O longa nos conta que Denise é uma sommelier que descobre um método de enviar mensagens para o passado e usa-o para corrigir um erro. Ótima ideia... na teoria. Na prática, o presente foge do controle e cada tentativa de conserto piora tudo. Agora, presa num ciclo de caos, a sua vida parece mais um coquetel mal misturado do que um bom vinho. Será que ela vai escapar desta confusão antes de perder tudo?
Diria que o diretor e roteirista Gabriel Nesci soube usar bem toda a síntese da história para trabalhar tanto o conflitivo mundo dos somelliers de vinho argentino, suas interações com produtores, colecionadores, cozinheiros e tudo mais, além de brincar com a história familiar de uma jovem que não vivenciou os últimos dias do pai, que fazia seu próprio vinho com o nome dela usando uvas diferentes e que ninguém sabia comentar quais eram, ou seja, ele trabalhou bem essa essência marcante de notas, aromas e conhecimentos, com uma sacada cômica leve e bem alocada na tela, aonde não forçou a base em momento algum, e ainda assim desenvolveu boas dinâmicas. Claro que dava para trabalhar um elo um pouco menos novelesco, sem precisar de tantos personagens para que ficasse menos bagunçado, e também poderia ser menos anos desenvolvidos na tela, mas como a trama se enredou de uma forma diferenciada a cada momento, o resultado acaba sendo funcional, não sendo um incômodo a duração do longa.
Quanto das atuações Luisana Lopilato que já fez grandes papeis em series e filmes chegou com uma Denise bem disposta a mudanças e trejeitos diferenciados de acordo com as mudanças que o filme vai se compondo, brincando bastante com olhares e dinâmicas sempre mostrando o conflitivo mundo da sua cabeça, de suas escolhas e o resultado disso nos anos seguintes, ou seja, a atriz incorporou bem o papel e divertiu sem precisar forçar. Benjamín Amadeo soube segurar as dinâmicas de seu Tomás quase como um seguidor apaixonado pela protagonista, criando seus atos com firmeza, mas também solto para que não ficasse jogado na tela, e assim agradou com o que fez. Benjamín Vicuña já forçou um pouco mais para as ideologias maias, como um chef sem muito estilo, mas que brinca com a entrega na tela, sendo por vezes até um pouco exagerado, mas sem apelar ao menos. Ainda tivemos outros bons personagens e alguns forçados demais, valendo claro o destaque para Luis Machín com seu Alfredo que teve muitas mudanças visuais durante o longa e também Eduardo Blanco emocionando como o pai da protagonista em atos bem melancólicos, mas funcionais para o fechamento.
Visualmente a trama não é daquelas que quiseram ousar muito, mas foram bem marcantes nas cenas do campeonato de sommeliers, as adegas e bares riquíssimos com muitos rótulos de vinhos de todo o mundo, e alguns quartos e casas aonde ocorreram algumas dinâmicas, mas tudo bem envolto em cima dos vinhos mesmo espalhados por todos os cantos, e claro as mudanças de cabelo da protagonista.
Enfim, é um filme que com alguns deslizes no miolo que puxaram bem a trama para o lado novelesco confuso que quase fizeram tudo desandar, mas que souberam reverter bem depois para que o resultado final fosse agradável e até mais do que apenas um simples passatempo. Então fica a dica para a conferida, talvez acompanhada por um bom vinhozinho argentino, e eu fico por aqui agora, afinal hoje é domingo e pede mais um play no streaming, então abraços e até daqui a pouco com mais dicas.
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