Operação Maldoror (Maldoror)

12/15/2025 09:53:00 PM |

Quem me conhece sabe o quanto eu amo obras francesas do cinema em geral, mas é inegável o tanto que eles falham em filmes de suspense e ação! E o longa "Operação Maldoror", que pode ser conferido dentro do Festival de Cinema Francês do Brasil, nas mãos de qualquer diretor americano, britânico ou até mesmo espanhol acabaria sendo incrível, com muito mais dinâmica, muito mais personalidade e provavelmente escalariam outro ator, além claro de um corte de pelo menos 30-40 minutos, e não estou falando que alongaram, muito pelo contrário, faltando até mais desenvolvimentos da história, porém acabaram mostrando demais e batendo de menos, de tal forma que o filme não impacta como poderia. Claro que é o estilo deles de ação/suspense, mas mesmo o protagonista em alguns momentos ligando o turbo para sair fazendo, ele parece bobo demais, mostrando que a polícia belga nos anos 90 (não sei como está hoje para criticar) era algo tão ruim, mas tão cheio de erros e trambiques que chega a ser desapontador ver algumas situações no mesmo estilo que ocorrem por aqui.

O longa nos situa na Bélgica, em 1995, aonde o desaparecimento preocupante de duas jovens abala a população e desencadeia um frenesi midiático sem precedentes. Paul Chartier, um jovem policial idealista, junta-se à operação secreta “Maldoror”, dedicada à vigilância de um suspeito reincidente. Confrontado com as falhas do sistema policial, ele parte sozinho em uma caçada humana que o levará a mergulhar na obsessão.

Claro que sendo um caso real, o diretor e roteirista Fabrice du Welz não poderia inventar muita coisa, porém dava para ele ter brincado mais com a trama, ter criado mais tensões e dinâmicas e até ter ido muito mais além, por exemplo na cena do porco, ali já dava para criar mil situações e fazer com que o filme ficasse tenso e marcante. Não digo que ele tenha falhado, pois isso está muito longe de ter acontecido, afinal esse é o jeito francês de fazer suspense e ação, tanto que quando colocam muitas dinâmicas acaba virando algo até bobo, mas essa história tinha um potencial monstruoso para fluir, para causar e impactar, dava para ter tirado toda (e repito toda) a cena do casamento que só ali dá uns 15 minutos de inutilidades, e assim acabou parecendo que o diretor queria enfeitar a mistura francesa com italiana para ter algo a mais, e não fluiu. Ou seja, pode até ser uma história densa pela situação em si, mas o diretor e o protagonista não entregaram nem 40% do que poderia impactar realmente.

Quanto das atuações, diria que faltou para Anthony Bajon chamar a responsabilidade do filme para que seu Paul Chartier fosse mais do que apenas um "aspirante" a investigador, pois suas cenas misturaram loucura e explosão em alguns atos, e calmaria sintética demais em outros, ficando um limbo completo entre as duas situações, e essa montanha-russa de emoções dele pareceu ser até algo bobo demais de acompanhar, ou seja, não chamou para si e ficou vago demais. Alba Gaïa Bellugi trabalhou sua Jeanne 'Gina' Ferrara até que bem para o tanto que era importante para a trama, pois foi bacana ver ela deixada de lado pelo marido maluco para resolver o caso policial, mas a atriz fez até algumas caras marcantes que se precisasse poderia ousar mais. Laurent Lucas trabalhou seu Charles Hinkel de uma maneira meio estranha, pois sendo o chefe do departamento e comandante da operação, se ocultou demais, fora que o tapa olho ficou até meio que bobo, mesmo sendo explicado o motivo em determinado momento, mas o ator não ousou em nada para ir além. Agora quem entregou boas cenas foi Sergi López com seu Marcel Dedieu, de modo que botou banca com intensidade e chamou para si diversos momentos da trama, sendo intenso e caindo bem como "vilão". Tivemos muitos outros personagens, que até mereciam talvez um maior desenvolvimento na tela, mas como disse o diretor se perdeu, e assim não dava para brincar tanto mais na tela.

Visualmente o longa teve momentos interessantes, com uma gendarmaria simples e até bagunçada demais, uma garagem/casa aonde os crimes aconteciam e os policiais de fora apenas acompanhando as movimentações, alguns atos mais intensos de conflitos lá dentro, um casamento gigante italiano, e a casa dos protagonistas com uma TV e o videocassete usado ao máximo, sendo tudo bem trabalhado com veículos da época e muitos chamarizes em pequenos detalhes, que poderiam ter sido melhor usados.

Enfim, é um bom filme, mas que poderia ter sido incrível, que até agrada da forma que foi feito, porém sem causar o impacto necessário em uma trama do estilo, e assim recomendo ele com ressalvas. E é isso meus amigos, vou conferir mais um longa hoje, e assim volto mais tarde para falar dele, então abraços e até logo mais.


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