época. Da mesma forma, a presença humana de Caitlin FitzGerald fez com que a mãe dos garotos, Ruth, tivesse um ar sereno mesmo no momento da revelação do sumiço do garoto, e a entrevista no final da verdadeira Ruth já idosa, mostra que ela tinha a certeza que esse seria o único que nesse meio sobreviveria, e com certeza essa foi a pegada que a atriz levou para si na composição do longa. 

Visualmente a trama foi muito esperta, pois reconstruir uma época é algo que demanda muito trabalho cênico da equipe de arte, então focar 100% nos atos dentro da floresta e um ou dois cenários da casa, do carro e da delegacia foi simples e efetivo, e claro que deu um realismo muito maior para toda a composição, com o garoto sofrendo muito com tudo na sua movimentação por árvores e rios, o que acabou ficando bem intenso e marcante.

Enfim, é um filme bacana que poderia ter ido muito mais além na tela, pois ficou faltando emoção para um livro tão lido por famílias inteiras, e que sintetizou demais o sofrimento do garoto na sua corajosa desenvoltura pela floresta. Então fica a dica de conferida mais como um passatempo bem montado em cima de uma história antiga e real, só não esperando algo que lhe faça chorar, como é comum nesse estilo de filme. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Looke - Cópia de Segurança (Bod Obnovy) (Restore Point)

7/20/2025 02:22:00 AM |

Não sei como a maioria escolhe filmes que quer ver, ou se vai em tudo como eu no cinema, mas no streaming o longa precisa me conquistar pela história de cara, do tipo que vejo e já imagino mais ou menos como vou me sentir vendo ele, e confesso que desde o e-mail com os filmes que estreariam no mês do Looke, o longa tcheco "Cópia de Segurança" já tinha me chamado muita atenção pelo tema, mas por ser um país que gosta de filmes estranhos, acabei ficando com um pé atrás do que veria na tela. Porém hoje ao conferir de cara a trama me lembrou muito os suspenses espanhóis que curto bastante, tendo pegada, mas também saindo do eixo, não ficando algo nem tão comercial, mas também não querendo ser uma trama cansativa apenas para festivais, ao ponto que você fica se perguntando: se daqui 16 anos que é quando o longa se passa, se você adotaria uma ideia dessa de ficar fazendo backups do seu dia a dia para caso morra acidentalmente ser restaurado prontinho para seguir aonde parou, ou se arriscaria pedir para voltar alguns anos/meses atrás para não viver algo que não gostou, e claro, como a sociedade em si reagiria, como seriam os contra a tecnologia, quem mandaria nisso, e por aí vai. Ou seja, é um longa com um conceito ético bom para discussões, mas que colocado como uma ação/suspense acaba fluindo para alguns lados mais dinâmicos, e assim vale entrar no clima, e como disse outras vezes, ainda tenho um bom faro para escolhas estranhas que me agrade.

A sinopse nos conta que em 2041, qualquer pessoa que sofreu uma morte acidental pode voltar à vida. O procedimento é feito por meio de um backup de suas memórias, que precisa ser realizado a cada 48 horas. Um casal é assassinado e uma jovem detetive tenta solucionar o caso após o time de restauração reviver uma das vítimas.

Diria que o diretor e roteirista Robert Hloz foi muito esperto e sagaz em seu primeiro longa-metragem, pois o filme possui tantos elementos possíveis para dar errado, além de um custo digamos bem graúdo para começar a vida de grandes projetos, mas ele não se ateve a cenas exageradamente corridas na tela, sabendo exatamente aonde pontuar para que o filme tivesse cenas-chaves, e brincando com a essência completa não precisou ir muito além em outros momentos, o que claro teve uma leve falha na dinâmica, deixando o longa um pouco lento demais, mas para um suspense de ficção científica deu completamente as nuances suficientes para empolgar e se envolver com tudo. Ou seja, ele foi bem sucinto nos atos caros, e brincou com o tempo nas dinâmicas que poderiam ter mais diálogos, e assim sendo seguro para que seu filme tivesse um conteúdo maior do que pancadaria, o que acabou agradando na complexidade e no estilo que desejava mostrar.

