Posso dizer que o diretor e roteirista Sérgio Goldenberg entrou inicialmente em uma grande fria, pois sendo muito mais conhecido pelas séries que escreve, aqui arriscou dirigir depois de muitos anos um filme com uma pegada moderna que facilmente poderia ser discriminada pela crítica por usar de ideais e tudo mais, mas também foi muito sábio em não jogar esse estilo como algo sem um rumo próprio, e usando do artifício da casualidade, do acreditar na parceria, e principalmente por não alongar suas cenas, dando uma dinamicidade gostosa de ver na trama, acabamos entrando no clima que o filme passa, e mesmo que usando claro as bases novelescas de vários personagens secundários, vários desenvolvimentos abertos e sínteses clássicas que até poderiam não ser necessárias para a trama, ele acaba nos entregando um romance leve e gostoso de acompanhar, que facilmente veríamos em amigos e tudo mais, aonde algum desentendimento atrapalharia tudo, aonde notamos pessoas bem diferentes que se amam, e principalmente sogras/sogros que tentam de tudo para dar aquele empurrãozinho tradicional quando algo da errado. Ou seja, é um filme simples, que inicialmente você não dá nada para ele e que muitos até irão virar a cara, mas que funciona bastante, diverte e faz valer o tempo na sala do cinema.
Sobre as atuações, já disse no começo que a química entre o casal protagonista é incrível e realmente conseguimos enxergar neles algo casual que veríamos facilmente entre amigos e até com nós mesmos, pois a desconfiança é o principal ponto de brigas entre pessoas bonitas que tem em seu meio uma vivência com pessoas do sexo oposto, e isso é algo muito comum e que foi bem trabalhado tanto pela direção quanto pelas expressividades dos atores, o que acabou sendo um grato acerto. Dito isso, Nathalia Dill entregou uma Manuela muito direta no que desejava passar, daquelas mulheres que não seguem nenhum estereótipo clássico, que é brigona mesmo, que não leva desaforo para casa e que se entrega nos momentos mais casuais, ao ponto que a atriz soube segurar cada dinâmica sua com muita personalidade, e o resultado é muito acertado. Da mesma forma, já disse isso outras vezes e volto a frisar que praticamente todos que saíram do "Porta dos Fundos" para o ar dramático/romântico mantendo um tom cômico gostoso acertaram demais, e Marcos Veras tem sido o que mais tem acertado nesse quesito, mostrando muita personalidade, conseguindo fazer papeis carismáticos marcantes, e aqui seu Léo entrega boas dinâmicas, encaixa olhares certeiros, e faz com que seu médico até tenha um certo charme casual, que acaba envolvendo e funcionando bastante. Como falei também o grupo secundário deu muito show na tela, principalmente Totia Meirelles e Stepan Nercessian com seus Esther e Isaías, mostrando o casual conjunto de sogra e sogro que acabam tendo afinidades com os genros/noras além dos filhos, entrando no meio das brigas, tentando conciliar, e até atrapalhando algumas vezes, mas ambos foram diretos e leves nos entremeios sendo engraçados e bem colocados em tudo. Além disso ainda tivemos Dani Suzuki bem encaixada com sua Cristina cheia de sensualidade jogando muito para cima do protagonista, Claudio Amado e Esther Dias como os bons amigos Péricles e Rita, e até mesmo Carlos Bonow exagerando um pouco com seu Paulo Edu foi bem em cena.
Visualmente a trama é ainda mais simples, pois fica só na praia, no apartamento dos protagonistas, num hospital e na casa dos pais da protagonista, mas sem grandiosos simbolismos, claro com o elo mais marcante no carro do protagonista com o CD do Martinho da Vila que passa a ser a música tema do casal, mas vemos tudo bem encaixado, vemos as situações cenográficas funcionais nos ambientes, tanto que os momentos finais num resort acaba sendo simbólico mais pela dança do que por tudo o que rola ali, e assim sendo a equipe de arte até trabalhou bem, mas não foi mostrada no corte final, o que não é ruim, pois tudo acaba sendo sutil, desde o começo do encontro na rua, até o ato da compra dos móveis dos apartamentos vizinhos.
Enfim, posso até estar exagerando no que vou falar, mas é uma trama tão gostosa que se todos os filmes que seguem bases novelescas fossem parecidos com esse nosso cinema já teria decolado até mais, e sendo assim mesmo não dando uma nota tão impactante para o filme recomendo ele demais, pois é muito gostoso de ver mesmo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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