O longa acompanha os bastidores das filmagens de uma das obras-primas do movimento cinematográfico francês. A trama pretende reconstruir a história da vanguarda do cinema francês a partir da produção de Acossado, filme de 1959 do renomado diretor Jean-Luc Godard. De crítico a diretor, Godard se tornou uma grande figura da sétima arte com seu jeito irreverente e desinteressado em regras. Essa é história de como um clássico foi construído, contando os passos para a formação de um movimento revolucionário na sétima arte. Capturando a dinâmica juvenil e o caos criativo no coração da produção de um dos filmes mais influentes e amados do cinema mundial, Nouvelle Vague se transporta para as ruas de Paris de 1959 numa carta de amor ao poder transformador do cinema.
O estilo do diretor Richard Linklater sempre foi muito quebrado, de modo que muitos dos seus filmes você precisa estar com muita paciência e disposição para longos planos, por vezes cansativos, mas que sempre foram completamente diferenciados em estética e técnica, de tal forma que vários de seus filmes já foram gravados por anos para aproveitar o mesmo elenco, iluminação de determinada data e por aí vai, então ver algo em preto e branco, linear e dinâmico sem ter um plano arrastado foi algo completamente novo de acompanhar, e acredito que por isso me fez ser uma paixão a primeira vista. E o mais bacana, que mesmo sendo algo "padrão", ele deu um jeito de ser ousado, tendo antes de cada cena que aparecia mais pessoas, apresentar elas com nome embaixo e tipo pose de "jogador", que logo em seguida já era desenvolvido o ato, só criticaria que poderia ter sido ainda mais "informativo" se colocasse a função que a pessoa trabalhava na época, pois muitos podem não entender dos bastidores do cinema, mas o mais bacana de tudo é que isso não atrapalhou a dinâmica na tela, ou seja, o diretor conseguiu brincar com uma faceta diferenciada e ainda assim não incomodar o público, sendo algo com sua "nova" assinatura.
Quanto das atuações vou me ater aos protagonistas, pois falar de todos que aparecem no filme seria quase como fazer um livro sobre o período, e isso o filme já faz, então claro que temos de aplaudir a entrega séria e até irritante de estar sempre com óculos escuros que Guillaume Marbeck fez com seu Jean-Luc Godard, incisivo nas escolhas e cheio de personalidade, sabendo exatamente se portar na tela e representar muito bem o diretor. Zoey Deutch foi bem marcante também com o que fez com sua Jean Seberg, sabendo ser a estrela do filme, mas completamente perdida com as loucuras que o diretor desejava entregar, sendo simples e cheia de charme na tela. Outro que fez um belo trabalho foi Aubry Dullin com seu Jean-Paul Belmondo que depois despontou com vários clássicos, e o ator soube ser cru na tela como o diretor desejava, chamando o filme para si sem ofuscar o verdadeiro protagonista na tela, e agradando demais. Agora se Matthieu Penchinat sofreu aos montes como o diretor de fotografia Raoul Coutard, fiquei imaginando o verdadeiro Raoul, pois trabalhar com alguém maluco como foi Godard deve ter sido o caos, e o resultado sabemos que foi ótimo, e o ator trabalhou muito bem com todas as dinâmicas que precisava fazer. Vale ainda leves destaques para Adrien Rouyard como François Truffaut e Bruno Dreyfürst como Georges de Beauregard, ou Beau-Beau como muitos chamavam o produtor famoso por muitos filmes da época.
Sei que muitos vão me xingar, mas pessoalmente sou contra filmes em preto e branco, pois justamente no quesito visual acaba perdendo por demais, não mostrando quase nada dos ambientes, das roupas, e tudo mais, ficando até bonito de ver, mas não valorizando a direção de arte, de modo que aqui vemos muitas cenas gravadas nas ruas, em bares, vemos muitas exibições em cinemas, festas, vemos as traquitanas que a direção de fotografia na época usava para filmar, diversos papeis aonde o roteiro ia sendo criado e muito mais, mostrando claro uma boa pesquisa cênica de material e claro dos livros que muitos escreveram sobre.
Enfim, é um filme muito bacana de acompanhar, que mesmo estando bem cansado hoje não me deixou com sono em momento algum, e que é cinema falando de cinema, então vale demais a conferida e o resultado entregue vai reverberar ainda muitos anos pela frente. Então fica a dica para todos conferirem nos cinemas a partir já da próxima quinta 18/12, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços e volto amanhã com mais dicas.


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