Quanto das atuações, posso afirmar que a protagonista Andrea Mohylová fez uma Em Trochinowska cheia de personalidade e imposição, mas com um estilo meio que robótico, ao ponto que em alguns momentos até pensei que ela não fosse realmente humana, porém a pegada do longa pedia algo assim, e talvez com alguém mais explosivo não encaixaria como desejavam, porém dava para que ela chamar mais o filme para si, o que talvez tenha faltado foi o diretor puxar mais ela, e como ele é novato na posição, não conseguiu fazer isso. Matej Hádek trabalhou seu David Kurlstat de uma forma interessante, pois o personagem não se lembra de praticamente nada do que aconteceu, afinal seu backup é de quatro meses atrás, e o ator soube fazer trejeitos meio que sempre perdido, o que acabou sendo bacana de ver, e certamente difícil para um ator, afinal tem de fingir que não está entendendo nada, mesmo sabendo o que está acontecendo. Milan Ondrík trabalhou seu Viktor Toffer quase como um corredor nato, sempre fugindo das cenas, mas com uma dinâmica também cheia de nuances e expressividade, de modo que soube chamar a atenção para si nas cenas que mais precisaram. E ainda tivemos Václav Neuzil como o agente Mansfeld trabalhando bem como um bom policial, mas entregando seu lado mais malvado em cena, o que consegue chamar atenção.

Visualmente a trama soube brincar com muitos ambientes, mas a maioria deles fechados, afinal não dava para ambientar tudo num futuro tão próximo, mas exageradamente tecnológico, porém ainda assim tivemos carros autônomos bem imponentes cheios de design, torres chamativas na cidade, e claro alguns métodos de voz e controle bem interessantes de se ver, que talvez existam daqui algum tempo, e mesmo no processo da reconstrução da pessoa foram singelos com uma banheira de gelo sem grandes aparatos de impressão como muitos imaginariam e que já vimos em outros filmes, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho gigantesco, mas muito bem feito na tela, com bons detalhes, mas também com coisas digamos "arcaicas" para um período tão tecnológico.

Enfim, é um belo exemplar de filme de suspense/ação misto com uma ficção científica futurista que muitos vão só achar problemas, mas que entretém bem e consegue segurar o público com a entrega na tela, então se você curte esse estilo, esse é um bom exemplar para conferir no final de semana, valendo a recomendação do Looke. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

PS: Coloquei o trailer dublado, que o original em eslovaco estava com legendas horríveis na tradução simultânea, mas no Looke a legenda e o áudio estão perfeitos. 


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Netflix - Meus 84 m² (84제곱미터) (84 Jegopmiteo) (Wall To Wall)

7/19/2025 01:51:00 AM |

Acho que todo mundo que mora ou morou em prédios sabe o caos que é tentar dormir com barulhos dos apartamentos de cima, do lado e as vezes até o debaixo, principalmente nos mais novos que não possuem isolamento acústico nem de enfeite, mas certamente não é nem 10% do que você verá acontecer com o protagonista do lançamento sul-coreano da Netflix, "Meus 84 m²", aonde a famosa bolha imobiliária estoura e não tendo como vender seu apartamento para poder quitar o que ainda deve dele, acaba sofrendo com vizinhos de todos os estilos em uma bagunça sem limites, que só vai piorando conforme vai deslanchando para o final. Claro que o rapaz é também muito maluco com o que faz, mas a essência em si, mesmo sendo bem simples, consegue impactar e causar muita tensão com toda a entrega na tela, não sendo daqueles filmes chamativos e imponentes, mas sim algo que casualmente dá para imaginar com um orçamento até bem menor.

No longa vemos que o que deveria ser a realização de um sonho rapidamente se torna um pesadelo quando um jovem começa a vivenciar barulhos estranhos e incessantes em seu recém-adquirido apartamento. Após gastar todas as suas economias na compra de um apartamento próprio, Woo-seong finalmente parece ter conquistado um sonho antigo, apesar da ruína financeira deixada por essa decisão. A felicidade de Woo-seong, porém, é curta já que estranhos barulhos começam a perturbar sua paz durante a noite. Quando todos os vizinhos passam a acusá-lo de ser o responsável pelos misteriosos ruídos, o jovem decide encontrar a verdadeira origem desse som perturbador e provar sua inocência. A jornada de Woo-seong o colocará de frente para os segredos inquietantes por trás das paredes.

