A Arte do Caos (Verbrannte Erde) (Scorched Earth)

4/30/2025 12:40:00 AM |

É até engraçado eu falar isso depois de tantos dias vendo filmes bem alternativos no Festival de Cinema Europeu Imovision, mas faltou para o longa "A Arte do Caos" ser mais diferenciado, pois a base é algo bem tradicional que já vimos em vários filmes de roubos, aonde é montado um plano, tem os intermediários que encomendam o crime, a resolução, e o famoso roubo de ladrão que rouba ladrão, tudo de forma bem linear e correta, sem grandes intervenções ou chamarizes, ou seja, ainda é um bom filme alemão, mas passa longe de ser algo memorável para ser lembrado mais para frente.

A sinopse nos conta que doze anos após o criminoso Trojan fugir de Berlim, a busca por novos crimes o leva de volta à cidade. Falido e precisando de oportunidades, Rebecca lhe oferece uma proposta lucrativa: um quadro de Caspar David Friedrich será roubado de um museu. Tudo parece promissor, mas o cliente e seu capanga têm seus próprios planos para a pintura, e o assalto meticulosamente planejado logo sai do controle.

Não posso dizer que o diretor e roteirista Thomas Arslan tenha falhado com seu projeto, pois a trama funciona, tem uma boa entrega na tela, tem tudo o que o estilo filme crime precisa para agradar, tem as amarrações de suspense, mas faltou carisma para gostarmos do protagonista, e em alguns momentos no início chega a parecer que o projeto é a continuação de algo já existente (que não consegui essa informação), pois somos pouco apresentados aos personagens, sendo tudo resolvido de forma bem rápida e direta na tela. Ou seja, o diretor criou sua trama, fez o roubo, fez o conflito acontecer do segundo roubo, e toda a perseguição em cima disso, sem policiais envolvidos, tudo nos bastidores normais do crime, que claro se fosse uma obra americana teria explosões, tiroteios, gente voando e tudo mais, mas como é um longa alemão é tudo no chão e calmo, mostrando que funcionam bem nesse estilo também.

Quanto das atuações, Mišel Matičević fez trejeitos exageradamente sérios com seu Trojan, de modo que pareceu ser daqueles criminosos com um certo ódio no coração, mas segurou bem o protagonismo e trabalhou seus momentos com uma desenvoltura interessante ao menos. Agora quem falando bem pouco, mas tendo estilo ao menos foi Marie Leuenberger com sua Diana, de modo que sua personagem acaba entregando bons momentos na tela. Alexander Fehling trabalhou seu Victor como um vilão ou melhor o ladrão de ladrões, e teve boas lutas e dinâmicas na tela, não sendo nossa que pessoa chamativa, mas não desapontou ao menos. Quanto os demais, todos foram bem secundários na tela, ao ponto que realmente pareceram vindos de outros filmes desse mundo do crime, com Tim Seyfi com seu Luca bem básico, Marie-Lou Sellem com sua Rebecca agora em um mundo mais chique, Bilge Bingül com seu Chris meio que jogado e Katrin Röver se destacando um pouco mais com sua Claire, a advogada do museu.

Visualmente o longa é exageradamente escuro, tanto o museu, quanto o restaurante aonde vão, o depósito, e até os quartos dos hotéis, passando também pela floresta, ou seja, a equipe de arte economizou demais na iluminação, e o resultado quase some na tela, claro que acabou sendo algo meio noir, para uma trama de crimes, mas dava para ser mais intenso e chamativo em todos os ambientes, ou também maquiar um pouco erros e espaços menores na tela.

Enfim, não é um filme ruim, mas dava para ter ido muito além do que o que foi mostrado, sendo daqueles filmes que passam um tempo interessante, sem erros, mas que amanhã nem vamos lembrar direito dele, então fica com essa ressalva para quando estrear comercialmente no país. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas amanhã volto para os filmes normais, pois mesmo tendo ainda mais alguns longas no Festival de Cinema Europeu, preciso voltar a respirar normal sem tanta arte. Então abraços e até logo mais.


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