A sinopse nos conta que Alma, sozinha em sua casa imensa, e Mina, mãe solteira de um conjunto habitacional em outra cidade, organizaram suas vidas em torno das visitas que fazem aos respectivos companheiros presos. Quando as duas mulheres se encontram na antessala da área de visitas, uma amizade improvável se inicia.
Diria que a diretora Patricia Mazuy trabalhou seu filme com uma pegada descontraída em cima de um tema denso, de forma que o roteiro em si é pesado de situações, afinal os crimes dos maridos são duros, e as defesas em si são bem complexas de análise, porém deu para as mulheres dinâmicas mais soltas, e assim o resultado até que flui bem, embora tenha as diferenças de classes sociais em pauta, ela não quis causar nada muito explosivo na tela, tirando claro a forma de fechamento. Ou seja, é daqueles filmes que você espera que tudo possa acontecer para finalizar com essência, mas como o estilo francês pede, a abertura mostra até que algo chamativo possa fluir, no caso uma dinâmica aberta, aonde ambas "ganharam".
Quanto das atuações, é sempre prazeroso ver Isabelle Huppert em cena, pois ela entrega personagens que muitas vezes achamos que ficaria ruim de ver na tela do cinema, mas acaba encontrando floreios tão bem centrados que acabam saindo do padrão, e sua Alma é daquelas pessoas que possuem tudo em questão monetária, tem tempo, e falta o principal: uma conexão com alguém, pois mesmo o marido já não passa carinho para com ela, e assim acaba encontrando isso nas conversas paralelas na prisão com outras mulheres, e claro na sua parceira cênica que acaba levando para casa. Já por outro vértice, Hafsia Herzi trabalhou sua Mina com um ar mais fechado, tendo todos os problemas para pensar, as crianças e o cobrador na cabeça, de modo que a atriz fez suas dinâmicas sempre com olhares mais densos, não pensando tanto no que poderia acontecer, mas com traquejos centrados e chamativos. Não diria que os demais personagens passam batido na tela, mas não contribuíram tanto para que a câmera focasse neles, e assim sendo não vale destacar mais ninguém além das protagonistas.
Visualmente, o longa tem uma prisão até que bem arrumada, mostrando praticamente só as cabines de visitas e uma sala de esperas até mais arrumada que muito consultório dentário mundo afora, do lado de fora um paisagismo chamativo, que até sai bem fora do eixo tradicional, e ao contrário vemos uma mansão meio que bagunçada, abandonada, com a piscina suja e cheia de folhas, uma reunião de amigos com todos espremidos num canto da cozinha, alguns quartinhos bem pequenos, o que acabou ficando um pouco estranho de ver, já que temos quadros imensos nas paredes, ou seja, a equipe de arte acabou se perdendo um pouco nas escolhas cênicas, e o resultado pesou um pouco.
Enfim, é um filme que tem estilo, que tem momentos interessantes, mas que falhou no quesito visual e no fechamento um pouco solto demais, além de algumas situações não muito críveis que talvez com os cortes acabaram ficando jogadas na tela, porém ainda tendo o estilão francês que gostamos de ver em festivais conseguirá agradar esse público, valendo a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo a Autoral Filmes pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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