Diria que conheço a filmografia do diretor e roteirista Kim Tae-joon, afinal vi seu primeiro filme na função "Na Palma da Mão", e agora com mais postura conseguiu se soltar bem mais, ao ponto que se soltou até demais, pois talvez o longa precisasse de um pouco mais de pulso para que não ficasse tão jogado na tela com algumas situações, mas isso é uma opinião bem pessoal, afinal o longa pedia desenvolturas insanas, porém com um ambiente controlado de apenas os apartamentos e as escadas do prédio, colocar em determinados momentos uma tonelada de figurantes pareceu mais algo perdido do que uma trama densa necessitava, mas friso que não é um erro, apenas uma opinião. E sabendo usar da história mais fechada, ele também acabou se prendendo demais, já que ele segura tudo, e de repente sai atirando para todos os lados, o que parece soar uma maluquice desenfreada. Ou seja, é uma história que na mão de um diretor com muita experiência teria a mesma duração e faria o público sofrer o dobro com toda a intensidade que colocaria, mas que aqui pareceu mais enrolado do que tenso, o que aí sim pode ser considerado uma falha do diretor.

Quanto das atuações, o jovem Kang Ha-neul foi muito expressivo com seu Woo-seong, trabalhando diversos traquejos emocionais e sabendo segurar bem toda a personalidade do personagem, não deixando que seu papel desaparecesse em momento algum na tela, e brincando com facetas mais densas pode até exagerar um pouco como é comum do cinema do país, e assim não cansando o espectador durante toda a exibição. Já Kang Ha-neul trabalhou seu Jin-ho com uma densidade inicialmente estranha e sem muitos chamarizes, mas ao se juntar ao protagonista se verte em algo completamente insano e cheio de traquejos que chama toda a atenção para si, quase roubando o protagonismo do filme, o que é perigoso, mas que fez bem feito ao menos. Quanto aos demais, cada um teve a conexão de tela simples, mas bem colocada, valendo um leve destaque para as cenas finais de Yeom Hye-ran como a síndica e proprietária da maioria dos apartamentos do prédio.

Visualmente o longa ficou bastante tempo no apartamento do protagonista, com uma bagunça generalizada, sem luz e tudo mais para economizar cada centavo, mostrando a oscilação das criptomoedas no celular quebrado e no computador ele, tivemos alguns atos no serviço do rapaz, e claro mostrando ainda o apartamento da cobertura da síndica cheia de luxo e bem chamativo de elementos cênicos, e também o apartamento de Jin-ho com toda tecnologia e elementos cênicos bem investigativos, mostrando que a equipe de arte mesmo singela de ambientes soube trabalhar cada detalhe para soar a trama bem representativa na tela.

Enfim, é um filme que tem pegada, e que mesmo não sendo uma história cheia de facetas mirabolantes, consegue causar uma certa tensão na tela e prende bem o espectador com tudo o que é mostrado, e assim acaba valendo a indicação de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos na caçada por bons filmes pelos streamings, já que nos cinemas nesse mês é um ou no máximo dois filmes por semana, então abraços e até logo mais.


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Eu Sei o Que Vocês Fizeram No Verão Passado (I Know What You Did Last Summer)

7/18/2025 01:11:00 AM |

Como fujo de muitas notícias de filmes para não tomar spoilers gratuitos, não tinha nem ouvido até alguns dias atrás falar que sairia um remake/sequência do longa de 1997, "Eu Sei o Que Vocês Fizeram No Verão Passado", mas quando vi fiquei com muito medo do tamanho da bomba que iriam colocar na telona, afinal o original mesmo fazendo um certo sucesso de bilheteria, não é nenhuma coisa memorável, então o que sairia de algo já não tão chamativo agora em uma época aonde tudo é muito midiático certamente seria uma bomba completa. Ou seja, fui para o cinema hoje pronto para arremessar uma tonelada de pedras, preparadíssimo para fazer aquela crítica negativa que o longa era um lixo, e o que aconteceu? Acabei gostando até mais do que imaginava, mesmo ficando irritado com a geração atual que vai aos cinemas para ficar comentando o tempo inteiro com a pessoa do lado, virando quase um jogo de futebol na sala escura. Mas relevemos isso, e vamos ao que interessa, afinal conseguiram brincar de tal forma com o passado e com o presente como deve ser um remake/sequência, não ficando classificado quase como nenhum dos dois, mas usando artifícios de ambas as coisas, e ao juntar atores originais do primeiro filme que sobreviveram à carnificina, com os jovens atuais ainda mais fúteis que os de 97, acabou sendo uma trama divertida e até bem colocada na tela, que claro assim como o original, também passará a ser algo que não lembraremos muito daqui alguns anos, sem ser pelo assassino vestido de pescador com seu famoso gancho.

