A sinopse é bem simples e nos mostra que um homem de 70 anos sequestra sua esposa com demência em seu centro de saúde, fugindo da polícia e de seus filhos adultos.
Como disse não sou um exímio conhecedor do cinema sul-africano, mas posso afirmar com toda certeza que o diretor e roteirista Christiaan Olwagen pesquisou muito ou teve alguém bem próximo dele com a doença, pois a simplicidade cênica que escolheu para desenvolver sua trama é daquelas que você sente exatamente cada detalhe que foi pensado para retratar tudo na tela, ao ponto que muitas cenas são mistas entre os personagens em suas versões jovens e idosas, e isso vai se misturando na tela com uma facilidade, que quem já produziu, ou até mesmo viu muitos filmes do estilo, sabe o quão complicado é trabalhar tudo nos mesmos ângulos, nas mesmas falas, com as mesmas entonações, para que na montagem final o resultado tenha uma verdade ali, e a forma fantasiosa é algo que acontece demais em pessoas com essa doença, de se imaginar no passado, achar que ainda está vivendo algo que aconteceu há muito tempo, e nessa brincadeira toda o diretor não errou em um momento que fosse, ou seja, foi perfeito na condução e na finalização escolhida, que aliás se fosse um filme americano seria completamente diferente, e incomodaria demais.
Quanto das atuações tenho de começar de cara com a entrega de Sandra Prinsloo com sua Elna senil, porém com tanta desenvoltura cênica que você acaba se apaixonando pelo que a atriz faz em cena, de modo que vemos sua loucura na tela, mas acabamos conectados e vivendo com ela quase que uma brincadeira de faz de conta, e isso deu um luxo incrível para a produção. A versão jovem de Elna também foi bem desenvolvida por Ashley de Lange, de modo que vemos um olhar denso da atriz nos atos mais dinâmicos, e soube passar o bastão fácil para sua versão idosa, não tentando competir, mas sendo realmente uma só na tela. Ian Roberts e Luke Volker também trabalharam bem as versões idosas e jovem de Dan, de modo que o personagem sênior deu nuances mais fechadas e impulsivas, já estando no ponto máximo da revolta, enquanto o jovem já foi mais leve e amoroso, trabalhando todo o ar de sedução, e claro, estando como a protagonista lembrava dele nos seus momentos áureos. Quanto aos filhos, foi bacana ver a interação entre todos os atores, de modo que mesmo já adultos pareciam crianças brigando o tempo inteiro na tela, mas claro com as devidas argumentações e intenções, de modo que Evan Hengst com seu Ralph, Erica Wessels com sua Lucy e Amy Louise Wilson com sua Olivia brincaram com as facetas mais coração, mais centrada e mais solta na tela, agradando também bastante com o que fizeram.
Visualmente a trama mostrou bem a vida da protagonista bem próxima ao mar no começo e no final do longa, uma loja de roupas e fantasias bem colocada, o asilo aonde a protagonista vivia, um pouco da profissão dos filhos, e a casa do marido já no seu fim também, depois entra por completo quase que em um road-movie pelas estradas do país, e claro uma floresta bem interessante aonde ocorrem alguns atos até bem engraçados tanto de visual quanto de diálogos, e assim a equipe de arte trabalhou bem tudo para que nas devidas mudanças de atores tudo ficasse bem marcado e chamativo sem causar furos na história.
Enfim, é um filme que foi lançado já há algumas semanas e pensei bastante antes de criar coragem para dar play, pois parecia algo meio bobo e estranho, além do meu pré-conceito com alguns países, mas acabei gostando tanto do que vi na tela que certamente vou estar indicando ele para muitas pessoas verem tanto pelo lado da doença, quanto pelo lado cômico e dramático bem trabalhado dentro de uma essência sem ficar forçado. Então fica a dica para todos, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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