O longa gira em torno de cinco jovens amigos que, após causarem um acidente de carro fatal, prometem guardar segredo sobre a tragédia que causaram e seguir em frente com suas vidas. Mas o passado volta para assombrá-los quando são perseguidos por um maníaco armado com um gancho. À medida que o terror aumenta, eles devem enfrentar não apenas o perigo iminente, mas também os segredos que estão tentando enterrar. Enquanto cada um dos amigos vira alvo e vítima do assassino, eles descobrem que não são o primeiro grupo a passar por isso. Algo similar já aconteceu antes na pacata cidade de Southport. É assim que eles vão atrás dos dois únicos sobreviventes do lendário Massacre de Southport de 1997 para conseguirem ajuda.

Diria que a direção e o roteiro de Jennifer Kaytin Robinson ficou interessante, mas com um final digamos preguiçoso, que poderia ter ido muito mais além, porém como frisei que fui com expectativas baixíssima para conferir, a ideia em si acabou me divertindo e fazendo eu ficar esperando tudo acontecer, ou seja, o famoso formato de ir procurando o assassino nas brechas dadas, que poderia ser muito melhor, mas que ficou bem colocado dentro da ideia toda, até a cena anterior ao fechamento, pois não precisava voltar alguns mortos (sim, isso é um spoiler) que aí foi forçar a barra demais para querer ter um novo filme, que não seria necessário. E detalhe, além da cena ruim de fechamento, tem uma cena no meio dos créditos que consegue ficar ainda mais troncho ao juntar com o segundo filme da franquia. Ou seja, já diria os diversos realities culinários, que o menos é mais, foi a diretora achar que fez tudo muito bem, acabou derrubando o pote de sal em cima do prato no final.

Quanto das atuações, temos um problema sério aqui, pois que elenco fraco arrumaram para o filme, ao ponto que chega a ser difícil de se conectar com qualquer um na tela, seja dos jovens ou dos velhos do original, de forma que Madelyn Cline com sua Danica até tenta parecer alguém bacana na tela, assim como Sarah Michelle Gellar (que faz uma rápida aparição com sua Hellen em um sonho) fez no original, mas acaba sendo uma dondoca chata que estava até torcendo para morrer logo, pois cansa suas entregas na tela. Chase Sui Wonders tentou parecer com sua Ava alguém imponente, cheia de traquejos, pegadora dos dois lados, mas não deu fluidez em nenhuma de suas cenas, e isso pesa em filmes desse estilo. Sarah Pidgeon trabalhou sua Stevie com uma pegada meio doce, meio garota abandonada, com umas roupas pobrinhas perto dos demais, ao ponto que não impacta em quase nada do que faz, mas ao menos deu uma melhorada no final. Os rapazes até tentaram chamar atenção fisicamente, mas não convencem em nada, de modo que Tyriq Withers é o bombado bobo que tenta parecer humano com seu Tyler, mas é burro demais para tudo, e Jonah Hauer-King fez um Milo sempre na defensiva e sem atitude na tela, ou seja, fracos. Quanto da velha guarda do original, além da participação que falei, vieram com algumas cenas interessantes Jennifer Love Hewitt com sua Jules, e Freddie Prinze Jr. com seu Ray, tendo Ray um pouco mais de dinâmicas do que Jules, mas foram bem no que fizeram.

Visualmente diria que ao menos capricharam nas mortes, com bastante sangue e uma violência até que satisfatória, não sendo claro um filme B que lave a tela do cinema de sangue, mas ao menos ficaram interessantes, e claro como todo filme de terror, gente burra em lugar errado merece morrer, e isso sempre tem aos montes. Detalhe que a cena do acidente ficou bem marcante e interessante de ver, tivemos uma casa bem rica da protagonista, e alguns ambientes montados de forma funcional, como o bar, o cemitério (que não entendi o palco na sala aonde a protagonista entra para se esconder), entre outros detalhes.

Enfim, volto a frisar que passa longe de ser uma bomba, mas tem muitos defeitos que fui citando acima, sendo o estilo de filme "assistível" como um passatempo, e claro para relembrar do antigo, que também passa longe de ser uma obra de arte, mas que fez sucesso, e assim muitos fãs irão ver o novo e reclamar bastante. Então fica a dica de ser algo com muitas ressalvas, que indo sem expectativa alguma é capaz de curtir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos e dicas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Um Tipo de Loucura (A Kind of Madness)

7/17/2025 12:59:00 AM |

Sei que vai soar talvez um pouco preconceituoso, mas dois cinemas que costumo fugir é o indiano e o africano, de modo que muitas vezes perdi até bons filmes por evitar dar play, mas como a escassez de bons títulos anda gritando demais por aqui, resolvi dar o play em um longa sul-africano que havia ouvido falarem bem na Amazon Prime Video, e felizmente foi muito bacana acompanhar a forma que trabalharam a demência senil no filme "Um Tipo de Loucura", aonde as facetas são tão bem amarradas, que até mesmo os filhos que tentavam proteger a mãe lhe internando acabam ficando sentidos ao final com a essência trabalhada, sendo daqueles filmes que você se irrita em determinados momentos com as situações colocadas, mas certamente irá se emocionar e conectar com as dinâmicas finais. Ou seja, acaba sendo bem bacana conhecer como um cinema diferente e não muito usual de conferirmos trabalha um tema difícil, que se mal colocado vira algo escrachado e/ou cansativo, mas que usando de técnica para filmar as mesmas cenas com personagens diferentes para termos a visão da protagonista e a visão real, consegue agradar bastante com o resultado final.

A sinopse é bem simples e nos mostra que um homem de 70 anos sequestra sua esposa com demência em seu centro de saúde, fugindo da polícia e de seus filhos adultos.

Como disse não sou um exímio conhecedor do cinema sul-africano, mas posso afirmar com toda certeza que o diretor e roteirista Christiaan Olwagen pesquisou muito ou teve alguém bem próximo dele com a doença, pois a simplicidade cênica que escolheu para desenvolver sua trama é daquelas que você sente exatamente cada detalhe que foi pensado para retratar tudo na tela, ao ponto que muitas cenas são mistas entre os personagens em suas versões jovens e idosas, e isso vai se misturando na tela com uma facilidade, que quem já produziu, ou até mesmo viu muitos filmes do estilo, sabe o quão complicado é trabalhar tudo nos mesmos ângulos, nas mesmas falas, com as mesmas entonações, para que na montagem final o resultado tenha uma verdade ali, e a forma fantasiosa é algo que acontece demais em pessoas com essa doença, de se imaginar no passado, achar que ainda está vivendo algo que aconteceu há muito tempo, e nessa brincadeira toda o diretor não errou em um momento que fosse, ou seja, foi perfeito na condução e na finalização escolhida, que aliás se fosse um filme americano seria completamente diferente, e incomodaria demais.

Quanto das atuações tenho de começar de cara com a entrega de Sandra Prinsloo com sua Elna senil, porém com tanta desenvoltura cênica que você acaba se apaixonando pelo que a atriz faz em cena, de modo que vemos sua loucura na tela, mas acabamos conectados e vivendo com ela quase que uma brincadeira de faz de conta, e isso deu um luxo incrível para a produção. A versão jovem de Elna também foi bem desenvolvida por Ashley de Lange, de modo que vemos um olhar denso da atriz nos atos mais dinâmicos, e soube passar o bastão fácil para sua versão idosa, não tentando competir, mas sendo realmente uma só na tela. Ian Roberts e Luke Volker também trabalharam bem as versões idosas e jovem de Dan, de modo que o personagem sênior deu nuances mais fechadas e impulsivas, já estando no ponto máximo da revolta, enquanto o jovem já foi mais leve e amoroso, trabalhando todo o ar de sedução, e claro, estando como a protagonista lembrava dele nos seus momentos áureos. Quanto aos filhos, foi bacana ver a interação entre todos os atores, de modo que mesmo já adultos pareciam crianças brigando o tempo inteiro na tela, mas claro com as devidas argumentações e intenções, de modo que Evan Hengst com seu Ralph, Erica Wessels com sua Lucy e Amy Louise Wilson com sua Olivia brincaram com as facetas mais coração, mais centrada e mais solta na tela, agradando também bastante com o que fizeram.

Visualmente a trama mostrou bem a vida da protagonista bem próxima ao mar no começo e no final do longa, uma loja de roupas e fantasias bem colocada, o asilo aonde a protagonista vivia, um pouco da profissão dos filhos, e a casa do marido já no seu fim também, depois entra por completo quase que em um road-movie pelas estradas do país, e claro uma floresta bem interessante aonde ocorrem alguns atos até bem engraçados tanto de visual quanto de diálogos, e assim a equipe de arte trabalhou bem tudo para que nas devidas mudanças de atores tudo ficasse bem marcado e chamativo sem causar furos na história.

Enfim, é um filme que foi lançado já há algumas semanas e pensei bastante antes de criar coragem para dar play, pois parecia algo meio bobo e estranho, além do meu pré-conceito com alguns países, mas acabei gostando tanto do que vi na tela que certamente vou estar indicando ele para muitas pessoas verem tanto pelo lado da doença, quanto pelo lado cômico e dramático bem trabalhado dentro de uma essência sem ficar forçado. Então fica a dica para todos, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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